Katy
Conhecer a mãe de Samuel foi muito gratificante. Ela é uma mulher incrível e maravilhosa, mas infelizmente não posso dizer o mesmo do seu segundo filho e do seu marido. Sabe, agradeço por Samuel ter puxado tanto para ela e não ao pai.
Essa Mary que acabei descobrindo por acaso não me agrada, por mais que eu saiba que ela faz parte do passado de Samuel não deixo de ter ciúmes.
É claro que não vou brigar ou criar caso com ele por uma mulher que nem aqui está, mas isso não me impede de invejá-la por tê-lo conhecido primeiro.
Se no lugar de Túlio, Samuel tivesse entrado em minha vida, as coisas hoje seriam completamente diferentes, mas acredito que tudo na vida tem seu tempo.
Depois que saímos do hospital acreditei que iriamos embora, mas Samuel me levou para um dos hotéis de Airon. Nos hospedamos e passamos a noite lá. Não reclamei, pois sei que ele quer ficar mais próximo da mãe, entretanto seu irmão é irritante a tal ponto que ter que vê-lo novamente embrulha meu estômago.
Ficar no mesmo hotel que Samuel não seria estranho se cada um de nós tivéssemos um quarto. O estranho mesmo foi dividir o quarto com ele, mesmo sabendo que dormiríamos em camas separadas não consegui relaxar. Tentei ao máximo disfarçar os meus medos e nervosismos e confesso que por um momento cheguei a esquecê-los, já que Samuel fez questão de organizar toda a noite com direito a sessão de filme, vinho, pipoca e muitos doces.
Claro que ele notou meus receios, mas em momento algum me pressionou ou tentou algo que eu não gostaria e quando fomos dormir bom, eu não preguei os olhos por um minuto.
Por mais que eu tentasse e me obrigasse a dormir, não consegui relaxar e acabei passando a noite toda observando Samuel na cama ao lado.
Ele se mexe pouco enquanto dorme e sua expressão relaxa é de tirar o fôlego, seus lábios finos e levemente rosados me fez querer correr os dedos por eles, mas me contentei apenas em observá-lo. Um de seus braços se apoia relaxadamente acima da cabeça enquanto o outro descansa sobre seu abdômen. Passei horas analisando seu rosto já que seu corpo está coberto pelo edredom e acabei descobrindo uma pequena pinta preta no lobo de sua orelha esquerda.
Não foi ruim admirá-lo de perto, mas confesso que agora me sinto cansada e exausta. Meus olhos pesados não colaboram comigo, mas Samuel estava tão ansioso para ver a mãe que acabamos saindo sem tomar café.
Ao chegarmos somos bem recebidos pelas atendentes que liberam a passagem de Samuel após analisar sua documentação. Ao ter a certeza de que não tem ninguém indesejável no quarto deixo meu amado homem aproveitar o pouco de tempo livre que tem com sua mãe e sigo para o refeitório do hospital para comprar um lanche para mim e para ele.
Queria comer em paz, mas percebi que ir até lá não foi a melhor coisa a se fazer, já que encontrei Izac parado próximo a máquina de bebidas. Tento inutilmente passar desapercebida, mas não demora muito para ele notar minha presença. Sem ser convidado ele se senta de frente para mim completamente à vontade e distraído.
Entediada e sem vontade de responder as inúmeras perguntas que ele faz, me mantenho ali apenas para dar privacidade a Samuel.
Ele faz várias perguntas sobre o que eu gosto, onde gosto de ir, o que faço nos tempos vagos e como conheci seu irmão. Dou respostas curtas na tentativa de afastá-lo, mas ele parece não se importar com minha falta de interesse e para ser sincera minha mente está preocupada demais com a ligação que recebi de Jack antes de sairmos do hotel.
Não consegui estender nossa conversa por muito tempo, pois a ligação estava ruim e sua voz embargada dificultava ainda mais as coisas, mas pelo o que entendi a briga com George tinha sido feia.
