Juliana e Alexandre ficaram alguns instantes em silêncio para se certificarem de que não estavam tendo alucinações. Em poucos segundos, a voz grita novamente, distante e mais fraca desta vez:
- Socorro! Alguém me ajude!Mais do que depressa, Alexandre correu em direção à voz. Corria e gritava, para a pessoa não desmaiar:- Ei! Onde você está? Responda, nós estamos aqui!Nada foi respondido. Alexandre respirava fundo e insistia:- Onde você está? Responda, fale comigo! Onde você está?- Aqui, eu estou aqui! - finalmente a voz lhe respondeu - Por favor, me ajude, estou debaixo das ferragens!- Está muito machucado? - pergunta Alexandre.- Não, não estou! Eu nem sei como estou vivo! Só estou com a perna presa!- Beleza, aguenta aí! Então, Alexandre reuniu o pouco de forças que possuía e foi removendo as peças do avião até encontrar a perna do dono da voz. Não parecia estar muito machucada, mas Alexandre temeu que algum osso estivesse quebrado e, porJackson Ventura analisava milimetricamente a melhor maneira de levantar a nova amiga Juliana Mazato a se levantar; estava tenso, nunca socorreu alguém na vida. Era jovem, apaixonado por tecnologia. O primeiro pensamento que vinha à sua mente era lançar mão de seu celular e pesquisar como levantar uma pessoa com uma perna quebrada. Porém, o sangue de Juliana já havia esfriado e uma dor aguda tomou conta do seu corpo. O gemido que saiu do profundo de seu sofrimento assustou Jackson, que se desesperou e não conseguiu mais pesquisar coisa alguma, devido ao tremor de suas mãos.Juliana estava impaciente; não conseguia confiar naquele garoto franzino, de cabelos lisos, apavorado. Não aguentando mais ficar sentada na mesma posição, arrisca fazer um movimento na intenção de se levantar, o que agravou a sua dor.- P...Por favor, não se mexa, é perigoso!- Você não sabe o que está fazendo, não é? - pergunta Juliana, frustrada.- Me desculpe, moça, é que eu nunca enfrentei uma situ
Os três homens armados encaravam Charles Lionel de maneira fria e impiedosa; o mais alto destravou seu revólver, demonstrando clara vontade de matar. O dono da casa, por sua vez, não se intimidou e continuava com o seu rifle apontado para o trio. Do lado de dentro, Juliana e os outros estavam apavorados. Não tiveram um minuto sequer de paz depois do acidente. Charles disse aos bandidos:- Por favor, vão embora! Alguns colegas seus já estiveram aqui e reviraram toda a minha casa, como podem ver!- O que aconteceu na sua casa para nós não faz a menor diferença! - respondeu um dos estranhos - Estamos procurando algo de muito valor e precisamos entrar agora na sua casa!- Foi o que os outros disseram! Mas, o que exatamente vocês estão procurando?- Você faz perguntas demais! Sabemos o que queremos! Agora, afaste-se ou iremos mata-lo aqui mesmo!- Se derem mais um passo, juro que acabo com vocês três!Com um ódio ainda mai
Alexandre Vidal estava espantado com a afirmação que Charles Lionel acabara de fazer, mas ao mesmo tempo ficou confuso: Mas como? Esse lugar estava desabitado. Como pudemos chamar tanta atenção? Não vimos movimento algum até chegar a este lugar, pensou.Charles então, insiste:- Você tem mesmo certeza de não ter visto ninguém no caminho? Não presenciaram nenhum conflito?- Certeza absoluta, senhor! Do pé do monte até este lugar, não vimos ninguém! Chegamos a pensar que era uma cidade fantasma!- Isso não faz o menor sentido! O barulho da queda do avião tinha que despertar o mínimo de curiosidade para esses bandidos! Não existe mais lugar tranquilo em Montserrat, tudo está tomado por esses saqueadores!- Bem, nós viemos da entrada da cidade... Pode ser que para eles não haja interesse emperambular pela estrada que leva ao monte!-
Juliana Mazato e os outros se posicionaram rapidamente do lado de fora; estavam todos em estado de alerta. Charles e Alexandre carregavam seus rifles, enquanto Jackson, Bianca e Naiara olhavam ao redor na tentativa de captar algum movimento suspeito. Tudo parecia estar tranquilo novamente. Charles então tomou a iniciativa:- Nosso objetivo é chegar à montanha de onde vocês vieram! Ao que me parece, aquela região ainda não foi atacada por criminosos. Quando chegarmos lá, estaremos com mais espaço e tempo hábil para pensar em um plano para sairmos daqui.- Quanto tempo acha que levaremos para chegar até lá? - pergunta Juliana.- Se não tivermos problemas, acredito que estaremos no pé da montanha em uma hora.- Papai, por que a montanha? - pergunta Bianca.- Alexandre me contou que, quando ele e seus amigos vieram para a vila, não encontraram ninguém no caminho, o que me leva a crer que os bandidos não estão procurando esse tal tesouro nos arredores
