Estava recebendo os floristas na porta da casa principal quando, ao longe, percebeu o cavalo do Duque se aproximando e, sobre ele, sua filha mais velha acompanhada do terceiro na linha de sucessão ao trono, o Duque Lucian Gloucester. A visão a deixou tonta e pouco disposta, sua expressão sorridente se fechou no exato instante em que os dois se aproximaram da grande casa e, quando o cavalo parou e Lucian ajudou Charlotte a descer do animal, Judith percebeu que algo estava diferente. O casal exalava uma paixão incontida que podia ser vista por qualquer um, o olhar de Lucian para Charlotte era de um verdadeiro homem apaixonado e aquilo fez o espírito da matriarca dos Capman se retorcer. — Com licença — falou ela para os criados que recolhiam as flores e levavam para os lugares onde deveriam ficar. — O que está acontecendo, senhor Duque? — perguntou a mulher depois de caminhar a passos rápidos em direção ao casal, olhando somente para o Duque. — Creio que assuntos como esses de
Quando o senhor Capman e Marcel chegaram à grande casa central, encontraram uma Judith extremamente irritada do lado de fora. A mulher parecia pronta para cuspir fogo em cima de qualquer um que ousasse lhe dar um bom dia e, enquanto passavam, os dois homens a encararam surpresos, afinal, a senhora Capman não costumava mostrar seu real humor com tanta facilidade. No entanto, ao passo que entravam na grande casa e passavam pelo hall numa conversa engajada, perceberam o motivo de tanto descontentamento. Na sala de entrada, Charlotte e Brista tocavam o mesmo piano numa sincronia nunca vista por Marcel antes, mas muito bem lembrada pelo senhor Capman, que viu naquela cena suas duas menininhas quando eram somente crianças inocentes. — Que novidade! — George falou sorrindo e caminhando até as garotas. — Que surpresa, minha menina. O homem abraçou Charlotte sem se importar com a presença dos demais presentes, puxando Brista para seus braços também, fazendo a loira corar as bochechas,
Dito isto, ele beijou-a novamente, um beijo intenso, apaixonado, suas bocas se uniram com sede, com fome, numa sincronia que provava que a conexão que compartilhavam era muito mais forte que qualquer outra. Mas o beijo não durou muito, afinal, ao sentir o corpo dela pressionado ao seu, coberto por nada além da camisola de linho, Lucian arfou e, naquele momento, quando sentiu seu corpo se tencionar e a ereção crescer em sua calça ele percebeu que precisaria se controlar muito mais do que imaginou. — Tenha uma boa noite, meu anjo — sussurrou, ainda com os lábios próximos aos dela. Então, afastando-se lentamente, fez o caminho de volta pelo longo corredor, entrando em seu quarto antes que cedesse aos seus instintos e invadisse o quarto de sua amada para tomá-la para si mais uma vez e amá-la por toda a noite. Enquanto o casal apaixonado construía planos para suas vidas compartilhadas, cada um em sua cama, Judith Capman cavalgava velozmente pela estrada escura e sombria, se distancia
Quando o dia amanheceu, todas as coisas de Charlotte já haviam sido levadas para seu quarto antigo, suas amigas já haviam sido realocadas para a casa central e, mais uma vez, mesmo contra a vontade de sua mãe, ela estava de volta a seu lar, de onde jamais deveria ter saído. Marcel, apesar de muito satisfeito, tinha um pressentimento estranho de que algo estava errado, sentia que havia algo prestes a acontecer, no entanto, não deu atenção ao estranho sentimento, afinal, a paz reinava na residência dos Capman e até Judith parecia mais bem disposta naquela manhã. — Marcel — Lucian chamou, pouco depois de sair de seus aposentos, sentia o coração acelerado e uma sensação de urgência desde a noite anterior. Queria, não, aquilo era mais que um querer, ele precisava que os responsáveis por sua amada soubessem de suas intenções, precisava que o cortejo fosse oficializado para, tão logo lhe fosse permitido pelo pai de Charlotte , ele pudesse pedir a ela que lhe desse a honra de ser sua pela
