— Senhorita, não se importe com aquela garota Capman, certamente a família dela não tem nada a oferecer a Kent e… — Isla começou, mas instantes depois foi interrompida. — A família dela… É isso! — Aggie puxou os pés com brusquidão, fazendo a dama de companhia quase cair para trás. — Isla tenho um trabalho para você! — os olhos dela eram intensos e o trabalho parecia ser de fato muito importante. — Quero que fale com a criadagem e descubra absolutamente tudo sobre a família daquela menininha do campo estúpida, quero saber tudo sobre eles amanhã quando eu acordar! — Sim senhora!Do outro lado do palácio, onde os demais convidados circulavam livremente, Mary e Brista seguiam para a ala das moças com tranquilidade e até certa lentidão. O jantar havia sido maravilhoso e Mary ainda suspirava pelos deliciosos sabores que a comida do palácio lhe proporcionara. Seguiram juntas até um grande corredor com duas bifurcações e só então Mary soltou a amiga, segurando delicadamente as mãos de Bris
A noite veio e se foi com uma rapidez que desagradou a muitos que desejavam aproveitar mais horas de sono, no entanto, assim que o sol nasceu, o movimento do palácio se fez presente. Os primeiros a acordar eram sempre os empregados que, alguns minutos depois, passavam de porta em porta comunicando aos hóspedes que o desjejum seria servido dali a uma hora. Depois dos empregados, as damas eram sempre as primeiras a se colocarem de pé, afinal, a preparação para que saíssem de seus quartos poderia ser mais longa que a dos cavalheiros. Brista e Chelsea se aprontaram juntas e assim que saíram se separaram, visto que ainda no corredor a mais nova avistou sua melhor amiga e se despediu de Brista, sumindo de vista não muito tempo depois. Brista a inveja em certo ponto, queria poder ter as liberdades juvenis que sua irmã tinha, mas infelizmente não havia muito o que fazer quanto a isso. Seguiu o longo corredor e assim que chegou a uma bifurcação, sentiu mãos delicadas tocarem seu braço e um s
— Sua mãe me disse que a princesa da Escócia está no palácio, como estão indo? — a pergunta não era feita de um rei para um príncipe, mas sim de um pai para um filho. — É… complicado — Jonathan começou, pegando uma escova e penteando os fios esbranquiçados dos cabelos de seu pai, que já não eram tão cheios como antes. — Complicado? Me conte melhor, sua mãe esconde-me todos os detalhes irritantes — apesar do tom levemente mais sério, a menção a rainha levou um pequeno riso aos lábios do senhor, que ergueu a mão em seguida e tocou o braço do filho com calma e delicadeza, seus dedos já enrugados pelo tempo eram trêmulos e agora ele já não tinha muita firmeza nas mãos. — Diga-me John… O que o preocupa?Ninguém mais o chamava de John, e o apelido que seu pai lhe dera sempre atingia seu coração e o fazia sentir como se fosse apenas um menino descobrindo o mundo. — Ela só tem deixado más impressões em absolutamente todos com quem conversa… — a confissão de Jonathan tirou de seu ombros um
— Meu filho, algumas decisões devem ser tomadas com o coração e outras com a mente, precisa encontrar aquela que acalente essas duas coisas. A rainha perfeita é aquela que deixa sua mente segura e seu coração aquecido, se não sente isso pela jovem escocesa, então não se pressione a sentir, não importa o que sua mãe pensa — ele disse, afastando-se brevemente e tocando o rosto do filho. — Mas se a princesa não o agrada, e as moças do reino? Sei que existem muitas beldades nesse palácio nesta temporada, nenhuma delas chamou sua atenção?Jonathan se afastou por um momento, sentindo os ombros se tencionarem diante da pergunta de seu pai. Ele sabia quem lhe chamava atenção, sabia quem lhe acalentava a mente e o coração ao mesmo tempo, até viu os belos olhos azuis dela em sua mente naquele momento, mas a imagem foi dispersada pela voz de sua mãe. A rainha já estava perdendo tanto como poderia ele, seu único filho, recusar um desejo dela? — John? — chamou o rei uma vez mais, percebendo que o
