Pov Ragnar
Mais tarde, enquanto caminhava pelo vilarejo, supervisei os preparativos dos guerreiros. Crianças corriam pelas trilhas, e os mais velhos compartilhavam histórias ao redor de fogueiras matinais. A vida na alcateia era pulsante, e eu sentia o dever de protegê-la a qualquer custo. -"Ragnar!" uma voz feminina chamou meu nome. Virei-me para ver Freya se aproximando com um sorriso radiante. Seus cabelos dourados brilhavam sob a luz do sol, e seus olhos azuis refletiam determinação. - "Freya, bem-vinda de volta," cumprimentei cordialmente. - "Obrigada. É bom estar em casa," respondeu ela, parando à minha frente. "Gostaria de compartilhar com você algumas das técnicas que aprendi durante meu treinamento. Acredito que possam ser úteis para a alcateia." - "Com certeza. Podemos agendar um momento para que apresente suas ideias aos capitães das guardas," sugeri. Ela pareceu hesitar, esperando por algo mais. então insistiu -"Também pensei que poderíamos aproveitar para... conversar. Faz tempo desde que nos vimos." - "Claro," respondi, mantendo meu tom formal. "As responsabilidades têm sido muitas, mas valorizo sua contribuição." - Freya franziu levemente a testa, percebendo minha reserva. "Ragnar, se há algo que fiz para lhe desagradar, peço que me diga." Balancei a cabeça. "Não é nada disso. Apenas tenho muito em mente no momento." Logo Jarek surgiu, observando a cena aproximando-se de vagar, seus olhos refletiam uma mistura de expectativa e preocupação. -"Alfa, precisamos de você na área de treinamento," anunciou ele. - Assenti. "Estou a caminho." Despeço-me de Freya com um aceno, e me sinto feliz por sair daquela situação que estava cada vez mais constrangedora, vou em direção ao centro de treinamento vendo que Jarek não me acompanha ficando ao lado de sua filha. Enquanto atravessava o vilarejo rumo ao centro de treinamento, um propósito claro me tomava. Era ali, junto aos lobos soldados, que moldávamos a força que sustentava nossa alcateia. Os sons metálicos das espadas se cruzando e os gritos ritmados dos guerreiros em treinamento já ecoavam no ar. Ao chegar, avistei filas organizadas de soldados concentrados, cada um executando movimentos coordenados sob o olhar atento dos instrutores. Kaleb treinador e guerreiro impecável aguardava ao lado de outros capitães, se aproximou para dar um relatório. – "Alfa, as patrulhas foram reforçadas nos limites das nossas terras. Contudo, enfrentamos desafios no treinamento dos recrutas mais jovens. A disciplina deles é promissora, mas falta-lhes a experiência e confiança," informou ele. – "Então devemos fortalecê-los através da prática," respondi com firmeza. "Organizem exercícios simulando cenários reais de batalha. Precisamos prepará-los tanto fisicamente quanto mentalmente." Kaleb assentiu e voltou sua atenção para os comandantes, enquanto eu caminhei entre os soldados. Observei cada movimento, cada expressão. Para ser líder, era crucial conhecer a força e as fraquezas de cada membro da alcateia. Enquanto passava, um jovem soldado hesitou ao cruzar meu olhar, demonstrando nervosismo. Parei diante dele. – "Nome?" perguntei de maneira direta. – "Bjorn, senhor," respondeu ele rapidamente, erguendo o queixo para aparentar confiança. – "Bjorn, a hesitação é o maior inimigo no campo de batalha. Um soldado seguro de si move a alcateia para frente. Mostre-me o que pode fazer," ordenei, lançando-lhe uma adaga. Bjorn arregalou os olhos, mas segurou a arma e assumiu posição de combate. O treino improvisado atraiu olhares, e todos pausaram para assistir. Testei a determinação dele, e para minha surpresa, vi potencial. Ele não era apenas força bruta, mas também sagacidade. – "Muito bem," comentei após desarmá-lo com um golpe preciso, mas sem brutalidade. "Continue assim e terá meu respeito, Bjorn." Deixei o jovem soldado com um leve aceno e retornei para observar os outros. A jornada era longa, mas cada passo na formação desses lobos soldados era vital para a sobrevivência de todos. Minhas responsabilidades nunca me pesaram