As mãos pesadas do Duque se firmaram nos ombros de Hector que, por um momento, ficou completamente paralisado. Ele não esperava intervenções, Isla havia lhe assegurado que não haveria quem o impedisse, e agora cá estava ele, sendo arrancado de seu sonho ganancioso por mãos firmes em seus ombros e um puxão que o fez cambalear para trás até que suas costas colidissem fortemente contra a parede. O punho de Lucian acertou-lhe o rosto com toda força, fazendo o gosto metálico de sangue chegar à boca de Hector como um amargo aviso de que a colheita para suas ações grotescas havia chegado.Brista resmungou nos braços dele, voltando a tentar se soltar lentamente, ainda semi-consciente, enquanto Hector encarava Lucian com os olhos cheios de medo. — D-Duque… — ele começou, engolindo em seco enquanto o homem alto e robusto o olhava com ódio. — Não é o que…— Sugiro, rapaz, que cale sua boca antes que eu decida impedi-lo de falar pelo resto de sua vida! — vociferou Lucian, sua voz potente ecoand
— Guarde suas desculpas, seu verme maldito! — gritou o Duque, completamente impaciente. — E não ouse levantar seus malditos olhos para ela novamente, ou vou arrancá-los aqui mesmo!Hector manteve o rosto no chão, chorando como uma criança apavorada ao passo que escutava os passos firmes se aproximando do corredor, eram como a sinfonia de sua sentença de morte. Marta não demorou a chamar Marcel e este, poucos segundos depois, requisitou a presença do príncipe que, mesmo cansado, não recusou o convite do amigo, sabendo que Lucian jamais os chamaria se não houvesse um bom motivo. A empregada não disse sobre qual assunto se tratava, mantendo a boca fechada para evitar que rumores começassem a surgir antes que os três homens pudessem controlá-los. Marcel foi o primeiro a passar pelo umbral do corredor, seus olhos atentos se fixando em Lucian e, principalmente, em sua querida Brista desacordada nos braços do cunhado. Seu corpo enrijeceu-se completamente e ele, respirando como um touro, pa
Quando a pesada porta do calabouço se abriu, Jonathan adentrou o local imundo pisando firme. Ao lado dele, Lucian e Marcel seguiam com punhos cerrados e expressões quase tão fechadas quanto a do monarca. Seguiram pelo corredor longo que dava para as celas carregando apenas uma tocha, que deixava o ambiente amarelado, e, parando em frente a uma delas, Lucian puxou a porta sem cerimônia alguma, fazendo Hector se encolher no chão sujo e gemer de medo. Ele havia passado horas ali, sozinho, a completa escuridão, engolindo-o enquanto os ratos passavam por cima de seus pés e guincharam perto demais de seu corpo, avisando que o lugar onde ele estava seria, provavelmente, sua última parada.— Levante-se — o príncipe disse entredentes, mas Hector não se moveu. — Levante-se agora, seu imundo! — gritou ele, fazendo o homem estremecer e, lentamente, se levantar. Jonathan não costumava ser um homem agressivo, considerava a paciência uma das virtudes mais preciosas de um membro da realeza, porém,
— Está bem! — se rendeu, encarando os três homens a sua frente com um olhar cheio de medo. — Foi a criada da princesa estrangeira, ela quem me pagou para fazer o que fiz! Mandou que eu perseguisse a senhorita Capman, que flertasse com ela na frente de todos e disse que, hoje a noite, eu deveria me deitar com ela, assim eu me casaria com uma família rica! Se eu dormisse com sua irmã — ele apontou para Marcel —, meus problemas estariam resolvidos, seria de uma boa família e herdaria tudo o que fosse dela! A mandíbula de Marcel se tenciona e ele sentiu os dentes rasparem uns nos outros levemente quando um grunhido de ódio escapou de seus lábios. Seu olhar enfurecido, tingido de vermelho, deslizou de Hector para Jonathan, que parecia tão furioso quanto ele, então, falou:— Espero, majestade — cuspiu a palavra —, que resolva de uma vez esta situação, ou eu mesmo irei o fazer! Então, soltando a tocha, o Capman mais velho deixou o calabouço enfurecido. Mesmo sendo um dos melhores amigos do
