—Acho que ainda falta muito para gente, um dia, poder caminhar na mesma estrada, dividir um mesmo caminho, sabia? Nós dois ainda precisamos aprender a falar, a conversa de verdade. E quando eu falo ‘nós’, me refiro a você.Naquele momento, Juan sentiu a própria culpa enterrando a dor em seu peito.Ele olhou para Ayla e engoliu em seco ao perceber o vazio em seu olhar. O olhar que antes ardia com uma paixão sobrenatural. E agora, todo aquele sentimento pareceu ter sido escondido em um canto da sua alma que também costumava brilhar. Mas agora tudo parecia estar pelo avesso e ele soube que tudo aquilo era culpa de sua própria estupidez.—Você conhece o ditado que diz que o não te mata te faz mais forte?— Juan perguntou de repente.Ayla estava tão confusa com aquela pergunta repentina que apenas negou com a cabeça e Juan continuou:—Porque o que não me mata, não me fez mais forte de jeito nenhum. Pelo contrário, é uma prova viva da minha fraqueza.Ayla engole em seco, sentindo que tinha
O tempo pareceu parar, a atmosfera ficou mais baixa e o vento frio do meio de uma noite pareceu congela-los naquela rua, naquele momento.Ayla tinha certeza de que se ela chegasse só um pouco mais perto, seria capaz de ouvir as batidas do coração de Juan. Juan conseguia ouvir e refletir a respiração ofegante de Ayla, os olhos ainda presos nos dela.E aquele último dialogo, um dialogo que não dissera nada, e de alguma maneira, dissera tudo ainda rodando em todo aquele lugar. Ecoando entre eles.—O que isso quer dizer agora?— Ayla perguntou, por fim.Sua voz estava trêmula, como se ela temesse a resposta de Juan, como se temesse tudo que estava ou não por vir.Juan engoliu em seco, e com isso, ele foi forte o suficiente para engolir todas suas inseguranças, seus medos e deixar, pelo menos uma única vez, toda sua coragem e força se expandir dele.—Eu nunca desejei que nós tivéssemos perdido a batalha e acabar por escolher a distância.— Juan murmura, cada palavra sua coberta de sinceridad
Capítulo 50—Poupei tempo.— Juan diz simplesmente. —Se eu passasse mais um minuto com aquela mulher, eu iria enlouquecer.Ayla dá um risinho, porque ela entende aquilo perfeitamente.—Espero que você saiba que amanhã a cidade estará cheia que eu dividi o quarto com um ‘bonitão da cidade grande’—. Ayla se refere a como Martha chamou Juan e ele faz uma careta.—Você se incomoda?— Juan perguntou de repente, assim que eles param em frente ao quarto em que Ayla estavam. —Porque eu posso ir embora. Eu aluguei um carro e posso ir pra alguma cidade vizinha.Antes que Juan pudesse continuar com aquela sugestão absurda, Ayla levou suas mãos até o peito dele e em seguida até os seus lábios, o silenciando.—Você pode ficar aqui. Você poder passar a noite no meu quarto.— Ela diz, a voz mais baixa. —Isso se você não se incomodar com o fato de que ainda estou um pouco bêbada.Ayla sorriu enquanto abria a porta e Juan a acompanhou. O quarto era pequeno e não contava com muitos moveis além de uma cama
A claridade de uma manhã já atravessava as frestas da janela quando Ayla se remexeu na cama. Assim que o faz, um sorriso tímido e involuntário sai dos seus lábios ao sentir que o seu lado na cama estava perfeitamente preenchido.Ela se vira para o lado ao despertar, e assiste Juan dormindo perfeitamente ao seu lado, e naquele momento, ela se viu completamente rendida à sua beleza. Mais presa a ele do que achou que seria capaz. E aquilo foi mais que suficiente para fazer sua mente sair mundo a fora e ela se permitiu se entregar aos seus devaneios.Desde a primeira vez, sempre houve alguma coisa em Juan, que sempre fascinara a Ayla. Algo como a curiosidade desperta pelo passado dele, tanto quanto o anseio para saber qual seria o futuro dele. Com quem seria.Porque a verdade era que existia bilhões de pessoas ao redor do globo, mas era apenas ele quem Ayla queria. Porque sempre houve alguma coisa nele, ou tudo nele, que a enlouquecia.Fazia muito tempo desde que, nada daquele jeito, naqu
