SIGRIDA carruagem parou, e ouvi Grimm cumprimentando alguns homens. Depois, o som de portões rangendo e voltamos a seguir em frente.Afastei a cortina com o dedo, onde um enorme anel de esmeralda brilhava, e imediatamente os guardas baixaram a cabeça em respeito.Passamos por muralhas imponentes que davam acesso a uma cidade cheia de vilas e casas de pedra e madeira.Ouvia-se o burburinho das ruas, o aroma de comida e os pregões das pessoas no mercado.Todos os campos cultivados e tudo dentro dessas muralhas pertenciam ao feudo da família de feiticeiras De La Croix.Três irmãs: a mais velha e atual chefe do castelo, Morgana De La Croix; a do meio, Drusilla De La Croix; e a mais nova, a mulher cuja consciência eu mantinha aprisionada enquanto ocupava seu corpo com meu espírito primordial: Electra De La Croix.—Quero descansar. Que ninguém me incomode.Dei ordens e segui em frente, conforme as lembranças, através do pátio externo onde paramos, atravessando as enormes portas de entrada
SIGRID—Sim, sim, eu sei, pela Deusa, como você é fria. Achei que, por ser a caçula, seria mais gentil —murmurou, falando apressadamente—. Agora entendo por que é a favorita da Morgana, quase parece que foi ela quem te pariu.—Vai passar a tarde falando bobagens ou já vai sair do meu quarto?—Estou indo, estou indo. Ufa, que mau humor. Fico te devendo uma.Ela finalmente saiu, deixando um rastro daquele perfume enjoativo que usava e os longos cabelos negros balançando nas costas.É bela, como quase todos os seres sobrenaturais, mas uma mulher que fala dos próprios filhos como objetos descartáveis só pode ter o ventre e o coração podres.Além disso, Morgana vai descobrir, não apenas porque Grimm é seu espião, mas porque Drusilla é péssima em tudo, até mesmo em mentir.Decido me sentar na cama para pensar na minha missão.Preciso traçar planos para sair daqui por conta própria.A Deusa, como sempre, falou em enigmas. Minha tarefa é encontrar um homem especial, extremamente belo, e salvá
SIGRIDNesse momento, eu estava extremamente grata pelos meus conhecimentos de magia negra.Ainda assim, apesar de todas as coisas estranhas que já tinha presenciado, observar o tronco daquela árvore se abrir, com um sangue escuro como piche escorrendo para o chão, enquanto o corpo daquele homem era "liberado", foi uma cena que ficaria gravada na minha memória.Metade do corpo dele caiu para fora do tronco.Sua pele, em carne viva, mal era reconhecível, sendo devorada aos poucos.Ele tentou se arrastar com a ajuda dos braços, mas não conseguia; suas pernas ainda estavam presas. Parecia que aquela árvore demoníaca não deixaria sua presa escapar tão facilmente.O escravo agarrava-se à vida.Nenhum som escapava de sua boca, apesar da dor excruciante que devia estar sentindo.Algo em mim despertou uma admiração por sua resistência.Coloquei o bebê na grama macia, longe daquela cena horrível, e caminhei até ele com determinação.—Vamos, não me faça desperdiçar meu tempo e meus feitiços à t
SIGRIDA noite avançava, e eu precisava agir rápido.Não era o mesmo levar um bebê transformada em névoa do que carregar um homem tão pesado. Eu precisava movê-lo para algum lugar mais próximo.—Consegue caminhar? Ei —inclinei-me ao seu lado, com a guarda alta, pensando que ele poderia me atacar de surpresa.Mas, ao tocar seu ombro com força, seu corpo caiu inerte para trás. Ele havia desmaiado.Pelos céus.Eu bufava de cansaço, mas qualquer pensamento desapareceu ao ver seu rosto descoberto agora que o cabelo sujo havia caído para o lado.Cerrei os punhos enquanto a raiva percorria meu corpo. Seu rosto estava destruído.Coberto de feridas horríveis e profundas, cicatrizes, e o pior de tudo: ao redor de seu olho direito, uma enorme marca negra, como uma queimadura, que se estendia pela bochecha e pela testa.Que tipo de feitiço amaldiçoado estavam experimentando neste infeliz?Cobri-o como pude com a capa e conjurei um feitiço de força. Isso consumiria muita magia, mas não havia outra