tanto, mas, ao mesmo tempo, sentia a chama de propósito aquecer meu coração. A alcateia dependia de mim, e falhar não era uma opção.Pov Freya Observei Ragnar se afastar, sentindo uma ponta de frustração. Desde que voltei, esperava que pudéssemos nos conectar, talvez até explorar a possibilidade de liderarmos juntos. Meu pai sempre falou sobre como uma união entre nós seria benéfica para todos. - "Ele parece distante," comentei para meu pai quando ele se aproximou. - "Ragnar carrega muitas responsabilidades," disse papi, tentando justificar. "Dê tempo a ele." - "Tem certeza de que é apenas isso?" questionei. "Sinto que há algo mais o preocupando." -meu pai suspirou . "Talvez. Mas você deve ser paciente, Freya. Ele reconhecerá seu valor." Pov Jarek Por dentro, sentia-me magoado pela indiferença de Ragnar para com minha filha. Sempre achei que nossa família poderia estar ligada não apenas pela lealdade, mas também pelo laço mais profundo entre Ragnar e Freya. Fui beta de Harald, sempre estive ao lado dele e, agora, de Ragnar. Contudo, essa situação incomodava-me profundamente, corroendo minha confiança
POV Ragnar A irritação ainda latejava em minha mente depois que Jarek deixou minha cabana. Desde o momento em que assumi como alfa, nunca o quis como meu beta. Não era uma questão de capacidade, mas queria alguém com quem tivesse mais em comum em quem pudesse confiar para qualquer coisa. Mas meu pai insistiu para que ele permanecesse no cargo ele acredita dever muito a Jarek e não quis que a sua aposentadoriasignificasse a dele também, pensei que poderia lidar com isso. Agora, suas constantes intromissões, especialmente envolvendo sua filha Freya, estavam começando a testar minha paciência. Sentei-me na cadeira por um momento, encarando o vazio. Freya era uma loba excepcional, ninguém poderia negar isso. Mas as expectativas de uma união forçada... Era algo que me prendia, sufocava. Minha prioridade era a alcateia, a segurança e o bem-estar de todos. Esse papel demandava tudo de mim, e eu não podia me dar ao luxo de comprometer minhas decisões com base em alianças pessoais. Ainda a
Pov Ragnar - No salão principal, os capitães e membros de confiança da alcateia aguardavam minhas instruções. Mapas estavam espalhados sobre a mesa central, destacando as áreas onde incursões haviam sido reportadas. O clima era tenso; todos sentiam a ameaça se aproximando. "Recebemos relatos de movimentações na fronteira leste," começou Jarek, meu beta. "Lobos errantes sem alcateia estão invadindo nossos territórios para caçar e roubar." Freya, ao lado de Jarek, acrescentou querendo parecer útil: "Eles agem sem ordem, mas são numerosos. Precisamos tomar uma atitude antes que se tornem uma ameaça maior." Assenti, mantendo a expressão séria. "Organizaremos uma patrulha imediata para a fronteira leste. Irei pessoalmente liderar este grupo. Jarek, cuide das defesas internas enquanto estivermos fora." Freya deu um passo à frente. "Alfa, permita-me acompanhá-lo. Conheço bem aquela região e posso ser útil." "Não desta vez, Freya. Preciso que você ajude com a segurança aqui. Confi
Pov Laura A mansão ancestral dos vampiros erguia-se imponente sob o céu noturno, seus vitrais refletindo a luz pálida da lua cheia. Nos corredores silenciosos, sombras dançavam pelas paredes adornadas com tapeçarias históricas. No escritório no topo da torre oeste, eu estava sentada diante de uma pilha de documentos, tentando me concentrar nos negócios que meu pai confiara a mim. Desde meu encontro com Ragnar, minha mente parecia um labirinto inescapável. A imagem daquele lobisomem alfa persistia em meus pensamentos, seus olhos intensos, a força contida em cada movimento. Era perturbador. Ele era o inimigo, alguém que eu deveria desprezar, mas havia algo nele que me intrigava profundamente. Suspirei, passando os dedos pelos cabelos escuros, tentando afastar essas distrações. Precisava focar nos tratados comerciais com outros clãs e nas rotas de suprimento de sangue para nossa comunidade. A responsabilidade era grande, e meu pai confiava em minha habilidade para gerir esses assun
