Charlotte não queria admitir, mas a visão das costas de Marco, musculosa e escultural, fez com que ela precisasse mesmo de algo gelado. E não era vinho. Talvez um banho, um banho bem frio. Mas mesmo assim, ela abriu a geladeira e pegou uma garrafa de Stella Artois, se perguntando se ele costumava beber aquilo ou comprara apenas porque sabia que ela estaria ali naquela noite.— O que você está preparando? — perguntou, sem querer parecer mal-educada. Afinal, ele estava cozinhando para ela.— Ensopado de frutos do mar. Lembro que você gostava. — ele apoiou a colher na panela e se virou. — Acertei no menu?Não havia motivo para negar. Então Charlotte sorriu e fez que sim.Enquanto ela dava um gole na cerveja, Marco se permitiu observá-la. A forma como sua garganta se movia para engolir. A cabeça levemente para trás. Os olhos fechados por causa do álcool. Sem poder controlar, seu corpo reagiu na hora. Seu pau endureceu em um minuto e começou a pressionar o tecido da calça jeans.Porra, ela
— Desculpe por acordar você, Loretta. — Charlotte disse quando a governanta da casa dos seus pais abriu a porta para que ela entrasse. — Sei que é tarde, ou cedo, dependendo do ponto de vista, mas eu preciso ver meus pais.A mulher sorriu. Ela tinha ouvido a discussão que Charlotte tivera com os pais, onde a garota decretou que nunca mais colocaria os pés nessa casa e que não queria mais ouvir falar deles. Tinha cortado ligações por motivos fortes, supôs a governanta, e se agora estava de volta, algo muito grave deveria ter acontecido.— Não se preocupe, senhorita Charlotte. Estou aqui para isso.Charlotte sorriu de volta para a mulher e entrou. Loretta perguntou se ela precisava de alguma coisa, e quando negou, a governanta voltou aos seus aposentos. Era estranho estar ali novamente, fazia algum tempo que tinha cortado ligações com os pais, mas Charlotte sabia que era necessário um último enfrentamento. Nem que fosse apenas para dizer na cara deles a espécie nojenta de pais que eram.
— Tem certeza de que não precisa de gelo? — Charlotte perguntou a Marco depois de subirem para o seu apartamento no Upper West Side, do outro lado do Central Park, no extremo oposto de onde seus pais moravam, o Upper East Side.— Tenho. — Marco flexionou os dedos um pouco, se encostando mais no sofá. — Está doendo, mas não muito. Você por outro lado...Ele tocou o olho dela, ao seu lado, que mostrava uma pequena mancha roxa. Os tapas do senador sempre deixavam marcas. Aquela desapareceria em alguns dias.— Esquece. Não é nada que um pouco de maquiagem não esconda.— Me corrija se eu estiver errado, mas essa não é a primeira vez que ele te bate, não é? — Marco perguntou, cauteloso.Charlotte mordeu os lábios, um pouco envergonhada.— Na verdade, não. Depois que Bob morreu, ele ficou violento. Sempre reagia dessa forma quando eu “passava dos limites” por qualquer coisa. — ela respondeu, fazendo aspas no ar.— Eu gostaria de bater nele. — Marco explodiu de raiva. — Queria bater nele até
Patrick e ElenaPatrick entrou no St. Regis pouco antes das três da tarde. Tinha um encontro social com seu amigo Marco, precisava contar a alguém, a ele, as coisas recém-descobertas sobre Luís Fernando, o pai de Elena.Ele tinha acabado de almoçar com seu investigador, e saíra do restaurante totalmente abalado. Agora aguardava o amigo, mas não conseguia tirar as palavras do homem da cabeça.— Encontramos o Betão vivendo confortavelmente em Cancun, Sr. Matarazzo. — o investigador disse, satisfeito.— Filho da puta. Com certeza Luís Fernando deve ter lhe pagado uma bela quantia pelos serviços prestados. — Patrick disse com os dentes cerrados de raiva. — E então ele abriu o bico?— Conseguimos ser bastante... persuasivos, senhor.Patrick sorriu. Conhecia a reputação da equipe que tinha contratado para encontrar o homem que botou fogo na sua casa. Encontrá-lo seria o primeiro passo para levar Luís Fernando Pacheco à justiça, logo depois de arruiná-lo.— E então? Ele entregou o chefe?— S
Patrick e ElenaA maior satisfação que sentiu foi ouvir seu gemido contido. Eles não se beijavam mais, não tinham qualquer contato mais íntimo, desde que Patrick confessara seu “acidente” e ela lhe contou sobre Felipe. Mas todos esses dias sem contato com o seu corpo, com o alívio de saber que não amava a filha de um inimigo e a convicção de que Elena ainda o amava, deixaram Patrick em um estado de excitação difícil de controlar.Entre algumas reuniões em que ele pediu que ela lhe acompanhasse, ou jantares informais e eventos durante as últimas duas semanas, Patrick não precisou se preocupar muito com seu tesão, pois fazia o possível para não passar tempo suficiente com ela para ficar tentado a tirar-lhe as roupas. Porém agora, a meros centímetros de distância de Elena, diante do decote do seu vestido de verão e com os pensamentos voltados apenas para ela e nada mais, ele não teve como se controlar.— Meu Deus, eu quero você. — ele disse, entre beijos. — Como eu quero você.— Patrick.
