Capítulo 10Eliza CamposCassandra entrou na minha sala e o clima ficou pesado na hora. Seus olhos estavam fixos em mim, cheios de raiva, e meu coração disparou, como se quisesse sair correndo.— E aí, Cassandra, precisa de alguma coisa? — perguntei.Ela se aproximou, com a expressão tensa, e percebi que algo sério estava prestes a acontecer.— Ele me contou tudo... — sussurrou, e cada palavra parecia um soco no estômago.Fiquei parada, tentando controlar a inquietação que crescia dentro de mim. Jonas estava no meio dessa confusão, como sempre.— Não sei do que você tá falando — respondi, tentando manter a firmeza, mas meu coração acelerado entregava a farsa.Cassandra deu um passo à frente e a distância entre nós parecia desaparecer.— Você tá se metendo onde não deveria. Ele é meu. — Sua voz era forte, mas havia um tremor que a tornava vulnerável.Engoli em seco, desejando que tudo acabasse logo. A pressão era demais para ignorar.— O que rolou entre mim e o Jonas já passou — disse,
Capítulo 11Eliza CamposEles apareceram perto da gente, sentia o meu coração batendo tão rápido que quase saía pela boca, tinha certeza de que Carla se sentia da mesma forma, acabamos criando uma amizade incrível.Respirei profundamente, sentindo a garganta seca, o peito apertado... parecia que o ar tinha ficado mais pesado, como se a pressão aumentasse a cada segundo. Respirei com dificuldade, meu corpo todo tenso, como se tivesse sido puxada para dentro de uma tempestade.— Ah, não... — murmurei, a voz quase falhando. Era como se a tensão estivesse me engolindo. O ar parecia mais denso e eu quase não conseguia respirar.Carla fez um movimento discreto com a mão, sem nem olhar para mim. Os olhos dela percorriam a sala, captando cada olhar calculista dos outros, que ficavam lá, em silêncio, só esperando. Algo estava no ar, além daquelas observações.— Putz. — Carla sussurrou, tão baixo que eu quase não consegui pegar. Ela olhou rapidamente ao redor, meio paranoica, como se tivesse med
Capítulo 12Eliza camposDe repente, o cara misterioso se aproxima e eu fico sem saber pra onde olhar. O perfume dele invade o espaço, como uma brisa quente que me envolve.Ele me dá um sorriso que ilumina tudo ao redor; o ar parece mudar. Sério, não sei se sou eu ou ele que está causando essa sensação estranha.— E aí! Como você se chama? — ele pergunta, com um olhar que faz meu coração acelerar.— Eliza — respondo, tentando manter a calma. — E você?— Thomas — ele diz, tomando um gole da bebida enquanto seus olhos continuam fixos em mim. O jeito como ele me olha provoca uma onda de calor dentro de mim. — Tá sozinha?Essa atenção me faz sentir valorizada, especialmente depois do desprezo que levei da Heloisa.— Vim com o pessoal do trabalho — explico, tentando parecer tranquila. — E só pra deixar claro... tô solteira.O olhar dele se aprofunda e meu coração dispara. Ele sorri e me encara em silêncio; parece estar esperando uma deixa. Ergo uma sobrancelha e sinto a coragem pulsar dentr
Capítulo 13 Eliza CamposO ritmo da música pulsava tão forte que até no banheiro dava para ouvir as pessoas cantando e se divertindo. O calor da festa era sufocante, parecia crescer a cada minuto. Olhei para Carla, suas mãos nervosas brincando entre si, enquanto ela se preparava para falar.— Eu e o seu irmão... nos beijamos — Carla sussurrou, a voz quase sumindo. Seus olhos brilhavam e ela mordeu o lábio, hesitante.Meus olhos se arregalaram por um segundo antes de eu recuperar a compostura e sorrir maliciosamente.— Sério, Carla? — brinquei, piscando para ela. — Já tá de olho na família! Mas olha, ia ser ótimo ter você como cunhada.Soltei uma risadinha para aliviar o clima, e Carla começou a relaxar, embora o rubor em seu rosto ainda destacasse suas maçãs do rosto. A música alta parecia um pouco mais distante, e o turbilhão da balada quase desapareceu por um momento, como se aquele instante fosse apenas nosso.— Vamos voltar? — sugeri, quebrando o silêncio. — O Lucas deve estar me