Pov Laura Depois da perturbadora conversa com meu pai e Victor, procurei um pouco de paz no jardim da mansão. O luar banhava as flores e arbustos com um brilho suave, e o silêncio era quebrado apenas pelo som distante de um riacho. Caminhei lentamente pelos caminhos de pedra, tentando organizar meus pensamentos. Desde meu encontro com Ragnar, uma avalanche de sentimentos conflitantes tomou conta de mim. Ele deveria ser meu inimigo, mas havia algo nele que me intrigava profundamente. Não conseguia tirá-lo da cabeça, e a brutalidade de suas ações me causava uma mistura de fascinação e repulsa. Sentei-me em um banco de pedra, olhando para o céu estrelado. As memórias de minha própria história surgiram como fantasmas indesejados. Meu pai adotivo, Cassios, me encontrara à beira da morte quando eu tinha cerca de 17 anos. Estava gravemente ferida, sem memórias do que havia acontecido antes daquele momento. Cassios havia me salvado, cuidando de mim com seu poderoso sangue vampírico. D
Pov Ragnar A violência do confronto com os lobos errantes ainda ecoava em minha mente, como um tambor incessante. A brutalidade que usei havia sido desnecessária – chamaria atenção, e a última coisa que eu precisava era de olhares curiosos sobre meus movimentos e poderia passar uma imagem errada do alfa que sou, e não sei como outras alcateias, e o mundo sobrenatural veriam minhas ações. Esse pensamento me acompanhou enquanto eu retornava para a mansão da alcateia eu tinha trabalho a fazer no escritório, então essa noite não iria para minha cabana. Subi direto para meu quarto, o peso da noite pendendo sobre meus ombros. Após um banho quente, que deveria me relaxar, senti o oposto. A água escorrendo pela minha pele não conseguiu lavar as preocupações ou acalmar os demônios dentro de mim. Quando fui para meu escritório, esperava me distrair com trabalho – números, relatórios, qualquer coisa que pudesse ocupar minha mente. meus sentimentos me traíam. Descobrir que Laura era minha comp
POV Laura A noite parecia inquieta, e meu corpo rejeitava o descanso. Por mais que tentasse, não conseguia me aquietar. Alguma coisa, uma sensação inexplicável, parecia me chamar para fora. Por fim, desisti da luta contra a insônia e me levantei, vestindo um casaco leve antes de sair. O frescor da floresta me envolveu, e com cada passo, era como se algo me guiasse, puxando-me para a direção da fronteira.A princípio, não percebi para onde estava indo. Apenas segui o instinto, meus pensamentos vagando entre as sombras das árvores e o brilho distante da lua. Quando me dei conta, estava muito perto da divisa que separava meu território do deles, da alcateia de Ragnar. Meu coração acelerou. Os acontecimentos recentes ainda pairavam como nuvens escuras sobre mim, e estar tão próxima daquelas terras poderia trazer problemas. Mas, ao invés de recuar, fiquei ali. Algo me dizia que precisava estar naquele lugar, naquela noite.De repente, o vento trouxe até mim um aroma intenso e amadeirado.
O silêncio da floresta parecia mais denso após as palavras de Laura. Mesmo querendo parecer indiferente, eu sabia que meu olhar a traía. A verdade era que estar ali, diante dela, despertava sentimentos que eu mal começava a compreender. Ainda assim, eu precisava manter o controle – algo que vinha sendo cada vez mais difícil desde que a conheci."Há coisas que talvez você não consiga entender," disse, tentando soar casual, mas a intensidade da minha própria voz me surpreendeu.Ela, no entanto, não se deixou intimidar. Seus olhos fixaram-se em mim, brilhando como duas chamas curiosas. "Que coisas seriam essas, Ragnar?" A pergunta veio rápida, firme. Ela não pretendia me deixar escapar tão facilmente."Coisa de lobo," respondi, desviando o olhar por um momento, na tentativa de fugir do assunto. Esperava que isso encerrasse a conversa, mas, claro, eu estava lidando com Laura, e ela não era do tipo que se deixava satisfazer com respostas vagas."Você sempre vem aqui?" ela insistiu, inclina