Coloco o celular para carregar e somente agora vejo as inúmeras ligações perdidas de Ethan. Acabo fazendo uma careta ao saber que ele ainda tem esperanças em termos algo, mas minha aversão a ele vem desde o passado, não é culpa minha e nem dele, afinal, ele apenas seguia o que o pai mandava, ainda assim, não me esqueço do quanto ele e seus irmãos importunaram tanto a mim quanto Megan.
Para ser sincera Samuel odeia Ethan com todas as suas forças e nem mesmo posso culpá-lo. Na verdade eu queria entender como Megan perdoou os primos com tanta facilidade? Eu não sou o tipo de pessoa que esquece tão facilmente do passado e libera o perdão se esquecendo de todo o mal que nos causaram é quase impossível.
Na verdade, o problema em si nem é Ethan, e sim o fato de que não confio em nenhum dos irmãos Avallon. Eles podem ter mudado como Megan afirma, mas prefiro manter distância por pura precaução.
Ignoro as ligações e mensagens de Ethan que me chama para almoçar em um dia qualquer e acabo pegando no sono.
***
Em meio a pensamentos tão complexos me pego mais uma vez sonhando com Túlio.
Acordo assustada com o toque do celular e o barulho alto me traz de volta a realidade, soando frio e com o coração acelerado estico o braço desconectando o carregador do celular atendendo a ligação sem ao menos ver quem era.
— Alô! — Atendo irritada.
— Já vai começar a brigar comigo por causa de uma simples ligação? — Airon ri do outro lado da linha.
— Airon? Você me ligando... — Retiro o celular da orelha apenas para checar as horas. — Às sete da madrugada? Aconteceu algo com Megan e os bebês? —Me levanto preocupada. — Eles estão nascendo? — grito, não deixando-o responder minhas perguntas. — Ai meus Deus, meus sobrinhos estão nascendo. — Entro em desespero.
— Calma Katy os bebês ainda não estão nascendo de acordo com o médico eles virão mês que vem. Liguei apenas para saber se tem notícias de Samuel. Ele não veio para empresa hoje e temos uma reunião importante, mas ele está evitando minhas ligações. — Sua voz soa preocupada e ao mesmo tempo irritada.
— Ele não está aqui — afirmo preocupada.
— Eu sei que ele odeia quando o forço a participar das reuniões como um sócio, mas ele nunca falta sem avisar então achei estranho. — Airon bufa irritado. — Ele é um irresponsável mesmo.
— A culpa é sua, você sabe que ele odeia dirigir a empresa e você o obriga, mas vou tentar falar com ele — falo para tentar acalmá-lo, pois sei que Airon está preocupado com o amigo, se não nem teria se dado ao trabalho de me ligar.
— Preciso desligar estão me esperando para começar a reunião.
Me despeço e desligo logo em seguida.
Será que aconteceu alguma? Samuel odeia dirigir as empresas Cross Road, mas não é irresponsável o suficiente para deixar Airon na mão dessa maneira.
Samuel não gosta muito de falar sobre a aversão em ser um dos sócios de Airon. Na verdade, o problema não está no amigo e sim nele que sempre preferiu ficar nos bastidores e foi forçado pelo amigo a assumir um cargo que não queria.
Tento algumas ligações em seu celular, mas ele não atende nenhuma delas e isso acaba me preocupando, pois se tem algo que ele jamais faria é recusar minhas ligações.
Não querendo ser paranoica, afinal acabamos de começar nosso relacionamento, tem menos de vinte e quatro horas, opto por esperar ele retornar as ligações.
Mesmo preocupada sigo com meu dia normalmente preparando um café da manhã rápido. Coloco um dos meus vestidos preferidos para ir trabalhar, um tubinho azul marinho com decote comportado e por causa do frio jogo um sobretudo preto por cima do vestido, coloco um scarpin preto e pego minha bolsa.
Antes de sair do apartamento ligo para o taxista, pois odeio dirigir e ficar horas procurando uma vaga de estacionamento não rola, então prefiro pagar o táxi que é bem mais rápido.
