— Está bem! — se rendeu, encarando os três homens a sua frente com um olhar cheio de medo. — Foi a criada da princesa estrangeira, ela quem me pagou para fazer o que fiz! Mandou que eu perseguisse a senhorita Capman, que flertasse com ela na frente de todos e disse que, hoje a noite, eu deveria me deitar com ela, assim eu me casaria com uma família rica! Se eu dormisse com sua irmã — ele apontou para Marcel —, meus problemas estariam resolvidos, seria de uma boa família e herdaria tudo o que fosse dela! A mandíbula de Marcel se tenciona e ele sentiu os dentes rasparem uns nos outros levemente quando um grunhido de ódio escapou de seus lábios. Seu olhar enfurecido, tingido de vermelho, deslizou de Hector para Jonathan, que parecia tão furioso quanto ele, então, falou:— Espero, majestade — cuspiu a palavra —, que resolva de uma vez esta situação, ou eu mesmo irei o fazer! Então, soltando a tocha, o Capman mais velho deixou o calabouço enfurecido. Mesmo sendo um dos melhores amigos do
Os passos do príncipe eram rápidos e, enquanto ele caminhava, passando pelos convidados sem sequer cumprimentá-los, todo seu corpo fervia de ódio. Ainda estava descrente com a confissão de Hector, mas sabia que ele não tinha motivos para mentir, era um homem covarde e acobertar outras pessoas não fazia parte de seus costumes, ele sempre priorizava salvar a própria pele. Quando deixou o calabouço, apenas alguns minutos atrás, havia deixado a cargo de Lucian dar um fim ao infeliz, e sabia muito bem que o Duque de Gloucester era mais que capaz de o fazer. Não importava-se com Hector, no fim, desejava que ele sofresse toda a dor que um ser humano poderia sofrer, mas ele mesmo não podia proporcionar tal coisa, tinha um problema maior para resolver. Não lhe passou despercebida a fúria de Marcel, Jonathan tinha consciência de seus erros, fora omisso e, por sua omissão e falta de coragem para ir contra sua mãe, a mulher que ama correu um perigo imenso e sofreu um trauma que, talvez, jamais
— Eu só queria ajudar, princesa, só isso! — falou a dama de companhia, soluçando. — Aquela mulher estava no seu caminho e eu só queria ajudar! — Conte tudo — Jonathan rosnou, entre dentes. — Conte de uma vez!Isla se sentia tonta, suas pernas não tinham firmeza alguma e seus joelhos doíam, amassados contra o chão frio. Seus ombros tremeram enquanto ela chorava, não estava arrependida do que fez, afinal, o fez por sua amada princesa, estava arrependida por ter sido pega, arrependida de ter confiado em Hector para fazer um trabalho tão importante. — Só queria tirar aquela mulher sem valor de seu caminho princesa, como você sempre quis! — A jovem ergueu o rosto, encarando com devoção a ruiva que ainda estava com os olhos arregalados e levemente úmidos. — Por favor, por favor, princesa me ajude… Só fiz porque queria vê-la feliz…Jonathan finalmente ergueu o olhar, encarando Aggie que continuava completamente imóvel sobre a cama. Os olhos firmes e irritados do príncipe pareceram despertá
O palácio estava em alvoroço. Não demorou mais que algumas horas para que todos estivessem a par das recentes fofocas, desde a expulsão da princesa à condenação da dama de companhia, mas, principalmente, sobre a fúria do príncipe diante da ousadia de tocarem na mulher que, claramente, tinha seu coração. Mas Jonathan não foi afoito. Naquela noite, depois de sair do quarto da princesa, ele ficou em seu próprio quarto, acalmando o seu coração e pensando em como imploraria a Brista seu perdão, afinal, parte da culpa de tudo era dele, por ser omisso demais. Seu sono foi completamente extinguido pela preocupação de perder a mulher que amava por conta de sua demora para agir e quando finalmente o sol nasceu, ele não tardou a se levantar. Jonathan deixou seu próprio quarto com pressa, agora nada mais importava, Hector encontraria seu fim, Isla seria punida e, naquela mesma manhã, Aggie seria enviada de volta ao seu reino, agora tudo o que importava era ela o seu grande amor. Por isso, ele
