POV DARIUS.Uma dor horrível tomou conta de meu corpo, como se cada osso estivesse sendo quebrado e reconstituído erradamente. A besta estava acordando, e logo tomaria o controle de mim e de Baltazar. Algo monstruoso se agitava dentro de mim, esperando para se libertar e devastar tudo em seu caminho. Eu sentia cada parte do meu ser se contorcer, e a realidade começava a se dissolver enquanto a dor me consumia.Gabriel tentou se aproximar para me ajudar a chegar até o cofre, que ficava no subterrâneo, no quintal de trás da minha mansão. Gabriel não sabia, mas estava pedindo para morrer. Rosnei para ele, e minha voz saiu distorcida, mais animal do que humana. Ele recuou, e seus olhos estavam cheios de temor, mas ele sabia que não havia nada que pudesse fazer para me ajudar naquele momento.— Não me toque ou arranco sua cabeça. — Minha voz soou como um grunhido, e a risada que a acompanhou não foi minha. Não era a minha vontade que falava, mas a dela, a besta. Aquela parte de mim que semp
POV DARIUS.Após minha transformação em besta infernal, passaram-se dias intensos. Finalmente, consegui impor ordem em meu reino, esmagando rebeliões que ameaçavam minha autoridade, especialmente aquelas encabeçadas pelo alfa Estevão. Também fui ao auxílio de algumas alcateias leais a mim que estavam sob ataque. Mas, apesar das vitórias, a mente de Baltazar estava longe, centrada em Alice, e sua tensão começava a me afetar.Baltazar estava ainda mais inquieto desde que descobrimos que a besta infernal podia falar e... se interessou por Alice. Esse é um segredo que só eu e ele conhecemos. Nenhuma outra alma pode saber da verdade sobre a besta. Hoje, finalmente, voltaremos à casa dela para trazê-la para a alcateia. Assim, ela estará segura. Acordei cedo, mas Baltazar sequer me deixou dormir, movido por uma ansiedade incontrolável.— Anda, Darius! Preciso ver minha Alice. Será que ela sentiu minha falta? Será que vai te aceitar? — insistia Baltazar, a cada minuto, me perturbando com seu
POV ALICE.Perguntei no que podia ajudá-lo. Ele era lindo, imponente e tinha algo em sua presença que parecia dominar o ambiente. Mas, de repente, me senti desconfortável sob o peso de seu olhar. Era como se ele estivesse despindo minha alma, examinando cada parte de mim. Havia algo familiar e, ao mesmo tempo, inquietante.Ele transpirava poder e riqueza, e sua postura dizia estar acostumado a ser obedecido. Então, ele falou meu nome. Minha boca se entreabriu em surpresa. Como ele sabia? Meu estômago revirou-se e a inquietação me tomou por completo. — Sou Darius Moss. Não vai me convidar para entrar? — Sua voz era fria, autoritária, carregada de um tom que não deixava espaço para objeções.Por um momento, fiquei paralisada. Meu coração disparou, não de medo, mas de um misto de choque e revolta. Meu encanto evaporou na mesma rapidez com que havia surgido. Quem ele pensa que é? Respirei fundo. Minha mãe sempre dizia que a educação era o reflexo de uma alma nobre, e isso me obrigou a se
POV ALICE.Eu ainda tentava entender o que havia acabado de acontecer. Minha cabeça girava, e minha paciência estava por um fio. Caminhava de um lado para o outro na sala, apertando as mãos como se aquilo fosse evitar que eu surtasse. Quem aquele homem achava que era? Como ousava me tratar como um objeto que ele podia simplesmente exigir? Meu corpo tremia de raiva. Se ele voltasse, ah, se voltasse, eu não pensaria duas vezes antes de usar a vassoura para colocá-lo no lugar dele. Ouvi um motor de carro se aproximando, e meu coração deu um salto. — Não acredito… — murmurei, sentindo o sangue ferver. Peguei a vassoura novamente e marchei até a porta. Já imaginava aquele sorriso debochado estampado no rosto do tal de Darius. Meu corpo inteiro pulsava de indignação, e eu estava decidida: se ele quisesse me levar à força, eu mostraria que sabia me defender. Abri a porta com força, pronta para o confronto. — Agora você vai… — Minhas palavras morreram na garganta ao ver minha mãe sain
