Liam*Ele não havia pregado os olhos naquela noite.Passou horas sentado na sacada, observando a escuridão, mas sua atenção estava voltada para a figura adormecida na cama.Colen.Seu peito subia e descia suavemente enquanto respirava, deitada de costas, alheia ao turbilhão que Liam sentia dentro de si.Ele queria estar ali, ao lado dela. Queria sentir seu corpo quente e macio junto ao seu. Enterrar o rosto na curva de seu pescoço, inalar seu perfume. Beijá-la, tocá-la, possuí-la.Seu maxilar travou.Ele não podia se permitir pensar naquilo.Toda vez que a beijava, que a tocava, que fazia amor com ela… as palavras de Maden voltavam para atormentá-lo. A maldita dúvida se enraizando como um veneno.E se Colen fosse filha daquele homem?Do desgraçado que destruiu sua vida?A simples possibilidade era insuportável.O sol nasceu, mas Liam já estava desperto. Vestiu-se apressadamente, tentando afastar os pensamentos. Quando saiu do banheiro, Colen já estava sentada na cama, a alça fina de s
Depois do café da manhã, Liam saiu rapidamente para a aldeia. Ele precisava ver sua alcateia e, acima de tudo, acalmar os próprios nervos.Collin pensou em acompanhá-lo, mas desistiu ao ver Valério e Edmund seguindo com ele. Aqueles dois eram estranhos, e ela não estava com paciência para lidar com isso.Decidiu procurar Eve, mas, antes que pudesse subir as escadas, uma voz melosa a chamou:— Colen.Ela se virou e encontrou Alice parada ali, com um sorriso falso no rosto.— Gostaria de dar uma volta comigo no jardim?Collin estreitou os olhos. Alice tentava parecer amigável, mas havia algo na sua postura que denunciava suas verdadeiras intenções.Mas tudo bem.Ela poderia jogar esse jogo.— Por que não? Vamos lá.Alice sorriu e a guiou para os fundos do castelo, onde um vasto jardim se abria diante delas. Flores que Collin nunca tinha visto na vida se espalhavam por toda parte, o aroma doce invadindo seus sentidos.— É lindo aqui. — Ela admitiu.— Obrigada. Minha mãe amava esse jardim
Liam*A alcateia estava à flor da pele. O peso da incerteza pairava no ar, e todos esperavam por respostas. As palavras de Liam haviam acalmado alguns, mas ele sabia que isso era temporário. Nada estava resolvido de verdade.Enquanto voltavam para o castelo, Valério caminhava ao seu lado, seguido de perto por Edmund.— Para onde pretende depois? — Valério perguntou.Liam não hesitou.— Vou matar Maden Star. Só assim posso levar minha alcateia embora.Valério soltou uma risada baixa.— Isso não vai ser fácil.— Eu sei. Por isso estou aqui.O sorriso de Valério se alargou.— Podemos ajudar. Você sabe como eu e Edmund gostamos de uma boa briga.Liam bufou.— Uma luta contra Maden não é apenas uma briga. — Seu olhar ficou sombrio. — Alguém sempre morre. E eu não quero carregar as suas mortes nas minhas costas.— Você realmente acha que somos tão fracos assim?Liam deu um sorriso afiado.— Acho.Edmund riu.— Apenas pense em nós quando for para o combate. Iríamos adorar ajudar.Liam apenas
Liam*Ele desceu as escadas sentindo a cabeça latejar. Aquela maldita briga com Colen o afetava mais do que deveria. Cada vez que discutiam, algo dentro dele parecia ruir. Ele se odiava por ser tão vulnerável quando se tratava dela. Odiava estar tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe.O salão estava tomado por uma atmosfera decadente. Poucos lupinos estavam ali, apenas aqueles mais próximos da hierarquia. Liam passou direto, ignorando tudo ao redor. Ele queria beber.Sentou-se sozinho a uma mesa, os músculos tensos, a mente inquieta. Damon apareceu pouco depois, colocando um copo de cerveja velha diante dele.— Você está péssimo, meu amigo.Liam pegou o copo e virou um gole generoso.— Eu sei.— E então... Por que diabos está aqui?Ele riu sem humor.— Porque estou cansado de brigar com ela. Parece que nunca vamos conseguir conversar. Sempre acaba em gritos... em raiva.Tomou mais um gole, a bebida queimando em sua garganta.— E você? Achei que as coisas com Eve estavam indo bem.Dam
