— Por que quer saber sobre ele? — perguntou Thommas olhando para Marcel com certa desconfiança. O homem ao seu lado parecia uma fera contida, ombros largos tensos, olhos levemente injetados de raiva e maxilar cerrado. Marcel costumava ser um homem contido e raramente perdia o controle, mas, naquele momento, Thommas ficou um pouco assustado com a postura do amigo e não queria ser, de jeito nenhum, alvo daquela raiva que parecia estar prestes a explodir. — Pela descrição que me deu, o nome dele é Hector, sei que ele é irmão mais velho da dama Helaina, uma jovem que vive na Europa há alguns anos e está aqui para a temporada — soltou a língua antes que Marcel a soltasse com os punhos. — Ele não mora com ela, vive num vilarejo distante daqui, mas veio como acompanhante da irmã e acredito que na esperança de encontrar uma esposa, mas não tem um histórico bom o suficiente para atrair nenhuma moça. — O que quer dizer com histórico? — perguntou Marcel, finalmente encarando o amigo, ajeitan
O passeio da manhã deu ares mais saudáveis a Charlotte e, no fim da tarde, pouco antes do jantar, Brista e Maya estavam sentadas ao lado dela na cama conversando enquanto bebiam um chá de ervas preparado por Marta. — Aquele homem é desprezível — a voz de Maya encheu o quarto logo após a morena tomar um bom gole de chá. — A forma como ele olhou para você nas escadas foi… Ah, nem consigo descrever. — Devia ter me avisado, irmã, eu pediria para um guarda nos acompanhar — Charlotte falou preocupada bebendo um gole de sua xícara. Brista havia contado sobre o acontecimento nos jardins e, agora mais calma, percebera como foi algo mais sério do que pensou no momento. Um homem desconhecido não deveria se aproximar assim de moças de respeito, não deveria tocá-las sem permissão, não sem uma intenção oculta e, certamente, muito ruim. — Eu perguntei a algumas moças e o que ouvi dele não foi nada bom — Maya continuou, seus sentidos em alerta. — A maioria disse que ele é um homem sem nenhum resp
Enquanto a criadagem estava em polvorosa tentando entender como a belíssima e bem apessoada Capman se daria ao trabalho de aceitar os cortejos de um homem sem nenhuma estima ou qualidade como Hector, as duas jovens se dividiram de olhos e ouvidos abertos, procurando Marcel e Lucian e ouvindo tudo o que a criadagem dizia. Esforçando-se como se aquela fosse a missão mais importante de suas vidas, Chelsea e Bettanie percorreram todo o palácio a passos rápidos, cada uma em busca de um cavaleiro. Enquanto o faziam, Isla guiava sua princesa em direção ao escritório do príncipe, determinada a não deixá-la desistir, mesmo que já estivesse com a data da partida marcada. As duas andavam apressadas enquanto a dama de companhia alinhar os fios ruivos de Aggie logo a frente de seus ombros, elencando o belíssimo e sedutor decote que a ruiva usava. — Não fique intimidada, minha senhora! Aquela jovem em nada se compara a você, todos estão falando sobre como ela é devassa, aparentemente Brista Capma
“Espero que tudo esteja bem, alteza…Não quis incomodá-lo com minha visita, mas quero que saiba que, se precisar, tem uma amiga a quem recorrer em mim. Não carregue peso algum sozinho…Brista Capman.”Os olhos do monarca se fecharam mais uma vez, mas desta vez ele exibia um pequeno sorriso em seu rosto abatido. Enquanto todos esperavam que ele fosse o monarca, havia alguém, ao menos uma pessoa, que o via como um homem que não precisava carregar todo o peso do mundo nas costas. Pensando nisso, ele pouco se importou com a fofoca, sabia que era apenas isso, um boato mal dito, porém, decidiu que tentaria saber mais sobre quem andava espalhando tais afirmações mentirosas assim que pudesse. ***Algumas horas depois, pouco antes do jantar, o príncipe finalmente deixou seu escritório, caminhando em direção às escadas que levavam para os aposentos do rei e da rainha. O andar estava abarrotado de criados correndo para lá e para cá, prontos para atender a quaisquer necessidades do rei ou da ra