— Uma bela flor, para uma outra bela flor — falou o rapaz, estendendo para ela uma rosa vermelha e muito bem perfumada. O garoto tinha uma pele caramelada, seus olhos eram de um castanho amendoado belíssimos e seu sorriso, galante e encantador, a fez sorrir também. Usava roupas simples, tinha uma cabeleira encaracolada e rebelde que emoldurava seu rosto e, no braço direito, trazia uma cesta de flores. — Oh! — foi tudo o que ela conseguiu dizer a primeiro momento, enquanto pegava a flor e a aproximava do rosto. — Muito obrigada. O agradecimento fez o rapaz curvar o corpo levemente, numa gentil referência, antes de, com um aceno de cabeça, se distanciar sumindo entre as pessoas e deixando-a ali, encantada com o gesto singelo. Quando percebeu que havia ficado para trás, Chelsea correu rapidamente até a loja, erguendo seu vestido um pouco para aumentar a mobilidade. Não demorou a chegar ao local, ainda com a rosa nas mãos e com a respiração um pouco ofegante. — Onde estava? Achamos
O que é o tempo para os apaixonados? O tempo pode ser muitas coisas, desde uma benção, até uma maldição que traz sofrimento aos corações repletos de desejo e saudade. Lucian sabia disso, conhecia tão bem a dor da perda que não se imaginava passando por isso novamente, não era algo que suportaria não de novo. Enquanto saia do escritório do pai de Charlotte , ele sentia o coração aquecido com a proposta de um futuro que nunca imaginou que teria, uma família, uma vida ao lado da mulher que amava e que amaria pela eternidade. Sem dúvida alguma ele se sentia, de fato, o homem mais feliz da face ta terra naquela manhã, sentia que estava há um passo de alcançar aquilo que secretamente, sempre desejou, ter um lar e alguém para quem voltar se um dia partisse para a guerra novamente. Marcel estava igualmente feliz, tão feliz que até havia esquecido da estranha sensação que havia assolado seu peito naquela manhã. Tinha um grande sorriso nos lábios e sentia a felicidade tomando seu ser, finalm
— Maldito, desgraçado! — gritou ele, passando uma das mãos nos cabelos, sentindo o desespero invadir seu peito e o fazendo respirar de forma ofegante. — Eu deveria ter o matado quando tive a chance! — Quem? Marcel, de quem está falando? — Lucian perguntou, olhando para o rapaz com preocupação. A reação de Marcel o dava a certeza de que aquele não foi um ataque aleatório, com certeza não. Porém, antes que Marcel falasse qualquer coisa, uma voz cortou o silêncio noturno e os passos apressados, frenéticos, chegaram aos ouvidos dos dois homens vindos da mata. Então, segundos depois, a cabeleira loira entrou no campo de visão de Marcel e, logo depois, seus olhos se focaram numa Chelsea completamente apavorada com as mãos amarradas e o rosto choroso banhado por lágrimas. Seu vestido estava sujo de terra, a saia estava rasgada e seus pés estavam descalços. Seus cabelos estavam completamente desgrenhados, mas ela ainda tinha suas joias nos mesmos lugares não haviam levado nada. O tecido d
Lucian não via nada em sua frente, não havia quem o impedisse de chegar à fazenda dos Capman tamanho seu ódio e a velocidade do seu cavalo. O Duque só conseguia pensar em como Charlotte estava, em onde ela estava, no que poderia estar acontecendo com ela naquele exato momento. Estava com medo, muito medo. Nem em meio aos guerreiros enquanto empunhava sua espada ensanguentada na guerra ele sentiu tanto pavor. Mas, acima disso, ele sentia raiva, sentia ódio e um furor que tomava seu corpo a ponto de fazê-lo querer arrastar Judith Capman pelos cabelos até que ela lhe dissesse tudo o que sabia sobre o raptor das garotas. Sabia que Marcel cuidaria de Chelsea e que, enquanto ele tentaria buscar por informações na cúmplice do maldito sequestro, Marcel estaria em busca da ordem que poderia ajudá-los caso precisassem de reforço. Quando avistou a grande casa, enquanto passava pelos campos, ele tentou cavalgar de forma mais veloz, afinal, cada segundo era precioso quando sua amada e sua cun