Cumprimento Rodrigues com um aceno e sigo para rua esperando o táxi. Meus pensamentos estão completamente focados em Samuel e nas mensagens não respondidas.
Na recepção da empresa encontro Sara que está totalmente animada falando ao telefone. Aceno para ela que faz um movimento com as mãos dizendo que precisamos conversar mais tarde.
Concordo rindo do seu jeito e sigo para minha sala que fica no terceiro andar junto a de Jack. Passo pelos corredores e vejo Jack sentado em sua mesa com uma cara de poucos amigos.
Bato na porta e seus lindos olhos verdes se voltam para mim.
— O que aconteceu? — pergunto, já sabendo que ele brigou com George.
— Bom dia para você também — responde ríspido.
— Hum... já percebi que hoje teremos um longo dia pela frente. — Jogo minha bolsa sobre a poltrona o encarando.
Quieto ele mexe no celular evitando me encarar.
— Vamos lá Jack o que aconteceu? Eu te conheço muito bem e sei que essa cara de enterro não é normal. — Cruzo os braços sentando na poltrona em frente à sua mesa.
Com um forte suspiro ele me observa visivelmente chateado e culpado.
— George brigou comigo por chegar tarde em casa. — Dá de ombros magoado.
— Bem que eu te avisei.
— Não precisa jogar na cara bicha ruim. Não posso deixar a empresa na mão com Jean na França. — Desanimado ele se levanta enfiando as mãos no bolso da calça.
— Te entendo perfeitamente Jack, mas às vezes você se dedica demais a empresa e esquece sua vida. Se George te ama de verdade essa briga vai passar, mas sinceramente estou crendo que ele não te merece. Eu até compreendo que ele é uma pessoa boa e gentil, mas você sabe que ele também é muito ambicioso e totalmente diferente de você, porém, ele não está errado em exigir mais de sua atenção. — Apoio as mãos sobre a mesa vendo-o suspirar pesadamente.
— Eu sei. — Ele fecha os olhos levando uma de suas mãos aos cabelos.
— Tenha paciência e tente redimir seus erros saindo no horário correto. — Sorrio encolhendo os ombros.
— Você é minha salvação. — Ele abre os braços me chamando para um abraço, reviro os olhos me levantando.
Jack me abraça com carinho e posso sentir a tenção do seu corpo diminuir. Afago seus cabelos em sinal de conforto e ele fica ali somente para sentir aquele pequeno sinal de afeto.
Jack sofreu muito na vida por ser homossexual, ele foi motivo de chacota, humilhação e desprezo de seus familiares e amigos, mas se reergueu ao se tornar chefe da sua própria empresa e mostrar que sua sexualidade não é motivo de derrota como todos afirmavam.
Jean que é o seu sócio está em viagem para abrir uma filial da Gasper, empresa de engenharia na França. Apesar de muito dedicado, Jack às vezes é preguiçoso e deixa seu trabalho se acumular tendo que ficar na empresa até tarde.
Ele é uma pessoa incrível e merece toda a felicidade do mundo por ser tão humilde e amoroso, mas muitas vezes as pessoas abusam de sua boa vontade o maltratando o que eu jamais permiti quando estou por perto.
Depois de deixar um pouco de sua mágoa para trás ele retorna aos seus serviços e eu pego minha bolsa me encaminhando para minha sala. Jack leva tão a sério o termino de seu trabalho diário que nem sai para almoçar apenas para compensar as horas e sair mais cedo.
Preocupada com sua saúde acabo comprando meu almoço e o dele, que obviamente agradeceu. Checo várias vezes meu celular ao longo do dia na espera de uma resposta de Samuel, e ele simplesmente não responde.
Isso de certa forma me magoa, ele nunca fez isso antes e as paranoias na minha cabeça começam a achar que o problema está em ter aceitado o começo de um relacionamento com ele.
Talvez ainda não fosse o momento correto de aceitar o seu pedido.
