Collin*Collin estava deitada de bruços, o lençol enroscado na cintura, os cabelos bagunçados e a pele ainda sensível, como se os toques dele ainda dançassem sobre seu corpo. A sensação da noite anterior reverberava em cada músculo, em cada suspiro que escapava de seus lábios.Ela abriu os olhos lentamente... e o encontrou.Liam estava ali. Deitado de lado, completamente nu, a cabeça apoiada no braço, os olhos fixos nela como se estivesse decorando cada centímetro do seu corpo.— Isso continua estranho — murmurou com a voz rouca, um sorriso preguiçoso nos lábios.Ele arqueou um sorriso e se inclinou, beijando sua testa com delicadeza.— E eu continuo obcecado por te ver acordar.Ela soltou uma risada baixa e virou o rosto, apoiando a bochecha nos braços cruzados. Aquilo... aquilo era novo. Era bom. Assustadoramente bom.— Como você está? — perguntou ela, o olhar colado ao dele.Liam hesitou por um instante. Depois, como se decidisse se permitir sentir, ele respondeu:— Eu consegui dor
Liam*Ele ficou imóvel.Aquele nome — Colen — caiu sobre seus ouvidos como um trovão seco, devastando qualquer resquício de paz que ainda restava dentro dele. Seu corpo inteiro enrijeceu, como se cada músculo, cada veia, gritasse em agonia silenciosa. Um calor sufocante tomou seu peito, um calor que não tinha nada a ver com desejo ou afeto... era fúria. Era ódio cru.Collin se aproximou, cautelosa, como se estivesse diante de uma fera ferida prestes a explodir. Tocou seu ombro com cuidado, como se tentasse puxá-lo de volta à superfície.— Tem certeza disso, Damon? — perguntou, tentando manter a calma.— Os batedores sentiram o cheiro dela. Ela está se aproximando... mesmo com a tempestade. — A voz de Damon era firme, mas sombria.Liam sentia o mundo girar ao redor. Como se tivesse voltado para aquele inferno de floresta. Como se estivesse de novo entre os ossos, o sangue seco, os gritos em sua cabeça.— Coloquem a aldeia em alerta — disse com a voz baixa, mas carregada de aço. — Se el
Collin*Ela passou vários minutos chutando aquela porta, tentando fazê-la abrir. Mas parecia estar bem presa. Ela olhou pelos pequenos buracos na madeira, mas não viu nada. Apenas neve.— Eve? Eve, você não pode me prender aqui! É minha amiga, me solte agora. — Mas não houve resposta. Talvez Eve nem estivesse ali.Ela parou por alguns instantes, olhando ao redor. Era uma cabana pequena, velha e um pouco destruída. Tinha que haver alguma forma de sair. Olhou para as paredes, para o teto, para o chão. E nada ela viu. Estava perdendo as esperanças. Apoiou as mãos nos quadris, o coração martelando no peito.Até que viu um pequeno buraco quebrado no canto da parede, onde entrava um pouco de neve. Lentamente, ela se aproximou. Havia tábuas quebradas. Ela só precisava quebrar o resto. Logo começou a arrancar os pedaços de madeira. Sairia dali. Ia sair dali. Até que...A porta da cabana se abriu. Ela rapidamente se pôs de pé. Eve adentrou, a encarando.— Não, nem pensar. Você não vai fazer is
Collin*Seu corpo estremeceu ao ouvir aquilo, não... Não era possível. Aquela desgraçada estava mentindo. Ela tentou se aproximar mais, mas Eve segurou seu braço com força.— Me solta, Eve. — rosnou, com os olhos fixos em Colen.— Não, você fica aqui ao meu lado. — retrucou a amiga, firme.Collin voltou a olhar para a irmã, que encarava Liam com um sorriso cheio de dentes. Um sorriso cruel. Maldito. Ele voltou a fitá-la e, naquele instante, Collin não podia imaginar o que se passava em sua mente. O vazio no olhar dele era insuportável.— Isso é mentira. — pôde sentir a fúria de Liam transbordar na voz. Era como se a raiva tivesse ganhado forma.— Não, não é. — sussurrou Colen, com a suavidade de uma lâmina prestes a cortar.Sem demora, ela abriu o casaco de pele branco que usava. Estava nua por baixo. Collin sentiu o estômago se revirar. Quis saltar sobre ela, arrancar seus dentes um a um com as próprias mãos. Liam desviou o olhar com repulsa.— Escute o coração batendo. — disse ela,
