Patrick e Elena— O que você disse?Elena tinha os olhos no chão. Sua mente voava de volta há dez anos, ao garoto que ela tanto amou, e que partiu seu coração ao ir embora desse mundo sem dizer adeus. É claro que não tinha sido culpa dele, mas isso não a impedia de se sentir traída pela vida por lhe tirar algo que ela conhecia havia pouco tempo, mas que amava como se estivesse com ela há séculos.— Sua história... — Elena pigarreou. — Ela meio que me lembrou de um cara que eu conheci.Patrick suspirou com alívio. Por um minuto, achou que seu segredo tivesse sido descoberto. Era aterrorizante, mas reconfortante ao mesmo tempo. Talvez tudo desse errado se Elena soubesse quem ele era de verdade, mas talvez houvesse a chance de tudo ficar bem. O sentimento inquietante que ele sentiu lhe deixou tonto.— Gostaria de compartilhar? — ele perguntou quase com um sussurro.Elena olhou surpresa para ele. Por que aquele homem estava interessado em qualquer coisa sobre o seu passado? Não era como s
— Charlotte, tem uma ligação na linha 2 pra você. — Fiona disse pelo interfone.Finalmente depois de duas semanas, Charlotte tinha conseguido concretizar a mudança do depósito no Brooklin para um andar alugado em um prédio. Não era um dos arranha-céus mais imponentes da cidade, mas era na Quinta Avenida e com certeza ali ela tinha muito mais espaço para si e seu pessoal.Com a ajuda de uma nova amiga, Elena Pacheco, foi muito mais fácil dividir a empresa por departamentos. Cada um dos seus novos empregados cuidaria de um setor e ela poderia ter um pouco mais de tranquilidade. Elena só não aceitou o cargo de diretora financeira porque disse que sua estadia em Nova Iorque não era permanente e que em breve voltaria ao Brasil.Charlotte não acreditava muito nisso. Desde a noite do jantar em que soube que Marco era seu sócio e não Patrick, ela já os tinha visto juntos algumas vezes e o sentimento que ela via entre os dois não era coisa da sua cabeça. Para Charlotte, estava mais do que na c
Passava um pouco das três da tarde quando Marco chegou ao prédio onde Charlotte tinha alugado uma área para a Glitz Fashion Company. Ele achava que ela merecia estar em um lugar melhor, talvez em algum dos seus prédios, mas ficou receoso de se meter nisso e acabar de uma vez por todas com as poucas chances que ainda tinha de se entender com ela.Ele adotou sua melhor postura de homens de negócios e passou pelo hall como se mandasse ali. Pegou um elevador vazio e apertou o botão do décimo quinto andar. Contou exatamente um minuto e meio antes que as portas duplas se abrissem e revelassem um lugar que mostrava moda em toda parte.— Boa tarde, senhorita... Louise. — ele disse, inspecionando o crachá da bela morena à sua frente na recepção. Por sorte a assistente de Charlotte, Fiona, não estava. Ela o reconheceria. — Estou aqui para ver Charlotte McKeena.— Seu nome, por favor, senhor? Preciso anunciá-lo.— Patrick Matarazzo.— Só um minuto.Marco aguardou apenas vinte segundos, antes de
Charlotte não queria admitir, mas a visão das costas de Marco, musculosa e escultural, fez com que ela precisasse mesmo de algo gelado. E não era vinho. Talvez um banho, um banho bem frio. Mas mesmo assim, ela abriu a geladeira e pegou uma garrafa de Stella Artois, se perguntando se ele costumava beber aquilo ou comprara apenas porque sabia que ela estaria ali naquela noite.— O que você está preparando? — perguntou, sem querer parecer mal-educada. Afinal, ele estava cozinhando para ela.— Ensopado de frutos do mar. Lembro que você gostava. — ele apoiou a colher na panela e se virou. — Acertei no menu?Não havia motivo para negar. Então Charlotte sorriu e fez que sim.Enquanto ela dava um gole na cerveja, Marco se permitiu observá-la. A forma como sua garganta se movia para engolir. A cabeça levemente para trás. Os olhos fechados por causa do álcool. Sem poder controlar, seu corpo reagiu na hora. Seu pau endureceu em um minuto e começou a pressionar o tecido da calça jeans.Porra, ela
— Desculpe por acordar você, Loretta. — Charlotte disse quando a governanta da casa dos seus pais abriu a porta para que ela entrasse. — Sei que é tarde, ou cedo, dependendo do ponto de vista, mas eu preciso ver meus pais.A mulher sorriu. Ela tinha ouvido a discussão que Charlotte tivera com os pais, onde a garota decretou que nunca mais colocaria os pés nessa casa e que não queria mais ouvir falar deles. Tinha cortado ligações por motivos fortes, supôs a governanta, e se agora estava de volta, algo muito grave deveria ter acontecido.— Não se preocupe, senhorita Charlotte. Estou aqui para isso.Charlotte sorriu de volta para a mulher e entrou. Loretta perguntou se ela precisava de alguma coisa, e quando negou, a governanta voltou aos seus aposentos. Era estranho estar ali novamente, fazia algum tempo que tinha cortado ligações com os pais, mas Charlotte sabia que era necessário um último enfrentamento. Nem que fosse apenas para dizer na cara deles a espécie nojenta de pais que eram.
