Giulia RicciardiO dia no curso foi intenso, mas produtivo. Eu adorava cada segundo que passava entre tecidos, moldes e desenhos. Moda era minha paixão, e a ideia de um dia ter minha própria marca me deixava animada.Mas hoje, além do curso, eu tinha um compromisso diferente.Vittorio havia me convidado para a inauguração de um novo restaurante no centro da cidade. Ele sempre tinha conexões com eventos importantes, e fazia questão de me incluir nesses momentos. Eu gostava da atenção e do prestígio que isso trazia, mas, no fundo, algo ainda me deixava hesitante.Assim que cheguei em casa, fui direto para o meu quarto.Liguei a música em um volume médio e entrei no banheiro, pronta para tomar um banho demorado. A água quente ajudou a aliviar a tensão do dia, e eu aproveitei para lavar o cabelo, massageando o couro cabeludo com calma.Saí do chuveiro envolta em uma toalha macia, o vapor ainda preenchendo o banheiro. Caminhei até o espelho e observei meu reflexo por alguns instantes. Meus
Lorenzo SalvatoreA sala do escritório de Domenico Ricciardi sempre tinha uma atmosfera carregada de respeito e tensão. As paredes escuras, repletas de estantes com livros que provavelmente nunca foram lidos, davam ao ambiente um ar de sofisticação e intimidação ao mesmo tempo. A grande mesa de mogno no centro do cômodo era onde todas as decisões mais importantes da máfia eram tomadas, e hoje não seria diferente.Eu estava sentado ao lado de Marcos e Antônio, enquanto Domenico estava na ponta da mesa, com os dedos entrelaçados sobre o tampo liso e brilhante.— Conquistamos um território nos Estados Unidos — Domenico começou, sua voz firme e imponente. — E isso precisa ser celebrado da maneira correta.Eu já imaginava onde essa conversa ia chegar.— Uma festa? — Marcos sugeriu, cruzando os braços.— Exatamente. Mas não apenas uma comemoração qualquer. Esse evento precisa deixar claro para nossos aliados e inimigos que ainda temos o poder que sempre tivemos. Não basta expandirmos territ
Giulia RicciardiO quarto estava um verdadeiro caos. Vestidos espalhados sobre a cama, maquiagens reviradas sobre a penteadeira, sapatos jogados pelo chão. Francesca e Liz falavam ao mesmo tempo, tentando decidir qual batom combinava melhor com seus vestidos, enquanto eu tentava, sem sucesso, ignorar o nervosismo que começava a tomar conta de mim.O evento seria grandioso, meu pai fazia questão de exibir o poder da nossa família para aliados e inimigos, como sempre. Mas, para mim, a noite não era apenas sobre reafirmar a força dos Ricciardi. Havia algo mais pairando no ar, uma sensação incômoda, como se algo estivesse prestes a acontecer.— Você está pronta? — Liz perguntou, ajustando um brinco no espelho antes de se virar para mim.— Quase — murmurei, pegando o vestido preto sobre a cama.Vesti a peça de cetim ajustada ao corpo e fui até o espelho. O tecido caía perfeitamente, destacando minhas curvas sem ser exagerado. Acrescentei alguns acessórios discretos, mas elegantes, e comece
Lorenzo SalvatoreA brisa noturna soprava pelo jardim, trazendo um frescor necessário depois do calor e do barulho do salão. Eu caminhava pelo perímetro externo, conferindo os pontos estratégicos de segurança. Tudo estava como deveria estar. Os soldados estavam atentos, posicionados nos locais designados, e até o momento, nenhum sinal de problemas. Fiz um leve aceno para um dos homens próximos à entrada lateral, que respondeu com um movimento discreto de cabeça. Voltei-me para a entrada principal, pronto para retornar ao salão e continuar meu trabalho lá dentro. Mas, no caminho, trombei com uma presença indesejada. — Ora, ora… se não é o fiel cão de guarda dos Ricciardi — a voz de Vittorio soou carregada de sarcasmo. Meus olhos se estreitaram, e minha expressão permaneceu impassível. — Algum problema? Ele sorriu de lado, inclinando a cabeça. — Precisamos conversar. Cruzei os braços, analisando-o. Tudo nele me irritava — o olhar metido, o tom de voz afetado, o jeito como ele se
