Charles estava intrigado com a proposta do garoto. Repleto de dúvidas, ele o questiona:
- Mudar o rumo da nossa existência? O que exatamente você quer dizer?
- Olha só... esses quatro sobreviveram à queda de um avião e estão praticamente ilesos. As chances disso acontecer são mínimas, ainda mais se levarmos em conta que a colisão de um avião em uma montanha daquelas é extremamente letal!
- Eu ainda não entendi...
- Existe uma razão bem particular para essas pessoas estarem aqui conosco. Meu irmão e eu temos a impressão de que isso não é apenas o destino. Temos que honrar a missão de ajudarmos a Juliana e os outros a saírem deste lugar e voltar para casa!
- E o que faz vocês pensarem que o velho Tomás pode ter uma resposta que os ajude a sair daqui?
- Bem, dizem que ele sempre tem resposta pra tudo, não é? Acho que não custa nada tentar!
- Estamos repletos de bandidos aí fora, não podemos perder tempo
São Paulo, duas semanas antes:Juliana Mazato estava aproveitando o final de uma tarde ensolarada em um parque, junto com quatro amigos, sendo eles duas moças e dois rapazes. Haviam passado o dia inteiro em um shopping perto dali. Estava repleta de sacolas, com roupas novas que iria usar e uma grande maioria que ia deixar guardada por um bom tempo em seu guarda-roupas, ainda com as etiquetas. A garota adorava chamar a atenção por onde quer que fosse. Tinha uma belíssima aparência, mas somente isto não a satisfazia. Era preciso usar as melhores peças de roupa, as melhores bolsas, ir aos melhores eventos. Não era capaz de se perdoar se não conseguisse comprar o aparelho celular que fosse lançado no País há dois dias atrás. Fazia o impossível para acompanhar a moda atual e ser cada vez mais aceita no grupo de amigos do qual fazia parte. Depois de um dia de passeio e gargalhadas, eles estavam sentados em um banco no parque da cidade, não aguentando mais de rir de tantas piadas rep
Juliana Mazato e os outros finalmente alcançam o outro lado da montanha de Montserrat. Ao que parecia, havia mais tranquilidade naquele local. As casas ainda estavam inteiras, não havia rastros de destruição. Alguns homens carregavam feno nas costas e crianças brincavam perto da montanha. O grupo achou aquilo muito estranho; era surreal aquela paz reinar enquanto, no outro lado, uma horda de assassinos procurava pelo Tesouro de Deus. Alexandre então indagou:- Será que essas pessoas não sabem da ameaça do outro lado?- A ameaça não chegará aqui! - responde Hermes - Eles devem estar procurando apenas daquele lado da vila... o tesouro deve estar todo concentrado no lado Oeste, que é onde nós estávamos.- E como podemos ter certeza de que não começarão a procurar por aqui? - questiona Charles.- Acho difícil, mas se vierem, saberemos o que fazer! - responde Hebert.Jackson Ventura estava calado, pensativo, andava muito distraíd
As palavras do velho Felipe caíram como uma bomba em cima de todos os integrantes do grupo. Uma onda de temor tomou conta dos jovens. Juliana foi a primeira a questionar:- Espere! O que quer dizer com "A vila de Montserrat não permitir irmos embora"? Nós não podemos ficar nem mais um dia neste lugar!- Exato! - exclama Jackson - Estamos há menos de dois dias aqui e escapamos de morrer por duas vezes! Esta vila está sob ameaça, não podemos fazer turismo por aqui!- Por favor, senhor... diga que pode nos ajudar! - diz Naiara.- Eu não posso fazer absolutamente nada! O destino de vocês a partir de agora é permanecer nesta vila! - responde Felipe, com uma voz muito suave.- Ouça, com todo o respeito, eu sei que o que vocês estão passando é algo terrível, mas não podemos ajudar em nada, não temos nada
Dentro da pequena casa do enigmático Felipe, o grupo de sobreviventes do desastre aéreo se entreolhava, tentando compreender o que exatamente as palavras do velho. Estavam totalmente confusos e ao mesmo tempo decepcionados por não receberem a ajuda necessária para irem embora da vila. Ao invés disso, receberam uma convocação no mínimo estranha. Indignada, Juliana Mazato se aproxima mais um pouco de Felipe e diz: - Senhor, deve haver algum engano... vou falar por mim, mas acredito que nenhum de nós tem o que é necessário para salvar todo aquele povo dessa organização criminosa, ou seja lá o que isso for. Talvez Alexandre, que como vimos, possui um talento militar, possa ajudar em algo... mas o restante de nós nunca participou de algo assim. Nós precisamos mesmo ir embora, temos pessoas nos esperando, preocupadas conosco. A essa altura, com certeza já souberam do acidente e devem estar pensando que estamos mortos. Vocês deveriam acionar a polícia ou o exército local pra impedir aqueles