É muito triste ver Jack assim, ele realmente entregou seu coração a esse relacionamento, apesar de ser um pouco irresponsável por ficar até tarde na empresa, ele sempre deixou claro todo o seu amor pelo namorado, mas pelo que estou vendo os esforços vem de uma única parte. Já que Jack havia reclamado que George tem saído para baladas como se fosse solteiro.
Acredito ter ficado naquela conversa com Izac por mais de uma hora e apesar das perguntas excessivas e das respostas curtas e grossas ele não desistiu do seu interrogatório.
Já tomei meu suco e comi o lanche, sei que preciso entregar o de Samuel, então me despeço de Izac, mas vejo Samuel descer a rampa em direção ao refeitório. Não demora muito para seus olhos azuis nos encontrarem e a irritação fica estampada em sua face por ver seu irmão ao meu lado.
Caminho em sua direção e ele nada diz apenas me observa com uma expressão fechada, o que me deixa um pouco chateada, mas o compreendo.
— Vamos. Já está tarde e precisamos retornar a Londres. — Samuel apoia a mão em meu ombro deixando um beijo em minha testa e assim seguimos até o quarto de sua mãe onde nos despedimos dela.
O caminho de volta é feito em um pesado silêncio, até Samuel começar a invocar com seu irmão querendo saber exatamente tudo o que conversamos.
Deixo claro que só mantive um breve diálogo para lhe dar privacidade e que não gosto de Izac, então por mim pouco me importa sua aproximação. A tensão nos ombros dele diminui e é visível que minha resposta o acalma, pois ele sabe que não minto ao dizer que não gosto de alguém.
Izac é mesquinho e aquele olhar cheio de luxuria e expectativa me dá calafrio de medo.
Depois de se acalmar e se convencer que seu irmão não fará diferença em nosso relacionamento, ele se desculpa por aquele ataque de histeria e ciúmes. O caminho é feito em um clima agradável, mas essa calma não se aplica a mim que estou imaginando milhões de possibilidades do que Jack deveria estar fazendo.
— O que está te incomodando Katy? — Sam pergunta sem desviar os olhos da estrada.
— A ligação do meu chefe de manhã — digo em um suspiro.
— Você disse que estava tudo bem — diz preocupado.
— Ele é uma pessoa solitária Sam, seus pais o rejeitaram por ser homossexual e desde pequeno sofre bullying. Eu sou uma das únicas pessoas que o aceita como é, e ele me tem como uma das únicas pessoas da sua família, mesmo eu sendo somente sua secretária, então acabo me preocupando mais do que deveria com ele sabe. — Sorrio encolhendo os ombros. — Ele é uma pessoa importante para mim, trabalho para ele a anos e não queria vê-lo triste, ele merece ser feliz.
— Você é durona, mas quando está preocupada com alguém fica tão linda — elogia, passando suavemente a mão sobre minha coxa, sinto meu rosto queimar ao ouvir aquelas palavras.
Envergonhada, desvio o olhar sem saber o que dizer, ser elogiada assim sempre me deixa sem palavras. Foco minha visão na janela do carro vendo que estamos quase chegando, mas ele insiste em me provocar.
— Preciso dizer que você também fica linda quando está envergonha. — Para em frente ao prédio rindo das minhas reações.
— Para de ser chato Sam. — Bato com o cotovelo em sua costela, fazendo-o rir e subimos juntos de elevador.
As risadas gostosas de Samuel preenchem aquele espaço, vê-lo e ouvi-lo tão à vontade me acalma.
— Obrigada por apresentar sua mãe — falo com sinceridade. — Ela é maravilhosa Sam. — Sorrio e vejo o alívio se instalar em sua expressão.
— Os médicos disseram que o caso está se estabilizando. Eles realizam exames periódicos e o agravamento da doença era constante, mas por incrível que parece o caso dela se normalizou nos últimos dias e ela tem chances de uma melhora se continuar assim. — Seu olhar mostra todo o amor que sente pela mãe.
