Lucian não via nada em sua frente, não havia quem o impedisse de chegar à fazenda dos Capman tamanho seu ódio e a velocidade do seu cavalo. O Duque só conseguia pensar em como Charlotte estava, em onde ela estava, no que poderia estar acontecendo com ela naquele exato momento. Estava com medo, muito medo. Nem em meio aos guerreiros enquanto empunhava sua espada ensanguentada na guerra ele sentiu tanto pavor. Mas, acima disso, ele sentia raiva, sentia ódio e um furor que tomava seu corpo a ponto de fazê-lo querer arrastar Judith Capman pelos cabelos até que ela lhe dissesse tudo o que sabia sobre o raptor das garotas. Sabia que Marcel cuidaria de Chelsea e que, enquanto ele tentaria buscar por informações na cúmplice do maldito sequestro, Marcel estaria em busca da ordem que poderia ajudá-los caso precisassem de reforço. Quando avistou a grande casa, enquanto passava pelos campos, ele tentou cavalgar de forma mais veloz, afinal, cada segundo era precioso quando sua amada e sua cun
Enquanto observava a discussão, Lucian sentia vontade de intrometer-se, afinal, não era o momento para que eles dois trocassem farpas, precisava que Judith contasse a ele tudo o que sabia, qualquer informação seria útil. — Eu resolvi o problema que nos perseguiu por anos! Tirei de perto das minhas meninas aquela maldita bastarda e você a trouxe de volta! Você colocou aquela maldita dentro da nossa casa de novo! — ela voltou a gritar, batendo no peito de George com tamanha raiva que ela sequer se reconhecia. — Ela nunca foi minha filha e não deveria ter voltado para esta casa! Os olhos do Duque se arregalaram diante daquela revelação, mas, diferente dele, George parecia impassível e sua expressão estava completamente fechada, muito diferente do homem sorridente e gentil com quem Lucian havia convivido durante aquele tempo. George segurou Judith pelos braços apertando-os e fazendo-a voltar ao mundo real, encarando os olhos de seu marido enquanto ele falava, bem devagar: — Você é uma
Judith não sabia o que lhe aconteceria depois daquela explosão em sua sala de estar. O que seria dela? Seu marido iria mesmo repudiá-la? Eram perguntas que ecoavam em sua mente enquanto ela fazia as malas, como George havia mandado. Nunca o viu tão sério e decidido e, por isso, acreditava que sua vida social havia acabado naquele momento. Pela primeira vez arrependia-se de algo que havia feito, seu ódio cego havia atingido suas duas doces filhas e, agora, Brista estava presa nas mãos do cruel Willian Griffin, e aquilo a apavorava de modo que não conseguia sequer respirar bem. “Talvez meu marido tenha razão”, ela pensou, olhando pela janela enquanto via os cavaleiros saindo e rumando para longe montados nos cavalos mais velozes da fazenda. “Talvez eu seja mesmo um monstro.”Enquanto ela se lamentava por si mesma em seu enorme quarto, Marcel cavalgava com Chelsea em direção a grande mansão que ficava nos arredores da cidade, rogando aos céus que houvesse alguém ali, ao menos um homem.
