Ela estava se divertindo. Talvez pela primeira vez na noite, estava se divertindo de verdade. Tanto que nem percebeu quando Marco parou ao lado deles, com os olhos escuros de raiva e a boca pressionada em uma linha fina.— Acho melhor você se afastar, cara. — ele disse, lançando um olhar mortal ao loiro que se mexia com Charlotte.— Foi mal, cara. Mas o olhar dela é mais penetrante do que o seu. — o loiro disse sem se abalar. Charlotte jogou a cabeça para trás, dando uma gargalhada.— Talvez. — Marco respondeu, fechando as mãos com força. — Mas garanto que meu punho é mais forte do que o dela.Charlotte ficou de costas para o loiro novamente, ainda rebolando ao som da música , e encarou Marco.— Que porra você pensa que está fazendo? Cai fora.— Com todo prazer, mas você vem comigo. — Marco disse, puxando-a pelo braço.— Ei cara, pode soltá-la agora mesmo. — o loiro interferiu, seguindo os passos deles.— Ninguém te chamou na conversa, intrometido. — Marco disse sem nem mesmo olhar pa
James colocou uma pasta marrom sobre a mesa de Marco e começou a explicar as recentes descobertas. Algumas sobre seus pais, que ele não dava a mínima importância, algumas sobre o tal Ken, que ao parece estava mais para um amigo do que para namorado ou amante, e uma coisa sobre seu passado. Uma coisa que deixou Marco de orelha em pé.— Pelos registros, Sr. Villa-Lobos, Charlotte McKeena perdeu um irmão quando tinha quinze anos. Ele tinha dezoito anos na época.— Como aconteceu?— Acidente de carro. Um caminhão bateu no carro dele.Marco perguntou-se como isso tinha modificado a vida dela. E o mais importante, por que ela nunca tinha lhe falado sobre isso. Ela lhe contou sobre Ken, droga, o cara que tirou sua virgindade. Como não lhe contou sobre um irmão morto?— Alguma coisa mais?— Eu averiguei algumas informações com a polícia e jornais da época, em que o acidente aconteceu, conhecidos da família e amigos, tentando ligar a morte do irmão à senhorita McKeena e descobri uma coisa que
Patrick e Elena— Eu fiz algo de errado? — Elena perguntou no caminho de volta para casa.Patrick manteve-se calado depois do jantar, esperando a melhor oportunidade para falar com ela sobre Charlotte. Marco o procurou pouco antes de ir embora, com uma cara de poucos amigos, acusando-o de contar à Charlotte sobre os negócios dos dois em relação à Glitz Fashion Company. Porém, ele não tinha dado com a língua nos dentes, então apenas Elena poderia ter contado.— Não. — ele respondeu sério, mas não rude.— É que você está com uma cara nada boa. E já faz um tempinho.— Eu prefiro não conversar no carro. — Patrick continuou sério, mas com uma olhada na direção dela e ao ver a preocupação em seus olhos, ele lhe deu um pequeno sorriso.— Tá.Elena concordou, mas não parecia tranquila. Não entendia o motivo de Patrick estar tão distante. Não se lembrava de ter feito nada de errado, ou de ter sido rude com ninguém, ou de ter se comportado de maneira inadequada em nenhum momento na última seman
Patrick e ElenaA verdade é que desde que ele a beijou naquele dia na piscina e todas as outras vezes durante a semana, Elena tinha uma constante sensação de inquietação. Não se lembrava de ter dado uns amassos em um cara sem chegar aos finalmente. Não que ela vivesse fazendo isso, mas teve seus momentos na faculdade e claro... teve Felipe.Patrick sentou-se e ela aproveitou para sentar no seu colo, enroscando as mãos em seus cabelos sedosos. O gemido rouco dele quando ela enfiou a língua na sua boca foi tão estimulante que ela sentiu sua calcinha ficar molhada no ato.Ele não perdeu muito tempo e levou as mãos até a bunda de Elena, massageando um pouco antes de espalmá-las nas suas costas e trazê-la mais para perto. O sinal evidente da excitação dele roçava contra as coxas dela, deixando-a ofegante.Com as mãos um pouco trêmulas, Elena levantou mais a barra do seu vestido e se acomodou melhor no colo de Patrick. Em seguida, tirou a primeira peça do terno dele, logo depois o colete e