O vento soprava lento e delicado, a brisa era fria, mas não o suficiente para incomodar a ruiva, que estava sentada num banco de pedra, nos fundos dos jardins do castelo. Era um lugar bastante privado, num geral as damas mal passavam por ali e, quando o faziam, era para fofocar, logo, se havia alguma outra mulher no recinto, logo se afastaram. Aggie percebeu que foi alvo de alguns olhares curiosos, mas nenhuma das moças foi ousada o bastante para fazer algo além de olhar, então, alguns instantes depois, ela viu o rosto de Isla surgir em seu campo de visão. Sua dama de companhia caminhava apressadamente, afinal, não era de bom-tom deixar sua princesa sozinha, mas naquele momento foi necessário. Isla se aproximou e, após uma reverência, se sentou ao lado da ruiva, mordendo o lábio inferior enquanto recuperava o fôlego, já que viera correndo do interior do palácio até ali.— Que demora, achei que não te veria hoje! — Aggie reclamou, um tanto quanto irritada. — Espero que tenha algo de
Marcel Capman era um cavalheiro, mas Maya não acreditava que era atrativa o suficiente para ele, afinal, a atenção do Capman mais velho estava sempre em sua família, algumas moças acreditavam que ele só deixaria seu coração aberto para uma mulher quando todas as suas irmãs estivessem casadas. — Chegamos… Não irei entediá-la com minhas histórias chatas, senhorita — o tom dele era divertido, levemente rouco e seu sorriso curvava seus lábios graciosamente para cima, trazendo para seu rosto uma luz de alegria que faria qualquer mulher suspirar. — Não me entedia, Senhor Capman! — Maya apressou-se em justificar, abaixando o rosto levemente enquanto ele descia de seu cavalo. — Acho que suas aventuras são extremamente interessantes, jamais me sentiria entediada. Enquanto a ouvia, Marcel deu a volta em seu cavalo, parando ao lado da jovem e estendendo os braços para ela. Seus dedos tocaram-lhe a cintura, fazendo Maya suspirar ao sentir o toque quente em sua pele, já que seu sari deixava a m
Marcel leu a carta com lentidão, segurando o papel com força e apertando-o entre seus dedos o bastante para que ele se rasgasse em alguns pontos. Se impressionava com a falta de empatia de Judith e não estava nem um pouco disposto a deixá-la interferir na criação e no destino de suas irmãs novamente, por isso, amassou a carta e a jogou na lareira, deixando o fogo consumi-la sem pressa alguma, fingindo que as palavras de sua mãe jamais chegaram aquele palácio.O Capman suspirou pesadamente, no entanto, não teve muito tempo para refletir, no instante em que pensou em se servir de um pouco de bebida, uma corrida juvenil invadiu a sala dos cavalheiros, o que não era muito comum. Chelsea entrou correndo, seus cabelos loiros chamando a atenção dos homens e fazendo todos sorrirem e cumprimentarem o mais jovem Capman. A garota parou ao lado de seu irmão e no instante em que ele abaixou o cigarro quente, com receio de machucá-la ela jogou-se nos braços dele com um abraço caloroso. — Se bem m
Quando o sol tocou a pele de Chelsea Capman, um sorriso surgiu em seus delicados lábios e ela puxou seu irmão com mais fervor, arrastando Marcel em direção ao meio do jardim. Ao longe, algumas damas que tomavam os primeiros raios de sol da manhã observaram a cena com suspiros, de fato era bela a forma como o mais velho dos Capmans se esforçava para agradar suas irmãs, ele era exemplar e muito paciente. Mal sabiam elas que Marcel exercitou tal paciência desde o nascimento de Chelsea, que sempre fora uma menina com um ímpeto imenso e que lhe dava as maiores dores de cabeça. — Vamos, vamos — ela falava enquanto o puxava. — Se demorarmos, uma das meninas vai pegar o cavalo pequeno, e eu não gosto dos maiores. Ela era uma jovem de opinião forte e vontades intensas, mas ninguém podia culpá-la, os Capmans sempre lhe fizeram todas as vontades, Chelsea, de todas as moças da família, era a mais geniosa. — Acalme-se, Chel — Marcel resmungou, suspirando levemente. — Tenho certeza que haverão