O vento soprava lento e delicado, a brisa era fria, mas não o suficiente para incomodar a ruiva, que estava sentada num banco de pedra, nos fundos dos jardins do castelo. Era um lugar bastante privado, num geral as damas mal passavam por ali e, quando o faziam, era para fofocar, logo, se havia alguma outra mulher no recinto, logo se afastaram. Aggie percebeu que foi alvo de alguns olhares curiosos, mas nenhuma das moças foi ousada o bastante para fazer algo além de olhar, então, alguns instantes depois, ela viu o rosto de Isla surgir em seu campo de visão. Sua dama de companhia caminhava apressadamente, afinal, não era de bom-tom deixar sua princesa sozinha, mas naquele momento foi necessário. Isla se aproximou e, após uma reverência, se sentou ao lado da ruiva, mordendo o lábio inferior enquanto recuperava o fôlego, já que viera correndo do interior do palácio até ali.— Que demora, achei que não te veria hoje! — Aggie reclamou, um tanto quanto irritada. — Espero que tenha algo de
Marcel Capman era um cavalheiro, mas Maya não acreditava que era atrativa o suficiente para ele, afinal, a atenção do Capman mais velho estava sempre em sua família, algumas moças acreditavam que ele só deixaria seu coração aberto para uma mulher quando todas as suas irmãs estivessem casadas. — Chegamos… Não irei entediá-la com minhas histórias chatas, senhorita — o tom dele era divertido, levemente rouco e seu sorriso curvava seus lábios graciosamente para cima, trazendo para seu rosto uma luz de alegria que faria qualquer mulher suspirar. — Não me entedia, Senhor Capman! — Maya apressou-se em justificar, abaixando o rosto levemente enquanto ele descia de seu cavalo. — Acho que suas aventuras são extremamente interessantes, jamais me sentiria entediada. Enquanto a ouvia, Marcel deu a volta em seu cavalo, parando ao lado da jovem e estendendo os braços para ela. Seus dedos tocaram-lhe a cintura, fazendo Maya suspirar ao sentir o toque quente em sua pele, já que seu sari deixava a m
Marcel leu a carta com lentidão, segurando o papel com força e apertando-o entre seus dedos o bastante para que ele se rasgasse em alguns pontos. Se impressionava com a falta de empatia de Judith e não estava nem um pouco disposto a deixá-la interferir na criação e no destino de suas irmãs novamente, por isso, amassou a carta e a jogou na lareira, deixando o fogo consumi-la sem pressa alguma, fingindo que as palavras de sua mãe jamais chegaram aquele palácio.O Capman suspirou pesadamente, no entanto, não teve muito tempo para refletir, no instante em que pensou em se servir de um pouco de bebida, uma corrida juvenil invadiu a sala dos cavalheiros, o que não era muito comum. Chelsea entrou correndo, seus cabelos loiros chamando a atenção dos homens e fazendo todos sorrirem e cumprimentarem o mais jovem Capman. A garota parou ao lado de seu irmão e no instante em que ele abaixou o cigarro quente, com receio de machucá-la ela jogou-se nos braços dele com um abraço caloroso. — Se bem m
Quando o sol tocou a pele de Chelsea Capman, um sorriso surgiu em seus delicados lábios e ela puxou seu irmão com mais fervor, arrastando Marcel em direção ao meio do jardim. Ao longe, algumas damas que tomavam os primeiros raios de sol da manhã observaram a cena com suspiros, de fato era bela a forma como o mais velho dos Capmans se esforçava para agradar suas irmãs, ele era exemplar e muito paciente. Mal sabiam elas que Marcel exercitou tal paciência desde o nascimento de Chelsea, que sempre fora uma menina com um ímpeto imenso e que lhe dava as maiores dores de cabeça. — Vamos, vamos — ela falava enquanto o puxava. — Se demorarmos, uma das meninas vai pegar o cavalo pequeno, e eu não gosto dos maiores. Ela era uma jovem de opinião forte e vontades intensas, mas ninguém podia culpá-la, os Capmans sempre lhe fizeram todas as vontades, Chelsea, de todas as moças da família, era a mais geniosa. — Acalme-se, Chel — Marcel resmungou, suspirando levemente. — Tenho certeza que haverão
— Tem razão, senhora! Certamente ela jogará sujo para ter o príncipe!— Então eu preciso mover as peças desse tabuleiro primeiro e… Ei! — o grito desgostoso de Aggie fez Chelsea dar um pulinho no lugar. — O que está fazendo aqui, sua pequena intrometida!A ruiva se ergueu do banco, correndo em direção a Chelsea, que correu para a frente dos jardins. Certamente Aggie era mais rápida, no entanto, ela não tinha os olhos de águia que um certo homem tinha e, no instante em que Chelsea entrou em seu campo de visão, ele se adiantou, envolvendo a jovem loira com seus braços protetores, colocando-a em suas costas. No mesmo momento, Aggie surgiu, enfurecida, com seu rosto vermelho e olhar odioso. — Algum problema, senhorita? — Marcel falou, seu tom era rouco, mas sério e profundo, ele olhava para Aggie de cima, com um ar de superioridade que não deveria ser demonstrado diante de uma princesa. Mas Marcel Capman nunca foi um homem que se curvava a títulos. — Ora, claro que existe um problema!