O grupo ficou atônito. Dois arqueiros estavam em pé, no telhado da casa; haviam acabado de nocautear três bandidos em um piscar de olhos. Livraram todos da morte certa, mas cada um se perguntava qual era a identidade dos arqueiros. Charles resolveu não abaixar a guarda. Continuou olhando para cima; o sol nascente dificultava muito a visão para o telhado. Podia-se enxergar apenas as silhuetas dos dois homens. Era perceptível também que possuíam a mesma estatura. Uma estatura bem baixa por sinal. Finalmente, um deles grita lá de cima:- Oi! Está todo mundo bem? Alguém se machucou?- Estamos bem, graças a vocês! - respondeu Alexandre - Muito obrigado!- Isso é bom! - responderam os arqueiros, em uníssono - Devem tomar cuidado, este lugar ficou muito perigoso!- É, deu pra perceber! - exclama Alexandre, ainda com desconfiança.- Esperem um pouco, estamos descendo aí!Os arqueiros começaram a descer do telhado rapida
Charles estava intrigado com a proposta do garoto. Repleto de dúvidas, ele o questiona:- Mudar o rumo da nossa existência? O que exatamente você quer dizer?- Olha só... esses quatro sobreviveram à queda de um avião e estão praticamente ilesos. As chances disso acontecer são mínimas, ainda mais se levarmos em conta que a colisão de um avião em uma montanha daquelas é extremamente letal!- Eu ainda não entendi...- Existe uma razão bem particular para essas pessoas estarem aqui conosco. Meu irmão e eu temos a impressão de que isso não é apenas o destino. Temos que honrar a missão de ajudarmos a Juliana e os outros a saírem deste lugar e voltar para casa!- E o que faz vocês pensarem que o velho Tomás pode ter uma resposta que os ajude a sair daqui?- Bem, dizem que ele sempre tem resposta pra tudo, não é? Acho que não custa nada tentar!- Estamos repletos de bandidos aí fora, não podemos perder tempo
São Paulo, duas semanas antes:Juliana Mazato estava aproveitando o final de uma tarde ensolarada em um parque, junto com quatro amigos, sendo eles duas moças e dois rapazes. Haviam passado o dia inteiro em um shopping perto dali. Estava repleta de sacolas, com roupas novas que iria usar e uma grande maioria que ia deixar guardada por um bom tempo em seu guarda-roupas, ainda com as etiquetas. A garota adorava chamar a atenção por onde quer que fosse. Tinha uma belíssima aparência, mas somente isto não a satisfazia. Era preciso usar as melhores peças de roupa, as melhores bolsas, ir aos melhores eventos. Não era capaz de se perdoar se não conseguisse comprar o aparelho celular que fosse lançado no País há dois dias atrás. Fazia o impossível para acompanhar a moda atual e ser cada vez mais aceita no grupo de amigos do qual fazia parte. Depois de um dia de passeio e gargalhadas, eles estavam sentados em um banco no parque da cidade, não aguentando mais de rir de tantas piadas rep
Juliana Mazato e os outros finalmente alcançam o outro lado da montanha de Montserrat. Ao que parecia, havia mais tranquilidade naquele local. As casas ainda estavam inteiras, não havia rastros de destruição. Alguns homens carregavam feno nas costas e crianças brincavam perto da montanha. O grupo achou aquilo muito estranho; era surreal aquela paz reinar enquanto, no outro lado, uma horda de assassinos procurava pelo Tesouro de Deus. Alexandre então indagou:- Será que essas pessoas não sabem da ameaça do outro lado?- A ameaça não chegará aqui! - responde Hermes - Eles devem estar procurando apenas daquele lado da vila... o tesouro deve estar todo concentrado no lado Oeste, que é onde nós estávamos.- E como podemos ter certeza de que não começarão a procurar por aqui? - questiona Charles.- Acho difícil, mas se vierem, saberemos o que fazer! - responde Hebert.Jackson Ventura estava calado, pensativo, andava muito distraíd