Samir ouviu uma voz desconhecida atrás dele. — Anda, me dê o garoto! — era uma voz masculina.Samir fez movimento para se virar. — Não olhe para mim. Me dê o garoto. — Samir viu que não havia ninguém ali, não era dia de passeio, apenas eles estavam fazendo aquilo. Por mais que Abu-Dhabi fosse a capital mais segura, ainda existiam aqueles tipos de pessoas, como em todo lugar de mundo. Samir tentou se concentrar em seu próximo passo, não poderia errar, a vida de seu sobrinho estava em jogo, e apenas ele poderia fazer algo, por isso ele não olhou na direção da irmã ou de Layla, deixando que eles achassem que estava sozinho. — E como te darei uma criança, se não me virar? — Samir ousou perguntar. — Não seja engraçadinho! — reclamou o indivíduo, apertando o que parecia ser o cano curto de um revólver. — Viri-se e me dê seu filho! — Samir se virou devagar, ele sorriria se não fosse nada sério. "Pelo menos são idiotas o suficiente para me confundir com outra pessoa, e pensar que Haid
Aisha sentiu seu coração apertar, não só por seu filho, por Samir também, não tinha como negar, eles haviam sido sequestrado e Khalil havia desconfiado por ver o veículo, pois ele só descreveria si tivesse o visto. Ela sentiu seu mundo desabar, suas pernas ficaram fracas, ela teve te se aproximar da parede para não perder o equilíbrio, aquilo fez Layla, que estava de saída da loja, ficar em alerta, ela quase correu para fora. Chegando a tempo de ouvir palavras estranhas vinda do filho que estava ao celular. — Sim, preto. Claro que é seis lugares, acredita que estaria ligando se estivesse dentro dele? — Khalil se irritou com seu ouvinte. — Ainda preciso confirmar tudo que já disse? Façam logo isso. Se este carro sair da capital, alguém morrerá por incompetência. — Khalil avisou, desligando o celular.Layla ficou em choque, seu filho não ameaçava ninguém, agora notara Aisha desamparada, Khalil tocou seu ombro a chamando atenção: — Irei resolver isso, os teremos de volta! — assegurou.
Em algum momento de sua viajem indesejada, aqueles homens mal-intencionados, mudaram de carro, desta vez, apenas três estavam com ele, a diferença não era quase nada, porque suas armas continuavam apontadas para ele e o sobrinho. Ele não poderia simplesmente sair pela porta sem ser notado, como o carro estava em movimento, iria rolar no chão quando caísse, como faria com o sobrinho nos braços?Também não seria simplesmente pular, teria de fugir correndo, enquanto eles ainda teriam dois carros e armas para lhe perseguir se quisessem, porque após dá este trabalho pensariam que melhor seria matar os dois. Samir não via outra saída a não ser revisar em sua cabeça o que estudara sobre o tahtib profissional, quase ninguém sabia as técnicas dele. Samir não podia dizer ser profissional, ele apenas estudou nos livros e visto, enquanto treinou algumas das coisas que assistiu e ouviu nos vídeos ao quais ensinava alguns truques, era apenas um passatempo, mas teria de lhe servir em algum momento
Khalil parou onde o carro havia sido localizado, não havia ninguém suspeito. O sheik se irritou, tentou se manter no controle apenas interrogando aqueles que estavam ali. — O dono deste carro, onde ele está? — o homem baixou os olhos, respondendo prontamente. — Eu sou o dono dele. — Khalil respirou fundo. Era visível a inocência dele diante da situação. — Quem o alugou até poucas horas? — já haviam se passado quase uma hora. — Eu não o conheço senhor... — foi interrompido pelo comandante. — Emir. — avisou ao homem. — Ele não disse o que faria, emir! — o desconhecido de quase cinquenta anos já tremia. Aquele que estava com ele, deveria ser seu filho, mas se manteve longe, sabiamente. — Eu não tenho tempo para te castigar agora, então apenas me diga onde ele foi, qual direção e o que usou para sair daqui! — ordenou irritado.O outro disse o que sabia, ainda temeroso por sua vida. — Eles foram em direção a saída da cidade, mas não parecia que iriam viajar, eles quiseram alugar um