Os passos do príncipe eram rápidos e, enquanto ele caminhava, passando pelos convidados sem sequer cumprimentá-los, todo seu corpo fervia de ódio. Ainda estava descrente com a confissão de Hector, mas sabia que ele não tinha motivos para mentir, era um homem covarde e acobertar outras pessoas não fazia parte de seus costumes, ele sempre priorizava salvar a própria pele. Quando deixou o calabouço, apenas alguns minutos atrás, havia deixado a cargo de Lucian dar um fim ao infeliz, e sabia muito bem que o Duque de Gloucester era mais que capaz de o fazer. Não importava-se com Hector, no fim, desejava que ele sofresse toda a dor que um ser humano poderia sofrer, mas ele mesmo não podia proporcionar tal coisa, tinha um problema maior para resolver. Não lhe passou despercebida a fúria de Marcel, Jonathan tinha consciência de seus erros, fora omisso e, por sua omissão e falta de coragem para ir contra sua mãe, a mulher que ama correu um perigo imenso e sofreu um trauma que, talvez, jamais
— Eu só queria ajudar, princesa, só isso! — falou a dama de companhia, soluçando. — Aquela mulher estava no seu caminho e eu só queria ajudar! — Conte tudo — Jonathan rosnou, entre dentes. — Conte de uma vez!Isla se sentia tonta, suas pernas não tinham firmeza alguma e seus joelhos doíam, amassados contra o chão frio. Seus ombros tremeram enquanto ela chorava, não estava arrependida do que fez, afinal, o fez por sua amada princesa, estava arrependida por ter sido pega, arrependida de ter confiado em Hector para fazer um trabalho tão importante. — Só queria tirar aquela mulher sem valor de seu caminho princesa, como você sempre quis! — A jovem ergueu o rosto, encarando com devoção a ruiva que ainda estava com os olhos arregalados e levemente úmidos. — Por favor, por favor, princesa me ajude… Só fiz porque queria vê-la feliz…Jonathan finalmente ergueu o olhar, encarando Aggie que continuava completamente imóvel sobre a cama. Os olhos firmes e irritados do príncipe pareceram despertá
O palácio estava em alvoroço. Não demorou mais que algumas horas para que todos estivessem a par das recentes fofocas, desde a expulsão da princesa à condenação da dama de companhia, mas, principalmente, sobre a fúria do príncipe diante da ousadia de tocarem na mulher que, claramente, tinha seu coração. Mas Jonathan não foi afoito. Naquela noite, depois de sair do quarto da princesa, ele ficou em seu próprio quarto, acalmando o seu coração e pensando em como imploraria a Brista seu perdão, afinal, parte da culpa de tudo era dele, por ser omisso demais. Seu sono foi completamente extinguido pela preocupação de perder a mulher que amava por conta de sua demora para agir e quando finalmente o sol nasceu, ele não tardou a se levantar. Jonathan deixou seu próprio quarto com pressa, agora nada mais importava, Hector encontraria seu fim, Isla seria punida e, naquela mesma manhã, Aggie seria enviada de volta ao seu reino, agora tudo o que importava era ela o seu grande amor. Por isso, ele
— Jonathan? — sua voz doce ecoou pelo quarto e, apenas nesse momento, ele voltou a si, enchendo o peito de ar e abaixando os olhos novamente enquanto caminhava para mais perto da cama. — Desculpe por vir tão cedo… — sussurrou, sentando-se perto dos pés da loira, ainda sem olhar para ela diretamente. — Eu precisava vê-la e… Por um momento, a voz dele morreu sumindo no silêncio do quarto enquanto a loira o observava com curiosidade. Não sabia o que Jonathan faria, nem o que era urgente o bastante para que ele estivesse ali ao nascer do sol. Mas, no fundo, ela sabia o que desejava ouvir dele, seu coração ansiava por palavras muito específicas. — Precisava conversar com você, Brista — completou, por fim, finalmente erguendo os olhos. — Quero que me perdoe por…— Perdoar? Não tem porque me pedir perdão, alteza — ela o interrompeu de pronto, mas antes que continuasse, Jonathan ergueu a mão, tocando seu rosto e segurando seu queixo cuidadosamente.Seus olhos se conectaram, estavam tão pe