— Oh, não, minha mãe convida apenas a realeza — sua fala veio acompanhada por um tom de desgosto ao passo que seus olhos deslizaram pelas moças que conversavam perto delas, mas que claramente prestavam atenção no diálogo das três. — Acredito que cada lugar guarda seus costumes — Brista falou, comendo o docinho tranquilamente. — Decerto que sim, mas alguns são mais exóticos que outros — Aggie comentou, olhando diretamente para Maya. — Seu país é muito distante, me surpreenda que consiga chegar até aqui… A morena uniu as sobrancelhas, sentindo um incômodo acertar-lhe o coração, mas manteve a fachada gentil, apertando levemente o braço de Brista, que também ficou em alerta. — Cheguei da mesma forma que você, senhorita, também temos um mar na Índia, então sabemos velejar — a fala, apesar de ter um teor levemente ácido, foi dita com extrema simpatia. — E certamente chegou mais rápido, afinal, estava aqui para ver o fiasco… digo, sua chegada princesa — Brista alfinetou, sentindo o peit
— Brista tem razão, ela não passa de uma estúpida, não sabe de nada sobre seu país e sua família! — disse Anika, por mais que ela mesma não conhecesse muito sobre Maya. — Exatamente, não se deixe afetar por isso! Aproveitemos a temporada, logo essa indesejada irá embora! — Katherina completou, tentando animar a jovem. Maya ainda sentia o coração ofendido, mas aceitou o consolo das amigas que a apoiaram e, longe dali, os olhos de Elanor capturaram a cena. A rainha sentiu-se irritada, como uma princesa poderia causar tamanha má impressão em absolutamente todas as jovens de um reino? Começava a sentir-se cada vez mais insegura quanto a Aggie, mas tentava não demonstrar, pois, mesmo que soubesse que a jovem não era tudo o que lhe foi descrito nas cartas, não queria dar o braço a torcer. Longe dali, em meio a densa floresta, um grande grupo de cavaleiros bem armados com mosquetes e munição, acompanhados por cachorros que farejava por todo lado, caçavam algo para aliviar o tédio. Aquel
Apesar do falatório dos demais cavalheiros atrás dele, Jonathan se mantinha em silêncio. O assunto sobre o casamento havia, visivelmente, o desagradado e logo foi esquecido à medida que o príncipe se distanciava do grupo e guiava seu cavalo em direção à entrada do palácio. Não podia negar que as palavras de Ewin lhe acertaram precisamente. Brista era, de fato, encantadora e ele sabia, agora mais que nunca, que não era o único que notava tal coisa. Quando o castelo despontou no horizonte e eles finalmente passaram pelos grandes umbrais que demarcavam o início do jardim real, suas vistas foram agraciadas com o passeio noturno das damas, que gostavam de apreciar as estrelas antes do jantar. Os jardins estavam enfeitados com as mais belas flores juvenis, moças que ansiavam por uma boa temporada, algumas que já haviam debutado e sonhavam em encontrar um bom pretendente durante aqueles meses, outras que ainda não o fizeram e esbanjam seus ares infantis correndo por aqui e por ali enquanto
— É um prazer, senhorita. — Marcel a cumprimentou uma vez mais, dessa vez, um tanto mais formal. — Ouvi dizer que tem se dado muito bem com as ladies inglesas. Obviamente, aquela não era a fofoca que corria pelos corredores do palácio e Marcel sabia bem disso, seu tom era divertido e Aggie não demorou a entender que aquilo foi uma alfinetada sutil, talvez não tão sutil assim. — Decerto que sim, a recepção de todos têm sido calorosa demais — respondeu a princesa, sustentando o sorriso, mesmo que este não lhe chegasse aos olhos.Jonathan não estava para conversas, principalmente se a conversa envolvesse a sua, suposta futura noite. Sendo assim, após fazer sinal para o cocheiro que estava por perto recolhendo os cavalos, ele desceu de sua montaria, inclinando o corpo num cumprimento formal a Aggie enquanto falava:— Foi um prazer vê-la, senhorita, mas preciso me retirar — as palavras secas saíram dos lábios dele e chegaram aos ouvidos de Aggie como espinhos pontiagudos. — nos vemos
Os olhos são, de fato, as janelas da alma, e não importa o quanto tentasse, Brista não podia e nem queria parar de olhar para a alma de Jonathan. Sentiu o olhar dele queimando em sua pele e, ao seu ver, Jonathan sequer tentava ser discreto. E de fato tentar o fazer com discrição não estava nos planos do príncipe. Ele a olhava como quem admira a mais bela das obras de arte, observava com atenção enquanto Brista leva a colher à boca, como os lábios dela se curvavam levemente sempre que sua amiga Mary sussurrava algo em seu ouvido, o modo como seus olhos cintilantes, cor de céu brilhavam ao tentar conter suas reações em público. Brista era, para ele, a criatura mais perfeita para se observar e ele quase não conseguia conter seu impulso de olhar para ela o tempo inteiro e sem ressalva alguma. Enquanto o príncipe torturava-se, reservando-se no direito de observar de longe aquela que mais desejava ter em seus braços, Brista tentava fingir não notar o olhar constante dele em sua direção.
