Depois daquele anúncio, o castelo ficou polvoroso. As damas não paravam de falar sobre o que usariam no baile, os cavalheiros não paravam de comentar sobre as damas que lá estariam. Os dias se passaram e, três dias depois do grande anúncio, uma carruagem elegante parou na porta do palácio. Era fim de tarde e o sol estava prestes a se pôr, seus últimos raios colorindo o céu em um tom rosado. Os belos cavalos pararam na entrada do castelo e, quando o chofer abriu a porta, o Duque de Gloucester saiu da carruagem, sua expressão como sempre impassível, seus olhos atentos e firmes para aqueles que o observavam. Quem o visse naquele momento, juraria que o homem resguardava em si uma personalidade fria e grosseira, sem sentimentos até. No entanto, no momento em que ele se virou e estendeu a mão, sua expressão se suavizou com um amor que não tinha dimensões. Pequenos e delicados dedos tocaram sua palma e Lucian segurou com firmeza o cristal mais precioso de sua vida. Charlotte Capman desceu
— Não faça isso, não precisamos dessa formalidade, é amiga de minha irmã, logo, é minha amiga também! — falou a ruiva, afastando-se de Maya e olhando as três moças com um enorme sorriso. — Creio que poderão me atualizar dos assuntos da corte, meu marido e eu acabamos nos isolando um pouco em nossa lua de mel. De fato o fizeram, Lucian passou todo o tempo possível ao lado de Charlotte, amando-a com todo seu ser, devorando-se a ela com todo seu carinho, mesmo que ela o obrigasse a partir para cumprir com seus deveres vez ou outra. Charlotte estava feliz, sentia-se muito amada e agradecia todos os dias aos céus pelo homem que dormia e acordava ao seu lado. Os dois homens conversavam há alguns passos das damas, Marcel informava Lucian sobre os assuntos da corte, sobre os negócios recentes e sobre as principais pautas da ordem. Falavam com tranquilidade, mas em momento algum tiravam os olhos das moças, ambos compartilhavam do mesmo senso de proteção para com as jovens que ali estavam
— Minha irmã, senti tanto sua falta! — Brista fala sentando-se na grande cama ao lado da irmã.Agora apenas as duas mais velhas dos Capmans e Maya estavam juntas, assim, a sós, poderiam falar dos assuntos que interessavam as mulheres e não as jovens meninas como Chelsea. Foi difícil tirar a pequena adolescente de seu encalço, mas Charlotte conseguiu despistá-la após algumas horas e, enfim, conseguiu um tempo a sós com Brista e sua amiga. Brista mal podia acreditar que aquela era, de fato, sua irmã, ela estava tão diferente, seus olhos brilhavam, seu sorriso exibia uma alegria inata que parecia jamais ser abalada. Charlotte era como um raio de sol naquele momento e Brista sentia o coração aquecido ao entender que a irmã encontrou a felicidade. — Duquesa, espero que esteja bem — Maya falou, assim que estavam a sós, parando ao lado de Charlotte. — Estava tão feliz e aquela garota intragável tentou abalar sua estima. — Ah, eu nem acreditei na audácia dela! É uma visitante e se sente n
— Me chame apenas de Lottie, Maya, já disse que não precisa ser formal assim — Charlotte respondeu, tocando a mão de Maya com delicadeza, olhando para ela com um grande sorriso. — O casamento está maravilhoso, jamais imaginei que encontraria alguém como Lucian em minha vida, ele é o melhor homem do mundo e eu não podia receber melhor presente — enquanto falava o rosto de Charlotte se iluminava e a felicidade era latente em sua voz. As duas meninas sorriram e Maya sentiu o peito aquecido pela felicidade da mulher a sua frente. Ela suspirou levemente, pensando um pouco e sentindo as bochechas ruborizar quando seus lábios se moveram mais rápido do que ela podia controlar:— Queria muito viver um amor assim… — Certamente vai — Charlotte falou, com ternura. — O amor surge nas nossas vidas quando menos esperamos!Enquanto as damas fofocavam sobre seus sonhos românticos e pretensões amorosas, do outro lado do castelo, um Duque com o peito inflado de raiva apertava com força um copo de beb
