Collin*Seu coração batia descompassado, como se quisesse escapar do peito. O mundo parecia ter parado.Ela olhou para baixo, hesitante, os dedos trêmulos esticando-se até tocar o ventre ainda liso, como se aquilo fosse capaz de lhe dar uma resposta. Mas não havia dor, nem pontadas — apenas um vazio. Um silêncio absoluto.Como isso pode ser real...? — sussurrou dentro da própria mente.Ao redor, todos pareciam em transe. Damon olhava para Eve, Averina para o curandeiro, mas foi o olhar de Liam que a deixou sem ar. Ele a encarava como se visse um espectro, um sonho antigo que voltava com violência. Como se temesse se mover e tudo aquilo sumisse.— Saiam. — A voz dele cortou o ar como um trovão abafado, autoritária e grave. Era a voz de um alfa. Inquestionável.Damon e Eve se entreolharam, hesitantes, mas logo saíram. Averina também. O silêncio se intensificou.Agora restavam apenas três: ela, Liam e o velho curandeiro.Liam se aproximou devagar, como um animal selvagem farejando algo s
Collin*Quando acordou naquela manhã, um desconforto sutil se espalhava por seu ventre. Uma pontada baixa e estranha, como se algo se mexesse dentro dela — ou como se apenas desejasse se fazer notar.Ela gemeu baixinho e levou a mão até a barriga.— Você podia ser um pouco mais gentil comigo, sabia? — sussurrou com um sorriso fraco.Mas nada respondeu. Nenhum chute, nenhum sinal. Apenas o silêncio. Ainda era cedo demais.Ela se mexeu na cama improvisada, o peito apertado. Liam não havia dormido com ela. Collin ainda não tinha conseguido dizer nada, decidir nada. Sua mente era um redemoinho. E o bebê... era real. Tão real que parecia impossível.Lá fora, ao abrir a porta, deu de cara com Eve.— Eu sabia! — Eve exclamou, puxando-a para um abraço apertado.Collin sorriu, retribuindo.— Eu ainda não acredito. — confessou, a voz baixa.— É assim mesmo... Vai acreditar quando seus seios começarem a doer e sua barriga crescer como um balão. — Eve riu, e elas caminharam lado a lado.— E Liam?
Damon*Ele ninava o pequeno Eric nos braços, o bebê dormia profundamente, com os lábios entreabertos e o rosto relaxado. Damon sorriu, tocando de leve a bochecha macia da criança. Mas logo seu olhar se fixou em Averina. A fêmea seguia determinada em direção à colina. O semblante dela estava tenso, algo nela o alertava. Com cuidado, colocou Eric no berço e seguiu atrás, os passos firmes mas silenciosos.Quando a encontrou, ela estava parada na orla da floresta, os olhos varrendo cada sombra como se esperasse algo.— Você não é bom em seguir as pessoas. — murmurou com um sorriso provocante, sem nem se virar.Damon arqueou a sobrancelha e se aproximou.— Estava sendo discreto. Como me notou?— Tenho um tio que me ensinou isso. Disse que eu devia saber quando alguém me seguia.— Parece que ele era um bom professor. — Eles começaram a andar lado a lado, o clima entre eles carregado de uma estranha cumplicidade.— Sei que tudo isso é estressante pra você. — disse ele. — Você não tem obrigaç
Collin*Os dias passaram como um sopro frio, carregados de silêncio e de palavras não ditas. Liam continuava dormindo no canto da cabana, sempre perto... mas ainda assim, inalcançável. E era essa distância silenciosa que machucava mais do que qualquer ausência.Às vezes, no meio da noite, Collin despertava com o som abafado dos murmúrios dele. Liam se contorcia em pesadelos que pareciam aprisioná-lo. Ela sabia bem do que ele tentava fugir — o passado, as memórias, os toques que não eram dela. Doía vê-lo quebrado assim. Doía saber que ele não conseguia alcançá-la, mesmo estando tão perto.E, como se os fantasmas internos não bastassem, os externos rondavam também. Lupinos desgarrados apareciam cada vez mais próximos, testando os limites da aldeia. Maden estava furioso, e todos sabiam: uma guerra podia começar a qualquer instante.Mesmo com tudo isso, Collin se recusava a parar. Queria ser forte. Queria estar pronta. Treinava todos os dias com Eve, com Damon orientando seus golpes. Era