SIGRIDAquele homem se levantou e começou a me atacar com uma força descomunal, algo que eu nem sabia de onde vinha, considerando sua condição.—Estou... tirando... o selo —cravei minhas unhas em seus pulsos, resistindo à falta de oxigênio e olhando diretamente para aquele olho dourado que agora me encarava, nublado e errático.A loucura espreitava nas profundezas de seu olhar.—Não... me... toque... maldit4... —rosnou com um ódio que me fez arrepiar o corpo inteiro, tão visceral e profundo, tão sangrento.—Aaggrr —gemi, resistindo, enquanto lutávamos.As unhas negras de suas mãos penetravam cada vez mais dolorosamente em meu pescoço branco. A escuridão rondava minha visão, e minha cabeça girava de tontura.—Eu não sou... ela... tranqui... lize-se... não sou... Lucre... cia.Eu sabia que ele estava me confundindo, que o rancor que sentia por sua antiga dona impulsionava aquele último resquício de resistência em seu corpo.Eu teria que atacá-lo, já sentia isso. Mas não morreria pelos p
VALERIA— Você está... você está certa, Esther? — pergunto com a voz trêmula.Meu coração bate apressado, cheio de felicidade.— Muito certa, Luna, aqui está no ultrassom, é essa pequena mancha escura. Você está grávida.Ela aponta para a tela e vejo a frágil vida do meu filhote se formando dentro de mim.— Por que não consegui sentir o cheiro, nem seu pai? — pergunto preocupada.— É muito recente, talvez por isso, dê mais alguns dias e você deverá perceber suas feromonas.Ela responde e eu aceno com a cabeça, com os olhos turvos de lágrimas.Sou a Luna da matilha “Bosque de Outono”.Há três anos me casei com o homem que amo loucamente, apesar de não sermos pares destinados, meu Alfa Dorian.Fiz de tudo para ser a Luna perfeita, o pilar no qual ele possa se apoiar, no entanto, uma sombra opaca meu casamento e era o tema do herdeiro.Nunca consegui engravidar e admito que não compartilho muito a cama com Dorian, mas sei que suas obrigações como Alfa o mantêm muito ocupado e estressado.
VALERIAEle me morde com ferocidade na coxa e me arrasta para debaixo de seu corpo, controlando-me sem piedade.Tento resistir, pedir ajuda, minhas mãos sobre meu ventre, tentando proteger meu filhote, mas suas garras, como armas mortais, perfuram minha pele, destroçando todo meu pequeno corpo vulnerável.Preciso levantar os braços por instinto quando suas garras afiadas se dirigem ao meu rosto, e grito em agonia por causa de uma ferida profunda que atravessa minha bochecha desde a testa.Ao deixar minha barriga exposta, ele investiu contra nosso filho.— NÃO! O filhote, não! Por favor, Dorian, MEU FILHO NÃO!As lágrimas caíam incessantemente dos meus olhos enquanto eu o suplicava, mas seus caninos devoravam minha carne, e suas garras procuravam, friamente, nas profundezas das minhas entranhas, arrancar a vida que eu carregava.Não sei quanto tempo durou essa agonia; soluçava, implorando enquanto ainda conseguia falar.A dor em todo meu corpo era insuportável, mas a da minha alma, que
VALERIAOuço gritos estridentes, vidros quebrando, um rugido animal, rosnados de Alfa, luta e disputa.Algo quente espirra em meu rosto e braços, minhas garras destroçam e meus caninos rasgam.Não consigo parar, não posso, a raiva me consome por dentro e grita por libertação.Não sei o que estou fazendo, não tenho consciência de mim mesma, só sei que, quando recupero o controle do meu corpo, a primeira coisa que vejo são minhas mãos cobertas de sangue.Estou de joelhos no chão, ao meu redor tudo é vermelho, destroços e partes do que um dia foi um poderoso Alfa, Dorian.O que eu fiz? O que fiz, por Deus?!Olho para a cabeça arrancada a um metro de mim.Seus olhos amarelados ainda me encaram com pânico, e sinto como meu estômago revira.Vomito ao lado, sem conseguir evitar, enojada por toda essa cena cheia de morte e violência.Fui eu quem fez isso? Aqui não há ninguém mais.Olho ao meu redor, não sei onde foi parar Sophia, só sei que alguém foi jogado pela janela de vidro, que está est