— Sua mãe me disse que a princesa da Escócia está no palácio, como estão indo? — a pergunta não era feita de um rei para um príncipe, mas sim de um pai para um filho. — É… complicado — Jonathan começou, pegando uma escova e penteando os fios esbranquiçados dos cabelos de seu pai, que já não eram tão cheios como antes. — Complicado? Me conte melhor, sua mãe esconde-me todos os detalhes irritantes — apesar do tom levemente mais sério, a menção a rainha levou um pequeno riso aos lábios do senhor, que ergueu a mão em seguida e tocou o braço do filho com calma e delicadeza, seus dedos já enrugados pelo tempo eram trêmulos e agora ele já não tinha muita firmeza nas mãos. — Diga-me John… O que o preocupa?Ninguém mais o chamava de John, e o apelido que seu pai lhe dera sempre atingia seu coração e o fazia sentir como se fosse apenas um menino descobrindo o mundo. — Ela só tem deixado más impressões em absolutamente todos com quem conversa… — a confissão de Jonathan tirou de seu ombros um
— Meu filho, algumas decisões devem ser tomadas com o coração e outras com a mente, precisa encontrar aquela que acalente essas duas coisas. A rainha perfeita é aquela que deixa sua mente segura e seu coração aquecido, se não sente isso pela jovem escocesa, então não se pressione a sentir, não importa o que sua mãe pensa — ele disse, afastando-se brevemente e tocando o rosto do filho. — Mas se a princesa não o agrada, e as moças do reino? Sei que existem muitas beldades nesse palácio nesta temporada, nenhuma delas chamou sua atenção?Jonathan se afastou por um momento, sentindo os ombros se tencionarem diante da pergunta de seu pai. Ele sabia quem lhe chamava atenção, sabia quem lhe acalentava a mente e o coração ao mesmo tempo, até viu os belos olhos azuis dela em sua mente naquele momento, mas a imagem foi dispersada pela voz de sua mãe. A rainha já estava perdendo tanto como poderia ele, seu único filho, recusar um desejo dela? — John? — chamou o rei uma vez mais, percebendo que o
O vento soprava lento e delicado, a brisa era fria, mas não o suficiente para incomodar a ruiva, que estava sentada num banco de pedra, nos fundos dos jardins do castelo. Era um lugar bastante privado, num geral as damas mal passavam por ali e, quando o faziam, era para fofocar, logo, se havia alguma outra mulher no recinto, logo se afastaram. Aggie percebeu que foi alvo de alguns olhares curiosos, mas nenhuma das moças foi ousada o bastante para fazer algo além de olhar, então, alguns instantes depois, ela viu o rosto de Isla surgir em seu campo de visão. Sua dama de companhia caminhava apressadamente, afinal, não era de bom-tom deixar sua princesa sozinha, mas naquele momento foi necessário. Isla se aproximou e, após uma reverência, se sentou ao lado da ruiva, mordendo o lábio inferior enquanto recuperava o fôlego, já que viera correndo do interior do palácio até ali.— Que demora, achei que não te veria hoje! — Aggie reclamou, um tanto quanto irritada. — Espero que tenha algo de
Marcel Capman era um cavalheiro, mas Maya não acreditava que era atrativa o suficiente para ele, afinal, a atenção do Capman mais velho estava sempre em sua família, algumas moças acreditavam que ele só deixaria seu coração aberto para uma mulher quando todas as suas irmãs estivessem casadas. — Chegamos… Não irei entediá-la com minhas histórias chatas, senhorita — o tom dele era divertido, levemente rouco e seu sorriso curvava seus lábios graciosamente para cima, trazendo para seu rosto uma luz de alegria que faria qualquer mulher suspirar. — Não me entedia, Senhor Capman! — Maya apressou-se em justificar, abaixando o rosto levemente enquanto ele descia de seu cavalo. — Acho que suas aventuras são extremamente interessantes, jamais me sentiria entediada. Enquanto a ouvia, Marcel deu a volta em seu cavalo, parando ao lado da jovem e estendendo os braços para ela. Seus dedos tocaram-lhe a cintura, fazendo Maya suspirar ao sentir o toque quente em sua pele, já que seu sari deixava a m