Limitei meu dia em organizar as planilhas e remarcar algumas entrevistas e reuniões, mas minha mente não se desvia da preocupação em saber onde Samuel se meteu.
Observo o relógio e vejo que já está quase na hora de ir embora. Junto minhas coisas decida a passar na casa dele, antes de ir embora passo na sala de Jack e mando ele ir para casa.
Pensativo ele recusa dizendo que vai ficar mais um pouco, mas apenas para dar espaço para George pensar um pouco na briga que tiveram. Resolvo não discutir deixando-o decidir o que é melhor, afinal, não sei qual é a proporção da discussão e briga dos dois.
Pego o primeiro táxi que avisto e me jogo dentro dando o endereço de Samuel, somente quando estou em frente à sua casa — que por sinal era enorme e luxuosa — pondero se é a melhor opção ter vindo até aqui.
Já está escurecendo e por incontáveis segundos me pergunto se devo ou não descer do carro. Como já estou aqui, pago a rodada e sigo até a entrada de sua casa com certo receio por nunca ter vindo em sua casa antes, ou melhor dizendo, nunca ter aceitado seus incontáveis convites para vir aqui antes.
Depois de muito analisar a porta de entrada finalmente aperto a campainha esperando alguém atender.Samuel aparece na porta sem camisa, com os cabelos bagunçados, olhos vermelhos e inchados com uma expressão emburrada.Ao me ver, abre um lindo sorrir esfregando uma mão no olho.— Minha linda menina. — Antes que eu possa dizer algo Samuel envolve seus braços envolta da minha cintura em um abraço apertado esfregando o rosto em meu pescoço me enviando um arrepio de medo por todo o corpo.Procuro não demonstrar a aflição que percorre meu corpo me forçando a aceitar seu toque e retribuo seu abraço com carinho, mas logo me desvencilho de seu aperto sem que ele perceba minha aversão por contatos tão diretos e íntimos.Com ele meus medos são quase nulos, mas contatos muito diretos me afligem um pouco.— O que
— Eu sou o primogênito e herdeiro dos Hugh, mas nunca quis assumir o lugar do meu pai, desde pequeno meu sonho era ser advogado, nunca gostei da administração e o cargo de chefe, isso nunca me atraiu, mas como eu disse sou o filho mais velho, o filho que herdaria todo o império Hugh e Bennett não aceitou a profissão que escolhi, eu seria administrador ou não faria parte do seu império, e bom, como pode ver escolhi a advocacia e meu pai escolheu me abandonar, ele me deixou sozinho para seguir minha vida sem nenhuma ajuda e assim eu fiz. — Ele faz uma breve pausa.Vejo que para ele contar tudo isso é difícil, e com muito pesar ele abre seu coração deixando seus medos e seus fantasmas expostos.— Ele cortou todos os meus benefícios, mesada e dinheiro extra. Minha mãe vendo aquilo não aceitava que ele tratasse um de seus filhos daquela maneira, mas ele
Dias depois...Acordo cedo me preparando psicologicamente para enfrentar Bennett Hugh, melhor fosse que esse homem mal caráter não estivesse por lá, mas temos que nos preparar para tudo, então estou mentalizando um mantra do bem para que tudo dê certo.Sabe quando você tem aquela estranha sensação de que tudo vai vir por água abaixo e de que você vai tocar o terror quando deve ser a dama bem vestida e educada?É exatamente assim que me sinto ao imaginar enfrentar de frente um Hugh.Claro que pouco me importo se ele vai gostar ou não quando eu falar umas belas verdades em sua cara, mas é aí que está o problema. Tenho que me segurar não por mim ou pelo fato dele ser um dos homens mais influentes do mundo dos negócios, conhecido por sua inteligência imbatível e seu mal humor diá