Liam*Ela estava ali.O calor que emanava de seu corpo era quase sufocante, quase cruel de tão bom. Cada centímetro que os separava queimava como uma promessa não cumprida. O perfume de sua pele misturava-se com o da madeira, do cobertor grosso... mas era ela. Era só ela.Sua respiração batia contra o rosto dela, quente, trêmula. E ela o olhava com aqueles olhos que pareciam rasgar sua alma.Mas sua mente... a mente ainda estava presa.Presa na voz de Colen."Você é meu", ela dizia. O sussurro nojento ainda vibrava em seus ouvidos. Ele fechou os olhos por um segundo, e sentiu as mãos dela outra vez. O toque forçado. A invasão. A dor.— Me dê sua mão — Collin sussurrou.A voz dela o puxou de volta. Suave. Quente. Real.Ele hesitou, mas cedeu. Seus dedos envolveram sua cintura com cuidado, como se ela fosse quebrar. Como se ele fosse quebrar.Ela guiou sua mão, lentamente, até sua barriga. Parou ali.— Eu consegui senti-lo se mexer há alguns dias... — ela sorriu, os olhos marejados.Lia
Collin*Collin estava deitada de bruços, o lençol enroscado na cintura, os cabelos bagunçados e a pele ainda sensível, como se os toques dele ainda dançassem sobre seu corpo. A sensação da noite anterior reverberava em cada músculo, em cada suspiro que escapava de seus lábios.Ela abriu os olhos lentamente... e o encontrou.Liam estava ali. Deitado de lado, completamente nu, a cabeça apoiada no braço, os olhos fixos nela como se estivesse decorando cada centímetro do seu corpo.— Isso continua estranho — murmurou com a voz rouca, um sorriso preguiçoso nos lábios.Ele arqueou um sorriso e se inclinou, beijando sua testa com delicadeza.— E eu continuo obcecado por te ver acordar.Ela soltou uma risada baixa e virou o rosto, apoiando a bochecha nos braços cruzados. Aquilo... aquilo era novo. Era bom. Assustadoramente bom.— Como você está? — perguntou ela, o olhar colado ao dele.Liam hesitou por um instante. Depois, como se decidisse se permitir sentir, ele respondeu:— Eu consegui dor
Liam*Ele ficou imóvel.Aquele nome — Colen — caiu sobre seus ouvidos como um trovão seco, devastando qualquer resquício de paz que ainda restava dentro dele. Seu corpo inteiro enrijeceu, como se cada músculo, cada veia, gritasse em agonia silenciosa. Um calor sufocante tomou seu peito, um calor que não tinha nada a ver com desejo ou afeto... era fúria. Era ódio cru.Collin se aproximou, cautelosa, como se estivesse diante de uma fera ferida prestes a explodir. Tocou seu ombro com cuidado, como se tentasse puxá-lo de volta à superfície.— Tem certeza disso, Damon? — perguntou, tentando manter a calma.— Os batedores sentiram o cheiro dela. Ela está se aproximando... mesmo com a tempestade. — A voz de Damon era firme, mas sombria.Liam sentia o mundo girar ao redor. Como se tivesse voltado para aquele inferno de floresta. Como se estivesse de novo entre os ossos, o sangue seco, os gritos em sua cabeça.— Coloquem a aldeia em alerta — disse com a voz baixa, mas carregada de aço. — Se el
Collin*Ela passou vários minutos chutando aquela porta, tentando fazê-la abrir. Mas parecia estar bem presa. Ela olhou pelos pequenos buracos na madeira, mas não viu nada. Apenas neve.— Eve? Eve, você não pode me prender aqui! É minha amiga, me solte agora. — Mas não houve resposta. Talvez Eve nem estivesse ali.Ela parou por alguns instantes, olhando ao redor. Era uma cabana pequena, velha e um pouco destruída. Tinha que haver alguma forma de sair. Olhou para as paredes, para o teto, para o chão. E nada ela viu. Estava perdendo as esperanças. Apoiou as mãos nos quadris, o coração martelando no peito.Até que viu um pequeno buraco quebrado no canto da parede, onde entrava um pouco de neve. Lentamente, ela se aproximou. Havia tábuas quebradas. Ela só precisava quebrar o resto. Logo começou a arrancar os pedaços de madeira. Sairia dali. Ia sair dali. Até que...A porta da cabana se abriu. Ela rapidamente se pôs de pé. Eve adentrou, a encarando.— Não, nem pensar. Você não vai fazer is