Nova York, 2023Maristela Olivas Estava de volta a Nova York, mas deixar Camila sozinha no Brasil me deixava apreensiva. Ela estava completamente obcecada por Jhonathan e uma pessoa obcecada é capaz de cometer loucuras.— Mãe, por que está com essa cara? É Camila, não é? — Jadeh perguntou, e eu assenti. — O que ela fez agora?— Ainda nada, minha filha, mas não duvido que ela fará. — Minha filha olhou para mim e, se aproximando, me deu um abraço bem apertado.— Mãe, me conta como foi no Brasil? Você tinha me dito que conheceu uma moça legal lá, mas não terminou de me contar.Contei a ela sobre Anthonella e de como ela era uma jovem batalhadora e simpática. Também falei sobre as fotos fofas que vi da filha dela.— Vocês estão conversando aí e nem me chamam. — Chloe, minha filha mais nova, surgiu interrompendo o assunto.As minhas filhas mais novas são muito pé no chão, apesar de toda a fortuna que possuem. Já Camila puxou o lado da minha família. Só espero que ela não se torne cruel co
Rio de Janeiro, 2023Ramón AlmeidaChegar à clínica não foi fácil. Anthonella havia me enfrentado depois que eu falei umas coisas sobre Maria Fernanda. O plano de Priscila era meio arriscado, mas o destino nos pôs frente a frente com Camila, uma patricinha mimada que ao descobrir sobre minha antiga relação com Anthonella se prontificou em nos ajudar. Estava aguardando minha vez quando finalmente a recepcionista me chamou:— Senhor Ramón Almeida, sua vez.Me levantei e segui a enfermeira até a sala de coleta. Priscila estava ao meu lado, seu olhar frio e calculista me deu a confiança que eu precisava. A coleta foi rápida. Sentado na cadeira, a enfermeira explicou o procedimento e, em poucos minutos, havia coletado a amostra necessária.— Pronto, senhor Ramón. Agora só precisamos da amostra da criança para concluir o exame. — A enfermeira sorriu profissionalmente.— Obrigado. — Respondi me levantando.Assim que saímos da sala de coleta, Priscila e eu procuramos Gustavo, o técnico de
Jhonathan LancasterO dia de hoje foi de muito trabalho. Eu estava completamente exausto, mas mesmo assim não deixei de ir à casa de Anthonella. Assim que cheguei, fui recebido por Joyce, que não perdeu tempo em suas brincadeiras habituais.— Daqui a pouco cobrarei hospedagem. — Ela brincou enquanto abria o portão para que eu passasse.— Boa noite, Joyce. Como está? — A cumprimentei, e ela respondeu dizendo que estava tudo bem.Chegando à sala, Maria Fernanda grudou em minhas pernas e me abraçou.— Tio Jo, sabia que ‘tilei’ sangue? Fez um ‘bulaco’ bem aqui. — Ela apontou para o curativo que estava em seu braço.— Doeu muito?— ‘Pa’ cacete! — Ela respondeu e logo foi repreendida por Anthonella. — A dinda disse que isso não é ‘palavão’.— Mesmo que não seja, não quero que você fique repetindo esse tipo de palavra.— Tá bom! Já ‘tendi.’ — Ela respondeu revirando os olhos. — Pode ‘faze’ nada nessa casa.— Eu ouvi isso, Maria Fernanda. — Anthonella gritou da cozinha, e MaFê se desculpou.J
O carro estava silencioso, Anthonella estava ao celular falando algo com Berenice e, quando ela desligou, me virei para ela.— Onde exatamente vamos hoje? — Perguntei para quebrar o silêncio.— Temos uma reunião com um novo fornecedor. Ele tem produtos de alta qualidade e pode ser uma ótima adição para os nossos projetos. — Ela respondeu, olhando rapidamente para mim antes de voltar sua atenção para o tablet novamente.— Ótimo, espero que seja uma boa parceria. Havia me esquecido que pedi para você pesquisar sobre possíveis fornecedores.— Por isso enviei três mensagens para te lembrar, mas acho que você não viu.— Desculpe por isso, meus pais chegaram de surpresa e acabei não verificando minha caixa de e-mail.— Não precisa se desculpar. — Ela sorriu. — Ainda temos tempo antes de irmos para a reunião. Sugiro que tome café.— Só se você me acompanhar.— Tudo bem. — Paramos em uma cafeteria e, após tomarmos café, voltamos para o nosso caminho.Chegamos ao local da reunião e fomos receb
