Anthonella Fagundes Lancaster Sentei no sofá ajeitando a almofada nas costas, enquanto Joyce mexia na xícara de chá e relembramos os velhos tempos. A casa estava tranquila, um silêncio acolhedor que raramente acontecia quando todos estavam por aqui.— E a MaFê, quando ela volta? — Joyce perguntou.Sorri ao ouvir o nome da minha filha. Maria Fernanda fazia falta, e eu mal podia esperar para tê-la de volta em casa.— Semana que vem. Ela já está contando os dias. — Respondi com um brilho nos olhos. — E, para ser sincera, eu também. Já sinto falta daquele sorriso e da bagunça que ela traz, até as crianças estão sentindo falta da irmã e Jhon, então nem se fala, ele ainda não percebeu que nossa menininha cresceu. Joyce sorriu de volta, mas com aquele olhar que só uma amiga de longa data sabe reconhecer: o misto de carinho e nostalgia.— Imagino. Eu também mal posso esperar para vê-la. MaFê sempre foi uma luz por onde passava. — Ela disse, suspirando em seguida. — Lembra de quando ela era
Maria Fernanda Fagundes Lancaster Depois de desembarcarmos, nos dirigimos à área de retirada de bagagens. O aeroporto estava mais tranquilo do que esperávamos, e logo avistamos nossas malas rodando na esteira.— Eu nunca entendo como sempre trago mais bagagem do que levo. — Laiane reclamou, tentando puxar uma mala grande demais para o tamanho da viagem.— A mágica das férias. — Respondi, ajudando-a com a mala. — Parece que as coisas se multiplicam.Valentina, que já estava com a própria bagagem em mãos, virou-se para nós com um sorriso cansado.— Sinto que as próximas semanas vão ser intensas. A volta às aulas, os trabalhos e... — Ela hesitou por um segundo, trocando um olhar comigo. — ...a sua cirurgia.Sorri, tentando tranquilizá-la, embora sentisse o peso das suas palavras. Era impossível ignorar o que estava por vir, mas não queria que isso dominasse completamente nossos pensamentos.— Vai ser uma fase diferente, mas uma fase boa. — Respondi, mantendo-me positiva. — Depois que tu
Estávamos finalmente de volta à faculdade. Depois de dias intensos, com viagens e momentos que mudaram completamente minha perspectiva, retornar ao campus trazia uma sensação agridoce. Assim que entramos na cafeteria, Paolla, a atendente, abriu um sorriso radiante ao nos ver.— Olha só quem voltou! Minhas clientes VIPs! — Ela brincou, acenando com entusiasmo.Sorri de volta, sentindo o familiar aconchego daquele lugar. Era bom ter um espaço onde sempre nos sentíamos bem-vindas.— É bom estar de volta, Paolla. — Laiane respondeu, rindo.Depois de fazermos nossos pedidos, nos acomodamos em uma das mesas próximas à janela. Valentina, Laiane e eu estávamos ansiosas para aproveitar o tempo juntas. Enquanto aguardávamos os lanches, nossas conversas fluíam naturalmente. Falávamos sobre as aulas que estavam por vir, os professores novos e os trabalhos que precisaríamos entregar em breve. Mas, no fundo, eu sentia uma ausência. Era estranho estar de volta à faculdade e não ver Pedro Henrique p
Depois de mais um tempo conversando, senti que a atmosfera já estava mais tranquila. Nossos lanches chegaram, e nós comemos enquanto o assunto mudava para temas mais leves e casuais, como a próxima festa da faculdade e as aulas que teríamos.Finalmente, o tempo começou a apertar, e percebi que precisávamos ir para as aulas.— Melhor irmos andando. — Digo me levantando.— Verdade. — Valentina se espreguiçou. — Preciso correr para o outro prédio, mas nos vemos depois.— Claro! — Laiane respondeu, sorrindo. — Boa aula!Nos despedimos de Valentina, que foi em direção ao prédio dela, enquanto eu e Laiane caminhamos juntas para a nossa sala.O resto da tarde passou mais rápido do que eu esperava. As aulas, que muitas vezes pareciam intermináveis, dessa vez voaram. Talvez porque minha cabeça estivesse em outro lugar, ou melhor, em outra pessoa. Pedro estava sempre presente nos meus pensamentos, e a saudade apertava. Queria vê-lo, abraçá-lo. O primeiro dia sem ele na faculdade parecia mais lo
