Tomás Alonzo
O trajeto para a afterparty é desconfortável. O único barulho que pode ser ouvido são as unhas de Carla batendo no teclado do celular enquanto troca mensagens com Mariana. O comportamento invasivo da imprensa a inibiu de um jeito inesperado e o fato de que quase nos beijamos mais cedo não ajuda em nada.
O desânimo me toma ao ponto de não ter pique para comemorar a vitória em duas categorias da premiação.
Adentramos o salão do hotel e o clima aqui é bem mais descontraído do que na cerimônia, todo mundo parece menos tenso.
— Ei, desculpa ter insistido pra você vir comigo hoje. Eu não fazia ideia que ia acontecer aquela situação ridícula, Carlinha! – Enrolo a ponta de seus cabelos escuros entre os dedos.
— Tudo bem, Tomás! De toda forma, não foi culpa sua, mas sabe como pode melhorar meu humor?– Ela abre um sorriso, levando a minha taça de champanhe à boca.
— como?
— Dança comigo?
Olhei para o palco e tocava Love nwantiti remix, Mariana já pulava em frente à cabine do DJ e Carla se deteve apenas para rir às minhas custas
— Prefiro ficar te observando, você sabe...
— Como quiser. – Nos levantamos e vamos em direção ao palco.
Ela sorri pra mim, j**a o cabelo para o lado. Seu quadril se move da esquerda para direita no ritmo da música repetidas vezes, as luzes tornam o momento ainda mais hipnotizante aos meus olhos.
— i am so obsessed....
Aproveito o minuto em que Carla se virou de frente pra mim um pouco longe, seguro sua mão a puxando em minha direção. O choque em nossos corpos nos deixa praticamente colados. Minha mão desliza lentamente em sua cintura enquanto ela ainda se move, as longas unhas arranham minha nuca com força.
A música avança para o refrão, ainda ritmada, a bailarina desce até o chão, voltando lentamente, rebolando, praticamente encaixada em mim. A bunda girava, descendo, subindo e o friccionar contra meu pau estava me deixando maluco. A luz colorida focada em suas costas bronzeadas levemente arqueadas.
Carla sabe o efeito que está causando em mim, consigo ouvir sua risada rouca satisfeita. Meus dedos pressionam sua cintura com força.
A batida do remix cessa e minha ex namorada volta a ficar de pé, de frente pra mim, a desgraçada ri de como estou duro como o inferno. Uma das minhas mãos ainda repousa preguiçosamente na cintura dela, enquanto a outra afasta seus cabelos da nuca para em seguida, sugar e beijar sua pele sensível e exposta.
Estávamos começando um jogo perigoso e nenhum dos dois parecia disposto à recuar.
me faz pensar numa música :
Ela sorri e o mundo se ilumina
Cada palavra dela é uma melodia divina Somos amigos, sempre fomos assim Mas agora algo mudou dentro de mimE eu me pergunto se ela sente o mesmo
Se seu coração b**e forte, sem nenhum avisoVocê mexe comigo, me faz sonhar
Será que um dia vamos nos amar? Minha melhor amiga, meu amor escondido Quero te ter sempre comigoCarla F Clarke Já passava da meia noite, meu vestido estava grudado à pele por conta do suor que escorria pelo meu pescoço e minha bebida estava começando a esquentar no copo que eu segurava apenas de enfeite. Mariana tinha sumido com outra amiga nossa e fiquei cansada de brincar de seduzir o Campos Alonzo, um beijo que seja e eu ia acabar nua na cama daquele traiçoeiro, o que não seria nada mal, se não tivesse um plano em jogo. Um bebê em jogo. Entretanto, tecnicamente para ter o bebê, independente de qual fosse a minha escolha, eu ainda precisava de um maldito homem e por mais que odeie admitir meu ex namorado parecia ser a opção mais confiável e acessível no momento. Caminho meio sem rumo pelo salão do evento sentindo a frustração preencher minha alma, percebendo que em poucos meses, 3 para ser exata o tempo para cumprir a maldita lista de desejos terá se esgotado. Quase perco um par dos sapatos, tamanha a preguiça de continuar andando. Por sorte, esbarro em Tomás de novo, está