Collin*Quando seus olhos se abriram, tudo ao redor era frio e silencioso. O chão gelado mordia sua pele, e o ar fedia — uma podridão antiga, impregnada nas paredes. Era um cheiro de morte, de abandono. Ela levou algum tempo para entender onde estava. A luz fraca de uma única tocha tremia no canto da parede, lançando sombras grotescas. A penumbra era opressora.Seu estômago revirou. Ela se pôs de joelhos, levou a mão ao ventre e o acariciou com delicadeza, tentando proteger o pequeno ser dentro de si daquele horror. Seus dedos tremiam. Lentamente se levantou, e os olhos encontraram as grades ao redor. Um calabouço. Grades e pedras frias por todos os lados. Um corredor escuro e celas que pareciam não ter fim.— Olá...? — a voz saiu trêmula, ecoando vazia.Nenhuma resposta. Mas, ao longe, ela achou ver algo. Um lance de escadas no fim do corredor. Então, um sussurro fraco atravessou o silêncio.— Collin?Ela estacou. O coração disparou.— Sim! Sou eu... Quem está aí?A luz era fraca dem
Collin*Ela engoliu em seco, o olhar cravado nos olhos escuros e frios daquele monstro. Cada palavra precisava ser medida, cada gesto podia custar a vida de Eve.— Me dê sua palavra que vai deixá-la ficar comigo e trazer o que ela precisa.Maden gargalhou com gosto, como se aquela súplica fosse uma piada de mau gosto.— Minha palavra? Ah, filha... — aproximou-se das grades com calma. — Você deveria saber melhor do que ninguém que a minha palavra... não vale merda nenhuma. — inclinou a cabeça, sorrindo como uma fera que saboreia a fraqueza da presa. — Acha mesmo que vou cair nesse papinho emocional? Estamos tão atrasados pra esse tipo de jogo.Ela se manteve firme, mesmo com o sangue latejando nas veias.— Eu não estou jogando... só quero garantias.— Eu também, querida. — respondeu, como se estivessem trocando confidências em um jantar de família.Collin olhou para Eve. Ela ainda estava caída no chão, os olhos entreabertos, respirando com dificuldade. O sangue seco em sua pele parecia
Liam*Os passos ecoavam frios pelos corredores do castelo, como se cada centímetro daquelas paredes absorvesse a dor e a maldade daquele lugar. Os lupinos de Maden os arrastavam sem nenhuma delicadeza. Liam sentia a pulsação acelerada de Collin, mesmo sem tocar nela. O cheiro dela estava carregado de adrenalina e pavor, mas ela caminhava com o queixo erguido. Sempre corajosa.Estavam prestes a serem separados nas celas quando Liam rosnou com ferocidade:— Ficaremos na mesma cela.Os lupinos riram debochadamente, mas não por muito tempo.— Acha que tem autoridade aqui, bastardo?— Se quiser, posso mostrar o que acontece quando me contradizem. — Os olhos de Liam brilhavam, um aviso silencioso, selvagem. Seus dentes quase romperam a pele dos próprios lábios.Os lupinos hesitaram por um segundo, se entreolhando. O clima ficou mais denso, até que, bufando, cederam. Liam então passou o braço com firmeza pela cintura de Collin e a conduziu para dentro da cela. Assim que a porta se fechou atr
Collin*Ela andava de um lado para o outro, com os cabelos desgrenhados, os pés descalços ecoando no chão gelado daquela cela fétida. As unhas estavam roídas até a carne viva. Seu peito arfava num ritmo acelerado, como se a qualquer momento o ar fosse desaparecer.A mente gritava perguntas. O que estavam fazendo com Liam? Ele ainda estava vivo? Maden o mataria diante de todos?— Collin... — a voz fraca e rouca de Eve rompeu o silêncio sufocante.Ela correu até as grades, tentando vê-la no fundo da cela ao lado, mas a penumbra era quase total.— Eve! Como você está? Me diz que tá viva, por favor...— Dolorida... e com febre. — tossiu, com um chiado que cortava o coração de Collin.Ela se agarrou às barras, o ferro frio machucando seus dedos, impotente. Estava longe demais. A amiga precisava de ajuda, e ela não podia fazer nada.— Eu... eu achei que tinha ouvido a voz do Liam... — mais uma tosse violenta, mais fraca do que a anterior.— Ele está aqui — sussurrou, a voz embargada. — Ele