— É claro que ela vai melhor e você vai poder visitá-la mais vezes. — Pisco para ele procurando as chaves do meu apartamento dentro da minha bolsa, finalmente encontro e abro a porta dando passagem para Samuel entrar.
Paraliso na entrada ao ver Jack andando pela sala somente de cueca boxer preta como se fosse sua casa. Tenho que confessar que ele é lindo e seu corpo definido chama a atenção de qualquer mulher, mas porque merdas ele está no meu apartamento praticamente nu?
— Gata achei que voltaria só amanhã. — Ele me abraça com força enfiando o rosto em meu pescoço sem rodeios ou meios termos.
Ainda paralisada tentando processar o que está acontecendo não tenho tempo de reagir, só vejo Samuel tirando Jack de cima de mim com um único puxão.
Sem pensar duas vezes, Samuel, acerta um soco no olho de Jack que o faz cambalear e chocar as costas contra a parede, perdido e atordoado sem saber o que está acontecendo, Jack, demora um pouco para começar a se defender e vendo que aquela briga não acabará bem meu coração quase salta pela boca em preocupação.
— Oh meu Deus. — Passos as mãos no rosto. — O que eu faço. — Entro em desespero sem saber como apartar os dois.Descontente Samuel avança para cima de Jack e antes que ele conclua seu ato corro em direção aos dois gritando.— Parem. — Me jogo entre os dois segurando o braço de Samuel que recua um pouco para não me acertar.— Saia Katy eu vou acabar com esse maluco. — Samuel arma mais um soco, eu apoio as mãos em seu peito o empurrando em defesa a Jack, que está atordoado demais para conseguir revidar.— Não Sam, ele é o meu chefe. — falo em desespero entre os dois, mas me sinto uma pluma em meio a uma manada de elefantes.— Porra. — Samuel se afasta com irritação. — Por que seu chefe está trancado de cueca dentro do seu apartamento? — Ele passa as mãos pelos cabe
KatyMais uma noite mal dormida por conta dos dois homens que me deixam maluca, mesmo dormindo no meu quarto não consigo me sentir bem ao saber que os dois estão na sala ao lado.Apesar de muito rolar de um lado para o outro consegui cochilar um pouco, mas a olheira envolta dos meus olhos é evidente. Obviamente não culpo nenhum dos dois pelos meus traumas, mas é difícil relaxar.Jack é apaixonado por George, mas infelizmente ele não sente o mesmo, às vezes me sinto culpada por ter colaborado com o início desse relacionamento. Já Samuel tem se mostrado ciumento e depois de conhecer seu irmão ele está ainda mais preocupado do que o normal.Samuel é superprotetor e não adianta tentar convencê-lo do contrário, depois do que aconteceu com Philipe e Adam, ele faz questão de manter minha segu
KatyCom algumas batidinhas na porta entro sem sua autorização já que ele não me responderia mesmo. Conheço muito bem meu amigo e chefe.— Jack você é um homem de 37 anos, lindo, charmoso e um empresário muito bem sucedido, levanta dessa cadeira, vai comer algo e melhora essa cara por favor. — Cruzo os braços encarando-o preocupada.— Não estou com fome, obrigado. — Mexe em alguns papéis e volta sua atenção ao computador me ignorando.— Você não vai ganhar nada se jogando no serviço. — Suspiro observando-o.— Katy, eu apenas não estou com fome. — Posso ver a tristeza por trás dos seus lindos olhos verdes.— Você precisa recuperar sua casa isso sim. — Sento na poltrona a sua frente, vejo ele faz uma careta.— É eu
