O casamento foi rápido, para meu mais sincero alívio.
Max manteve uma expressão nervosa muito convincente para o momento e, sabiamente, evitou olhar em direção aos convidados. Acho que ele não teria tido forças para me ignorar se nos olhássemos mais uma vez. Eu com certeza não teria. Se ele demonstrasse qualquer desejo de desistir e não se importar com o que aconteceria, se o hotel falisse ou se o seu pai iria ter um surto, eu o arrancaria daquele altar e iriamos embora juntos.
Amélia estava muito bonita, radiante e sorridente. Será que o casamento era real para ela? Ela sentia alguma coisa verdadeira por Max? Ou tudo aquilo era apenas a satisfaç
Os anos seguintes da minha vida foram tranquilos. Luzia e eu morávamos em uma casa que construímos no terreno dos meus pais, pequena, mas muito aconchegante. Todos os dias ela se levantava suavemente para preparar o café da manhã antes de eu seguir para a venda do meu pai, onde continuei trabalhando por muito tempo. Pensei que o aspecto físico da minha vida de casado seria mais difícil, já que nem de longe Luzia era interessante para mim como Max, mas tudo pareceu muito simples quando percebi que tinha uma imaginação muito boa. Com certeza não era a melhor das experiências para minha esposa, mas como ela também não parecia nutrir grande interesse
A vida, sozinho, tornou-me meio triste. Mas Julian, quando presente, afugentava qualquer tristeza para muito longe. Depois de um período de confusão, até de rebeldia, pela separação e o novo padrasto, ele voltou a ser o mesmo garoto amoroso de sempre. No mais, minha vida pessoal era uma sequência de encontros furtivos quando esbarrava com alguém verdadeiramente interessado, como acontecera com Matheo no que me parecia a vida de um outro Oliver. Ninguém, porém, fez com que eu sentisse algo nem próximo do que senti com Max nos dias em que estive no Hotel Evans e, depois de um tempo, cansei de buscar algo que claramente não estava destinado a ter.&nbs
Quando Max afastou seu corpo do meu, nós dois estávamos ofegantes. Era como voltar ao passado, mesmo que nossos corpos estivessem diferentes, ainda reagiam um ao outro da mesma forma de quinze anos atrás. - Não acredito que você está aqui. – ele segurou meu rosto com as mãos, unindo nossas testas. - Também não consigo acreditar que é verdade. – coloquei minha mão em cima das dele. Nada tinha mudado. Tínhamos casado, tido filhos, envelhecido... Mas eu ainda estava perdidamente apaixonado por ele. Essa constatação me balan&cced
Ficamos abraçados em silêncio por um longo tempo, minha cabeça apoiada em seu peito e nossas pernas entrelaçadas embaixo das cobertas. Apenas sentindo a presença um do outro depois de tanto tempo. - Você esteve com outras pessoas, não é? – Max perguntou, tentando soar casual. - Não me leve a mal. – eu precisava ser sincero – Mas, sim. - Eu não levo. – ele podia sentir ciúmes ao imaginar isso, mas verdadeiramente não me condenava nem um pouco.&n
Naquela noite não conseguir prestar atenção em nada. Julian me contou alguns casos da escola, mas tudo que eu conseguia era acenar com a cabeça enquanto tentava imaginar como Max estaria se saindo na conversa com Amélia. Quando meu menino começou a cochilar, decidi leva-lo até a cama, onde rapidamente começou a se aninhar entre as cobertas. - Pai? – me chamou de olhos fechados, puxando a coberta até o queixo. - O que foi? – sussurrei me aproximando novamente. - Eu
Max não voltou, mas recebi uma visita inesperada. Quando escutei as palmas na rua, apenas fui atender, sem jamais imaginar que a veria ali, parada e de queixo erguido. Completamente perfeita como há quinze anos, me olhando de cima para baixo, mesmo que eu fosse mais alto. - Resolvi descobrir para onde meu marido tinha ido. – falou abrindo o portão sem que eu convidasse – Queria saber quem era a mulher que estava tentando destruir meu casamento. Seus saltos fizeram um ruido contra o chão da varanda, onde eu permanecia completamente quieto. A conversa não tinha ido bem, dava para perceber.<
Deixar a casa, sob o olhar das pessoas nas janelas, não foi tão ruim como eu tinha esperado. Havia um certo alívio em encerrar aquela fase da vida. Olhei ao redor, flagrando várias cortinas afastadas, e então beijei Max ali na rua. Ele pareceu surpreso, mas não me repeliu. - O que foi isso? – perguntou quando nos acomodamos no carro. - A cena final. – dei de ombros, imaginando o quanto os vizinhos teriam ficado chocados. Durante todo o caminho, pensei na minha família. Já fazi
Eu estava certo, e aconteceu muito antes do que eu poderia sonhar. Cinco anos após nossa mudança para o hotel, num dia de sol, quando eu estava atrás do balcão vendo uma porção de papéis, uma garota atravessou a porta com passos decididos. Sua postura e feição entregaram quem era, por mais que os cabelos fossem mais claros e os olhos do tom azul exato de Max. Havia certa arrogância em sua aura que me remetia ainda mais à Amélia, e me deixou apreensivo. - Você é Oliver. – não era uma pergunta. Ela me encarava de queixo erguido.<