Giulia RicciardiA última semana passou mais devagar do que eu gostaria. Minha cabeça estava a milhão, que eu nem conseguia relaxar muito bem.Desde o evento, eu estava evitando Vittorio. Não respondia suas mensagens imediatamente, não atendia suas ligações e, quando inevitavelmente nos víamos na casa dos meus pais, eu mantinha as conversas curtas e sem profundidade.Eu ainda estava irritada com a forma como ele tratou Lorenzo naquela noite.Não era só o tom arrogante e a hostilidade desnecessária. Era a forma como ele se dirigiu a um homem que meu pai confiava, como se Lorenzo fosse alguém que ele pudesse pisar e descartar. Isso me fez questionar o quanto Vittorio realmente entendia a dinâmica da minha família e dos negócios.Para evitar pensar demais nisso, me joguei no curso.Passei mais horas do que o normal por lá, me distraindo, estudando, focando em qualquer coisa que não fosse o conflito interno que eu sentia. Mas hoje, ao sair do curso e dirigir de volta para casa, soube que
Lorenzo Salvatore O dia estava fresco quando saí de casa. O céu nublado e a leve brisa tornavam a manhã menos sufocante do que o normal. Era minha folga, e eu já sabia como queria aproveitá-la: vendo minha mãe e minha irmã. Havia um tempo que não passava uma manhã inteira com elas, e depois de tudo que aconteceu com minha mãe, eu precisava garantir que ela estava realmente bem. Ao chegar à casa da minha mãe, fui recebido com um abraço apertado de Anna. Ela ainda tinha aquele jeito de menina, mesmo já sendo uma adolescente. Minha mãe apareceu logo em seguida, sorrindo ao me ver, mas eu percebi no olhar dela um cansaço que não tinha antes. Passamos a manhã juntos, tomando café e conversando sobre assuntos banais. Perguntei à minha mãe sobre os exames e a medicação. Ela garantiu que estava seguindo tudo direitinho e ainda contou que começou a fazer caminhadas, por recomendação médica. Fiquei satisfeito com a resposta, mas algo ainda me incomodava. O infarto dela não tinha sido aleatóri
Giulia Ricciardi A noite estava agradável, e eu me sentia satisfeita com a minha escolha de roupa. A calça social pantalona preta alongava minha silhueta, enquanto a blusa de uma manga só trazia um toque de sofisticação. O cinto dourado marcava minha cintura com elegância, e os saltos dourados completavam o visual. Prendi o cabelo em um coque arrumado e finalizei com uma maquiagem básica, realçando meus olhos e lábios. Peguei minha bolsa de mão e a chave do carro antes de descer as escadas. Ao chegar ao térreo, encontrei papà e Lorenzo saindo juntos. O olhar de ambos pousou em mim ao mesmo tempo. Papà sorriu, aproximando-se. Ele segurou meu rosto com uma das mãos e depositou um beijo carinhoso na minha testa. — Para onde vai tão bonita assim, mia cara? — perguntou ele, com o tom de voz carregado de orgulho e curiosidade. — Vou a uma palestra do meu curso, papà. Uma estilista renomada da França veio dar uma palestra na faculdade — respondi com naturalidade. Papà assentiu, sa
Lorenzo Salvatore Eu olhava para a carga que chegava, mas minha mente estava distante, viajando para um lugar bem longe do galpão onde estávamos. Domenico, sempre concentrado, inspecionava cada caixa com a precisão de quem conhece a vida que escolheu, enquanto o agrônomo explicava as mudanças na nova variedade de cannabis. A planta agora tinha características geneticamente aprimoradas, o que significava novas possibilidades para a produção de drogas. Mas eu mal conseguia me concentrar nisso. A única coisa que ocupava minha mente era Giulia. Enquanto ela descia as escadas, eu me permiti apreciar sua beleza, sem que Domenico percebesse, e parecia que a cada dia, ela roubava mais uma parte do meu coração para ela. Quando ela se aproximou de nós, o seu cheiro me consumiu, seu perfume era uma mistura de rosas com amêndoas, era algo doce, mas exalava sensualidade também. E era isso que Giulia era, doce e sensual, mesmo quando não tentava ser, ela conseguia ser uma mulher estonteante e de