POV DARIUS
Hoje, sem dúvidas, não está sendo um bom dia. Essa reunião e discussão com Andrew acabaram com o meu humor. Às vezes, sinto falta de quando ainda não era o alfa. Eu tinha mais liberdade de ser eu mesmo, vivia melhor o tempo presente. É melhor eu parar com esses pensamentos melancólicos. Nunca fui o tipo de lobo triste, não é agora, com quase trinta anos, que vou começar a ser. Sei que sou um bom alfa. Minha família é dona da maioria das casas, hotéis e restaurantes de luxo da cidade. É daí que tiramos a renda para manter a alcateia. Nos últimos anos, não só aumentei nosso patrimônio como também agreguei valor. A alcateia nunca esteve melhor. A única parte chata é ficar indo e voltando para a cidade, já que a alcateia fica fora dela. Infelizmente, é um negócio que preciso sempre estar de olho, afinal muitos dos que trabalham para mim não são lobisomens. Como tenho alguns compromissos na cidade, vou aproveitar e almoçar em um dos meus restaurantes. Saindo agora, provavelmente chegarei um pouco tarde, mas a comida de lá me anima. Depois de 45 minutos de viagem, chego ao meu destino. Estaciono o carro na rua, em frente ao restaurante. Ao descer do carro, sou surpreendido pela visão da mais bela das criaturas. Seus cabelos são pretos e muito longos, sua pele é pálida, tão branca quanto a neve, mas com um leve rubor nas bochechas. Seus lábios são vermelhos. Ela não é alta, mas também não é baixa. Seu corpo é magro, mas possui curvas nos lugares certos. Nem Beatriz, de Dante, nem Helena de Troia poderiam ser comparadas à sua beleza. Um sentimento familiar me preenche. Quero estar com ela. Tenho certeza de que ela é minha companheira. Cada parte do meu corpo grita e clama por ela. "Eu disse que ela apareceria," disse Andrew, alegre como nunca o senti antes. Mas, antes que eu possa responder a Andrew, o improvável acontece. Para meu infortúnio, ela tira os óculos, revelando olhos vermelhos intensos. A combinação de olhos vermelhos e cabelos pretos só pode significar uma coisa: ela é uma Moore. A raiva me preenche. Sinto meu corpo queimar e entro no carro, dirigindo de volta. Estou lutando com todas as minhas forças contra Andrew. Ele quer ir até ela, reivindicá-la. Eu o empurro para o fundo da minha mente, não posso correr o risco de me transformar na frente dos humanos. Mas algo está errado. Como isso é possível? Um lobo ter uma companheira bruxa? Isso não deveria acontecer. Nunca ouvi falar de algo assim. Com outras criaturas, é possível, mas com uma bruxa? Elas são uma espécie que sempre nos menosprezou. Se estamos de um lado, elas estão do outro. As coisas pioraram quando um lobisomem enganou uma bruxa importante. Os bruxos podem ser muito rancorosos quando se mexe com um deles, independentemente de serem ou não do mesmo clã. Chego em casa em tempo recorde, meu corpo inteiro treme. — Todos saiam, agora! — ordenei a todos os funcionários, que saíram assustados, sem questionar. Arremessei a mesa de jantar longe, apenas queria descontar minha frustração. Quebrei tudo que vi pela frente. Quando a sala de jantar parecia ter passado por uma explosão, simplesmente me deitei no chão. Como o destino pode ser cruel. Eu, que sempre sonhei e desejei com todo o meu ser encontrar minha luna, agora estou acorrentado a alguém que não hesitaria em me rejeitar. Uma lágrima quente escorreu pelo meu rosto. Senti-me abandonado pela Deusa da Lua. Ela, com certeza, errou comigo. Era melhor não ter me dado companheira alguma. "Como você ousa me silenciar? Eu também resido no mesmo corpo, tenho direitos. Onde ela está?" perguntou Andrew, voltando antes do que eu esperava. "Você sabe o que ela é. O que acha que teria acontecido se tivéssemos ido até ela? Beijos e abraços? Acorda, Andrew. É melhor ela nem saber da nossa existência. Não quero ouvir que ela nos odeia," disse com tristeza. "Você se precipita demais. Nem falou com ela e já decretou o fim. Ela nos amou uma vez, pode amar de novo," disse Andrew, como se fosse o porta-voz da razão. Esse lobo sempre acha que tem solução para tudo. "Você acha que ela é a mulher dos sonhos. Já disse que não acredito nessa história de vida passada. Se fosse real, eu me lembraria, não seria apenas um pesadelo repetitivo. E duvido muito que ela se lembre de alguma coisa, se for verdade," disse, sem esperanças. "Não me diga que está desistindo. Você não ousaria. Ela é nossa!" disse Andrew, possessivo. "Estou. Não vou atrás dela só para ser rejeitado," falei convicto, não quero ouvir da boca dela seu descontentamento