O homem estava eufórico. Tentava se desvencilhar do grupo para fugir dos ataques da organização conhecida como "As Trevas". Insistia para que o ajudassem a fugir: - Vocês não entendem! Aquelas pessoas parecem possuídas por algo maligno. Eu preciso sair daqui ou eles me farão em pedaços, assim como farão com vocês se não se apressarem! Alexandre tenta acalmar o homem: - Ouça-nos! O lado Leste da Vila está seguro! O tal tesouro não está lá e ninguém vai perseguir você se vier conosco. Nos leve até os seus amigos e familiares para que também possam nos acompanhar! - Mas que besteira é essa? Não existe lado Leste da Vila! Todo este lugar está cercado por esses malucos, não existe saída pra ninguém! - Acabamos de vir de lá, senhor - exclama Alexandre - falamos com o Senhor Felipe! Foi ele mesmo quem nos mandou voltar a este lado da vila e levar todos os moradores para o lado Leste. Lá vocês estarão seguros da ameaça das Trevas! - Você disse Felipe? Meu jovem, isso é uma lenda, es
O cavaleiro Galahad fitou a todos os integrantes do grupo e intrigou-se por um momento: - Vocês conseguiram escapar do terremoto? - Não vimos terremoto algum - responde Juliana - estávamos do outro lado da Vila. - No outro lado? - questiona o cavaleiro - não existe outro lado em Montserrat! - Foi o que eu disse a eles! - interviu Abraham - Mas eles insistem nessa história e o mais incrível é que eles afirmam ter falado com Felipe! - Felipe? - os outros cavaleiros se entreolharam, espantados - Mas que história é essa? - Ei, tenham calma! - respondeu o cavaleiro líder - Mas que absurdo é isso o que estão dizendo! O sábio Felipe é apenas uma lenda desta vila, passada de geração em geração! É um fruto da mente dos moradores de Montserrat para se ter um apoio emocional e dar certo sentido a uma vida tão complicada e atribulada das pessoas! - Lorde Galahad, essas pessoas que aqui estão me pararam no meio do caminho e disseram que precisam levar todos os moradores da vila para o
O grupo parecia assustado ao saber que toda a situação em Montserrat era de responsabilidade de um só homem e que não se tratava de um homem qualquer. Karmack era o nome do Grande Mal da Vila, o homem da cobiça de quem a Ordem de Galahad estava falando. Charles foi o primeiro a se manifestar: - Então foi por causa desse tal Karmack que a vila ficou de cabeça para baixo e todos nós estamos sofrendo dessa forma? Ótimo, já sabemos a quem temos que perseguir! - Não pensem que é tão fácil assim! - responde Heitor - Karmack não pode ser encontrado facilmente e possui uma mente extremamente perversa. Ele pode acabar com todos vocês sem a menor compaixão e pode usar dos planos mais ardilosos para encurrala-los sem que percebam! - Vocês nunca o encontraram? - pergunta Bianca. - Karmack passou a conhecer todos os segredos de Montserrat! - respondeu Galahad - É preciso uma grande estratégia para poder chegar perto dele. Além do mais, o Exército das Trevas monta guarda dia e noite para que ni
Após muitas horas sentado em frente ao seu computador, Jackson Ventura resolveu sair um pouco de sua casa; estava atordoado por seu grande esforço mental para progredir naquilo que ele considerava como o projeto de sua vida. Uau, que dor de cabeça terrível, dizia ele. Acabara de conversar com Chloe, que o aconselhou a dar uma volta pela cidade. Resolveu ir sozinho até a praça que frequentava com seus pais na infância. Aquele lugar trazia ótimas sensações a ele. Proporcionava-lhe uma paz que ele mesmo não sabia descrever. A imagem de crianças brincando, o cheiro das folhas das árvores e a brisa fresca o faziam sorrir. Jackson sentiu que naquele dia, tinha de esquecer de tudo e se concentrar apenas naquele momento, apenas em seus pensamentos. Deu duas voltas na praça a passos lentos e depois sentou-se em um banco para observar algumas crianças que jogavam bola. Desligou o seu celular e procurou relaxar. Não demorou muito e ele percebeu algo que o deixava incomodado. Um homem branco, apa