Cada fibra do corpo de Collin tremia. O ar ao seu redor parecia pesado, sufocante.Liam se voltou para ela, os olhos arregalados como se estivesse diante de um fantasma. Suas mãos tremiam ao cerrar os punhos, a tensão em seus ombros revelando a tempestade que rugia dentro dele.Atrás dele, seus lupinos começaram a se reunir, rosnando, prontos para atacar os de Maden. O confronto estava prestes a explodir.Mas nada poderia tê-lo preparado para as próximas palavras.— Que merda você está dizendo, seu maldito sádico?! — Liam cuspiu as palavras, a voz carregada de ódio.Maden abriu um sorriso grotesco, os olhos brilhando com uma diversão cruel.— Estou dizendo a verdade, meu… “amigo”. — A palavra pingava veneno. Então, ele virou o rosto para Collin, observando-a como um predador observa sua presa. — Essa aí ao seu lado… é minha filha.O mundo de Collin girou.Ela sentiu o corpo estremecer, como se cada pedaço de si estivesse se despedaçando.Liam ficou imóvel. Nenhuma palavra lhe veio.—
Collin*Eve puxou Collin para trás enquanto a batalha se desenrolava diante delas. Elas correram em direção ao templo, onde várias pessoas já estavam reunidas, os rostos tomados pelo medo.— Precisamos reunir os outros! — Collin ofegou, o peito subindo e descendo. — Se não fizermos algo, eles vão destruir Montanha de Prata!Ela espiou pela porta entreaberta. Os lupinos de Maden haviam tomado a aldeia. Era um massacre.Damon entrou de repente, ainda em sua forma humana. Seu olhar varreu o templo até encontrar Eve.— Graças aos deuses, vocês estão aqui. — Sua voz estava carregada de tensão.— Damon, vá ajudar eles! — Collin ordenou, a urgência latejando em sua voz.Mas o macho negou com a cabeça.— Liam me deu ordens. Meu dever é tirar todos daqui o mais rápido possível.Collin congelou.— O quê? Mas… e a aldeia?!Damon a encarou, o olhar sombrio.— A aldeia é apenas um amontoado de casas, Collin. O que importa são os lupinos.As palavras dele pesaram sobre ela como um soco.— Para ond
A noite inteira, eles correram.A floresta parecia infinita, as sombras se estendendo como garras em sua direção. O frio cortava a pele, o cheiro de sangue ainda impregnado no ar. Collin mal sentia as pernas quando parou, encostando-se contra uma árvore. Seu corpo queimava, os músculos gritavam em protesto.Eve se aproximou, ofegante, e sentou-se ao seu lado.— Para onde estamos indo, Eve? — Collin murmurou, a voz quase um sussurro.— Para um ponto de encontro. Liam preparou para caso as coisas dessem errado assim.Collin virou a cabeça para encará-la.— E se já tiver acabado? E se for seguro voltar? — Seu coração martelava no peito. — Precisamos saber se Liam está vivo!Eve segurou seu olhar, firme.— Se ele estiver vivo, ele vai nos encontrar no lugar marcado.A resposta fez Collin fechar os olhos. Algo dentro dela apertava, uma angústia que não cedia.Eve hesitou antes de perguntar:— Collin… aquilo que Maden disse… é verdade?Ela a encarou de relance, o peso da pergunta esmagando
Collin mal dormira.Seu coração martelava contra as costelas, e a ansiedade corroía seu peito como um veneno lento. logo ela se pôs de pé. Movendo-se entre os corpos sonolentos, seguiu até onde Liam, Damon e alguns outros lupinos conversavam em vozes baixas.— Não acho que seja uma boa ideia — Damon murmurou, a testa franzida.— Não temos muitas opções — Liam retrucou, a tensão nítida em seu tom.Collin se aproximou mais, captando cada palavra.— Poderíamos tentar outra coisa — outro lupino disse.Liam o encarou, os olhos afiados como lâminas.— Você não ouviu o que eu disse? — disse ríspido.Ela o fitou.— Sobre o que estão falando?O silêncio que se seguiu foi pesado. Então, Liam baixou a cabeça.— Planos. — A resposta seca fez a irritação de Collin borbulhar.— Que planos? — Ela cruzou os braços, desafiadora.O olhar dele subiu lentamente para encontrá-la, intenso e carregado de algo que ela não soube decifrar.— O que aconteceu com a Montanha de Prata?— Está em chamas.Collin se
