POV EILEEN
Começo a me arrumar. Visto um vestido de couro bem justo e curto, uma jaqueta de couro e saltos Mary Jane. Hoje, não quero muita maquiagem, passo apenas um batom vermelho. Essa balada deve ser a única exclusiva para seres sobrenaturais na cidade. Imagino que estará bem cheia. Como meu cabelo é muito comprido, é melhor prendê-lo em um rabo de cavalo. Não quero que fique enroscando em nada. Pego um táxi. O local fica no centro da cidade, não muito longe do hotel. Como imaginei, está lotado. Se os humanos soubessem a quantidade de sobrenaturais que vivem entre eles, ficariam em choque. Entro na área VIP e vou direto ao bar. — O que posso servir para você esta noite? — disse o barman, dando uma piscadinha no final. — Um uísque puro, por favor — respondi com um sorriso, preciso de uma bebida forte para essa noite. Hoje, nada de Eileen estressada e mal-humorada. Onde quer que aquela demônia esteja, ela não vai mais tirar minha paz. Até porque o grimório será meu. Ela não seria maluca de vendê-lo para outra pessoa; isso colocaria tanto sua reputação quanto sua vida em risco. Observo o lugar enquanto bebo meu uísque. Tem muitos homens bonitos aqui. Quem sabe eu vá além de beijos esta noite? Este ano provavelmente será minha única oportunidade de transar sem compromisso. Não é como se eu não quisesse fazer sexo antes, mas todos os homens sobrenaturais da minha cidade tinham receio de ir além por causa de quem eu sou, e os humanos simplesmente não fazem o meu tipo. Passei a me sentir um pouco insegura por causa disso, mas aqui será diferente. Aqui, os Moore não mandam, então não preciso me preocupar com ninguém com medo de me tocar. Pensando nisso, se aqui tem esse tipo de boate, alguém deve ter esta cidade como domínio. Estava tão curiosa com o que Olga tinha para mim que nem pesquisei sobre isso. Pode ser um problema. Não sou uma bruxa qualquer. Nunca ouvi falar de alguém ter desentendimento com o nosso clã nesse país, mas nunca se sabe. Não acredito que fui tão estúpida a ponto de cometer esse erro, mas agora já é tarde. Vou aproveitar cada minuto aqui, já que não tenho escolha. — Posso te pagar uma bebida? — um homem alto, de cabelos pretos e olhos verdes, se aproxima de forma sedutora. — Claro, vampiro — respondi com um sorriso malicioso. — Duas bebidas do que ela está bebendo, por favor — disse ele ao barman, sentando no banquinho ao meu lado. — Você é uma Moore, não é? — perguntou o belo vampiro. — Sou, sim. O cabelo e os olhos me entregam, não é? Me chamo Eileen. E você? — Pompeu Magno. — Não pode ser. — respondi rindo. — Não ria. Sou mais velho do que pareço e meu pai era um grande fã dos generais romanos — disse ele, envergonhado. A conversa com Pompeu era interessante. Ele não era mais um daqueles babacas que soltam uma cantada horrível e tentam te beijar em seguida. Decido perguntar a ele sobre a cidade. — Tem muitos seres sobrenaturais por aqui. Essa boate foi muito bem pensada. Quem está no comando? — perguntei, curiosa. — Darius Vallance, um lobisomem. Você veio sem saber? Desculpe, não quero ser intrometido, mas você é alguém importante. Ele pode achar que você está tramando algo no território dele — disse Pompeu, com um pouco de preocupação. — Eu sei, não pensei muito antes de vir. Mas sério, justo um lobisomem? Não poderia ser uma criatura melhor? — falei com desdém. — Mas você é um vampiro, não deveria estar longe daqui? — A regra aqui é clara: jure obediência ao alfa Darius e você pode ficar. Seja desleal e pagará as consequências. Eu queria um lar, e aqui é um bom lugar, mesmo que a alcateia fique fora da cidade. Ele colocou alguns dos homens dele aqui, e a tecnologia à qual ele tem acesso é muito boa. Pela minha experiência, esta é a melhor cidade para se viver — disse Pompeu, com uma expressão que mostrava descontentamento com a parte da obediência. É comum que algumas cidades tenham um ser sobrenatural poderoso cuidando dos outros seres que se mudam para lá. Claro que isso não é de graça; sempre há um preço a ser pago, seja aumentar a influência do protetor ou dever-lhe favores. Para um vampiro receber a proteção de um alfa, não pode ser qualquer um. Nós, os Moore, além de proteger nosso próprio clã, permitimos que outras espécies vivam sob nossa proteção. No entanto, estou surpresa que um lobo tenha realizado algo tão grandioso. É difícil de acreditar. Desde que me entendo por gente, ouço dizer que lobisomens são seres inferiores. Nunca convivi com um, mas todas as bruxas dizem a mesma coisa. — Não quero continuar te entediando com esse assunto. Que tal