Tomás Campos Alonzo
Aproveito meu tempo livre para visitar meu irmão mais novo, Josh Alonzo, com seus 19 anos e uma energia invejável. O garoto está lutando com os próprios recursos para ser um bom dançarino e cantor, tanto eu, quanto Carla oferecemos ajuda quando nosso pai o recriminou pela carreira escolhida, mas o garoto, muito provavelmente, com o orgulho ferido, quer conseguir o sucesso por mérito próprio. O admiro por isso. Já passava das 10 da manhã, nós dois estávamos tomando café e eu contava a decisão que tomei: — Cara, mas isso não vai dar merda, não?! Vocês tem um passado, um passado de boa, mas ainda assim foi um namoro! Você sempre tá com uma mulher diferente a cada vez que viaja e eu sei bem que ainda ama a cunhadinha, mas fazer isso é arriscado demais. — Arriscado? Nós nos amamos e não penso em outra mulher para ser mãe de um futuro filho meu, essa criança ajudaria a fazê-la enxergar que podemos recomeçar! - Confirmo, convicto da minha decisão. Tomando um gole de suco. — Por isso mesmo! Você vê a criança como uma oportunidade de reatar a relação e nada mais. Só esse é o sonho da cunhadinha e essa criança é um ser humano que vai depender de você e precisar de amor e principalmente de cuidado por toda a vida. – Josh passa as mãos pelo próprio rosto e coça os olhos como se eu tivesse o irritado. — Então não seja um babaca e estrague as coisas e a vida de pessoas inocentes por egoísmo. O loirinho, às vezes, parece mais maduro e sensato do que eu com meus 26 anos, só parece. — Que juízo vocês fazem de mim hein? Eu sei o que estou fazendo e jamais abandonaria o meu filho ou veria como uma vantagem. Deixarei a vida tomar o curso natural, você vai ver só se aquela mulher não vai voltar correndo pros meus braços. – Repouso uma mão no queixo dando um meio sorriso enigmático. O celular apita na mesa e vejo que a sorte já começa a me sorrir. É o meu produtor avisando que precisa que eu compareça em uma premiação. De imediato, convido minha ex namorada para me fazer companhia esta noite e então depois do evento farei a proposta. Ela tinha mencionado que levaria Mariana junto. Tudo que sabia era que as duas viviam grudadas, já haviam ficado algumas vezes. Se Mari oferecesse apoio para adoção todos os meus planos estavam perdidos. — Tu não vai desistir mesmo né? Então tem que provar pra cunhadinha que dá conta disso. — E o senhor pode me dizer como? — Provando com atitudes e gestos que amadureceu, por exemplo, parar de levar seus contatinhos pro AP, esquecer o ciúme que tem das amigas dela. Deixar de ser tão grudento e disponível e mostrar que apto pra cuidar de outro ser vivo. – Revira os olhos e faço uma careta de desgosto – E nem faça essa cara, esqueceu da última vez que a Abuelita pediu para regar as orquídeas e você deixou as flores morrerem? Ou então quando você perdeu a nossa irmãzinha no carrossel do hopi Hari? Pois é, se cometer um vacilo desses com um filho da Carlinha, ela te corta ao meio, brother! — Vou começar a trabalhar nisso então! Como vão as coisas com a Any e o Noah? – Mudo de assunto, enquanto mexo no celular e balanço as pernas agitado. Joshua tinha conseguido me deixar nervoso e apreensivo. Meu irmão estava feliz formando um trisal com o melhor amigo de infância, que sempre foi apaixonado por ele e a garota por quem ele sempre fingiu babar. Ou seja, estava nas nuvens da felicidade,deveria estar. — Acho que os dois se entendem melhor sem mim. Entraram numa de competir pela atenção e quem se doa mais pelo nosso namoro. Fico mais um tempo ali, depois sigo meu caminho para provar meu figurino para a premiação desta noite. As palavras de Josh não saem da minha mente, até onde eu estou disposto a ir para ter Carla de volta? Será que ela me quer de volta? A nossa indecisão prejudicaria nosso futuro filho? Como faço para que ela aceite que sou a única opção possível? Eliminando a concorrência.Carla F Clarke O relógio marca 20h30 da noite. Estamos