Collin*Ela subiu as escadas furiosa, as mãos tremendo enquanto empurrou a porta com força. Mal teve tempo de fechá-la antes que Liam entrasse atrás dela. Ele estava respirando pesado, os cabelos bagunçados e o rosto tingido de raiva.— Você disse que não queria descer. — A voz dele saiu grave, quase um rosnado.Collin tirou os sapatos de qualquer jeito e virou-se para ele, o peito subindo e descendo em fúria contida.— Pois é, as pessoas mudam de ideia.Liam se aproximou devagar, os olhos cravados nela como garras invisíveis.— O que Valério estava te dizendo?Ela riu, mas não havia humor em seu riso.— Por que não me diz o que você estava fazendo? — cruzou os braços, o olhar pegando fogo. — Aposto que estava se divertindo com Alice.Ele franziu a testa, e um sorriso seco surgiu em seus lábios.— Alice? É isso que acha?— Eu sei que estava! — ela disparou, dando um passo à frente. — Não te vi em lugar nenhum, e agora você está bêbado. Só há uma explicação, não é?Ele riu sem humor e
Damon* Ele estava sentado sozinho no jardim do palácio, a garrafa de vinho quase vazia ao seu lado. A música continuava tocando lá dentro, lenta, melancólica. Algumas pessoas saíam em pares, escondendo-se entre as sombras das roseiras para se perderem em beijos roubados.Damon observou a água cristalina da fonte ao seu lado, os dedos deslizando distraídos sobre a borda fria de pedra. Olhou para a sacada do quarto no andar de cima. Lá dentro, Eve provavelmente dormia. Ou talvez estivesse no banho, a pele úmida e quente, envolta pelo vapor.Ele fechou os olhos e balançou a cabeça, espantando esses pensamentos.— Noite fria, não acha?A voz feminina o fez erguer os olhos.A jovem diante dele era linda, mas não de um jeito óbvio. Havia algo selvagem nela, como uma tempestade prestes a cair. Seus cabelos, castanho-escuros caíam em ondas sobre os ombros, sua pele marrom reluzia, e os olhos — grandes, intensos, quase felinos — o estudavam com um brilho de curiosidade.Seu vestido lilás roç
A manhã nasceu envolta em névoa, e Collin percebeu que haviam enchido seu guarda-roupa com roupas novas. Revirou as peças, procurando algo simples, mas, em um impulso, decidiu tentar algo diferente.Vestiu uma calça marrom justa, seguida de um corset e uma blusa azul. Olhou-se no espelho. Estava… diferente. Nunca havia usado calças antes.O som da porta do banheiro se abrindo a fez erguer os olhos.Liam saiu, os cabelos ainda úmidos, e parou no meio do quarto. Seus olhos deslizaram lentamente pelo corpo dela, escuros, intensos.Ela sustentou o olhar por um segundo antes de virar-se e afastar-se do espelho, o coração pulsando rápido demais.Ele ficou parado ali, imóvel. Então, sem dizer nada, virou-se para o guarda-roupa, pegando uma camisa.— Vou organizar os lupinos para irmos atrás de Maden. — Sua voz cortou o silêncio.Collin sentou-se na cama para calçar os sapatos.— Não acha cedo demais?Liam abotoou a camisa sem pressa.— Já estamos aqui há duas semanas. Não quero ficar mais do
Damon*Antes do sol nascer, Damon já estava de pé. Vestiu-se rapidamente, os músculos rígidos pela tensão. Eles precisavam ir até a aldeia, preparar seus lupinos e finalmente caçar Maden Star.E acabar com aquele inferno.Atrás dele, Eve sentou-se na cama, observando-o com olhos cautelosos.— Não acho que seja uma boa ideia ficar aqui. — Sua voz era baixa, mas carregada de preocupação. — Não confio nos Vênus. Nenhum deles.Damon suspirou, passando a mão pelo cabelo.— Eu também não. Mas eles têm medo de Liam. Não farão nenhuma estupidez.Eve desviou o olhar, mordendo o lábio inferior, como se quisesse dizer algo, mas hesitasse.Então, sua respiração ficou entrecortada.— O filhote… — Sussurrou. — Ele está chutando.Damon se virou num instante. O coração martelando no peito ao vê-la se erguer, segurando a barriga já arredondada.Ela pegou sua mão e a guiou suavemente até a pele esticada.— Sente isso?A resposta veio antes que ele pudesse processar. Um chute firme, forte.Os olhos de D