Marcel leu a carta com lentidão, segurando o papel com força e apertando-o entre seus dedos o bastante para que ele se rasgasse em alguns pontos. Se impressionava com a falta de empatia de Judith e não estava nem um pouco disposto a deixá-la interferir na criação e no destino de suas irmãs novamente, por isso, amassou a carta e a jogou na lareira, deixando o fogo consumi-la sem pressa alguma, fingindo que as palavras de sua mãe jamais chegaram aquele palácio.O Capman suspirou pesadamente, no entanto, não teve muito tempo para refletir, no instante em que pensou em se servir de um pouco de bebida, uma corrida juvenil invadiu a sala dos cavalheiros, o que não era muito comum. Chelsea entrou correndo, seus cabelos loiros chamando a atenção dos homens e fazendo todos sorrirem e cumprimentarem o mais jovem Capman. A garota parou ao lado de seu irmão e no instante em que ele abaixou o cigarro quente, com receio de machucá-la ela jogou-se nos braços dele com um abraço caloroso. — Se bem m
Quando o sol tocou a pele de Chelsea Capman, um sorriso surgiu em seus delicados lábios e ela puxou seu irmão com mais fervor, arrastando Marcel em direção ao meio do jardim. Ao longe, algumas damas que tomavam os primeiros raios de sol da manhã observaram a cena com suspiros, de fato era bela a forma como o mais velho dos Capmans se esforçava para agradar suas irmãs, ele era exemplar e muito paciente. Mal sabiam elas que Marcel exercitou tal paciência desde o nascimento de Chelsea, que sempre fora uma menina com um ímpeto imenso e que lhe dava as maiores dores de cabeça. — Vamos, vamos — ela falava enquanto o puxava. — Se demorarmos, uma das meninas vai pegar o cavalo pequeno, e eu não gosto dos maiores. Ela era uma jovem de opinião forte e vontades intensas, mas ninguém podia culpá-la, os Capmans sempre lhe fizeram todas as vontades, Chelsea, de todas as moças da família, era a mais geniosa. — Acalme-se, Chel — Marcel resmungou, suspirando levemente. — Tenho certeza que haverão
— Tem razão, senhora! Certamente ela jogará sujo para ter o príncipe!— Então eu preciso mover as peças desse tabuleiro primeiro e… Ei! — o grito desgostoso de Aggie fez Chelsea dar um pulinho no lugar. — O que está fazendo aqui, sua pequena intrometida!A ruiva se ergueu do banco, correndo em direção a Chelsea, que correu para a frente dos jardins. Certamente Aggie era mais rápida, no entanto, ela não tinha os olhos de águia que um certo homem tinha e, no instante em que Chelsea entrou em seu campo de visão, ele se adiantou, envolvendo a jovem loira com seus braços protetores, colocando-a em suas costas. No mesmo momento, Aggie surgiu, enfurecida, com seu rosto vermelho e olhar odioso. — Algum problema, senhorita? — Marcel falou, seu tom era rouco, mas sério e profundo, ele olhava para Aggie de cima, com um ar de superioridade que não deveria ser demonstrado diante de uma princesa. Mas Marcel Capman nunca foi um homem que se curvava a títulos. — Ora, claro que existe um problema!
Depois daquele anúncio, o castelo ficou polvoroso. As damas não paravam de falar sobre o que usariam no baile, os cavalheiros não paravam de comentar sobre as damas que lá estariam. Os dias se passaram e, três dias depois do grande anúncio, uma carruagem elegante parou na porta do palácio. Era fim de tarde e o sol estava prestes a se pôr, seus últimos raios colorindo o céu em um tom rosado. Os belos cavalos pararam na entrada do castelo e, quando o chofer abriu a porta, o Duque de Gloucester saiu da carruagem, sua expressão como sempre impassível, seus olhos atentos e firmes para aqueles que o observavam. Quem o visse naquele momento, juraria que o homem resguardava em si uma personalidade fria e grosseira, sem sentimentos até. No entanto, no momento em que ele se virou e estendeu a mão, sua expressão se suavizou com um amor que não tinha dimensões. Pequenos e delicados dedos tocaram sua palma e Lucian segurou com firmeza o cristal mais precioso de sua vida. Charlotte Capman desceu