atrasados, dou uma última olhada no espelho. Estou me sentindo linda num vestido preto de seda, com decote em v e uma fenda lateral. Meus cabelos estão cacheados nas pontas e um salto de 15cm compunha o visual. A maquiagem estava mais clara, o destaque estava em meus lábios cor escarlate. Caminho do quarto até o corredor e meu corpo se choca com um Tomás num terno preto perfeitamente alinhado, acabo tropeçando e sendo amparada por ele. Suas mãos quentes causam arrepios em minha pele exposta. Noto os músculos recém definidos em seus braços, alguém está finalmente levando a academia à sério. Nos encaramos e prendo o fôlego por alguns segundos, fico perdida naquelas esferas escuras dilatadas. Prestando mais atenção nele, percebo que conheço cada um dos seus detalhes bem de perto: a maciez dos cabelos domados com gel pegajoso, a barba crescendo desproporcional em seu maxilar, o meio sorriso galanteador que desponta em seus lábi
Tomás Alonzo O trajeto para a afterparty é desconfortável. O único barulho que pode ser ouvido são as unhas de Carla batendo no teclado do celular enquanto troca mensagens com Mariana. O comportamento invasivo da imprensa a inibiu de um jeito inesperado e o fato de que quase nos beijamos mais cedo não ajuda em nada. O desânimo me toma ao ponto de não ter pique para comemorar a vitória em duas categorias da premiação. Adentramos o salão do hotel e o clima aqui é bem mais descontraído do que na cerimônia, todo mundo parece menos tenso. — Ei, desculpa ter insistido pra você vir comigo hoje. Eu não fazia ideia que ia acontecer aquela situação ridícula, Carlinha! – Enrolo a ponta de seus cabelos escuros entre os dedos. — Tudo bem, Tomás! De toda forma, não foi culpa sua, mas sabe como pode melhorar meu humor?– Ela abre um sorriso, levando a minha taça de champanhe à boca. — como? — Dança comigo? Olhei para o palco e tocava Love nwantiti remix, Mariana já pulava em frente à cabin
Carla F Clarke Já passava da meia noite, meu vestido estava grudado à pele por conta do suor que escorria pelo meu pescoço e minha bebida estava começando a esquentar no copo que eu segurava apenas de enfeite. Mariana tinha sumido com outra amiga nossa e fiquei cansada de brincar de seduzir o Campos Alonzo, um beijo que seja e eu ia acabar nua na cama daquele traiçoeiro, o que não seria nada mal, se não tivesse um plano em jogo. Um bebê em jogo. Entretanto, tecnicamente para ter o bebê, independente de qual fosse a minha escolha, eu ainda precisava de um maldito homem e por mais que odeie admitir meu ex namorado parecia ser a opção mais confiável e acessível no momento. Caminho meio sem rumo pelo salão do evento sentindo a frustração preencher minha alma, percebendo que em poucos meses, 3 para ser exata o tempo para cumprir a maldita lista de desejos terá se esgotado. Quase perco um par dos sapatos, tamanha a preguiça de continuar andando. Por sorte, esbarro em Tomás de novo, está
Tomás AlonzoO carro está estacionado dentro de um fast food 24 horas. Tudo que consigo ouvir é o canto dos grilos e o ronco do motorista no banco da frente. Agitada, Carla suga o canudo do milkshake de chocolate com pedaços crocantes de amendoim, o pote de batatas fritas dividido por nós já está na medida. O vento frio entrando pela janela faz seus cabelos negros e cacheados voarem, a luz do luar realça as maçãs perfeitamente redondas de seu rosto, o sorriso que desponta em seus lábios e reflete nos olhos enquanto mastiga encarando o céu, acaba por me deixar fascinado. Meu coração parece querer saltar do peito a qualquer instante, é bobagem, mas, me sinto com 16 anos de novo.Apaixonado e depois de muito tempo em uma casca de inseguranças e pose de machão desapegado, vulnerável.Por meio segundo, apenas por meio segundo, eu repenso sobre tudo que afirmei para Josh mais cedo, não estou mais tão certo de me infiltrar nos planos e sonhos de Carla seja a melhor maneira de reconquistar se
