O som da chave girando na porta fez Elena se sentar abruptamente, um arrepio percorrendo sua espinha. Ela sabia que aquela porta, sempre que se abria, trazia algo que a fazia se sentir ainda mais aprisionada. Não demorou até que a porta se escancarasse, revelando o homem alto e barbudo que a havia levado da boate para aquela cela imunda. Aquele homem imponente, sempre com um ar de quem tinha o controle da situação, como se tudo ao redor girasse conforme sua vontade. — Bom dia, coisa linda. As palavras caíram como um peso no ar. Elena se levantou lentamente, o coração disparando no peito. Sempre que seu caminho cruzava com esse brutamontes, ela acabava desacordada, e a memória daquele acontecimento a fez frisar os olhos, ciente de que não podia deixar que a situação se repetisse. Ela não diria nada, preferiu ficar em silêncio, observando-o com o olhar firme, mas não sem antes se preparar mentalmente para o que estava por vir. A expressão de Elena estava longe de ser amigável. Ela o e
O Dom percorreu o olhar pelo quarto, avaliando o espaço ao seu redor, enquanto ponderava se deveria ou não ir até Elena. Ela estava trancada no banheiro, e o silêncio que vinha de lá apenas alimentava sua inquietação. O nervosismo percorria suas veias como fogo líquido, misturado à raiva que ainda pulsava dentro dele pelo que havia testemunhado instantes atrás.A lembrança da noite anterior veio à tona — ele a ajudara, e, mesmo assim, Elena reagira com ofensa, como se sua presença fosse um fardo. A memória pesou em sua decisão. Cerrando o maxilar, Dante deu meia-volta, seus passos firmes ecoando no chão de madeira. Ao sair do quarto, girou a chave na fechadura, trancando a porta pelo lado de fora, e desceu as escadas sem olhar para trás.No térreo, Mag já o aguardava, segurando seu inseparável sobretudo negro. Dante se aproximou em silêncio, vestindo-o com a naturalidade de quem incorpora uma segunda pele. Assim como sua máscara, aquele casaco não era apenas uma peça de roupa — era um
O Dom percorreu o olhar pelo quarto, os olhos sombrios analisando cada detalhe ao seu redor. O silêncio era espesso, quase sufocante. Do outro lado da porta trancada, Elena estava no banheiro. Ele sabia disso. Podia senti-la. O nervosismo pulsava em suas veias, um turbilhão de emoções conflitantes o consumindo. A raiva ainda latejava em seu peito, tão vívida quanto a cena que testemunhara poucos instantes atrás.A lembrança da noite anterior relampejou em sua mente. Ele a ajudara, estendera a mão sem hesitação… e, em troca, recebera apenas desdém. O orgulho ferido o corroía, mas ele não permitiria que isso o desviasse de suas decisões.Com um último olhar para a porta fechada, ele se moveu. Seus passos eram firmes, quase mecânicos. Ao sair do quarto, girou a chave na fechadura, trancando-a novamente pelo lado de fora, selando Elena naquele espaço como um segredo bem guardado.Quando desceu as escadas, Mag já o aguardava no rodapé, postura ereta e expressão impassível. Em suas mãos, re
Enquanto Elena se martirizava sozinha no quarto, sentindo o peso esmagador da culpa, Mag já movia suas peças no tabuleiro.Ela não era do tipo que aceitava histórias sem provas.Entrou em contato com Firmino, informando-o sobre a revelação de Elena.Do outro lado da linha, Firmino franziu a testa. Aquilo não fazia sentido. No dossiê detalhado que possuía sobre Elena, não havia qualquer menção a uma irmã, muito menos a uma garotinha de seis anos.A informação inesperada o incomodou profundamente. Como isso havia passado despercebido? A dúvida se instalou como uma sombra, e Firmino não era um homem que gostava de incertezas.Ele imediatamente contatou os investigadores da Família, ordenando que refizessem as buscas. Mas a impaciência queimava dentro dele. Esperar não era uma opção. Ele precisava de respostas. E precisava delas agora.Prestando-se a um impulso que sabia poder ser inútil, Firmino alterou sua rota.Estava prestes a sair para cobrar dívidas quando mudou de direção, abandona