Jovens meninas afoitas não era algo difícil de se ver em temporadas, normalmente, estas eram as mais nervosas, sendo assim, quando as meninas começaram a vagar pelos corredores em busca dos dois homens, não foram encaradas com estranheza pelas outras damas. Chelsea não demorou a ter sucesso, Lucian não era um homem difícil de encontrar, afinal, era o Duque, sempre havia certa comoção e acúmulo de cavalheiros onde ele estava. Então ela apenas meteu-se entre os homens, empurrando-os sem discrição alguma até alcançar seu cunhado. — Duque… — falou, timidamente, até talvez baixo demais se comparado ao vozerio dos homens, mas Lucian se virou para ela no mesmo instante, visivelmente preocupado. — Poderia vir comigo, por favor? — Está tudo bem, Chelsea? — indagou Lucian, virando-se no mesmo instante. O Duque afastou-se dos cavalheiros, sendo guiado pela jovem pelos corredores e, apesar de seu nervosismo, a falta de resposta de Chelsea o fez entender que aquele era um assunto a ser tratad
A fúria tomava o pensamento deles, afinal, como Hector poderia ser tão corajoso a ponto de espalhar tais rumores? Era inegável que Lucian e Marcel eram homens de prestígio e o que aconteceu com Willian Griffin ainda ressoava entre os cavalheiros, então, como ele teve coragem de arriscar-se assim? Nenhum dos homens tinha a resposta, mas naquele momento, aquilo não importava, Hector seria contido ou teria o mesmo destino de Willian Griffin. Brista ainda se sentia incomodada, os criados serviram o vinho e ela olhou para a jovem que deixava uma taça a sua frente, ela tinha cabelos castanhos que pareciam empapados por óleo, seu rosto, apesar de limpo, tinha uma pele maltratada e seus olhos pareciam maliciosos. A garota desconhecida a encarou por longos segundos, pousando lentamente a taça cheia sobre a mesa e lhe dando um breve sorriso antes de se afastar, mas não era um sorriso simpático, parecia zombaria. A loira suspirou levemente, bebendo um pequeno gole do vinho, acreditando que, pr
Sua visão estava turva e seus olhos mal se mantinham abertos, Brista não conseguia se mover, estava tonta demais, suas pernas cederam pouco depois que ela se virou, mas, ao contrário do que imaginou, seu corpo não foi ao encontro do chão. No entanto, ela certamente preferia tal coisa. Hector tinha um sorriso nos lábios quando amparou a loira segurando seu corpo com firmeza e a erguendo do chão, sentindo o aroma doce e feminino de seu perfume enquanto caminhava com ela em direção ao final do corredor. — Não fiz nada, senhorita… — sussurrou ele, deslizando uma das mãos pelas costas do vestido da loira desatando as fitas apressadamente. Ela era belíssima e ele tinha seus planos para as horas que teriam juntos, sendo assim, não tinha tempo a perder e nem queria. Mesmo sonolenta e letárgica, o toque de Hector fazia o estômago de Brista se contorcer, levando uma expressão de nojo ao seu rosto. Seus movimentos lentos de resistência não a ajudaram em nada e Hector ficou ainda mais confia
— Claro, minha querida, claro — ele respondeu se erguendo e aproximando-se dela puxando a cadeira para que a Duquesa também se levantasse. Com carinho o homem pegou-lhe a mão direita, entrelaçando os dedos aos dela e caminhando em direção à saída do salão de jantar. Os demais convidados os acompanharam com os olhos, alguns os cumprimentando na saída, mas voltaram em seguida as suas refeições, afinal, sabendo da gravidez delicada da Duquesa, qualquer indelicadeza era perdoada, inclusive a de se retirar em meio a um jantar com a rainha. Lucian guiou Charlotte sem pressa, acariciando os dedos dela, enquanto caminhavam, o Duque fez questão de guiá-la pela lateral do castelo, para que sentisse a brisa noturna e, principalmente, tomassem um lance de escadas que não passava pelos corredores dos hóspedes, tratando-a com tamanho cuidado que a fazia pensar se não havia se tornado uma taça de cristal frágil, já que seu marido temia que ela fosse quebrar a qualquer momento. — Não há necessida