Capítulo 4

POV DARIUS

Hoje, sem dúvidas, não está sendo um bom dia. Essa reunião e discussão com Andrew acabaram com o meu humor.

Às vezes, sinto falta de quando ainda não era o alfa. Eu tinha mais liberdade de ser eu mesmo, vivia melhor o tempo presente.

É melhor eu parar com esses pensamentos melancólicos. Nunca fui o tipo de lobo triste, não é agora, com quase trinta anos, que vou começar a ser.

Sei que sou um bom alfa. Minha família é dona da maioria das casas, hotéis e restaurantes de luxo da cidade. É daí que tiramos a renda para manter a alcateia.

Nos últimos anos, não só aumentei nosso patrimônio como também agreguei valor. A alcateia nunca esteve melhor.

A única parte chata é ficar indo e voltando para a cidade, já que a alcateia fica fora dela. Infelizmente, é um negócio que preciso sempre estar de olho, afinal muitos dos que trabalham para mim não são lobisomens.

Como tenho alguns compromissos na cidade, vou aproveitar e almoçar em um dos meus restaurantes. Saindo agora, provavelmente chegarei um pouco tarde, mas a comida de lá me anima.

Depois de 45 minutos de viagem, chego ao meu destino. Estaciono o carro na rua, em frente ao restaurante.

Ao descer do carro, sou surpreendido pela visão da mais bela das criaturas. Seus cabelos são pretos e muito longos, sua pele é pálida, tão branca quanto a neve, mas com um leve rubor nas bochechas. Seus lábios são vermelhos. Ela não é alta, mas também não é baixa. Seu corpo é magro, mas possui curvas nos lugares certos.

Nem Beatriz, de Dante, nem Helena de Troia poderiam ser comparadas à sua beleza.

Um sentimento familiar me preenche. Quero estar com ela. Tenho certeza de que ela é minha companheira. Cada parte do meu corpo grita e clama por ela.

"Eu disse que ela apareceria," disse Andrew, alegre como nunca o senti antes.

Mas, antes que eu possa responder a Andrew, o improvável acontece. Para meu infortúnio, ela tira os óculos, revelando olhos vermelhos intensos. A combinação de olhos vermelhos e cabelos pretos só pode significar uma coisa: ela é uma Moore.

A raiva me preenche. Sinto meu corpo queimar e entro no carro, dirigindo de volta.

Estou lutando com todas as minhas forças contra Andrew. Ele quer ir até ela, reivindicá-la. Eu o empurro para o fundo da minha mente, não posso correr o risco de me transformar na frente dos humanos.

Mas algo está errado. Como isso é possível? Um lobo ter uma companheira bruxa? Isso não deveria acontecer. Nunca ouvi falar de algo assim. Com outras criaturas, é possível, mas com uma bruxa?

Elas são uma espécie que sempre nos menosprezou. Se estamos de um lado, elas estão do outro.

As coisas pioraram quando um lobisomem enganou uma bruxa importante. Os bruxos podem ser muito rancorosos quando se mexe com um deles, independentemente de serem ou não do mesmo clã.

Chego em casa em tempo recorde, meu corpo inteiro treme.

— Todos saiam, agora! — ordenei a todos os funcionários, que saíram assustados, sem questionar.

Arremessei a mesa de jantar longe, apenas queria descontar minha frustração. Quebrei tudo que vi pela frente. Quando a sala de jantar parecia ter passado por uma explosão, simplesmente me deitei no chão.

Como o destino pode ser cruel. Eu, que sempre sonhei e desejei com todo o meu ser encontrar minha luna, agora estou acorrentado a alguém que não hesitaria em me rejeitar.

Uma lágrima quente escorreu pelo meu rosto. Senti-me abandonado pela Deusa da Lua. Ela, com certeza, errou comigo. Era melhor não ter me dado companheira alguma.

"Como você ousa me silenciar? Eu também resido no mesmo corpo, tenho direitos. Onde ela está?" perguntou Andrew, voltando antes do que eu esperava.

"Você sabe o que ela é. O que acha que teria acontecido se tivéssemos ido até ela? Beijos e abraços? Acorda, Andrew. É melhor ela nem saber da nossa existência. Não quero ouvir que ela nos odeia," disse com tristeza.

"Você se precipita demais. Nem falou com ela e já decretou o fim. Ela nos amou uma vez, pode amar de novo," disse Andrew, como se fosse o porta-voz da razão. Esse lobo sempre acha que tem solução para tudo.

"Você acha que ela é a mulher dos sonhos. Já disse que não acredito nessa história de vida passada. Se fosse real, eu me lembraria, não seria apenas um pesadelo repetitivo. E duvido muito que ela se lembre de alguma coisa, se for verdade," disse, sem esperanças.

"Não me diga que está desistindo. Você não ousaria. Ela é nossa!" disse Andrew, possessivo.

"Estou. Não vou atrás dela só para ser rejeitado," falei convicto, não quero ouvir da boca dela seu descontentamento em estar ligada a mim.

"Você está sendo estúpido. A Deusa não comete erros. Ela nos deu a chance de amar a mesma mulher novamente. Isso é uma dádiva. Não acredito que você está sendo tão covarde por não ir atrás dela," disse Andrew, incrédulo.

"Pense o que quiser," respondi, irritado.

"Você já a viu, sabe que ela existe. O laço de companheiro já foi ativado. Cada momento longe dela será uma tortura até que a marque. Antes, foi possível viver sem ela, pois era só uma possibilidade. Mas agora que é real, acha mesmo que vai conseguir viver normalmente?"

"Apenas fique quieto, Andrew." Falei, não querendo mais discutir.

"Vou deixá-lo quieto, mas não se engane. Só estou sendo bonzinho agora porque o laço que nos une a ela irá torturá-lo por conta própria," disse Andrew com uma risada sombria ao final.

Sei que ele tem razão. Não consigo parar de pensar nela. A cada segundo, o desejo cresce. Nunca quis tanto alguém assim.

Está escuro lá fora. Decido me levantar e ir para a cidade novamente. Preciso beber, tentar de alguma forma tirar seu lindo rosto dos meus pensamentos, antes que eu fique completamente maluco.

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