NARRADORA Por outro lado, as mulheres estavam empolgadas, aprendendo um monte de coisas novas com a Alfa. —Lyra, de verdade, que alegria saber que você tá recuperando suas memórias! A mulher do Lorenzo falava toda animada, carregando com sua força bruta e braços grossos um recipiente cheio de cipós pra trançar. —Hehe... é, a memória —Lyra disfarçou. Ela ia mudar de assunto quando, quase chegando na matilha, viram o Verak perto da paliçada. —Até que enfim apareceu o suposto chefe, ficou todo esse tempo fornicando com a Nana —a fêmea fez uma careta e escancarou a boca pra gritar pro Verak. —Não, não, espera —Lyra tapou a boca da “Lorencita”, quase sufocando a coitada. Verak tava muito estranho, falando nervoso com uns guerreiros e, de repente, apareceu um macho com cara de prepotente. —Se esconde atrás daquela árvore, vai... Ela empurrou a outra mulher, que logo ficou toda fofoqueira também. Tavam longe demais, não dava pra ouvir o que diziam, e se chegassem mais perto
LYRAFomos levados para uma tenda afastada e amarrados lado a lado em uns postes robustos que sustentavam o teto.Drakkar estava estranhamente calmo, como se estivesse prestes a explodir.... “Que porra o Nerón tá pensando em fazer?”... “Não sei, mas aquele pomposo tá se aproveitando que o Alfa foi numa expedição e deixou ele no comando da feira.”Ouvimos os guardas conversando do lado de fora antes de se afastarem.Parece que o filhinho do Alfa armava essas merdas com o Verak sem o pai saber de nada.—Drakkar, confia em mim? —perguntei de repente, olhando pro lado.A cabeça dele se levantou na hora e fiquei chocada ao ver metade do rosto coberto de veias negras se mexendo sob a pele como cobras venenosas.—Não, não! Olha pra mim, se acalma, se te veem assim vai ser pior. Se perder o controle, eu não consigo alcançar seu lobo!Esse era meu maior medo.—Não consigo ficar parado enquanto te machucam! —ele rugiu, feroz e selvagem.—Drakkar, tem algo que você precisa saber. Eu sou forte,
NARRADORAAztoria se lançou pra frente com as presas escancaradas.Toda a sua aura de Alfa superior explodiu, congelando a vontade de Verak, que só conseguia encarar a morte de frente com os olhos arregalados.Como Lyra podia ser tão forte? Se ele soubesse...Mas todo abusador encontra seu fim, e dessa vez, a vítima virou a algoz.A traqueia do lobo de Verak ficou presa na boca de Aztoria quando ela arrancou sua garganta com uma mordida, cruel e sanguinária.Enquanto o sangue pintava o chão de tons carmesim, o filho do Alfa da matilha Vale Fértil perdia a luz da vida.Seu último pensamento foi para o pai...Drakkar o largou no chão com nojo e cuspiu com desprezo.A dor em seu peito era agoniante, a maldição fervendo na pele, mas enquanto Lyra estivesse a salvo e com ele, suportaria qualquer coisa.Seus olhos negros se voltaram para a bela loba, que também o observava.Os olhinhos claros dela estavam cheios de medo e expectativa."Lyra, será que assustei meu companheiro? Ai não... e se
NARRADORAAlguns momentos antes de soar o alarme do incêndio...Nana mal tinha forças pra se manter consciente na cama.Estava destruída física e mentalmente. Seu único alívio era que Nerón tinha encontrado um brinquedinho novo e estava fascinado, girando ele nas mãos.—incrível... só vi facas assim nas Matilhas Altas, e esse homem sabe forjar mesmo —murmurava, extasiado com a adaga.As palavras de Lyra tinham surtido efeito, e Nerón não machucaria Drakkar, focado em arrancar o segredo da forja dele. Os olhos de Nana encaravam suas costas, marcadas pelas garras.Não importava quanto resistisse, ela não tinha arma pra se defender... a arma. Seus olhos opacos se fixaram no brilho obsidiana da lâmina.Se ao menos ela conseguisse alcançá-la... Como se os céus finalmente tivessem piedade, alguém chamou por Nerón com urgência na porta. Ele largou a adaga de qualquer jeito em cima de uma mesinha e foi falar com o guarda.Às suas costas, Nana se forçou a se mover e descer da cama com cui
