Hermes e Hebert sorriam admirados com a coragem e a determinação de Javier. Ajudaram Libby a se sentar e tomar fôlego. Javier não aguentou mais e se deitou no chão, aliviado por conseguir salvar a amiga. Hermes perguntou a Libby, curioso:— Você se lembra do que aconteceu?— Não muito! Eu sei que estava tentando atravessar o rio junto com vocês quando pareceu que alguma coisa me puxou com toda a força para o fundo!— Alguma coisa? - perguntou Hebert - ou alguma pessoa?— Eu não sei bem! Depois que eu fui puxada, só lembro de ter perdido o ar e desmaiado. Depois não sei mais o que aconteceu! Depois de se entreolharem, Hermes disse a Hebert:— Não sabemos mesmo o que nos espera! Temos que ser extremamente cautelosos, ou seremos encurralados com esses meninos!— Vamos redobrar a atenção, irmão! Eu não queria, mas acho que vamos ter que nos preparar para alguma batalha ainda no caminho!— Já estamos no outro lado do rio, não podemos voltar atrás. Além disso, se conseguirmos descobrir como
Hermes, Hebert, Libby e Javier sentiam calafrios ao verem como eram feitos os procedimentos de recrutamento dos moradores de Montserrat. As cobaias estavam como mortas dentro das enormes cápsulas, submersas e o pior: ainda que estivessem inconscientes, sua expressão era de muito sofrimento. Porém, os garotos não tinham tempo algum para se espantar e muito menos para ajudar. Eles ouviram passos delicados e apressados se aproximando. Imediatamente, Hermes exclamou:— Vamos, precisamos nos esconder! Não podemos nem pensar em ser vistos! Sem perder tempo, os garotos correram até uma minúscula porta que aparentemente não estava sendo utilizada e se esconderam em um canto muito fechado. Obviamente, os cientistas estariam muito ocupados para utilizar aquele espaço. Os passos ficaram mais nítidos e enfim alguém apareceu: uma mulher, aparentando ter trinta anos, vestia um jaleco branco e era de descendência japonesa. Com uma prancheta na mão, ela parecia ter pressa. Observava atentamente cad
Hermes, Hebert, Libby e Javier tomaram o caminho de volta para a o lado leste de Montserrat. Felizmente, não havia mais correnteza e a água voltou ao seu ritmo normal. Estavam cansados e atônitos com o que viram no laboratório, porém estavam inspirados. Com a descoberta das operações das Trevas, poderiam criar alguma estratégia para libertar os moradores da vila.Na casa do velho Felipe, Juliana, assim como os outros, estava aflita pela demora dos garotos. Paolo, o pai de Javier, criticou a jovem:— Não sei o que vocês têm na cabeça em mandar crianças daquela idade para uma tarefa assim! Realmente ninguém aqui tem amor algum pela vida dos outros!Juliana olhou para ele com uma expressão severa e respondeu:— Acho que você ainda não entendeu a nossa situação... nenhum de nós que estamos aqui somos fracos ou inofensivos. Se chegamos até este ponto sem sermos capturados, significa que lutamos muito pela sobrevivência. E caso tenha esquecido, foi o seu filho que trouxe você desmaiado até
Aeroporto de Guarulhos-SP, nove e vinte e três da noite. Tudo estava normal naquela Sexta-feira; não havia atrasos nos voos, tudo estava ocorrendo de acordo com a expectativa dos passageiros. Obviamente, tal satisfação era quase impercetível, devido à expressão preocupada e ansiosa daqueles que estavam prestes a resolver negócios internacionais, ou mesmo tratar de questões familiares. Havia crianças empolgadíssimas, pois iriam voar pela primeira vez. No entanto, havia naquela noite uma pessoa que estava ali a contragosto. No balcão de check-in, os pais de Juliana Mazato, após uma cansativa batalha psicológica em casa, conseguiram convencer a filha a ir para a Austrália, no intuito de visitar a avó materna para ter notícias, visto que ela não tinha muito interesse por tecnologia e já tinha uma idade avançada. Frederico e Graciane Mazato não tinham condições de ir para a Austrália, pois eram empresários ocupadíssimos, que estavam lutando com todas as forças cont