— Sabe, vocês são mesmo idiotas. Quem mandou vocês, não deu as informações necessárias para este sequestro ser um sucesso. — o homem estreitou os olhos na sua direção.Ele se preparou, o homem foi tão burro que o fez segurar o bastão improvisado, para então amarrar em sua mão. Eles confiavam que um revólver apontado para ele era o suficiente para o fazer ficar quieto. Deixou que ele se preocupasse em amarrar pelo menos uma volta, deu o nó... — E o que é isso aqui, se não é o sucesso? — riu um deles.Samir aproveitou a oportunidade única.Apertou o bastão e puxou a mão com corda e tudo, com força, deixando o homem surpreso, o outro lhe apontou a arma ao seu rosto, Samir chutou no meio das pernas daquele que estava a sua frente, que antes amarrou a corda, ele caiu no chão, reclamando por sua dor, Samir bateu parte do bastão na mão do outro, o fazendo deixar a arma cair. — Que droga está acontecendo aqui? — aquele de óculos parou quando viu o jovem se mover, saindo da cadeira com o be
Mal tiveram tempo de se posicionar para executarem Samir e seu sobrinho. Sem que percebesse já haviam sidos alvejados. Samir sentiu o fedor do sangue no momento seguinte, viu os corpos caindo depois do impácto que receberam, suas roupas manchadas de um vermelho muito forte pintaram o chão com aquele líquido que jamais será uma tinta aceitável em obra nenhuma. Os outros dois que sobraram ficaram assustados, procuravam de onde as balas saíram, eles tentaram se proteger atirando por todas as paredes, assim como a porta, esqueceram-se dos seus reféns, mas para sua desgraça descobriram que já era tarde. As paredes tinham algumas rachaduras por onde algo como uma munição da M82, uma arma potente, que pode abater a longa distância, pois pode ser atirado fogo a construções como aquela, blindados e helicópteros. Homens bem protegidos haviam adentrado o local, apontavam seus rifles para os dos homens assustados, eles foram obrigados a largar suas armas e se abaixarem como foi pedido. — انظر
Os próximos dias, Samir ficou mais atento ao sobrinho, Aisha notou a mudança, mas não pôde falar com ele, pois Khalil dizia que o mesmo precisava de tempo. Quando retornou as aulas, ele finalmente se distraiu de suas preocupações, do excesso de cuidado com Haidar e sua própria mente. Tudo estava indo bem...Ele prestara atenção nas aulas, nas atividades que fazia, tudo com muita atenção... — Al-Rashidi! — alguém gritou atrás dele.Samir estagnou no lugar, era a voz de uma garota, alguém que ele conhecia a quase um ano. — Não dissemos que iríamos pintar hoje? — uma jovem bonita, de cabelos castanhos ondulados, pouco abaixo dos ombros, parou ao seu lado. — Não, não dissemos! — assegurou ele. — Qual é. Al-Rashidi?! — ele a olhou sério. — Você disse que pintaria hoje, apenas faria companhia a você. — respondeu ele.Um sorriso divertido beirou os lábios dela, a mesma agia como se mais ninguém existisse ao redor. — Você também pinta, eu já vi, não negue. Al-Rash... — Samir a cortou
A escola inteira já tinha conhecimento do ocorrido, Samir se pôs em perigo pelo sobrinho, ele parecia ter lutado com os sequestradores para salvar o bebê, ninguém soube como. O pai de Danyal, o segundo comandante, havia dito-lhe sobre o ocorrido, que não hesitou em encher a escola de mentiras, deixando Samir desconfortável, pois sabia que Samir não queria ser o centro das atenções, bajulado ou julgado. Tudo para irritá-lo.Uns acreditavam na história de Samir havia feito aquilo apenas para ficar bem com o Sheik, para ter mais regalias, não ser expulso de sua casa e mandado de volta para sua terra natal. Alguns envenenavam até mesmo o ocorrido, insinuando que ele havia planejado tudo com alguém de sua terra, para passar por herói. — Calem a boca seus idiotas! — Raja esbravejou com o grupo que cochichava alto demais para ser segredo.Eles falavam sobre a última opção, de Samir ser o mandante do sequestro. Olharam feio para Raja, que havia parado de correr para procurá-lo na biblioteca.