NARRADORA—Deusa santa! —ela correu ao ver o corpo nu de Nana jogado sobre o tapete.Lyra se inclinou sobre ela—mal respirava.Os hematomas e chicotadas naquela pele frágil diziam tudo para Lyra.Ela olhou para o Alfa ao seu lado, com a adaga que ela tinha roubado de Drakkar cravada no pescoço.O macho a arrancou dali sem dó e deu um chute seco no cadáver para virá-lo.A expressão de surpresa ainda estava congelada nos olhos fixos no teto.—Ela não respira…—Mas ainda tá viva. A gente tem que levá-la —Lyra decidiu na hora, correndo até a manta de pele sobre a cama pra cobrir a Ômega.Drakkar apenas concordou com um aceno. Jamais aceitaria abuso contra uma mulher, fosse quem fosse.—Drakkar, preciso que aja rápido. Aproveita que não tem guardas. Traz o corpo do Verak. Vai, vai, vai logo…—Mas não posso te deixar sozinha.—Amor, eu sei me defender. Não vamos perder tempo. Lembra que esse é o filho do Alfa; temos que preparar a cena do jeito certo.Drakkar não entendia todo aquele teatro
NARRADORAUm guerreiro se levantou de repente, dando o alarme, e todos os outros fizeram o mesmo, tensos—até que os aromas conhecidos chegaram às narinas.—São eles!Quando os arbustos se abriram, Drakkar apareceu carregando Nana, e Lyra tinha voltado à forma humana.—Eles estão bem!—Lyra, a gente fez o PDE e funcionou! —Lyra sorriu, é claro que sabia que tinha funcionado.—Ai, meu Deus do céu! É a Nana!No meio da emoção do reencontro, perceberam o corpo mole que Drakkar carregava.Colocaram ela logo em umas peles perto do fogo, mas a Ômega tremia sem controle.Foi aí que Lyra percebeu que o estado da loba era mais grave do que parecia.Nana estava agonizando.—Rápido, tragam umas folhas com esse formato...!Ela pegou um graveto e começou a desenhar no chão, lembrando de tudo que tinha encontrado na expedição com Drakkar.Alguns homens se mobilizaram e saíram para colher as ervas medicinais.—Alguém precisa alimentá-la com sangue, de preferência um macho forte —Lyra orientou, mas ób
NARRADORA—Alfa, com certeza eles fizeram mal pro Verak! —Gertrudis começou a manipular a situação; foi com tudo, sem máscara, contra Drakkar e aquela vadia.—Do que diabos você tá falando?! Drakkar! Onde tá meu filho?! FALEM LOGO, P0RR4!—Alfa, ninguém sabe de nada e isso que ela tá dizendo… não é verdade —Lorenzo encarou a curandeira com a testa franzida.Todo mundo pronto pra defender Lyra e Drakkar.—Eles salvaram a Nana e ajudaram a gente a escapar…—Mentira! —a velha retrucou, levantando o bastão, com o rosto tomado pela malícia—. Vocês só tão enfeitiçados porque o Drakkar…!—Mãe…De repente, a voz sussurrada de Nana apareceu, e uma mão trêmula segurou a saia de Gertrudis.—Filha! —a curandeira se abaixou pra abraçá-la; sentia a dor profunda da Nana.A loba dela tentava encontrar conexão com a sua filhote, mas tava fraca demais.—Nana… —encarou os olhos vazios da menina que, dias atrás, brilhava cheia de vida e sonhos pro futuro.—Eles me… salvaram… Drakkar e Lyra…Com a respira
NARRADORANão importava o quanto explicassem para o Alfa, a dor pela morte de Verak não deixava ele pensar com clareza, e ele ordenou que prendessem Drakkar e Lyra.Por pouco não levou Nana também, mas ainda tinha medo da influência da velha curandeira.Claro que Drakkar resistiu, ninguém ia prender eles de novo."Se levarem eles, vão ter que lidar com a gente!"O grupo do sal estava vendo tudo vermelho de tanta raiva pela injustiça.Verak era um idiota cujos planos deram errado.Ele largou todo mundo à própria sorte sem se importar com nada, só Drakkar e Lyra ficaram do lado deles."ENTÃO TODOS VOCÊS ESTÃO FORA DA MINHA MATILHA! ESTÃO EXPULSOS, SUMAM DAQUI! FORA DAS MINHAS TERRAS!"Os corações dos guerreiros tremeram, ninguém esperava uma reação assim do Alfa.Ficar fora da tribo não era brincadeira. Só a união dos lobisomens permitia sobreviver nesse ambiente tão hostil."Não tenham medo. Quem escolher seguir a gente vai ter uma vida melhor do que nessa matilha."A voz da Lyra chego