POV DARIUS.Baltazar estava resmungando na minha cabeça desde que abri a boca para me apresentar. Não sei qual é o problema com o meu jeito de agir e conduzir essa questão. — Você só pode estar louco! É assim que planeja conquistar nossa companheira? — perguntou irritado. — Qual é o problema com as minhas maneiras? — perguntei. — Você acha que vai conseguir a simpatia dela chegando e dando ordens? Achei que tínhamos combinado de você ser carinhoso e seduzi-la, e não um completo babaca! — rosnou Baltazar enquanto me repreendia. — Eu nunca lhe prometi isso. Falei que seria eu mesmo. E meu jeito nunca afastou as fêmeas — comentei. — Se você continuar sendo um idiota, vamos perder nossa companheira! Alice não gosta muito de pessoas. Ela tem um pequeno grupo de quem se importa, mas o resto parece querer distância. E você está confirmando que ela está certa em ficar longe — reclamou Baltazar, me irritando. — Se for para fazer você se calar, eu serei mais sutil e gentil. Satisfei
POV ALICE.O prato de comida na minha frente estava quase intacto. Cada garfada que eu tentava dar parecia perder a força antes de chegar à boca. Fazia apenas uma hora e meia desde que Darius saiu daqui, e meu sangue ainda fervia com tudo o que ele havia dito. Minha mãe estava ao meu lado, almoçando tranquilamente, como se nada tivesse acontecido. Ela lançava olhares discretos para mim, claramente curiosa com o meu silêncio. — Você não vai comer? — perguntou, apontando com o garfo para o meu prato. — Estou tentando, mãe. — Respondi seca, apoiando o queixo na mão. O som de batidas na porta ecoou pela casa, interrompendo nossa conversa. Minha mãe levantou a cabeça, surpresa. — Quem será agora? — murmurou, limpando a boca com o guardanapo. Levantei os olhos, irritada. — Se for aquele lunático de novo, eu juro que… — Falei enquanto me levantava para atender, fui até a porta e abri. O entregador chegou com um buquê. Um lindo buquê, admito, mas minha paciência já estava no limite.
POV ALICE.Minha folga foi horrível. Não consegui descansar; em vez disso, passei raiva e fiquei estressada. Aquelas flores ainda estavam ocupando minha mente. Como me livraria delas? Talvez eu doe para enfeitar alguma igreja. Minha mãe achou graça da situação, mas depois me lançou um olhar sério, alertando: — Filha, tome cuidado. Esse Darius parece disposto a tudo para conseguir o que quer. — Disse mamãe preocupada.Minha mãe ficava raramente preocupada assim, e isso me deixou ainda mais inquieta. Eu me perguntava, quase indignada: por que esse homem quer casar comigo? Existem tantas mulheres por aí que dariam tudo para ter um milionário aos seus pés. Mulheres bonitas, elegantes, do tipo que combina com ele. E eu? Sou só Alice Miller. Uma mulher humilde, assalariada, que nem ao menos se lembra de seu passado devido a uma amnésia. Peguei minha bicicleta e fui para a clínica veterinária, tentando afastar aqueles pensamentos. Assim que cheguei, desci da bicicleta, trancando-a com um
POV ALICE. Levantei-me do banco e comecei a andar de um lado para o outro, preocupada. Eu não imaginava que esse homem era tão poderoso. Mamãe havia dito que ele era poderoso, mas agora descubro ser também perigoso, pela maneira que Abi fala dele. — Amiga, acho que será difícil, pois o homem disse que você será a esposa dele. — Comentou Abi. — O que faço, Abi? Como me livro desse homem? — Perguntei, derrotada. — Bem, se fosse comigo, me jogaria nos braços daquele homem lindo. Vi uma foto dele e fiquei muito impressionada. Ele é tudo aquilo que as fotos mostram? — Perguntou, empolgada. — Ele é bonitinho. Mas não estou interessada. — Falei, não querendo demonstrar que achava Darius lindíssimo e maravilhoso. Mas era mandão e irritante. — Bonitinho, Alice? Aquele homem é lindo! — Disse. — Não quero falar sobre a beleza dele. Você não respondeu minha pergunta. — Falei, mudando de assunto. — Eu procuraria saber por que ele quer você como esposa. Conversar com ele. Agora, se l