Tomás AlonzoO carro está estacionado dentro de um fast food 24 horas. Tudo que consigo ouvir é o canto dos grilos e o ronco do motorista no banco da frente. Agitada, Carla suga o canudo do milkshake de chocolate com pedaços crocantes de amendoim, o pote de batatas fritas dividido por nós já está na medida. O vento frio entrando pela janela faz seus cabelos negros e cacheados voarem, a luz do luar realça as maçãs perfeitamente redondas de seu rosto, o sorriso que desponta em seus lábios e reflete nos olhos enquanto mastiga encarando o céu, acaba por me deixar fascinado. Meu coração parece querer saltar do peito a qualquer instante, é bobagem, mas, me sinto com 16 anos de novo.Apaixonado e depois de muito tempo em uma casca de inseguranças e pose de machão desapegado, vulnerável.Por meio segundo, apenas por meio segundo, eu repenso sobre tudo que afirmei para Josh mais cedo, não estou mais tão certo de me infiltrar nos planos e sonhos de Carla seja a melhor maneira de reconquistar se
Carla F Clarke Os primeiros três anos da minha vida eu passei no orfanato " Doce infância " todas as lembranças desse lugar são um borrão, como vim parar aqui não é, a diretora disse ao meu pai adotivo que a mulher que me deixou aqui aos 6 meses, alegou não poder desperdiçar a juventude cuidando de uma criança. Fui, surpreendentemente bem cuidada aqui, mas ainda assim, eu não falava muito e pouco interagia com as outras crianças que pareciam acanhadas de mim e eu delas. A sorte começou a sorrir pra mim, quando o senhor Ferrer Clarke passou a me visitar acompanhado de Hande, que insistiu para o pai me adotar. Aos 4 anos e meio, a adoção foi formalizada. Fui cercada de amor e psiquiatras de todos os lados, Roger me amava como se eu fosse sua filha desde que nasci e nunca fez distinção entre eu e minha irmã Hande. Nossa avó Marisa vivia a me contar histórias e mimar com todo carinho possível, ela vivia entre Salvador e RJ para ficar perto de nós. Aos 15 anos, meu pai adotivo morre
Tomás Alonzo No dia seguinte, Carla me enviou uma mensagem pedindo para buscá-la no estúdio de dança. O segundo teste ia começar, eu fui, mesmo sem saber o que ia ganhar ao fim desses testes, além da paternidade do bebê, é claro. Chegando lá, recebi outra mensagem que diz: Minha futura esposa 🤍: tô na sala 7, tenho um presente pra você, cuide com carinho, viu, Bê? Eu: Tô até com medo de entrar aí. Minha futura esposa 🤍: eita como é frouxo! Vem logo, menino! Eu: tô indo, mulher. Apresso o passo e chego até sala 7 pelas rampas, duas professoras olharam pra mim e sorriram de uma forma estranha. Quando entrei, a primeira coisa que vejo é a Carla sentada no piso de madeira, ela está segurando um bebê enrolado numa manta azul, ao lado dela, está um carrinho também azul, ela levanta o rosto para me olhar, sorri e diz: — Oi, quer segurar? — Carla ergue o bebê para mim. — De quem ele é? — Sento ao lado dela, sorrindo,um pouco desconfiado. — Ele é o seu presente, que você precisa cu