Sempre que Marco tinha algum medo quando pequeno, ele procurava seu pai. Fosse por algum inseto que o deixasse apavorado, por um suposto monstro embaixo da cama, criaturas noturnas que o visitavam durante a noite ou o medo irracional que muitas crianças têm de perder os pais por algum motivo.Sentado no banco de trás de uma limusine alugada, ele voltou a ser uma criança. Estava com medo. Na verdade, estava apavorado. Queria, com todas as suas forças, que não tivesse cometido um erro tão grande. E novamente ele precisava do seu pai para lhe dizer que tudo ficaria bem, que não existia nada a temer e que quando ele acordasse na manhã seguinte, o medo da noite anterior não seria nada além de uma lembrança.Quando ele entrou na mansão dos seus pais, viu James Hardy e Eduardo sentados na sala, cada um com uma dose de uísque na mão, parecendo muito compenetrados em uma conversa. O que James está fazendo aqui a essa hora?— Marco. — Eduardo sorriu ao ver o filho parado nas portas duplas da sa
— Filho, poderia trazer Charlotte aqui?Marco enrugou a testa e encarou o pai.— Pra quê? — perguntou desconfiado com o pedido. — Pai, eu te amo, mas eu juro por Deus que se o senhor acha que eu vou deixá-lo dizer poucas e boas pra ela...Eduardo sorriu.— Eu tenho muita coisa pra falar pra ela, sim. Mas, acredite, ela vai querer ouvir.— Do que está falando?— De algumas coisas que James descobriu pra mim.Marco deixou o copo no console central da sala e se inclinou para frente, colocando os cotovelos nos joelhos.— Pode me contar. — ele exigiu.— Acho melhor esperar até que ela esteja aqui. Não quero me repetir.Marco se entristeceu. Talvez ela nunca mais queira me ver, pensou.— Eu não acho que ela queira vir aqui, pai. Ela me pediu pra ficar longe.— E você pretende fazer isso?— Não! Mas não sei como me aproximar depois das merdas que fiz com ela. — Marco não resistiu e voltou a pegar o copo, virando o resto do líquido que havia deixado. — A última vez que nos falamos, ela pareci
Patrick e Elena— O que você disse?Elena tinha os olhos no chão. Sua mente voava de volta há dez anos, ao garoto que ela tanto amou, e que partiu seu coração ao ir embora desse mundo sem dizer adeus. É claro que não tinha sido culpa dele, mas isso não a impedia de se sentir traída pela vida por lhe tirar algo que ela conhecia havia pouco tempo, mas que amava como se estivesse com ela há séculos.— Sua história... — Elena pigarreou. — Ela meio que me lembrou de um cara que eu conheci.Patrick suspirou com alívio. Por um minuto, achou que seu segredo tivesse sido descoberto. Era aterrorizante, mas reconfortante ao mesmo tempo. Talvez tudo desse errado se Elena soubesse quem ele era de verdade, mas talvez houvesse a chance de tudo ficar bem. O sentimento inquietante que ele sentiu lhe deixou tonto.— Gostaria de compartilhar? — ele perguntou quase com um sussurro.Elena olhou surpresa para ele. Por que aquele homem estava interessado em qualquer coisa sobre o seu passado? Não era como s
— Charlotte, tem uma ligação na linha 2 pra você. — Fiona disse pelo interfone.Finalmente depois de duas semanas, Charlotte tinha conseguido concretizar a mudança do depósito no Brooklin para um andar alugado em um prédio. Não era um dos arranha-céus mais imponentes da cidade, mas era na Quinta Avenida e com certeza ali ela tinha muito mais espaço para si e seu pessoal.Com a ajuda de uma nova amiga, Elena Pacheco, foi muito mais fácil dividir a empresa por departamentos. Cada um dos seus novos empregados cuidaria de um setor e ela poderia ter um pouco mais de tranquilidade. Elena só não aceitou o cargo de diretora financeira porque disse que sua estadia em Nova Iorque não era permanente e que em breve voltaria ao Brasil.Charlotte não acreditava muito nisso. Desde a noite do jantar em que soube que Marco era seu sócio e não Patrick, ela já os tinha visto juntos algumas vezes e o sentimento que ela via entre os dois não era coisa da sua cabeça. Para Charlotte, estava mais do que na c