Ayla se recompõe e dando a volta, retorna ao seu quarto e ela observa a cama vazia. Juan já estava de pé, e completamente vestido, os cabelos negros em desordem e um sorriso tão magnifico que fizera o coração de Ayla errar uma batida.—Bom dia!— ele diz, olhando para ela e para o relógio em seu pulso. —Sabe quanto tempo eu não dormia assim?Ayla sorri enquanto dá voltas no quarto, retirando as bagunças jogadas no meio do quarto. Ela não quer encarar Juan, tem medo de fazê-lo. De encarar todos seus medos personificados ali.—Nunca o vi acordando depois das sete da manhã. E já são quase meio-dia.— Ela comenta.—Estava finalmente em paz.— Ele diz. —Onde você estava?Ayla morde o próprio lábio com força quando ouve aquela pergunta e só tem certeza que não quer explicar ou começar mais nenhum conflito. Não além do que está dentro dela.—Ah, eu fui apenas ver se tínhamos serviço de quarto; café da manhã ou almoço.— Ela fala a primeira coisa que vem a sua mente. —E não temos.Juan sorri, ape
—Você me traiu primeiro. — A voz firme do homem desconhecido que eu dividia a vida encheu o quarto. Fico imóvel, tentando compreender aquela situação. Meu noivo, na cama em que foi o cenário de tantas juras de amor, a dividia com outra. Com minha própria irmã. —Você enlouqueceu? — minha voz sai mais alta e mais trêmula do que imaginei, pois sinto os estilhaços do meu próprio coração cortando minha garganta. Quando foco o olhar em direção a minha irmã, eu vejo o sorriso enigmático em seu rosto e a compreensão de todo aquele cenário de terror recai sobre mim. —Não precisa mais fingir, Ayla, a Diana já me contou tudo. Um sorriso descrente sai entre os meus lábios, e eu só sabia que já estava cansada demais pra tudo aquilo. —Ainda bem que Diana é uma pessoa decente e que jamais mentiria ou enganaria alguém, então. Erlon não compreende a ironia em minha voz, o que só comprova o quão patético ele sempre fora. Naquele instante, enquanto via as sombras de crueldade nos rostos dos dois,
Eu havia utilizado todo o último final de semana para me afogar em minhas mágoas. E após dois longos dias chorando durante todo instante e ignorando qualquer ligação do mundo lá fora, eu finalmente consegui reagir. Havia acordado cedo naquela manhã para fazer checkout do hotel e finalmente buscar uma casa para alugar. Mas tem uma coisa que não te falam sobre cidade grande, cada pequena pedra no caminho custa uma fortuna. — O senhor está me dizendo que esse é o valor do aluguel mensal, mas só consigo alugar o espaço se eu pagar mais três meses antecipados? — repito a afirmação do síndico daquele prédio, só para ter certeza de que ele podia ouvir o quanto aquilo era absurdo. Ele apenas me encarou com uma expressão de tédio, e sem nem um pouco de compaixão pelos meus olhos visivelmente marejados. — Você pode aceitar ou ir embora. Temos uma grande demanda além de você. Eu engoli em seco no mesmo instante, sabendo que aquela era a minha melhor oportunidade ou iria passar aquela noite e
—Alô, você está aí?— a voz daquele homem volta a encher os meus ouvidos.Ainda petrificada naquela calçada, respondo:—Desculpe, sim. Estou. E aceito o emprego.— digo rapidamente, sem parar para respirar, porque sinto que tudo aquilo poderia ser apenas um sonho no meio do pesadelo em que minha vida se encontrava.—Ok. Venha amanhã, às...— ele começa, mas eu o interrompo logo em seguida.—Ou posso começar de modo imediato.— digo com empolgação, morrendo de esperança que ele concorde. —Quer dizer, pouparia muito do seu tempo me falando tudo que preciso saber hoje. Sei que é um homem ocupado.Mordi o lábio em seguida, rezando para que ele não notasse a urgência em minha voz. Porque a verdade era que eu estava desesperada, porque eu não teria um teto para passar aquela noite. A minha única salvação era aquele emprego, e só em ter a condição de viver naquela casa enorme servia de um alívio de imediato, porque um lugar para viver era tudo que eu não tinha. Aquela proposta caiu como uma lu