— Senhorita, não se importe com aquela garota Capman, certamente a família dela não tem nada a oferecer a Kent e… — Isla começou, mas instantes depois foi interrompida. — A família dela… É isso! — Aggie puxou os pés com brusquidão, fazendo a dama de companhia quase cair para trás. — Isla tenho um trabalho para você! — os olhos dela eram intensos e o trabalho parecia ser de fato muito importante. — Quero que fale com a criadagem e descubra absolutamente tudo sobre a família daquela menininha do campo estúpida, quero saber tudo sobre eles amanhã quando eu acordar! — Sim senhora!Do outro lado do palácio, onde os demais convidados circulavam livremente, Mary e Brista seguiam para a ala das moças com tranquilidade e até certa lentidão. O jantar havia sido maravilhoso e Mary ainda suspirava pelos deliciosos sabores que a comida do palácio lhe proporcionara. Seguiram juntas até um grande corredor com duas bifurcações e só então Mary soltou a amiga, segurando delicadamente as mãos de Bris
A noite veio e se foi com uma rapidez que desagradou a muitos que desejavam aproveitar mais horas de sono, no entanto, assim que o sol nasceu, o movimento do palácio se fez presente. Os primeiros a acordar eram sempre os empregados que, alguns minutos depois, passavam de porta em porta comunicando aos hóspedes que o desjejum seria servido dali a uma hora. Depois dos empregados, as damas eram sempre as primeiras a se colocarem de pé, afinal, a preparação para que saíssem de seus quartos poderia ser mais longa que a dos cavalheiros. Brista e Chelsea se aprontaram juntas e assim que saíram se separaram, visto que ainda no corredor a mais nova avistou sua melhor amiga e se despediu de Brista, sumindo de vista não muito tempo depois. Brista a inveja em certo ponto, queria poder ter as liberdades juvenis que sua irmã tinha, mas infelizmente não havia muito o que fazer quanto a isso. Seguiu o longo corredor e assim que chegou a uma bifurcação, sentiu mãos delicadas tocarem seu braço e um s
— Sua mãe me disse que a princesa da Escócia está no palácio, como estão indo? — a pergunta não era feita de um rei para um príncipe, mas sim de um pai para um filho. — É… complicado — Jonathan começou, pegando uma escova e penteando os fios esbranquiçados dos cabelos de seu pai, que já não eram tão cheios como antes. — Complicado? Me conte melhor, sua mãe esconde-me todos os detalhes irritantes — apesar do tom levemente mais sério, a menção a rainha levou um pequeno riso aos lábios do senhor, que ergueu a mão em seguida e tocou o braço do filho com calma e delicadeza, seus dedos já enrugados pelo tempo eram trêmulos e agora ele já não tinha muita firmeza nas mãos. — Diga-me John… O que o preocupa?Ninguém mais o chamava de John, e o apelido que seu pai lhe dera sempre atingia seu coração e o fazia sentir como se fosse apenas um menino descobrindo o mundo. — Ela só tem deixado más impressões em absolutamente todos com quem conversa… — a confissão de Jonathan tirou de seu ombros um