Tomás Alonzo No dia seguinte, Carla me enviou uma mensagem pedindo para buscá-la no estúdio de dança. O segundo teste ia começar, eu fui, mesmo sem saber o que ia ganhar ao fim desses testes, além da paternidade do bebê, é claro. Chegando lá, recebi outra mensagem que diz: Minha futura esposa 🤍: tô na sala 7, tenho um presente pra você, cuide com carinho, viu, Bê? Eu: Tô até com medo de entrar aí. Minha futura esposa 🤍: eita como é frouxo! Vem logo, menino! Eu: tô indo, mulher. Apresso o passo e chego até sala 7 pelas rampas, duas professoras olharam pra mim e sorriram de uma forma estranha. Quando entrei, a primeira coisa que vejo é a Carla sentada no piso de madeira, ela está segurando um bebê enrolado numa manta azul, ao lado dela, está um carrinho também azul, ela levanta o rosto para me olhar, sorri e diz: — Oi, quer segurar? — Carla ergue o bebê para mim. — De quem ele é? — Sento ao lado dela, sorrindo,um pouco desconfiado. — Ele é o seu presente, que você precisa cu
Tomás AlonzoAcordar com Carla nos meus braços sempre vai ser a melhor sensação de todas. Ver a serenidade do seu rosto durante o sono, sua respiração regulada, o jeito como seu corpo está perfeitamente enrolado no meu, seus lábios inchados, as marcas que eu deixei em seu pescoço e clavícula, seu perfume de jasmim e especiarias. Decoro todo detalhe que é possível. Ela se encolhe quando o sol atravessa a janela e clareia seu rosto. — apaga essa luz aí! – resmungou, afundando o rosto no meu peito. — É o sol, Amor, quer que te leve pro seu quarto? – Sussurro. — Depende, você vai ficar lá comigo? — Carla faz um bico e eu mordo. — Vou, linda — eu a carrego para o quarto dela. Estamos deitados na cama dela, Carla ainda está agarrada em mim, apesar do espaço grande, ela ainda está de olhos fechados falando várias coisas sem sentido. É sempre assim quando acorda. — Quando eu disse pra você tomar uma atitude não era pra me beijar e muito pra acabarmos transando no sofá de novo, a gente
— Carla, você enlouqueceu? Como assim você e seu ex-namorado vão adotar uma adolescente com um filho? E como assim você está pensando em engravidar ao mesmo tempo do processo de adoção? Você sabe que ter um filho não é como brincar de casinha, certo? E se quer minha opinião, continue cuidando da sua carreira, sua vida está ótima do jeito que está, você não precisa ter filhos agora. — Hande me olhava através da tela como se tivesse louca, depois que eu contei meus planos para depois da viagem. Não me levem a mal, eu amo a minha irmã, mas ela tem um jeito de tentar destruir qualquer expectativa ou sonho que eu crie para mim, ela sempre acha que sabe o que é melhor pra mim. — É, eu sei que parece loucura,mas sempre quis ser mãe e você sabe, fiz uma lista no ensino médio e só falta esse item, eu sinto que estou pronta, irmã. – Me esforço para falar sem chorar. — Odeio ter que te dizer isso, maninha, mas adotar uma adolescente não vai trazer nosso pai de volta, engravidar não vai fech
Tomás Alonzo Eu detestava ver Carla triste por causa das coisas insensíveis que a irmã falou e sabia que a pressa que ela estava sentindo para trazer Thalita para perto, era provar que Hande estava errada. E por falar em Thalita, a garota ficava bem mais confiante com um microfone nas mãos, ela sorria, dançava e tinha uma voz linda, capaz de alcançar notas impressionantes. Quando terminei a aula, os outros adolescentes foram levados para a van, que os levaria de volta para o abrigo, pedi que a menina esperasse. — Gostei de conhecer esse seu lado artista, Thalita, as portas da gravadora estarão sempre abertas para você, está bem? Acho que você vai curtir muito conhecer o estúdio de dança da Carla, amanhã! — Sobre isso, eu pensei em não ir, quem vai tomar conta do Alex? Eu não posso deixá-lo sozinho no abrigo! — Thalita mordeu os lábios e desviou o olhar. Ela estava tentando encontrar uma desculpa. — Eu posso ficar com ele no nosso apartamento ou no próprio abrigo, se você preferir.