Anthonella Fagundes O jantar na casa da minha mãe foi bom, tirando a parte do show de Camila. Entendo que deve ser difícil para ela conhecer uma nova pessoa e tudo mais, mas eu não quero roubar ninguém. Tudo o que eu queria era ter uma família para chamar de minha.Hoje, iria conhecer o túmulo do meu pai. Minha mãe disse que ele era maravilhoso, e eu gostaria muito de tê-lo conhecido.— Mamãe, como a gente vai ‘conheche’ o vovô se ele tá no céu? — Ela perguntou curiosa.— Nós vamos conhecer a lápide dele, meu amor.— ‘Num’ ‘chei’ o que é, ‘mai’ ‘vo’ ‘decobi’. — Olhei para minha filha e sorri.Maristela chegou e entramos no carro dela.— Comprei uma cadeirinha para MaFê. Até umas semanas atrás estava buscando por minha filha e agora, eu tenho uma filha e uma neta. Isso é surreal. — Ela acariciou meu rosto.— ‘Obigado’ pela ‘cadelinha’.— Não precisa agradecer, meu amor. É o mínimo que sua avó faz por você. Anthonella, me conta como foram seus dias depois que saiu do orfanato.Suspirei
Chegou o tão aguardado dia: 25 de agosto, meu aniversário e a inauguração do bar que eu e Joyce sonhávamos há anos. A manhã começou agitada, com preparativos finais e a adrenalina correndo solta. Minha mãe, Maristela, estava radiante, ajudando em cada detalhe, enquanto minha nova família estava toda presente, se integrando de maneira natural ao nosso círculo.A família de Jhonathan havia viajado especialmente para estar aqui. Era maravilhoso vê-los se juntarem a nós para celebrar esses momentos tão significativos.Jhonathan parecia mais nervoso do que nós, as verdadeiras donas do evento. Eu ria vendo ele tão agitado, quase tropeçando em seus próprios pés enquanto tentava ajudar em tudo ao mesmo tempo.— Calma, Jhon. Vai dar tudo certo — disse, tentando acalmá-lo.— Só quero que tudo dê certo para vocês. — Ele respondeu, dando um risinho nervoso.Maria Fernanda estava no meio de uma disputa acirrada entre as duas avós, Maristela e a Emma. As duas se revezavam em paparicar minha filha,
Acordei naquela manhã admirando o anel em meu dedo, uma joia que simbolizava tanto amor e um futuro. Era impossível não sorrir toda vez que olhava para ele. O brilho do diamante parecia refletir todo o amor que Jhonathan e eu compartilhávamos.Enquanto me perdia em pensamentos, Joyce surgiu na cozinha, com seu jeito descontraído e uma xícara de café na mão.— Já se passaram dois meses desde que você ganhou essa aliança, Anthonella. — Ela comentou, com um sorriso brincalhão.— E nunca vou me cansar de olhar para ele. — Respondi, sorrindo de volta.Joyce riu e se aproximou, olhando para o anel com a mesma admiração que eu sentia.— Ele fez um bom trabalho, não é? — Ela disse, observando o brilho da joia.— Fez sim. — Concordei. — Jhonathan sempre sabe como me surpreender, o anel é lindo.Depois do café, pedi a Joyce para cuidar de MaFê. Minha pequena estava doente, com uma febre que não passava. Eu odiava deixá-la, mas precisava trabalhar. Joyce, sempre a melhor amiga e companheira, não
Jhonathan Lancaster A festa estava em pleno andamento, cheia de gente, música e risadas. Eu estava ali, cumprimentando todos os conhecidos da empresa, mas minha mente estava em outro lugar. Segurando um copo de uísque, eu só conseguia pensar em Anthonella e MaFê. Queria estar em casa, cuidando da minha pequena e ao lado da mulher que amo.Enquanto estava absorto em meus pensamentos, Camila apareceu do nada. Ela me cercava, com aquele jeito insistente que eu conhecia bem.— Jhon, podemos conversar? — Ela pediu, um sorriso forçado nos lábios. — Eu ainda te amo. — Camila, já falei que não. — Minha paciência se esgotando. — Não te amo. Por favor, se afasta.Ela olhou para mim com raiva, virou as costas e sumiu na multidão. Suspirei, pegando meu uísque e dei um gole, tentando afastar a tensão.Um garçom apareceu, oferecendo uma nova bebida. Peguei o copo, agradeci e tomei um gole. Imediatamente, algo parecia errado. Minha visão começou a ficar turva, e minha cabeça girava. Antes que pude