em estar ligada a mim. "Você está sendo estúpido. A Deusa não comete erros. Ela nos deu a chance de amar a mesma mulher novamente. Isso é uma dádiva. Não acredito que você está sendo tão covarde por não ir atrás dela," disse Andrew, incrédulo. "Pense o que quiser," respondi, irritado. "Você já a viu, sabe que ela existe. O laço de companheiro já foi ativado. Cada momento longe dela será uma tortura até que a marque. Antes, foi possível viver sem ela, pois era só uma possibilidade. Mas agora que é real, acha mesmo que vai conseguir viver normalmente?" "Apenas fique quieto, Andrew." Falei, não querendo mais discutir. "Vou deixá-lo quieto, mas não se engane. Só estou sendo bonzinho agora porque o laço que nos une a ela irá torturá-lo por conta própria," disse Andrew com uma risada sombria ao final. Sei que ele tem razão. Não consigo parar de pensar nela. A cada segundo, o desejo cresce. Nunca quis tanto alguém assim. Está escuro lá fora. Decido me levantar e ir para a cidade novamente. Preciso beber, tentar de alguma forma tirar seu lindo rosto dos meus pensamentos, antes que eu fique completamente maluco.POV EILEEN Começo a me arrumar. Visto um vestido de couro bem justo e curto, uma jaqueta de couro e saltos Mary Jane. Hoje, não quero muita maquiagem, passo apenas um batom vermelho. Essa balada deve ser a única exclusiva para seres sobrenaturais na cidade. Imagino que estará bem cheia. Como meu cabelo é muito comprido, é melhor prendê-lo em um rabo de cavalo. Não quero que fique enroscando em nada. Pego um táxi. O local fica no centro da cidade, não muito longe do hotel. Como imaginei, está lotado. Se os humanos soubessem a quantidade de sobrenaturais que vivem entre eles, ficariam em choque. Entro na área VIP e vou direto ao bar. — O que posso servir para você esta noite? — disse o barman, dando uma piscadinha no final. — Um uísque puro, por favor — respondi com um sorriso, preciso de uma bebida forte para essa noite. Hoje, nada de Eileen estressada e mal-humorada. Onde quer que aquela demônia esteja, ela não vai mais tirar minha paz. Até porque o grimório será meu. Ela não s
POV DARIUS Cheguei na boate “Outra dimensão”. Esse lugar foi minha ideia de construir, é exclusiva para sobrenaturais. Aqui todos podem apenas serem quem são, sem ter que ficar pisando em cascas de ovos, devido aos humanos. No entanto, não é nada fácil manter a segurança desse lugar, de vez em quando aparece um humano enxerido tentando entrar, nunca tiveram êxito. É arriscado, mas muito lucrativo.Esse é o lugar perfeito para tentar tirá-la da minha mente. A agonia de saber que você têm uma companheira e não estar com ela é absurda. Preciso beber até não sentir mais nada ou ficar inconsciente, tanto faz, desde que eu não termine ficando louco e indo atrás dela.Vou até o bar. O barman, antes mesmo de dizer uma palavra, já me entrega minha bebida favorita: English Cider.Essa que temos na boate, além de ser de ótima qualidade, tem o teor alcoólico bem alto. Nunca me canso dessa bebida mas hoje vou precisar de mais do que ela para me derrubar.— Boa noite Alfa Dar
POV EILEEN Me senti hipnotizada pelo seus olhos dourados, era como se, naquele momento, não existisse mais nada ou ninguém. Seu toque, embora fosse dominante, também era caloroso. Esse mix de emoções estavam fazendo minhas pernas fraquejarem. Nunca me senti tão impotente, porém, de alguma forma, estou gostando, o que me deixa ainda mais confusa. Porque eu que gosto de tudo à sua maneira, estou me deixando levar por esse homem misterioso?.Ele me tira de meus pensamentos conforme chega mais perto. Quase perto o suficiente para seus lábios encostarem nos meus, mas antes que eu caísse nos encantos do belo homem misterioso à minha frente, concentro-me em sentir sua energia. Quero saber que ser ele é.Meu corpo estremece de raiva, me tirarando do transe. Ele é um lobo, um maldit* lobo! Como ele ousa colocar suas patas em mim? E, pior de tudo, como eu me deixei levar por essa situação? Algo está errado, tem que estar. Talvez eu tenha bebido demais e não esteja pensando com clareza.— Tire