Depois daquele anúncio, o castelo ficou polvoroso. As damas não paravam de falar sobre o que usariam no baile, os cavalheiros não paravam de comentar sobre as damas que lá estariam. Os dias se passaram e, três dias depois do grande anúncio, uma carruagem elegante parou na porta do palácio. Era fim de tarde e o sol estava prestes a se pôr, seus últimos raios colorindo o céu em um tom rosado. Os belos cavalos pararam na entrada do castelo e, quando o chofer abriu a porta, o Duque de Gloucester saiu da carruagem, sua expressão como sempre impassível, seus olhos atentos e firmes para aqueles que o observavam. Quem o visse naquele momento, juraria que o homem resguardava em si uma personalidade fria e grosseira, sem sentimentos até. No entanto, no momento em que ele se virou e estendeu a mão, sua expressão se suavizou com um amor que não tinha dimensões. Pequenos e delicados dedos tocaram sua palma e Lucian segurou com firmeza o cristal mais precioso de sua vida. Charlotte Capman desceu
— Não faça isso, não precisamos dessa formalidade, é amiga de minha irmã, logo, é minha amiga também! — falou a ruiva, afastando-se de Maya e olhando as três moças com um enorme sorriso. — Creio que poderão me atualizar dos assuntos da corte, meu marido e eu acabamos nos isolando um pouco em nossa lua de mel. De fato o fizeram, Lucian passou todo o tempo possível ao lado de Charlotte, amando-a com todo seu ser, devorando-se a ela com todo seu carinho, mesmo que ela o obrigasse a partir para cumprir com seus deveres vez ou outra. Charlotte estava feliz, sentia-se muito amada e agradecia todos os dias aos céus pelo homem que dormia e acordava ao seu lado. Os dois homens conversavam há alguns passos das damas, Marcel informava Lucian sobre os assuntos da corte, sobre os negócios recentes e sobre as principais pautas da ordem. Falavam com tranquilidade, mas em momento algum tiravam os olhos das moças, ambos compartilhavam do mesmo senso de proteção para com as jovens que ali estavam
— Minha irmã, senti tanto sua falta! — Brista fala sentando-se na grande cama ao lado da irmã.Agora apenas as duas mais velhas dos Capmans e Maya estavam juntas, assim, a sós, poderiam falar dos assuntos que interessavam as mulheres e não as jovens meninas como Chelsea. Foi difícil tirar a pequena adolescente de seu encalço, mas Charlotte conseguiu despistá-la após algumas horas e, enfim, conseguiu um tempo a sós com Brista e sua amiga. Brista mal podia acreditar que aquela era, de fato, sua irmã, ela estava tão diferente, seus olhos brilhavam, seu sorriso exibia uma alegria inata que parecia jamais ser abalada. Charlotte era como um raio de sol naquele momento e Brista sentia o coração aquecido ao entender que a irmã encontrou a felicidade. — Duquesa, espero que esteja bem — Maya falou, assim que estavam a sós, parando ao lado de Charlotte. — Estava tão feliz e aquela garota intragável tentou abalar sua estima. — Ah, eu nem acreditei na audácia dela! É uma visitante e se sente n