Capítulo 14 Eliza CamposDespertei com o sol iluminando o quarto. Estava sentindo que algo grande poderia acontecer hoje. Um banho gelado me revigorou completamente. Assim que me vi diante do meu guarda-roupa, optei por colocar um vestido vermelho, que me fazia sentir poderosa.Cheguei na empresa e logo vi a Carla. Ela vinha em minha direção com aquele brilho característico nos olhos e um sorriso que iluminava o ambiente. Revisei mentalmente a agenda do dia enquanto caminhava até a minha mesa.— Uuuuui, olha ela. Lizz, quem é que você quer impressionar hoje, hein? — Carla cantarolou, dando uma voltinha ao meu redor. — Tá um arraso com esse vestido.Senti minhas bochechas queimarem.— Para com isso, Carla — murmurei, mas não consegui conter um sorriso.— Tô mentindo? — ela girou o dedo indicador no ar, me fazendo dar uma voltinha. — Se eu fosse o P... — ela parou abruptamente, com um sorrisinho maroto. — Quer um cafézinho pra começar bem o dia?O jeito dela de transformar qualquer situ
Capítulo 15Eliza CamposVer Manoel depois de tanto tempo despertou um turbilhão de emoções. A surpresa, a mágoa, a raiva... tudo se misturava em seu peito.— Eliza? É você mesmo? — Manoel perguntou, parecendo surpreso.Eu sorri, tentando esconder o caos dentro de mim.— Manoel. — Respondi tentando manter a calma.Heloísa, com uma expressão confusa, olhava de Manoel para mim.— Pai, você conhece a Eliza? — ela perguntou, curiosa.A palavra “pai” ecoou na minha cabeça, um lembrete amargo do homem que nunca esteve presente na minha vida. Olhei para Heloísa, depois para Manoel, e um silêncio desconfortável se instalou.— Que tal contar para a sua filha, Manoel? — desafiei, apontando para Heloísa.Manoel engoliu em seco, claramente desconfortável. Ele olhou para Heloísa, depois para mim, e assentiu lentamente.— Tudo bem, Eliza. — Sua voz estava trêmula. — Eu vou contar.E assim, Manoel começou a narrar a história do nosso passado, da nossa família. A cada palavra, a cada memória, via a co
Capítulo 16 Eliza CamposSai da reunião e trombei com Jonas. Meu estômago embrulhou, as mãos suaram. Tentei esconder o tremor, mas minhas pernas pareciam duas gelatinas e foi nesse momento que notei algo estranho, um tremor sutil nas mãos dele.— Então é verdade? — ele provocou, sorrindo de lado. — A ex-drogada é filha do dono?Apertei a mandíbula. O calor subiu no meu rosto.— O que você quer? — perguntei, a voz mais firme do que esperava. — Sua namorada já me deu bastante trabalho.Ele se aproximou. O perfume dele era forte, mas o olhar frio e malicioso me atingiu mais.— Agora que você está bem de vida... a gente podia reatar, né? — Ele disse, cínico.O formigamento nas mãos aumentou, e fechei os punhos com força, sentindo as unhas pressionarem a pele. A raiva borbulhava, quase impossível de controlar.— Você só pode tá brincando… — A voz sai num sussurro.— Surpresa? — Ele deu de ombros. — Você sempre foi fácil. Ingênua. E sabe o que é melhor? Ela ter morrido.Fiquei sem chão. A r
Capítulo 17Pedro MonteiroA descoberta de que Eliza era filha do Manoel me pegou de surpresa. Eu já sabia dos outros filhos dele fora do casamento, mas isso? Logo ela, por quem eu estava começando a sentir algo especial? Era um sentimento sutil, mas impossível de negar.Enquanto isso, meu relacionamento com Heloísa esfriava cada vez mais. Antes, eu ficava ansioso para ouvir sua risada, para contar as novidades do dia. Agora, nossos jantares eram preenchidos apenas pelo barulho dos talheres.Semanas atrás, tentei reacender algo com Heloísa. Reservei uma mesa no restaurante do nosso primeiro encontro, esperando que ela notasse o gesto. Mas ela passou a noite toda no celular. Brinquei:— Espero que o jantar esteja melhor que essa notificação.Ela só deu um meio sorriso. Aquele silêncio doeu mais que qualquer briga.Até os pequenos momentos haviam perdido a graça. Os beijos de despedida pareciam mais uma obrigação do que carinho. Era como se fôssemos dois estranhos fingindo intimidade.Co