Firmino ergueu-se como um raio, os músculos retesados pela adrenalina, e disparou em sequência com uma precisão quase instintiva.O terceiro homem mal teve tempo de reagir. Cambaleou ao ser atingido no ombro e no peito, soltando a arma com um ruído metálico antes de tombar de costas, os olhos ainda arregalados de surpresa e dor. Os dois remanescentes hesitaram por uma fração de segundo — e isso foi tudo o que Firmino precisou.Avançou como uma sombra, deslizando por trás de uma pilastra de mármore lascada, o frio da pedra colando em sua pele suada. Surgiu ao lado deles com a letalidade de um predador, disparando dois tiros secos. Dois corpos tombaram quase ao mesmo tempo, sem um som além do baque surdo contra o chão manchado de sangue e poeira.Então, o silêncio caiu de forma abrupta. Um silêncio denso, sufocante, que contrastava com o eco recente dos tiros que ainda reverberava pelos corredores largos e escuros do prédio. Do teto, pedaços de gesso pendiam como teias prestes a se desfa
Enquanto a guerra se arrastava pelo prédio das industrias Moretti, deixando um rastro de caos e incerteza, em um canto esquecido do mapa urbano, os homens do temido Dom Mascarado continuavam sua caçada silenciosa. O alvo agora era a enigmática irmã de Elena — uma figura envolta em rumores e segredos, cuja existência ainda parecia incerta até mesmo para os mais bem-informados.Martino caminhava com passos cautelosos ao lado de um dos soldados de confiança. Diante deles, erguia-se um velho galpão industrial, vencido pelo tempo e pelo abandono. As paredes, corroídas pela umidade e pelo descaso, exibiam rachaduras profundas, como cicatrizes antigas. O telhado rangia com o peso dos anos, ameaçando desabar a qualquer instante. A visão do lugar arrancou de Martino uma careta de desprezo.— Nenhuma alma em sã consciência se esconderia aqui — murmurou, mais para si mesmo do que para o companheiro ao lado. — Ainda mais com uma criança.Apesar da descrença, a informação era clara: Elena teria fe
O som da televisão ecoava alto pela cozinha silenciosa, preenchendo o espaço com uma tensão invisível. Mag estava encostada na bancada de mármore fria, os braços cruzados, os olhos fixos na tela iluminada. Do lado de fora, o céu começava a escurecer lentamente, lançando sombras compridas pelas janelas, enquanto uma brisa morna agitava as cortinas esvoaçantes.Na TV, a imagem trêmula de uma repórter surgia em frente a uma boate, envolta por uma faixa de isolamento policial ainda pendurada na entrada. O letreiro piscava de maneira intermitente, como se estivesse prestes a apagar definitivamente.— “A jovem desaparecida trabalhava como DJ em uma boate da zona sul da cidade. Um dos donos do local é o herdeiro da influente família Moretti. Segundo informações preliminares, a denúncia do desaparecimento foi feita por um barman que trabalha no mesmo estabelecimento. As autoridades acreditam que Elena tenha sido raptada logo após o ataque violento que aconteceu na boate há alguns dias. Caso a
Enquanto Mag cuidava de Ariana no andar de baixo, Dante estava no quarto, se despindo lentamente para um banho merecido após um dia infernal — um dia que havia começado tranquilo e terminado com o ataque impiedoso de Alejandro.A camisa caiu ao chão sem cerimônia, revelando os músculos tensos e marcados. Ele mal teve tempo de suspirar quando um som agudo e inconfundível cortou o silêncio da mansão.Vidro se estilhaçando.Dante congelou. O olhar afiado percorreu o quarto num instante, e o coração acelerou num compasso feroz. A mão foi direto à máscara negra repousando sobre a mesa redonda. Em um movimento automático, ele a vestiu, como se precisasse ocultar mais do que apenas seu rosto.O velho temor voltou a assombrá-lo. Alejandro. Estaria ele ousando invadir sua casa?Outro estrondo. Mais vidro quebrado.Dessa vez, ele não hesitou. Pegou a arma e avançou com passos silenciosos até a janela. A cortina já estava puxada, mas ele encontrou uma fresta por onde espiar.Lá fora, o jardim de