Hoje era a noite da festa a fantasia no bar. Estávamos todos empolgados, principalmente porque sabíamos que essas noites atraíam uma multidão. Joyce se superou na escolha de sua fantasia e estava vestida de Rainha de Copas, com um vestido volumoso e uma coroa imponente. Maria Fernanda, minha pequena, estava adorável como Chapeuzinho Vermelho, correndo de um lado para o outro com sua capa vermelha balançando. Eu escolhi me vestir de Elsa, de "Frozen", um clássico que sempre fazia sucesso.Quando Jhonathan chegou, não pude deixar de rir. Ele estava vestido de Jack Frost, o personagem do filme "A Origem dos Guardiões". — Olha só, An! Vocês estão vestidos de casal! — Disse ela, com um sorriso malicioso. — Ao contrário do Marinho, que resolveu se vestir de "marica" de peruca.Ri, olhando para Marinho, que estava realmente engraçado.— Ele está vestido de um dos Três Mosqueteiros. — Disse, tentando conter a risada.— E cadê os outros dois mosqueteiros, então? — Joyce retrucou, fazendo todo
Os últimos três dias foram um verdadeiro pesadelo. As buscas por Maria Fernanda continuavam, mas parecia que cada pista era um beco sem saída. Não conseguíamos dormir, e trabalhar se tornou impossível. Cada segundo longe da minha filha era uma tortura.Minha mãe veio de Nova York assim que soube da notícia. Estava devastada, mas determinada a ajudar de qualquer forma que pudesse. Sua presença trouxe um pouco de conforto em meio ao caos.Naquela manhã, Jhonathan e eu estávamos sentados na sala de estar, cercados por papéis e mapas, tentando rastrear cada possível lugar onde MaFê poderia estar.— Eu sei que a encontraremos, An. Temos que manter a esperança. — Disse Jhonathan, segurando minha mão firmemente.— Estou tentando, Jhon. Mas cada minuto que passa sem notícias me destrói. — Respondi, sentindo as lágrimas ameaçarem cair novamente.Minha mãe entrou na sala com uma xícara de chá para cada um de nós.— Aqui, querida. Tente beber um pouco. Você precisa se manter forte. — Obrigada,
(Dois anos depois) Anthonella Fagundes Passaram-se dois anos desde aquele terrível episódio que quase nos destruiu. Agora, ao olhar para trás, vejo como superamos tantas dificuldades e como estamos todos em um lugar melhor. Jhonathan expandiu a empresa e quando eu quis pedir demissão do cargo de assistente para focar no bar, ele simplesmente não deixou.— Não encontrarei ninguém melhor do que você, An. — Ele disse com aquele sorriso irresistível. E foi assim que continuei a me desdobrar entre o cargo de assistente e o bar, que agora é um sucesso absoluto. Joyce e eu estamos até pensando em expandir.Maristela pediu para que meu registro fosse modificado, para que eu passasse a usar o nome Olivas. Mas decidi deixar como está. Afinal, me conheço a vida toda como Anthonella Olivério Fagundes e seria estranho modificar isso agora.Minhas irmãs, que são uns amores, estão sempre em contato. Sempre que estão no Brasil, saímos juntas e nos divertimos muito. Nossa relação se fortaleceu muito
Dez anos se passaram e aqui estamos, no estádio, assistindo a nossa querida MaFê jogar pela seleção brasileira. O estádio está lotado, as cores verde e amarelo dominam as arquibancadas, e a excitação é palpável. Quando MaFê entrou em campo vestida com o uniforme da seleção, nossa família inteira explodiu em gritos e aplausos.Ao meu lado, Jhonathan segurava a mão de Gustavo, nosso filho de dez anos. Ao meu colo, Ana Fernanda, de cinco, assistia atenta ao jogo, enquanto Anthony, de apenas dois anos, estava aninhado no colo de Joyce. Joyce também estava gritando animada, acompanhada de seus três filhos: Mario Fernando, Gabriel e João Lucas.Os hinos foram cantados, e quando o jogo finalmente começou, MaFê fez defesas espetaculares, e nossa torcida vibrava a cada defesa. Então, a seleção francesa sofreu um pênalti. Meu coração disparou. Enquanto MaFê se concentrava, sussurrei: "Pega, filha," e fechei os olhos na hora da cobrança. Aquele momento pareceu durar uma eternidade, até que ouvim