Collin*Ela subiu as escadas furiosa, as mãos tremendo enquanto empurrou a porta com força. Mal teve tempo de fechá-la antes que Liam entrasse atrás dela. Ele estava respirando pesado, os cabelos bagunçados e o rosto tingido de raiva.— Você disse que não queria descer. — A voz dele saiu grave, quase um rosnado.Collin tirou os sapatos de qualquer jeito e virou-se para ele, o peito subindo e descendo em fúria contida.— Pois é, as pessoas mudam de ideia.Liam se aproximou devagar, os olhos cravados nela como garras invisíveis.— O que Valério estava te dizendo?Ela riu, mas não havia humor em seu riso.— Por que não me diz o que você estava fazendo? — cruzou os braços, o olhar pegando fogo. — Aposto que estava se divertindo com Alice.Ele franziu a testa, e um sorriso seco surgiu em seus lábios.— Alice? É isso que acha?— Eu sei que estava! — ela disparou, dando um passo à frente. — Não te vi em lugar nenhum, e agora você está bêbado. Só há uma explicação, não é?Ele riu sem humor e
Damon* Ele estava sentado sozinho no jardim do palácio, a garrafa de vinho quase vazia ao seu lado. A música continuava tocando lá dentro, lenta, melancólica. Algumas pessoas saíam em pares, escondendo-se entre as sombras das roseiras para se perderem em beijos roubados.Damon observou a água cristalina da fonte ao seu lado, os dedos deslizando distraídos sobre a borda fria de pedra. Olhou para a sacada do quarto no andar de cima. Lá dentro, Eve provavelmente dormia. Ou talvez estivesse no banho, a pele úmida e quente, envolta pelo vapor.Ele fechou os olhos e balançou a cabeça, espantando esses pensamentos.— Noite fria, não acha?A voz feminina o fez erguer os olhos.A jovem diante dele era linda, mas não de um jeito óbvio. Havia algo selvagem nela, como uma tempestade prestes a cair. Seus cabelos, castanho-escuros caíam em ondas sobre os ombros, sua pele marrom reluzia, e os olhos — grandes, intensos, quase felinos — o estudavam com um brilho de curiosidade.Seu vestido lilás roç
A manhã nasceu envolta em névoa, e Collin percebeu que haviam enchido seu guarda-roupa com roupas novas. Revirou as peças, procurando algo simples, mas, em um impulso, decidiu tentar algo diferente.Vestiu uma calça marrom justa, seguida de um corset e uma blusa azul. Olhou-se no espelho. Estava… diferente. Nunca havia usado calças antes.O som da porta do banheiro se abrindo a fez erguer os olhos.Liam saiu, os cabelos ainda úmidos, e parou no meio do quarto. Seus olhos deslizaram lentamente pelo corpo dela, escuros, intensos.Ela sustentou o olhar por um segundo antes de virar-se e afastar-se do espelho, o coração pulsando rápido demais.Ele ficou parado ali, imóvel. Então, sem dizer nada, virou-se para o guarda-roupa, pegando uma camisa.— Vou organizar os lupinos para irmos atrás de Maden. — Sua voz cortou o silêncio.Collin sentou-se na cama para calçar os sapatos.— Não acha cedo demais?Liam abotoou a camisa sem pressa.— Já estamos aqui há duas semanas. Não quero ficar mais do
Damon*Antes do sol nascer, Damon já estava de pé. Vestiu-se rapidamente, os músculos rígidos pela tensão. Eles precisavam ir até a aldeia, preparar seus lupinos e finalmente caçar Maden Star.E acabar com aquele inferno.Atrás dele, Eve sentou-se na cama, observando-o com olhos cautelosos.— Não acho que seja uma boa ideia ficar aqui. — Sua voz era baixa, mas carregada de preocupação. — Não confio nos Vênus. Nenhum deles.Damon suspirou, passando a mão pelo cabelo.— Eu também não. Mas eles têm medo de Liam. Não farão nenhuma estupidez.Eve desviou o olhar, mordendo o lábio inferior, como se quisesse dizer algo, mas hesitasse.Então, sua respiração ficou entrecortada.— O filhote… — Sussurrou. — Ele está chutando.Damon se virou num instante. O coração martelando no peito ao vê-la se erguer, segurando a barriga já arredondada.Ela pegou sua mão e a guiou suavemente até a pele esticada.— Sente isso?A resposta veio antes que ele pudesse processar. Um chute firme, forte.Os olhos de D