Camila Olivas (Semanas Atrás)Havia combinado com a minha amiga para sairmos a fim de distrair minha cabeça, ela me disse que deveríamos ir a um lugar diferente das festas que estávamos habituadas.— Ai, amiga. Por que você foi escolher logo um parque? — Perguntei olhando para o pessoal ao redor. — Aqui só tem crianças, velhos e alguns casais que só devem estar aqui porque é o único lugar que podem pagar.— Isso não tem nada a ver, Camila. Apenas vamos nos divertir. — Jhully pediu, segurando minha mão.Como não tinha para onde correr, acabei a seguindo. Compramos os nossos ingressos e ela logo me chamou para andar na montanha-russa.Até que estava me divertindo, mas aí me lembrei de Jhonathan e fiquei curiosa para saber o que ele estava fazendo. A princípio, até pensei em ligar para ele. Quando contei para minha amiga, ela me fez desistir da ideia e tomou meu celular, me deixando meio irritada.— Olha, Camila, vamos pedir um cachorro-quente.— Credo! Como você pode comer essas comida
Anthonella Fagundes Depois que Jhonathan e eu nos beijamos, saí rapidamente da sua sala. Berenice perguntou se havia acontecido alguma coisa, e eu apenas balancei a cabeça.— Se eu fosse você, trocaria seu batom. — Olhei para ela sem jeito, e ela soltou uma risadinha. — Minha querida, eu sou velha. E faz tempo que já percebi que rola alguma coisa entre vocês. Não me olhe com essa cara, fique tranquila. Da minha boca ninguém ouvirá nada.Retoquei a maquiagem e voltei ao trabalho. Ao final do expediente, enviei uma mensagem para Jhonathan perguntando se ele precisaria de mim para mais alguma coisa, e quando ele disse que não, avisei que estava indo embora. Ele pediu para que eu fosse à sua sala.— Oi. Precisa de mim?— Espere um pouco, eu a levo para casa.— Não precisa, eu vou chamar um Uber. — Jhonathan balançou a cabeça, negando.— Eu levo você. — Ele me olhou de um jeito que me fez sentar e esperar.Não sei por que, mas quando ele fala dessa forma mais autoritária, eu gosto. Que as
O sábado chegou, trazendo um sol preguiçoso e uma leve brisa que balançava as cortinas do meu quarto. Abri os olhos lentamente, ainda me espreguiçando na cama, e ouvi o riso distante de MaFê e Joyce na sala. Me sentei, esfregando os olhos, e lembrei da nossa missão para hoje: levar as doações ao orfanato onde Joyce e eu crescemos.Depois de um rápido café da manhã, carregamos o carro com as caixas de roupas, brinquedos e livros que havíamos coletado. MaFê estava animada, pulando de um pé para o outro, ansiosa para ver as crianças do orfanato. Joyce e eu nos encaramos sorrindo, sabíamos como esse lugar era especial para nós. Ouvi muitos relatos de pessoas assim como nós que não tiveram uma boa experiência no orfanato, mas pelo menos disso não podemos reclamar.A viagem foi muito rápida. Sei que MaFê é a luz da minha vida e eu a amo, mas eu já estava começando a me irritar com ela, parecendo o burrinho do Shrek perguntando de hora em hora se já tínhamos chegado. Quando chegamos ao orfan
— Veja se não são as DD. Onde está a terceira? Não me digam que Priscila está aqui também? — Matheus perguntou, olhando para os lados.— Não se preocupe, ela não irá aparecer porque não somos mais amigas.— Que bom, vocês eram legais demais para ficarem com aquela falsa.Matheus chegou ao orfanato anos depois, após a morte de seus pais. Ficou morando conosco por dois anos, até que encontraram uma tia dele e ela os levou.— Que bom te ver, como está o Felipe? Ele se tornou desenhista como queria?Matheus olhou para nós com pesar.— Infelizmente, meu irmão fez amizades erradas e hoje não está entre nós. Ele morreu em um confronto com a polícia.Felipe era um menino tímido, simpático e que tinha o sonho de se tornar um cartunista. Muito triste saber o que aconteceu com ele.— Meus sentimentos, Matheus. De verdade! — Joyce e eu dissemos a ele.— Não se preocupem. E essa mocinha linda? — Ele olhou para MaFê.— Eu 'so' 'Malia Fenanda', 'mai' pode ‘chama’ de MaFê.— Tem todo o trejeito da Jo