— Jonathan? — sua voz doce ecoou pelo quarto e, apenas nesse momento, ele voltou a si, enchendo o peito de ar e abaixando os olhos novamente enquanto caminhava para mais perto da cama. — Desculpe por vir tão cedo… — sussurrou, sentando-se perto dos pés da loira, ainda sem olhar para ela diretamente. — Eu precisava vê-la e… Por um momento, a voz dele morreu sumindo no silêncio do quarto enquanto a loira o observava com curiosidade. Não sabia o que Jonathan faria, nem o que era urgente o bastante para que ele estivesse ali ao nascer do sol. Mas, no fundo, ela sabia o que desejava ouvir dele, seu coração ansiava por palavras muito específicas. — Precisava conversar com você, Brista — completou, por fim, finalmente erguendo os olhos. — Quero que me perdoe por…— Perdoar? Não tem porque me pedir perdão, alteza — ela o interrompeu de pronto, mas antes que continuasse, Jonathan ergueu a mão, tocando seu rosto e segurando seu queixo cuidadosamente.Seus olhos se conectaram, estavam tão pe
O amor pode ser uma das maiores alegrias das pessoas, mas também pode, facilmente, ser a causa da maior tristeza, afinal, não existe mágoa maior que aquela de perder quem se ama. E a rainha, neste momento, tinha um vislumbre dessa dor e dessa mágoa, enquanto seu rei e grande amor, tossia sobre a cama, com o rosto pálido e testa suada. Não lhe restava muito, ela sabia disso, e apesar dos médicos pedirem que ela se retirasse, alegando que aquele não era o momento para uma rainha e esposa presenciar, ela não cedeu, segurando firmemente a mão de seu esposo enquanto lágrimas silenciosas escorriam por suas bochechas. Agora, já não era mais a poderosa rainha que desejava controlar a vida de seu filho, era apenas uma mulher apaixonada, apenas Elanor, vendo seu grande amor partir. Quando as grandes portas do quarto do rei se abriram, Jonathan entrou, mas não estava só. Brista caminhava silenciosamente ao lado do príncipe em assim que viu a rainha sentada ao lado do homem pálido e doente, seu
Seu choro era doloroso, alto, desesperado, e ela sequer o continha, não se importava com quem poderia ouvir, naquele momento nada importava além do adeus que precisava dizer. O rei acariciava seus cabelos com carinho, sussurrando palavras doces em seu ouvido enquanto, lentamente, sua voz ia desvanecendo.— Meu amor… Meu amor… — ele dizia, escondendo-a com seus braços grandes, mas sem apertá-la. — Sempre estarei… com você. Então, quando seus lábios se fecharam, ele inclinou a cabeça para baixo, mergulhando o rosto nos cabelos macios de Elanor, inspirando seu perfume doce e que, para ele, significava apenas uma coisa, amor, o amor que sempre o envolveu durante todos aqueles anos de casamento. Então, sentindo o perfume do amor, ele entregou-se à escuridão contra a qual lutou bravamente por muitos dias. Seu corpo amoleceu e seus braços, que outrora envolviam a rainha, deslizaram pelos braços dela, despencando ao lado de seu corpo, agora sem vida. Nesse momento, Elanor gritou, um grito
As trombetas soaram esplendorosas enquanto, à frente do jazigo, o padre dava suas palavras finais. Todos os empregados do palácio estavam enfileirados perfeitamente alinhados, os guardas estavam com suas espadas apontadas para os céus e a família, silenciosa, encarava a lápide elegante onde bem posicionada, uma escultura do rei se erguia, imponente. A rainha se mantinha em silêncio, seus olhos vermelhos fixos na face da estátua, amparada por suas damas que, naquele momento, eram as mais doces criaturas que ela poderia pedir. Ao lado delas, Jonathan estava de pé, olhando para o padre com seriedade, tentando conter a tristeza que ameaçava esmagar seu coração. Brista estava perto de sua família, Charlotte chorava baixinho enquanto Lucian a amparava, Chelsea estava em silêncio e Marcel, que estava um pouco a frente, encarava o amigo com preocupação e apoio, enquanto a terra era jogada sobre o túmulo. Do lado de fora dos portões do palácio, o povo cantava, havia um grande coro, todos os