— Posso ajudar, senhores? — um rapaz muito jovem e bem franzino, perguntou. — Chame seu patrão — Lucian tomou a frente, descendo de seu cavalo e parando na frente do rapaz, que encolheu os ombros. — Agora. — O senhor Willian não está — informou, sem sequer olhar para o Duque, ainda com a cabeça baixa e os ombros encolhidos. — Somente a senhora Griffin. — E Honoro, onde está? — desta vez George quem lançou a pergunta, descendo também de seu cavalo. — — O senhor Honoro já não está bem há muito tempo, senhor Capman. — O rapaz ergueu o rosto para ele com um olhar triste. — O tempo não foi generoso com ele como foi com o senhor. Por um momento, George sentiu compaixão pelo amigo, afinal, mesmo que seu filho fosse um crápula, Honoro e George cresceram como irmãos, saber que seu amigo já não tomava as próprias decisões explicou muito do comportamento inadmissível do filho dele. — Então chame a esposa dele! — a voz de Marcel ecoou pelo local e, quando todos se viraram, encontraram o
Willian não entendia como, numa situação de tanto perigo e pressão, Brista continuava silenciosa e com os olhos afiados sobre ele. Já havia ouvido falar na insubordinação e no orgulho da Capman do meio,mas jamais imaginou que ela seria tão firme. — Todas as moças dessa família são frutas podres — ele resmungou, segurando o rosto de Charlotte e olhando-a com irritação. — E você é a pior de todas… Mas mesmo sendo uma fruta seca, ainda é minha. — A única fruta seca aqui é você — Charlotte respondeu, o olhando com um ar desafiador. — Os boatos já chegaram até mim.— Não Tente tornar sua incompetência culpa minha! — ele gritou, já completamente transtornado. — Você destruiu minha vida e minha reputação na coorte! É tudo culpa sua, Charlotte! Enquanto Willian se ocupava em irritar-se, Brista pensava com clareza e precisão. Sempre acreditou que o Griffin fosse um idiota, mas, naquela tarde, a estupidez dele lhe surpreendeu. Depois que conseguiu ajudar Chelsea a fugir usando algumas cois
Jamais imaginou que duas mulheres o levariam ao chão um dia, mas, lá estava ele, caído e estarrecido, sentindo sua nuca dolorida e vendo, mesmo que de forma levemente embaçada, as duas passarem pela pequena porta do quarto. Griffin levou alguns minutos para se recompor e,quando o fez, se ergueu rapidamente, correndo para fora. Não podia permitir que as duas mulheres fossem muito longe, isso não estava nos seus planos e, aquela altura, ele já estava sozinho. Havia mandado que os homens que havia contratado fossem embora depois de deixarem a irmã mais nova fugir, mas agora reconhecia seu erro, Brista Capman era um furacão. Quando chegou à sala, a porta estava escancarada e a floresta escura se erguia do lado de fora. Willian pegou sua espada, saindo dali e parando por alguns instantes, prestando atenção ao silêncio da floresta somente para ouvir o que desejava. Não muito longe dali, as duas moças corriam ofegantes e com passadas pesadas em direção a qualquer lugar que as mantivesse s
Lucian não via nada, nada além da terrível cena que se desenrolava diante de seus olhos. A espada transpassava o corpo delicado de sua doce Charlotte enquanto, atrás dela, Willian empunhava a lâmina com os olhos fixos no Duque. Inicialmente não houve nenhuma fala, nenhum movimento. Os primeiros dois segundos foram como uma eternidade até que os dois cavaleiros voltaram a si e, enquanto Marcel corria em direção à floresta atrás de Willian, que havia corrido do local enquanto todos estavam em choque, Lucian corria até Charlotte em completo desespero. Ele segurou seu corpo nas mãos, pressionando o ferimento que estava localizado abaixo do seio, no início do abdômen da ruiva. Suas vestes, já tão finas e de tom marfim, agora estavam banhadas de vermelho, cobertas pelo sangue que vertia de seu ferimento. Willian havia arrancado a espada antes de correr e isso havia piorado o estado da ruiva, o sangue jorrava e ali naquela floresta ninguém conseguia pensar num modo coerente de salvar a v
Lembrava-se dos sorrisos de Charlotte , do gosto de seus lábios e de sua voz doce e suave que era como música aos seus ouvidos. Não saberia viver sem ela em hipótese alguma e estava ciente de que, se Charlotte Capman morresse, ele morreria com ela. Mas eles não eram os únicos que corriam. Em meio a mata fechada, desviando das árvores e pulando por sobre as raízes, Marcel perseguia o homem que havia conquistado todo seu ódio. Sequer sabia do estado de sua irmã, fora guiado por seu ódio para caçar o rato que a havia ferido. Enquanto Willian vivesse sua irmã não teria paz, sendo assim, ele estava decidido a matá-lo e o faria sem remorso algum, sem culpa. Willian, por sua vez, fugia como o diabo foge da cruz. Corria desesperadamente em direção a lugar algum, sequer sabia para onde ir, só desejava tirar o homem enfurecido de seu encalço. Golpear Charlotte não tinha sido uma de suas melhores decisões, ele sabia, sabia que, no instante em que atravessou sua lâmina no corpo da Capman ma