Juliana Mazato sentia como se aquele dia não fosse real. Não estava acreditando no que estava acontecendo. Ela caminhava rumo ao avião puxando sua bagagem; olhava para trás e seus pais ainda estavam a acenar. De longe, ela só conseguia retribuir com um meio sorriso. Seu coração palpitava freneticamente. Ficou olhando em volta, parecendo estar procurando alguma porta de saída escondida naquele hangar para que ela pudesse fugir. Não suportou sofrer sozinha e postou sua indignação em sua rede social. Logo iria passar pelo detector de metais e saberia que chegando ali, não haveria mais jeito. Ela teria que entrar de qualquer maneira naquele avião.Momentos depois, Juliana foi se conformando com a situação. Pegou na bagagem de mão o seu fone de ouvido, enquanto despachava a bagagem maior. Apertou então o passo para acompanhar os outros passageiros. O clima começou a ficar frio e ela vestiu o capuz do seu casaco.Finalmente, ela conseguia enxergar as escadas de acesso ao a
Aos poucos, a sensação térmica ia se alterando, assim como os sentimentos de Juliana. Não era mais um sentimento de mera rebeldia com os pais; era algo mais profundo, uma intensa tristeza e sensação de total desprezo por sua opinião. "Sempre foi assim, meus pais nunca perguntaram a minha opinião sobre qualquer coisa", pensava ela. Seus olhos estavam tão perdidos que sequer conseguiam contemplar a beleza que se apresentava do lado de fora da janela. Ao invés disso, ficaram molhados de lágrimas. Estava solitária tanto em sua mente quanto no mundo material. Estava sentada sozinha, ninguém havia ocupado a poltrona ao seu lado. Olhando para o corredor do avião com maior atenção, viu que muitos se divertiam, conversavam entre si, sorriam, gargalhavam dos livros que estavam lendo. Foi então que Juliana se lembrou do romance que estava lendo. Trouxera consigo em sua mochila para se distrair durante a viagem. Juliana era apaixonada por Júlio Verne. Viagem ao Centro
Juliana Mazato contemplava uma horripilante escuridão; parecia não ter mais pulmões. Sentia-se sufocada, com o seu peito extremamente comprimido. Não conseguia se mexer e nem enxergar coisa alguma. Não tinha forças sequer para gritar por socorro. "Onde estou? O que aconteceu?", perguntava a si mesma. Também não ouvia nada, a não ser um zumbido infernal, que parecia trucidar seu cérebro. De repente, sentiu algo lhe tocar; não parecia ser algo estranho. Era uma mão, e uma mão familiar. Ela sentia seu corpo balançar. Em poucos segundos, o terrível zumbido em seus ouvidos foi dando lugar a uma voz. Agonizante, essa voz a chamava:- Juliana! Acorde! Você está bem? Por favor, fale comigo! A escuridão que ocupava a visão da jovem ia se dissipando, à medida que a voz a chamava. Pouco a pouco, seus sentidos iam voltando, inclusive o tato, que a fazia sentir uma dor indescritível. Um gemido horrendo eclodiu de sua garganta, enchendo de esperança o aut
Juliana e Alexandre ficaram alguns instantes em silêncio para se certificarem de que não estavam tendo alucinações. Em poucos segundos, a voz grita novamente, distante e mais fraca desta vez:- Socorro! Alguém me ajude!Mais do que depressa, Alexandre correu em direção à voz. Corria e gritava, para a pessoa não desmaiar:- Ei! Onde você está? Responda, nós estamos aqui!Nada foi respondido. Alexandre respirava fundo e insistia:- Onde você está? Responda, fale comigo! Onde você está?- Aqui, eu estou aqui! - finalmente a voz lhe respondeu - Por favor, me ajude, estou debaixo das ferragens!- Está muito machucado? - pergunta Alexandre.- Não, não estou! Eu nem sei como estou vivo! Só estou com a perna presa!- Beleza, aguenta aí! Então, Alexandre reuniu o pouco de forças que possuía e foi removendo as peças do avião até encontrar a perna do dono da voz. Não parecia estar muito machucada, mas Alexandre temeu que algum osso estivesse quebrado e, por