— Tem certeza de que não precisa de gelo? — Charlotte perguntou a Marco depois de subirem para o seu apartamento no Upper West Side, do outro lado do Central Park, no extremo oposto de onde seus pais moravam, o Upper East Side.— Tenho. — Marco flexionou os dedos um pouco, se encostando mais no sofá. — Está doendo, mas não muito. Você por outro lado...Ele tocou o olho dela, ao seu lado, que mostrava uma pequena mancha roxa. Os tapas do senador sempre deixavam marcas. Aquela desapareceria em alguns dias.— Esquece. Não é nada que um pouco de maquiagem não esconda.— Me corrija se eu estiver errado, mas essa não é a primeira vez que ele te bate, não é? — Marco perguntou, cauteloso.Charlotte mordeu os lábios, um pouco envergonhada.— Na verdade, não. Depois que Bob morreu, ele ficou violento. Sempre reagia dessa forma quando eu “passava dos limites” por qualquer coisa. — ela respondeu, fazendo aspas no ar.— Eu gostaria de bater nele. — Marco explodiu de raiva. — Queria bater nele até
Patrick e ElenaPatrick entrou no St. Regis pouco antes das três da tarde. Tinha um encontro social com seu amigo Marco, precisava contar a alguém, a ele, as coisas recém-descobertas sobre Luís Fernando, o pai de Elena.Ele tinha acabado de almoçar com seu investigador, e saíra do restaurante totalmente abalado. Agora aguardava o amigo, mas não conseguia tirar as palavras do homem da cabeça.— Encontramos o Betão vivendo confortavelmente em Cancun, Sr. Matarazzo. — o investigador disse, satisfeito.— Filho da puta. Com certeza Luís Fernando deve ter lhe pagado uma bela quantia pelos serviços prestados. — Patrick disse com os dentes cerrados de raiva. — E então ele abriu o bico?— Conseguimos ser bastante... persuasivos, senhor.Patrick sorriu. Conhecia a reputação da equipe que tinha contratado para encontrar o homem que botou fogo na sua casa. Encontrá-lo seria o primeiro passo para levar Luís Fernando Pacheco à justiça, logo depois de arruiná-lo.— E então? Ele entregou o chefe?— S
Patrick e ElenaA maior satisfação que sentiu foi ouvir seu gemido contido. Eles não se beijavam mais, não tinham qualquer contato mais íntimo, desde que Patrick confessara seu “acidente” e ela lhe contou sobre Felipe. Mas todos esses dias sem contato com o seu corpo, com o alívio de saber que não amava a filha de um inimigo e a convicção de que Elena ainda o amava, deixaram Patrick em um estado de excitação difícil de controlar.Entre algumas reuniões em que ele pediu que ela lhe acompanhasse, ou jantares informais e eventos durante as últimas duas semanas, Patrick não precisou se preocupar muito com seu tesão, pois fazia o possível para não passar tempo suficiente com ela para ficar tentado a tirar-lhe as roupas. Porém agora, a meros centímetros de distância de Elena, diante do decote do seu vestido de verão e com os pensamentos voltados apenas para ela e nada mais, ele não teve como se controlar.— Meu Deus, eu quero você. — ele disse, entre beijos. — Como eu quero você.— Patrick.