Em poucos minutos, Pedro estava sendo colocado na maca.— Eu vou com ele! — Falei, determinada, ignorando qualquer possível objeção dos homens que estavam comigo. Eles não tentaram me impedir, mas seus olhares eram sérios e vigilantes.Dentro da ambulância, eu me sentia perdida. Pedro estava ali ao meu lado, respirando fundo, enquanto os paramédicos faziam os primeiros socorros.— Me desculpa... — Ele disse baixinho, virando o rosto para me olhar, os olhos carregados de arrependimento.— Não fala nada agora — respondi, apertando sua mão suavemente. — Só descansa.Quando chegamos ao hospital, os médicos o levaram para fazer exames, e eu fui instruída a esperar na sala de espera. Aqueles mesmos homens de terno estavam do lado de fora, como sombras, me observando de longe.Eu me aproximei deles, finalmente decidida a obter respostas. — Agora vocês vão me explicar o que está acontecendo. Quem são vocês, e por que meu pai mandou vocês me vigiar?O homem que parecia ser o líder suspirou l
Assim que chegamos em casa, o clima estava pesado. O caminho do hospital até ali foi silencioso, e eu mal conseguia olhar para meus pais. Eles sabiam que estavam me devendo explicações, e eu não ia descansar até entender o que estava acontecendo.— Vocês têm muito o que me explicar — falei assim que entramos pela porta da sala, quebrando o silêncio.Meus pais trocaram olhares, claramente tentando decidir como começar. Meu pai fez um sinal com a cabeça, e minha mãe suspirou antes de dizer:— Vamos para o escritório, MaFê. Precisamos conversar.Acompanhei-os em silêncio até o escritório do meu pai. Era um lugar que sempre me trouxe certo conforto, mas hoje estava pesado. Sentei-me numa das poltronas, esperando ansiosamente pelas respostas que tanto queria.Meu pai foi o primeiro a falar, sua voz firme, mas com uma carga emocional que raramente vi nele.— O que você viu hoje, os seguranças, toda essa situação... é porque Priscila voltou.Senti um arrepio percorrer minha espinha ao ouvir
Pedro Henrique Soares Acordei com uma dor incômoda no braço e um som abafado de passos pelo quarto. Pisquei algumas vezes, tentando me situar, e logo percebi que não estava sozinho. Meus pais tinham chegado, e o olhar no rosto da minha mãe me fez sentir culpa. Ela sempre foi tão forte, mas parecia mais frágil naquele momento. Assim que seus olhos se encontraram com os meus, ela começou a chorar.— Mãe, eu estou bem — tentei acalmá-la, mesmo com a voz um pouco rouca. — Olha pra mim, estou vivo.Ela deu alguns passos na minha direção, segurando minha mão com força, como se quisesse se certificar de que eu realmente estava ali. Meu pai, estava logo atrás dela, com uma expressão séria. Sabia que não era apenas preocupação com minha saúde. Ele estava preocupado com outras coisas. O vídeo da briga com Pietro. As consequências que viriam.— A gente vai conversar sobre isso depois, Pedro — meu pai disse, se referindo ao vídeo que circulava nas redes sociais. — Mas agora, o mais importante
Maria Fernanda Fagundes Lancaster Acordei com o coração pesado. O silêncio da casa parecia sufocante, e a última coisa que eu queria era encontrar meus pais naquela manhã. Tudo estava confuso na minha cabeça, como se as peças do quebra-cabeça estivessem jogadas por aí, mas eu ainda não soubesse como encaixá-las. Então, decidi que sairia de casa antes que qualquer um deles pudesse me parar.Peguei minhas coisas e saí pela porta da frente bem cedo, sem deixar rastros, apenas o som do portão se fechando atrás de mim. Chamei um carro de aplicativo sem pensar duas vezes, e quando o motorista perguntou para onde eu queria ir, apenas disse: "Praia". Precisava ver o mar, sentir o vento no rosto e deixar meus pensamentos fluírem com o ritmo das ondas.Ao chegar na praia, desci do carro e caminhei devagar pela areia ainda fria daquela manhã. A brisa carregava consigo uma leveza que me fez respirar fundo, como se pudesse, por um momento, afastar toda a confusão da minha mente. Sentei-me perto d