Charlotte tinha acabado de sair do banho quando seu celular tocou. Era um número desconhecido, mas era de Nova Iorque, então ela resolveu atender.— Alô. — disse enquanto secava os cabelos.— Srta. McKeena, é Eduardo Villa-Lobos.O pai de Marco? Mas o que ele poderia querer com ela?— Ahm... olá, Sr. Villa-Lobos. Tudo bem? — ela perguntou, um pouco desconfortável.— Na verdade, não está. — Eduardo respondeu e Charlotte notou o desespero na sua voz, ficando imediatamente alerta. — Marco foi baleado agora a pouco em frente o nosso prédio. Eu... desculpe não ter ligado antes, mas...— Tudo bem, Sr. Villa-Lobos. — Charlotte disse, com lágrimas nos olhos. Papai, ela pensou na mesma hora. — Estou indo para o hospital.— Sim, venha... e... eu... — o homem parecia completamente desconcertado.— Tudo bem, Sr. Villa-Lobos, Marco ficará bem. Nada pode com ele.— Sim, sim. Até daqui a pouco.Assim desligou o celular, Charlotte caiu de joelhos em frente à penteadeira do seu quarto. E chorou. Não t
Charlotte se ajeitou na cadeira para que pudesse olhar os dois homens nos olhos – mesmo que para isso tivesse que levantar muito a cabeça.— Posso ajudá-lo a achar o motoqueiro que atirou no Marco e colocar o responsável na cadeia.— E como você pode ajudar? Desculpe-me, não quero ser cético, mas não vejo como você pode ajudar.— Eu sei quem é o responsável por mandar o Marco para o hospital, senhor Villa-Lobos.— Como? Quem é? — Eduardo fez uma carranca, já se preparando para o que achava que iria ouvir.— Foi meu pai. Depois que o Marco me contou a verdade sobre a morte do meu irmão, eu fui falar com meu pai. Prefiro não entrar em detalhes sobre como a coisa ficou feia, mas Marco apareceu lá. E agrediu o meu pai, não que ele não merecesse.Eduardo sorriu orgulhoso.— Só que ele não deveria ter feito aquilo. — Charlotte balançou a cabeça, triste. — Meu pai, ele... não deixa as coisas impunes. Ele ameaçou o Marco. Não foi uma ameaça nítida, mas conheço o meu pai e sei do que ele é cap
Se a história da livestream fosse mesmo verdade – levando em consideração que a câmera não tivesse dado nenhum defeito ao longo dos anos ou que o senador não a tivesse encontrado em algum momento nesse meio tempo –, ele poderia finalmente fazer Bernard McKeena pagar por seus crimes. Com certeza o senador tinha escolhido o filho do homem errado para mexer.— Você pode me dar as informações necessárias para o login na livestream?— Claro. Eu as tenho salvo no meu e-mail.— Minha empresa tem um ótimo técnico de TI. Pode ser necessário, então se precisar... — Patrick ofereceu a Eduardo.— Obrigado, Patrick. Escutem, eu tenho que voltar pra ficar com Camila, mas se não se incomodam, podem cuidar disso para mim? — Eduardo perguntou aos dois. — Verifiquem com o técnico se a prova existe mesmo e então encaminhem tudo para os investigadores.— Claro, Eduardo. Fique com sua esposa, ela precisa de você. Nós vamos cuidar disso, não é Charlotte?— É claro. — Charlotte sentiu um bolo na garganta. Q