Todo o meu corpo treme, as lembranças de Túlio preenchem minha mente me fazendo recuar.Samuel fica paralisado no meio da sala e o desespero toma conta de mim, não consigo segurar o aperto dentro do meu peito, o nó que se forma em minha garganta e os tremores que dominam todo o meu corpo.Queria adiar esse momento e essa conversa, não queria que ele soubesse da verdade. Não quero que ele vá embora, mas ao mesmo tempo quero ficar sozinha, apenas me encolher na cama e chorar todas as minhas dores em silêncio.No meu silêncio.— Era exatamente isso que eu queria saber Katy. — Sua expressão não é de surpresa.— Vai embora por favor. — Uma forte dor se instala em meu peito, como se meu coração estivesse sendo arrancando de dentro dele. Apoio a mão no rosto contendo os gritos de desespero que querem ecoar de minha garganta. &mdas
— Só quero me lembrar de nós dois. — Retiro sua camisa deslizando minhas mãos por seus braços fortes a deixando cair no chão da sala. –Somente nós, sem medos, traumas ou receios.Observo seu corpo bem definidos acariciando levemente sua pele macia, contornando seus músculos com meus dedos, sentido o calor de sua pele.Samuel é naturalmente lindo, com intensos olhos azuis, lábios rosados, queixo levemente quadrado e cabelos loiros espetados para cima. Ele é um verdadeiro deus grego de tirar o fôlego.— Se você quiser que eu pare não hesite em pedir. — Ele segura meu rosto com as mãos passando os lábios delicadamente sobre os meus. — Eu te amo.Aquelas três pequenas palavras fazem a tensão do meu corpo se dissipar, claro que o medo ainda está presente, infelizmente isso é inevitável, mas
SamuelVocês sabem o que é acordar ao lado da mulher que ama e ver que ela cedeu aos seus encantos?Acredito que vocês não saibam, mas a satisfação de vê-la dormir calmamente ao seu lado é incrivelmente prazeroso e esse sentimento domina todo o meu peito, me fazendo sorrir sozinho, mas tenho que confessar que sua confissão me abalou.Já imaginava que Katy sofreu algum tipo de abuso, só não sabia qual, e ao descobrir percebi que é mais sério do que poderia imaginar.Sinceramente o fato dela jogar essa bomba em mim é suportável, afinal, eu a pressionei, mas saber que terei que ouvir detalhadamente o acontecimento me assusta.Não vou conseguir escutar tudo em silêncio e por mais que tenha aprendi a ser sangue frio, é totalmente diferente com ela. Na verdade, não vou suportar segurar a raiva contida em
O trabalho hoje foi uma loucura e não parei por um segundo sequer. Jack conseguiu fechar um contrato grande e apesar de estar cabisbaixo e magoado ele consegue se distrair em reuniões, o que acho um absurdo.Como alguém consegue se distrair em reuniões tão chatas como aquelas? Minha mente não compreende, mas Jack se sente completamente à vontade dentro daquela sala.Hoje temos a inauguração de uma das boates de Airon e Jack cogitou a possibilidade de pular para trás no último momento, mas eu com certeza não deixei.— Katy você está demorando muito, já são quase onze e meia da noite. — Jack aparece na porta do quarto totalmente informal.Ele está lindo com uma calça jeans preta rasgada nos joelhos e uma camisa de manga longa azul claro, o tênis deixa o visual ainda mais charmoso e despojado.— Já
— Precisamos conversar Jack. — George tenta se aproximar, mas nos afastamos o ignorando.George tem mais ou menos a altura de Willian, seu corpo é igualmente grande, talvez um pouco menos definido, mas tenho que confessar que George é lindo, cabelos escuros jogados para o lado, olhos castanhos claros e a calça caqui com a blusa de manga longa verde musgo realça o tom moreno claro de sua pele.— Acabou George e devolva as chaves da minha casa você teve bastante tempo para pensar enquanto sua língua estava na boca daquele homem — Jack alfineta raivoso.Surpresa com a resposta de Jack acabo rindo. Ele nunca ficou contra George e isso só prova que ele está realmente decidido a terminar esse relacionamento.— Jack, por favor — George fala cheio de ironia passando as mãos nos cabelos bagunçados.O homem se recupera do soco que levou e se levanta tenta