dançarmos um pouco? — disse Pompeu, levantando-se e estendendo a mão. Esse vampiro sabe ser atraente. — Achei que nunca fosse chamar — respondi, sorrindo. A música que estava tocando era sensual, do tipo que se dança bem perto do parceiro. Estou um pouco nervosa, faz tempo que não flerto, e dançar então... Pompeu percebe meu nervosismo e me leva para uma parte da balada com menos pessoas. Ele começa a me guiar como ninguém, e aos poucos eu me solto. Quando percebo, já estou completamente entregue. A bebida, sem dúvidas, também ajudou. Começo a seduzi-lo. Quero ele essa noite. Chega de nunca poder ir além. Quando estou prestes a beijar Pompeu, alguém o empurra para longe. — Sai de perto dela, agora! — disse uma voz rouca e muito bonita. O homem que o empurrou parecia um deus de tão belo: cabelos loiros que iam até a cintura, olhos dourados, barbudo, com um corpo tatuado, ele é muito alto e forte. Eu não deveria estar distraída com um estranho, deveria estar preocupada com Pompeu. Mas antes que eu pudesse ver como ele estava, o dono da voz, com muita rapidez e agilidade, me prende contra a parede. — Não vai a lugar nenhum, muito menos atrás de outro homem. Você é minha — disse ele, autoritário, olhando diretamente nos meus olhos.POV DARIUS Cheguei na boate “Outra dimensão”. Esse lugar foi minha ideia de construir, é exclusiva para sobrenaturais. Aqui todos podem apenas serem quem são, sem ter que ficar pisando em cascas de ovos, devido aos humanos. No entanto, não é nada fácil manter a segurança desse lugar, de vez em quando aparece um humano enxerido tentando entrar, nunca tiveram êxito. É arriscado, mas muito lucrativo.Esse é o lugar perfeito para tentar tirá-la da minha mente. A agonia de saber que você têm uma companheira e não estar com ela é absurda. Preciso beber até não sentir mais nada ou ficar inconsciente, tanto faz, desde que eu não termine ficando louco e indo atrás dela.Vou até o bar. O barman, antes mesmo de dizer uma palavra, já me entrega minha bebida favorita: English Cider.Essa que temos na boate, além de ser de ótima qualidade, tem o teor alcoólico bem alto. Nunca me canso dessa bebida mas hoje vou precisar de mais do que ela para me derrubar.— Boa noite Alfa Dar
POV EILEEN Me senti hipnotizada pelo seus olhos dourados, era como se, naquele momento, não existisse mais nada ou ninguém. Seu toque, embora fosse dominante, também era caloroso. Esse mix de emoções estavam fazendo minhas pernas fraquejarem. Nunca me senti tão impotente, porém, de alguma forma, estou gostando, o que me deixa ainda mais confusa. Porque eu que gosto de tudo à sua maneira, estou me deixando levar por esse homem misterioso?.Ele me tira de meus pensamentos conforme chega mais perto. Quase perto o suficiente para seus lábios encostarem nos meus, mas antes que eu caísse nos encantos do belo homem misterioso à minha frente, concentro-me em sentir sua energia. Quero saber que ser ele é.Meu corpo estremece de raiva, me tirarando do transe. Ele é um lobo, um maldit* lobo! Como ele ousa colocar suas patas em mim? E, pior de tudo, como eu me deixei levar por essa situação? Algo está errado, tem que estar. Talvez eu tenha bebido demais e não esteja pensando com clareza.— Tire
POV DARIUSEla foi embora zangada, me deixando completamente sozinho na boate. Mesmo ela tendo motivos, não consigo parar de me sentir péssimo. Como eu queria que as coisas fossem mais simples... se ela fosse uma loba, a essa altura já estarimos marcados e acasalados. Levanto-me do sofá para ir embora. Ficar sentado com essa autopiedade não fará as coisas se resolverem. Pego as chaves da boate, deixadas em cima do balcão do bar, como havia pedido para o chefe de seguranças deixar, depois de expulsar todos da boate. Fecho o estabelecimento e vou em direção a minha moto. Antes de ir para casa, passo na residência do gerente da boate, Dean, para entregar as chaves. Dean me comprimenta formalmente, me olhando com curiosidade, sei exatamente o que ele está pensando em perguntar entretanto ele tem mais amor a vida do que curiosidade; não ousaria me perguntar porque mandei expulsar todo mundo ou porque estava tão perto da bruxa. Esse é um dos motivos de ter o colocado c