Collin*O sol nascia preguiçoso no horizonte quando a caminhada recomeçou.O cansaço pesava sobre todos, os passos mais arrastados a cada quilômetro percorrido. Mas parar não era uma opção.Collin seguia mais atrás, ao lado de Eve, que fazia caretas de tempos em tempos. Ela abriu a boca para falar algo, mas Damon apareceu ao lado delas antes que conseguisse.— Quer fazer uma pausa? — Ele perguntou, os olhos afiados sobre Eve.— Não, estou bem. — Ela tentou soar firme, mas sua voz saiu fraca.Damon franziu o cenho.— Não está bem, Eve. Você está pálida, suando...— Estou suada porque estamos andando há horas! — rebateu, impaciente.— Vamos descansar ali.— Não vou fazer a alcatéia parar por minha causa.— Eve, escuta ele. — Collin interveio, preocupada.A resposta veio afiada como uma lâmina.— Você também não começa!Collin estreitou os olhos, mas antes que pudesse responder, Damon agiu.Ele a tirou do chão com um único movimento, segurando-a nos braços como se ela não pesasse nada.—
A mulher guiou todos para dentro dos imponentes muros de Alicerce Azul.Collin não conseguia esconder seu fascínio. A cidade era magnífica, muito diferente de tudo o que já havia visto. Casas bem construídas, ruas limpas, lupinos por todos os lados. A fêmea que os guiava continuava grudada no braço de Liam.— Vai me dizer por que apareceu aqui depois de tanto tempo? — A voz dela era doce, quase sedutora.Liam manteve o rosto impassível.— Melhor falarmos sobre isso a sós.Ela sorriu de canto.— Sempre misterioso… — Seus dedos deslizaram pelo antebraço dele. — Mas, claro. Primeiro, vamos acomodar seus amigos.Ela olhou para trás, avaliando o grupo com olhos calculistas.— Você trouxe muitos. Mas não se preocupe, vamos cuidar deles.Rapidamente, atravessaram os portões do castelo. O interior era ainda mais grandioso—lustres de cristal, paredes esculpidas, um enorme trono branco no fim do salão.A fêmea ergueu uma mão e ordenou:— Levem todos para a aldeia. Que fiquem bem acomodados.Os
Eve*O quarto lilás no fim do corredor era espaçoso e arejado, mas Eve mal notou os detalhes. Seu olhar estava preso a Damon. Ele passara horas transformado, estava exausto e ferido. Assim que entraram, ele se jogou pesadamente na poltrona, soltando um suspiro cansado.Ela se aproximou, segurando um copo de água.— Beba.Damon ergueu os olhos para ela e, sem hesitar, aceitou. Seu olhar escuro carregava exaustão e algo mais, algo que ela não conseguiu decifrar.— Precisamos encontrar o curandeiro. Ele pode saber o que está acontecendo com o filhote.Eve apertou os lábios.— Você precisa se preocupar com você primeiro. Passou tempo demais transformado. Isso faz mal para qualquer lupino, Damon.Ele se endireitou na cadeira, tentando minimizar sua condição.— Eu estou bem.No instante seguinte, tentou se levantar e quase caiu.Eve o segurou antes que ele tocasse o chão.— Sim, está ótimo. — Ironizou, revirando os olhos. — Agora sente-se e descanse.Damon insistiu, a voz mais firme:— Poss
Liam*Ele não havia pregado os olhos naquela noite.Passou horas sentado na sacada, observando a escuridão, mas sua atenção estava voltada para a figura adormecida na cama.Colen.Seu peito subia e descia suavemente enquanto respirava, deitada de costas, alheia ao turbilhão que Liam sentia dentro de si.Ele queria estar ali, ao lado dela. Queria sentir seu corpo quente e macio junto ao seu. Enterrar o rosto na curva de seu pescoço, inalar seu perfume. Beijá-la, tocá-la, possuí-la.Seu maxilar travou.Ele não podia se permitir pensar naquilo.Toda vez que a beijava, que a tocava, que fazia amor com ela… as palavras de Maden voltavam para atormentá-lo. A maldita dúvida se enraizando como um veneno.E se Colen fosse filha daquele homem?Do desgraçado que destruiu sua vida?A simples possibilidade era insuportável.O sol nasceu, mas Liam já estava desperto. Vestiu-se apressadamente, tentando afastar os pensamentos. Quando saiu do banheiro, Colen já estava sentada na cama, a alça fina de s