Em poucos minutos, Pedro estava sendo colocado na maca.— Eu vou com ele! — Falei, determinada, ignorando qualquer possível objeção dos homens que estavam comigo. Eles não tentaram me impedir, mas seus olhares eram sérios e vigilantes.Dentro da ambulância, eu me sentia perdida. Pedro estava ali ao meu lado, respirando fundo, enquanto os paramédicos faziam os primeiros socorros.— Me desculpa... — Ele disse baixinho, virando o rosto para me olhar, os olhos carregados de arrependimento.— Não fala nada agora — respondi, apertando sua mão suavemente. — Só descansa.Quando chegamos ao hospital, os médicos o levaram para fazer exames, e eu fui instruída a esperar na sala de espera. Aqueles mesmos homens de terno estavam do lado de fora, como sombras, me observando de longe.Eu me aproximei deles, finalmente decidida a obter respostas. — Agora vocês vão me explicar o que está acontecendo. Quem são vocês, e por que meu pai mandou vocês me vigiar?O homem que parecia ser o líder suspirou l
Assim que chegamos em casa, o clima estava pesado. O caminho do hospital até ali foi silencioso, e eu mal conseguia olhar para meus pais. Eles sabiam que estavam me devendo explicações, e eu não ia descansar até entender o que estava acontecendo.— Vocês têm muito o que me explicar — falei assim que entramos pela porta da sala, quebrando o silêncio.Meus pais trocaram olhares, claramente tentando decidir como começar. Meu pai fez um sinal com a cabeça, e minha mãe suspirou antes de dizer:— Vamos para o escritório, MaFê. Precisamos conversar.Acompanhei-os em silêncio até o escritório do meu pai. Era um lugar que sempre me trouxe certo conforto, mas hoje estava pesado. Sentei-me numa das poltronas, esperando ansiosamente pelas respostas que tanto queria.Meu pai foi o primeiro a falar, sua voz firme, mas com uma carga emocional que raramente vi nele.— O que você viu hoje, os seguranças, toda essa situação... é porque Priscila voltou.Senti um arrepio percorrer minha espinha ao ouvir
Pedro Henrique Soares Acordei com uma dor incômoda no braço e um som abafado de passos pelo quarto. Pisquei algumas vezes, tentando me situar, e logo percebi que não estava sozinho. Meus pais tinham chegado, e o olhar no rosto da minha mãe me fez sentir culpa. Ela sempre foi tão forte, mas parecia mais frágil naquele momento. Assim que seus olhos se encontraram com os meus, ela começou a chorar.— Mãe, eu estou bem — tentei acalmá-la, mesmo com a voz um pouco rouca. — Olha pra mim, estou vivo.Ela deu alguns passos na minha direção, segurando minha mão com força, como se quisesse se certificar de que eu realmente estava ali. Meu pai, estava logo atrás dela, com uma expressão séria. Sabia que não era apenas preocupação com minha saúde. Ele estava preocupado com outras coisas. O vídeo da briga com Pietro. As consequências que viriam.— A gente vai conversar sobre isso depois, Pedro — meu pai disse, se referindo ao vídeo que circulava nas redes sociais. — Mas agora, o mais importante
Maria Fernanda Fagundes Lancaster Acordei com o coração pesado. O silêncio da casa parecia sufocante, e a última coisa que eu queria era encontrar meus pais naquela manhã. Tudo estava confuso na minha cabeça, como se as peças do quebra-cabeça estivessem jogadas por aí, mas eu ainda não soubesse como encaixá-las. Então, decidi que sairia de casa antes que qualquer um deles pudesse me parar.Peguei minhas coisas e saí pela porta da frente bem cedo, sem deixar rastros, apenas o som do portão se fechando atrás de mim. Chamei um carro de aplicativo sem pensar duas vezes, e quando o motorista perguntou para onde eu queria ir, apenas disse: "Praia". Precisava ver o mar, sentir o vento no rosto e deixar meus pensamentos fluírem com o ritmo das ondas.Ao chegar na praia, desci do carro e caminhei devagar pela areia ainda fria daquela manhã. A brisa carregava consigo uma leveza que me fez respirar fundo, como se pudesse, por um momento, afastar toda a confusão da minha mente. Sentei-me perto d