Carla F Clarke Os primeiros três anos da minha vida eu passei no orfanato " Doce infância " todas as lembranças desse lugar são um borrão, como vim parar aqui não é, a diretora disse ao meu pai adotivo que a mulher que me deixou aqui aos 6 meses, alegou não poder desperdiçar a juventude cuidando de uma criança. Fui, surpreendentemente bem cuidada aqui, mas ainda assim, eu não falava muito e pouco interagia com as outras crianças que pareciam acanhadas de mim e eu delas. A sorte começou a sorrir pra mim, quando o senhor Ferrer Clarke passou a me visitar acompanhado de Hande, que insistiu para o pai me adotar. Aos 4 anos e meio, a adoção foi formalizada. Fui cercada de amor e psiquiatras de todos os lados, Roger me amava como se eu fosse sua filha desde que nasci e nunca fez distinção entre eu e minha irmã Hande. Nossa avó Marisa vivia a me contar histórias e mimar com todo carinho possível, ela vivia entre Salvador e RJ para ficar perto de nós. Aos 15 anos, meu pai adotivo morre
Tomás Alonzo No dia seguinte, Carla me enviou uma mensagem pedindo para buscá-la no estúdio de dança. O segundo teste ia começar, eu fui, mesmo sem saber o que ia ganhar ao fim desses testes, além da paternidade do bebê, é claro. Chegando lá, recebi outra mensagem que diz: Minha futura esposa 🤍: tô na sala 7, tenho um presente pra você, cuide com carinho, viu, Bê? Eu: Tô até com medo de entrar aí. Minha futura esposa 🤍: eita como é frouxo! Vem logo, menino! Eu: tô indo, mulher. Apresso o passo e chego até sala 7 pelas rampas, duas professoras olharam pra mim e sorriram de uma forma estranha. Quando entrei, a primeira coisa que vejo é a Carla sentada no piso de madeira, ela está segurando um bebê enrolado numa manta azul, ao lado dela, está um carrinho também azul, ela levanta o rosto para me olhar, sorri e diz: — Oi, quer segurar? — Carla ergue o bebê para mim. — De quem ele é? — Sento ao lado dela, sorrindo,um pouco desconfiado. — Ele é o seu presente, que você precisa cu
Tomás Alonzo No dia seguinte, Carla me enviou uma mensagem pedindo para buscá-la no estúdio de dança. O segundo teste ia começar, eu fui, mesmo sem saber o que ia ganhar ao fim desses testes, além da paternidade do bebê, é claro. Chegando lá, recebi outra mensagem que diz: Minha futura esposa 🤍: tô na sala 7, tenho um presente pra você, cuide com carinho, viu, Bê? Eu: Tô até com medo de entrar aí. Minha futura esposa 🤍: eita como é frouxo! Vem logo, menino! Eu: tô indo, mulher. Apresso o passo e chego até sala 7 pelas rampas, duas professoras olharam pra mim e sorriram de uma forma estranha. Quando entrei, a primeira coisa que vejo é a Carla sentada no piso de madeira, ela está segurando um bebê enrolado numa manta azul, ao lado dela, está um carrinho também azul, ela levanta o rosto para me olhar, sorri e diz: — Oi, quer segurar? — Carla ergue o bebê para mim. — De quem ele é? — Sento ao lado dela, sorrindo,um pouco desconfiado. — Ele é o seu presente, que você precisa cu
Tomás AlonzoAcordar com Carla nos meus braços sempre vai ser a melhor sensação de todas. Ver a serenidade do seu rosto durante o sono, sua respiração regulada, o jeito como seu corpo está perfeitamente enrolado no meu, seus lábios inchados, as marcas que eu deixei em seu pescoço e clavícula, seu perfume de jasmim e especiarias. Decoro todo detalhe que é possível. Ela se encolhe quando o sol atravessa a janela e clareia seu rosto. — apaga essa luz aí! – resmungou, afundando o rosto no meu peito. — É o sol, Amor, quer que te leve pro seu quarto? – Sussurro. — Depende, você vai ficar lá comigo? — Carla faz um bico e eu mordo. — Vou, linda — eu a carrego para o quarto dela. Estamos deitados na cama dela, Carla ainda está agarrada em mim, apesar do espaço grande, ela ainda está de olhos fechados falando várias coisas sem sentido. É sempre assim quando acorda. — Quando eu disse pra você tomar uma atitude não era pra me beijar e muito pra acabarmos transando no sofá de novo, a gente