POV DARIUSOs raios de luz invadem a janela e, como de costume, as cortinas abertas me forçam a levantar. Tomo banho rapidamente, visto uma calça jeans preta, uma camiseta branca e um par de tênis preto, simples e funcional.Hoje vai ser o puro caos. Minhas ações terão muitas consequências. Quanto mais eu penso, mais minha cabeça dói.Desço as escadas em direção à sala de jantar. A mesa já está servida com tudo o que gosto: chá preto, torradas com ovos mexidos, Bife Wellington, linguiças e bacon.Infelizmente, hoje não é um dia em que posso me dar ao luxo de sentar à mesa e aproveitar a deliciosa comida feita por Grace. Como com pressa, apenas o bife e uma pequena xícara de chá.— Bom dia, alfa — disse Grace, observando o fato de eu não ter tocado no restante da comida. — Não acredito que vai comer pouco novamente — falou com indignação, cruzando os braços.— Não posso, Grace. Tenho muitas coisas para resolver e pouco tempo — disse, limpando minha boca com o
POV EILEEN Todas as vezes que fechava os olhos para dormir, seu rosto surgia em minha mente, seus olhos dourados me encarando com fome, um desejo sem fim... minha pele se arrepia. Sua presença, ainda que imaginária, me tortura. Eu me reviro de um lado para o outro na cama, meu coração acelerando. Não estava sonhando nem completamente acordada, mas a sensação estava me levando aos delírios.Um estrondo de trovão me assustou. Sentei-me sobressaltada na cama, esfregando os olhos com força, sem acreditar no que estava fazendo, me fantasiando com um lobo!. Como eu que sou a sucessora do clã Lua Sangrenta, que sempre fui criada para ser imbatível, agora estava me sentindo vulnerável aos encantos de uma fera. Como alguém que sempre foi ensinada a odiar lobos pode se deixar afetar por um deles? A dúvida corroía minha alma. E se os anciões que me criaram e treinaram descobrirem? Não acredito que vão me tirar de minha posição mas posso ser severamente punida, fora a vergonha de ter minha re
POV DARIUS Estou em uma caverna. Embora deitado sobre um cobertor, coloco minha mão para senti-lo; por sua maciez, imagino que seja feito de pele de animal, talvez de raposa. Uma fogueira está acesa, e suas chamas dançam na noite enquanto uma mulher dorme tranquilamente, de bruços, sobre meu corpo. Seus longos cabelos estão esparramados no meu peito nu. Delicadamente, tiro os fios pretos que atrapalham a visão de seu rosto, revelando uma aparência angelical. Ela respira suavemente, como se estivesse em um sono profundo e tranquilo. Sinto inveja dos grandes pintores; gostaria de ter um pouco de sua maestria para capturar cada minúsculo detalhe de sua perfeição. Sua expressão é serena, tão doce, que não me contenho e faço um leve carinho em sua bochecha.— Dormi demais? — pergunta ela, despertando com o meu toque. — Apenas alguns minutos, talvez meia hora. Pode dormir mais, querida, a menos que queira outra rodada — digo, apertando sua cintura e rindo no final. As palavras que saem par
POV DARIUS Chego ao meu destino, o Hotel Paraíso. Conforme avanço em direção ao elevador, minhas mãos começam a suar frio, minha respiração se torna pesada, meus lábios secam enquanto minha língua fica dormente. Tentei não ficar ansioso para vê-la, mas meu corpo insiste em ser teimoso, tomando as rédeas das minhas emoções.Os minutos no elevador parecem uma eternidade; eu deveria ter subido pelas escadas. A essa altura, já estaria no quarto dela.Quando minha impaciência parece estar no limite, a porta se abre. Dou passos largos até parar diante de sua porta. Levanto a mão para bater, mas os “e se” me fazem hesitar: “E se o plano der errado?” “E se ela fugir?” "e se ela me odiar ainda mais".Andrew murmura na minha mente, perguntando onde está minha coragem de minutos atrás, me encorajando a ir a diante. Sua provocação, embora debochada, me tranquiliza, dissipando a rigidez e o receio. Ele tem razão, estou sendo bobo. Um alfa com medo de rejeição? Sorrio. Quem ouvir essa história vai
POV EILEEN Sua visita inesperada fez meu corpo todo tremer de raiva. Só de lembrar dele saindo e deixando a porta aberta, como se fosse o maldito rei dessa cidade e eu tivesse apenas, que me submeter a seus caprichos, me faz explodir de vez. Minhas narinas estão dilatadas, sinto o meu coração na boca, um amargor sobe por minha garganta. Na tentativa de aliviar minha fúria, uso um feitiço de explosão, e todos os vasos ou ítens de vidro, despedaçam de uma vez.Fecho os olhos, apreciando o som deles se partindo em micro pedaços. Mesmo por um breve momento, isso me ajuda a me acalmar. Faz com que eu me sinta no controle.Como eu gostaria de poder usar minha magia nele. Ah, se eu pudesse fazer....Sem aviso, sua imagem dominadora, acompanhado de uma voz rouca, toma conta de meus pensamentos. Seu corpo forte e quente se aproxima cada vez mais, como alguém que não pede, mas exige para si o que quer. Minha calcinha se umidece...Bato nas minhas bochechas com força. Maldito corpo traidor, fa