Quando o sol nasceu e o dia do baile finalmente chegou, todo o castelo entrou em alvoroço. O local estava mais agitado que em qualquer outro dia e não houve passeios das damas ou caçadas durante qualquer parte do dia, afinal, todos precisavam se preparar para o grande evento da noite. As damas reuniram-se cada uma com aquelas a quem tinham estima e juntas ajudaram umas as outras a se aprontar. As Capmans, por sua vez, arrumaram-se juntas e Maya também desfrutou de suas companhias, se aprontando com elas. A beleza de cada uma das moças que estavam presentes naquela sala era singular e inestimável, todas eram como joias finas e bem polidas, delicadas, mas também fortes e intensas. Charlotte, que usava um vestido de tom verde que contrastava perfeitamente com sua pele, aproximou-se de Brista, terminando de organizar-lhe os fios loiros no penteado elegante que deixava seu pescoço a mostra. As duas sorriam uma para a outra enquanto Charlotte colocava sob os cabelos loiros uma bela joia
— Filho, está me ouvindo? — perguntou a rainha, olhando para o rapaz com um sorriso que, por muito pouco, não vacilou. — Não se preocupe com nada, veja bem, o baile é o primeiro passo para a escolha da rainha e tenho certeza que vai olhar para a pretendente perfeita! A princesa tem muitos dotes, é bem-educada, gentil, além de ser belíssima.Por um momento ela desatou a falar, tentando, em vão, aumentar a estima de seu filho por Aggie, mas a tentativa não surtiu o efeito desejado e a monarca observou seu filho desviar o olhar e suspirar pesadamente, como alguém extremamente cansado e, de fato, ele estava cansado. — Precisamos ir, temos que ser os primeiros a chegar — Jonathan mudou de assunto, oferecendo seu braço para a rainha, que o segurou de bom grado. Os dois caminharam em direção à saída do grande aposento e não demoraram a chegar as portas do grande salão, no percurso silencioso, Jonathan rogou a Deus que seu coração lhe apontasse o caminho certo esta noite. Decerto a realeza
O coração de Brista acelerou no momento em que os lábios do príncipe tocaram seus dedos enluvados num cumprimento formal, seus olhares se conectaram e, por um momento, o mundo parou e tudo o que restou foram os dois. Mas aquilo não podia durar mais tempo que o conveniente socialmente e ambos sabiam disso, Jonathan soltou a mão dela a contragosto e sorriu, erguendo o corpo e dando um passo para trás, estendendo a mão para Marcel e Lucian. — Sejam bem-vindos! — falou ele, quebrando a atmosfera de antecipação que havia se instalado no salão. — Estou feliz com a presença de todos. — Estamos mais que felizes em estar aqui, alteza — Charlotte se pronunciou, com um sorriso gentil e carismático. — Tenho certeza que esta noite será de muitas surpresas. Seu tom não passou despercebido aos ouvidos de seu marido, que a olhou com um sorriso de canto, sabendo exatamente o que a ruiva queria dizer. Logo, Lucian deu um passo à frente lançando um último olhar carinhoso a sua esposa antes de est
— Duquesa, não posso mensurar o prazer que tenho em recebê-la em meu palácio! — falou a monarca, aproximando-se de Charlotte e abraçando-a apenas por poucos segundos, tentando manter o sorriso convincente no rosto. — Espero não ter atrapalhado suas núpcias!— É um prazer, vossa alteza — Charlotte a cumprimentou, fazendo uma reverência polida e elegante. — Oh, a senhora jamais…No entanto, antes que ela pudesse continuar, sua fala foi interrompida e a princesa entrou no espaço entre as duas mulheres, fazendo a rainha unir as sobrancelhas e dar dois passos para trás, surpresa com a falta de delicadeza da jovem princesa.— É um prazer revê-la, senhorita — Aggie se pronunciou, fazendo uma breve reverência e exibindo um pequeno sorriso de canto para a rainha. — Oh, certamente não, certo, Duquesa? Não há nada nas núpcias que você já não conheça, pelo que ouvi falar! — seu tom era provocador, zombeteiro, e seus olhos estavam fixos na Duquesa a sua frente. A rainha sentiu um nó se formar em