Collin*A dor no corpo foi a primeira coisa que sentiu.Depois, o cheiro de mofo e madeira envelhecida.Collin abriu os olhos num sobressalto.Estava em um quarto pequeno, sem janelas, deitada em uma cama dura e desconfortável. Quando tentou se mover, sentiu os pulsos presos.Amarrada.O coração disparou.Olhou ao redor, mas não viu Eve. Não havia passagens, frestas ou qualquer saída aparente.Engoliu em seco e começou a puxar as amarras, tentando se soltar.Foi quando ouviu a maçaneta girar.Seu corpo ficou tenso no mesmo instante.A porta rangeu ao se abrir, e Caius entrou.Seus olhos varreram o quarto antes de pousarem nela.Um sorriso torto surgiu em seus lábios.— Ah… Então a bela adormecida acordou. Estávamos todos ansiosos para ver você de pé.Ele caminhou lentamente até a cama. Collin se encolheu contra o colchão instintivamente.— Onde está Eve? — Sua voz saiu ríspida.Caius sentou-se na beira da cama, o sorriso ainda presente.— Segura.— Onde?Ele revirou os olhos.— Como v
Liam*A noite inteira, eles correram.A floresta era um borrão ao redor, os corpos em movimento sincronizado, farejando, caçando.O cheiro de Maden e sua alcatéia impregnava o ar como um veneno.Eles estavam perto.Liam sabia disso.Mas precisavam de uma trilha sólida. Algo concreto.Quando emergiram da mata para a clareira, Liam sentiu o estômago revirar.A aldeia…A sua aldeia.Estava destruída.O lugar que levou anos para construir, agora era um monte de escombros, o cheiro de sangue e cinzas pairando no ar.Damon parou ao seu lado.— Nada, Liam. Nenhum rastro.A mandíbula dele travou.— Continue procurando.Damon assentiu e desapareceu entre os destroços, farejando.O tempo passou lento, o silêncio da destruição pesando sobre seus ombros. Até que—— Alfa!Um dos lupinos surgiu correndo.Liam virou-se imediatamente.— O que foi?O guerreiro estendeu um pedaço de pano rasgado.Liam pegou e inalou profundamente.O cheiro.Um deles.Um dos malditos batedores de Maden.O cheiro estava
Collin*O toque da mão de Maden era firme, porém cuidadoso.Collin sentia cada batida acelerada de seu coração enquanto ele a guiava pelos corredores estreitos daquela casa modesta. O cheiro de madeira velha e ervas impregnava o ar.— Aqui é sua casa? — sua voz soou tensa.Maden a fitou de soslaio, um sorriso breve nos lábios.— Não… Apenas um refúgio. Um lugar para você se sentir confortável.Ela se enrijeceu. O toque dele ainda queimava sua pele, mas ele não a soltava.Quando Maden abriu a porta, a luz do sol a cegou momentaneamente.O que ela viu do lado de fora… não era o que esperava.Não era uma fortaleza. Nem uma cidade murada.Era um acampamento.Cabana após cabana se espalhava entre as árvores. O chão lamacento contrastava com as estruturas rústicas, algumas delas cobertas de peles secando ao sol.Havia muitas pessoas.Mais do que ela imaginava.Maden a observou atentamente.— Sei que não é o que você está acostumada.Ela nada disse.Mas sentia os olhares sobre si.Os murmúri
Collin*O silêncio era sufocante.Collin olhava da mãe para a irmã, o peito subindo e descendo em respirações trêmulas. Seu coração martelava no peito, frenético, como se tentasse fugir daquela realidade distorcida.Isso não pode estar acontecendo.Ela queria correr. Desaparecer. Mas suas pernas estavam presas ao chão.Maden a observava com algo que ousaria chamar de compaixão.— Deve ser difícil para você — murmurou ele. — Eu entendo.Os olhos de Collin brilharam de ódio.— Cale a boca. — sua voz saiu afiada como vidro quebrado. — Você não entende nada!Ela girou nos calcanhares e encarou a mãe.— Você veio com ele por vontade própria, mãe?! — sua voz falhou no final.A mulher hesitou.— Eu… eu não sabia que era ele. Os lupinos chegaram em Rovina durante a noite. Nos forçaram a vir. Mas quando vi que era ele… — a voz dela suavizou, tomada por uma nostalgia doentia. — Foi como voltar ao passado.O estômago de Collin revirou.A forma como sua mãe olhava para Maden… como uma jovem apaix