Eu respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas. A tensão no ar era palpável, mas, pela primeira vez em muito tempo, eu sabia que precisava colocar tudo em pratos limpos. Olhei para meus pais, sentados à minha frente, e o peso da minha atitude de ontem parecia me esmagar. — Eu... eu quero pedir desculpas — comecei, a voz saindo mais fraca do que eu gostaria. — Fui muito cabeça dura ontem, e sei que acabei descontando em vocês. Eu estava confusa e... com raiva. Mas não é justo o que eu fiz. Sei que vocês só estavam tentando me proteger.Minha mãe, que até então estava tensa, relaxou os ombros, e meu pai me olhou com uma expressão mista de alívio e preocupação. — Filha, nós também precisamos pedir desculpas — disse meu pai, a voz mais suave do que eu esperava. — Deveríamos ter te contado a verdade desde o início. Mas, ao mesmo tempo, queríamos evitar que você se machucasse ainda mais. — Nós achamos que esconder seria a melhor solução, que te pouparia — completou minha mãe, s
Enquanto descíamos a rua, Laiane dirigia com uma mistura de concentração extrema e descaso completo. O carro balançava mais do que o necessário, e eu tentava segurar o riso, mas não conseguia. Zombei dela tentando disfarçar a tensão com uma risada. — Então por que você não dirige, dona perfeição? — retrucou Laiane, claramente irritada. — Ah, é mesmo! Você nem está apta pra isso. — Hey, eu sou uma ótima passageira, ok? — defendi-me, ainda rindo. — E além disso, não sou eu que estou ameaçando nossas vidas aqui. — Cala a boca, MaFê, estamos quase chegando. Só espera um pouquinho mais, sua ingrata — Laiane disse, revirando os olhos, mas com um sorrisinho no canto da boca. Pedro, que estava no banco ao meu lado, olhou para mim com um brilho no olhar. — Do jeito que ela dirige, chegaremos ao cemitério antes de chegarmos em casa — brincou ele, arrancando uma gargalhada minha. Laiane soltou uma risada seca, claramente sem achar graça da situação. — Vocês dois se merecem, sabia? —
Pedro me puxou para mais perto depois da nossa conversa, com aquele sorriso arrependido nos lábios. Ele se inclinou para me beijar novamente, e, por um momento, eu retribuí o beijo, mas, de repente, algo me veio à cabeça e eu o afastei suavemente. Ele me olhou confuso, sem entender o que tinha acontecido.— Pedro... — comecei, hesitando por um segundo. — Você realmente acha que eu sou chata às vezes?Ele ficou surpreso com a pergunta e tentou disfarçar o desconforto, mas eu percebi o ligeiro rubor que subiu por seu rosto. Ele abriu a boca para responder, mas não disse nada de imediato. Em vez disso, fez uma careta divertida, como se estivesse tentando mudar de assunto.— MaFê, vamos esquecer isso, tá? Foi só uma conversa boba. Eles estavam falando besteira... — Ele tentou me puxar de volta, mas eu me mantive firme, o encarando.— Esquecer? — Repeti, arqueando uma sobrancelha. — Não posso simplesmente esquecer. Você acabou de admitir que concorda com eles, Pedro.Ele suspirou, perceben
Nunca pensei que esse dia chegaria. Mesmo sabendo da cirurgia desde o ano passado parecia que algo dentro de mim ainda se recusava a aceitar que isso realmente estava acontecendo. Agora, sentada na cama do hospital, sentindo o cheiro forte de desinfetante no ar, a realidade parecia mais pesada do que nunca.A porta do quarto estava entreaberta, deixando um feixe de luz entrar, mas o ambiente ao meu redor parecia sufocante, como se cada segundo que passava aumentasse a pressão em meus ombros. Meu coração batia tão forte que eu conseguia sentir cada pulsação ecoando no meu peito. A qualquer momento, eles viriam me buscar. A qualquer momento, eu estaria deitada naquela mesa de cirurgia, vulnerável, entregue à equipe médica.Minhas mãos suavam, e eu as esfregava uma na outra em um gesto automático de nervosismo. Olhei para o relógio na parede, mas os ponteiros pareciam não se mover. Era como se o tempo estivesse em suspenso, como se o mundo lá fora continuasse, enquanto eu estava presa ne