POV DARIUSEla foi embora zangada, me deixando completamente sozinho na boate. Mesmo ela tendo motivos, não consigo parar de me sentir péssimo. Como eu queria que as coisas fossem mais simples... se ela fosse uma loba, a essa altura já estarimos marcados e acasalados. Levanto-me do sofá para ir embora. Ficar sentado com essa autopiedade não fará as coisas se resolverem. Pego as chaves da boate, deixadas em cima do balcão do bar, como havia pedido para o chefe de seguranças deixar, depois de expulsar todos da boate. Fecho o estabelecimento e vou em direção a minha moto. Antes de ir para casa, passo na residência do gerente da boate, Dean, para entregar as chaves. Dean me comprimenta formalmente, me olhando com curiosidade, sei exatamente o que ele está pensando em perguntar entretanto ele tem mais amor a vida do que curiosidade; não ousaria me perguntar porque mandei expulsar todo mundo ou porque estava tão perto da bruxa. Esse é um dos motivos de ter o colocado c
POV DARIUSOs raios de luz invadem a janela e, como de costume, as cortinas abertas me forçam a levantar. Tomo banho rapidamente, visto uma calça jeans preta, uma camiseta branca e um par de tênis preto, simples e funcional.Hoje vai ser o puro caos. Minhas ações terão muitas consequências. Quanto mais eu penso, mais minha cabeça dói.Desço as escadas em direção à sala de jantar. A mesa já está servida com tudo o que gosto: chá preto, torradas com ovos mexidos, Bife Wellington, linguiças e bacon.Infelizmente, hoje não é um dia em que posso me dar ao luxo de sentar à mesa e aproveitar a deliciosa comida feita por Grace. Como com pressa, apenas o bife e uma pequena xícara de chá.— Bom dia, alfa — disse Grace, observando o fato de eu não ter tocado no restante da comida. — Não acredito que vai comer pouco novamente — falou com indignação, cruzando os braços.— Não posso, Grace. Tenho muitas coisas para resolver e pouco tempo — disse, limpando minha boca com o
POV EILEEN Todas as vezes que fechava os olhos para dormir, seu rosto surgia em minha mente, seus olhos dourados me encarando com fome, um desejo sem fim... minha pele se arrepia. Sua presença, ainda que imaginária, me tortura. Eu me reviro de um lado para o outro na cama, meu coração acelerando. Não estava sonhando nem completamente acordada, mas a sensação estava me levando aos delírios.Um estrondo de trovão me assustou. Sentei-me sobressaltada na cama, esfregando os olhos com força, sem acreditar no que estava fazendo, me fantasiando com um lobo!. Como eu que sou a sucessora do clã Lua Sangrenta, que sempre fui criada para ser imbatível, agora estava me sentindo vulnerável aos encantos de uma fera. Como alguém que sempre foi ensinada a odiar lobos pode se deixar afetar por um deles? A dúvida corroía minha alma. E se os anciões que me criaram e treinaram descobrirem? Não acredito que vão me tirar de minha posição mas posso ser severamente punida, fora a vergonha de ter minha re
POV DARIUS Estou em uma caverna. Embora deitado sobre um cobertor, coloco minha mão para senti-lo; por sua maciez, imagino que seja feito de pele de animal, talvez de raposa. Uma fogueira está acesa, e suas chamas dançam na noite enquanto uma mulher dorme tranquilamente, de bruços, sobre meu corpo. Seus longos cabelos estão esparramados no meu peito nu. Delicadamente, tiro os fios pretos que atrapalham a visão de seu rosto, revelando uma aparência angelical. Ela respira suavemente, como se estivesse em um sono profundo e tranquilo. Sinto inveja dos grandes pintores; gostaria de ter um pouco de sua maestria para capturar cada minúsculo detalhe de sua perfeição. Sua expressão é serena, tão doce, que não me contenho e faço um leve carinho em sua bochecha.— Dormi demais? — pergunta ela, despertando com o meu toque. — Apenas alguns minutos, talvez meia hora. Pode dormir mais, querida, a menos que queira outra rodada — digo, apertando sua cintura e rindo no final. As palavras que saem par
POV DARIUS Chego ao meu destino, o Hotel Paraíso. Conforme avanço em direção ao elevador, minhas mãos começam a suar frio, minha respiração se torna pesada, meus lábios secam enquanto minha língua fica dormente. Tentei não ficar ansioso para vê-la, mas meu corpo insiste em ser teimoso, tomando as rédeas das minhas emoções.Os minutos no elevador parecem uma eternidade; eu deveria ter subido pelas escadas. A essa altura, já estaria no quarto dela.Quando minha impaciência parece estar no limite, a porta se abre. Dou passos largos até parar diante de sua porta. Levanto a mão para bater, mas os “e se” me fazem hesitar: “E se o plano der errado?” “E se ela fugir?” "e se ela me odiar ainda mais".Andrew murmura na minha mente, perguntando onde está minha coragem de minutos atrás, me encorajando a ir a diante. Sua provocação, embora debochada, me tranquiliza, dissipando a rigidez e o receio. Ele tem razão, estou sendo bobo. Um alfa com medo de rejeição? Sorrio. Quem ouvir essa história vai