SamuelEncontrar minha mãe tão debilitada sobre uma cama foi um choque tremendo, mas sentir seus toques e todo o seu amor fez meu coração se encher de felicidade.— Mãe eu senti sua falta — digo deixando que as lágrimas rolem pelo meu rosto, sem vergonha de demonstrar meus sentimentos para ela.— Meu menino eu queria tanto te ver. — Ela passa os dedos nos meus cabelos, os penteando para trás em vão. –Eu senti tanto sua falta meu garotinho.Beijo todo seu rosto, sentindo seu cheiro e vendo que a abraçar e tocá-la é real que eu não estou sonhando.Apesar de estar muito magra e cansada ela está linda como sempre. Seu sorriso encantador está presente em seu rosto.— O meu menino eu acompanhei seu crescimento ano após ano estou tão orgulhosa de você.—
KatyConhecer a mãe de Samuel foi muito gratificante. Ela é uma mulher incrível e maravilhosa, mas infelizmente não posso dizer o mesmo do seu segundo filho e do seu marido. Sabe, agradeço por Samuel ter puxado tanto para ela e não ao pai.Essa Mary que acabei descobrindo por acaso não me agrada, por mais que eu saiba que ela faz parte do passado de Samuel não deixo de ter ciúmes.É claro que não vou brigar ou criar caso com ele por uma mulher que nem aqui está, mas isso não me impede de invejá-la por tê-lo conhecido primeiro.Se no lugar de Túlio, Samuel tivesse entrado em minha vida, as coisas hoje seriam completamente diferentes, mas acredito que tudo na vida tem seu tempo.Depois que saímos do hospital acreditei que iriamos embora, mas Samuel me levou para um dos hot&ea
— Oh meu Deus. — Passos as mãos no rosto. — O que eu faço. — Entro em desespero sem saber como apartar os dois.Descontente Samuel avança para cima de Jack e antes que ele conclua seu ato corro em direção aos dois gritando.— Parem. — Me jogo entre os dois segurando o braço de Samuel que recua um pouco para não me acertar.— Saia Katy eu vou acabar com esse maluco. — Samuel arma mais um soco, eu apoio as mãos em seu peito o empurrando em defesa a Jack, que está atordoado demais para conseguir revidar.— Não Sam, ele é o meu chefe. — falo em desespero entre os dois, mas me sinto uma pluma em meio a uma manada de elefantes.— Porra. — Samuel se afasta com irritação. — Por que seu chefe está trancado de cueca dentro do seu apartamento? — Ele passa as mãos pelos cabe
KatyMais uma noite mal dormida por conta dos dois homens que me deixam maluca, mesmo dormindo no meu quarto não consigo me sentir bem ao saber que os dois estão na sala ao lado.Apesar de muito rolar de um lado para o outro consegui cochilar um pouco, mas a olheira envolta dos meus olhos é evidente. Obviamente não culpo nenhum dos dois pelos meus traumas, mas é difícil relaxar.Jack é apaixonado por George, mas infelizmente ele não sente o mesmo, às vezes me sinto culpada por ter colaborado com o início desse relacionamento. Já Samuel tem se mostrado ciumento e depois de conhecer seu irmão ele está ainda mais preocupado do que o normal.Samuel é superprotetor e não adianta tentar convencê-lo do contrário, depois do que aconteceu com Philipe e Adam, ele faz questão de manter minha segu
KatyCom algumas batidinhas na porta entro sem sua autorização já que ele não me responderia mesmo. Conheço muito bem meu amigo e chefe.— Jack você é um homem de 37 anos, lindo, charmoso e um empresário muito bem sucedido, levanta dessa cadeira, vai comer algo e melhora essa cara por favor. — Cruzo os braços encarando-o preocupada.— Não estou com fome, obrigado. — Mexe em alguns papéis e volta sua atenção ao computador me ignorando.— Você não vai ganhar nada se jogando no serviço. — Suspiro observando-o.— Katy, eu apenas não estou com fome. — Posso ver a tristeza por trás dos seus lindos olhos verdes.— Você precisa recuperar sua casa isso sim. — Sento na poltrona a sua frente, vejo ele faz uma careta.— É eu