POV ALICE.Eu estava furiosa. Obediência? Ele queria mesmo que eu lhe obedecesse? Que tipo de ser achava que podia impor algo assim? Segurei a vontade de explodir. Não estava em condições de enfrentá-lo, ainda mais num território estranho e completamente desconhecido para mim. Respirei fundo, tentando me acalmar, mas por dentro minha mente fervilhava de reclamações. Tudo isso era uma loucura.Um mundo sobrenatural oculto entre os humanos? Isso parecia saído de um livro de fantasia, mas aqui estava eu, vivendo essa surrealidade. E, como se não bastasse, descobrir que o lobo que salvei e que me afeiçoei era Darius, o ser que comprou meu sítio e me forçou a esse casamento… Isso era demais para processar. Como se não fosse o suficiente, agora eu era informada de que era sua companheira de alma. Eu nem entendia direito o que isso significava, mas uma coisa era clara: estava presa a ele para sempre. Adeus, divórcio. Adeus, planos de liberdade.E minha mãe? Como ela reagiria ao descobrir is
POV DARIUS.Enquanto Alice estava de costas para mim, envergonhada por eu sentir sua excitação e tentando dormir, observei-a de relance. Ela era forte, teimosa e, acima de tudo, determinada. Baltazar estava inquieto em minha mente. O cheiro de Alice estava mexendo conosco, mas eu não poderia me deixar levar por meus instintos. Sei que, se transássemos agora, só serviria para afastá-la de nós.— Preciso de nossa companheira, Darius, e ela necessita de nós — falava Baltazar, agitado.— Não podemos. Temos que esperar que ela esteja pronta para nos aceitar. Mesmo que seja difícil suportar esse aroma tentador, não podemos fraquejar. Controle-se, ou vou ter que te trancar — alertei.— Não me venha com essa, Darius. Sei que você a quer também, e Alice é um desafio para você. E é disso que você gosta, é o que te atrai nela, não é? — perguntou.— Não me faça rir, Baltazar. Isso não tem nada a ver com gostar. É só atração e desejo carnal — comentei.— Sei… Vai se enganando, então — falou, deboc
POV DARIUS.Eu não devia ter feito aquilo. Estava ofegante, meus lábios ainda podiam sentir o calor do beijo que compartilhei com Alice. Um beijo que começou hesitante, mas logo se transformou em algo que eu não conseguia controlar. Ela não me afastou. Pelo contrário, entregou-se de uma forma que fez meu peito se apertar e meu lobo uivar de satisfação.— Darius, o que foi isso? — Baltazar perguntou com um tom de triunfo em minha mente. — Você sentiu, não sentiu? Ela nos quer, nos deseja. Por que razão você parou? — perguntou revoltado com a minha ação.Baltazar queria tornar Alice nossa. Se dependesse dele, nós já tínhamos transado há muito tempo. Um lobo tem necessidade de se acasalar com sua companheira assim que a encontra. Para Baltazar, é difícil estar perto de Alice e não a ter.Ignorei sua revolta. Eu não podia forçá-la a transar, tinha que ser espontâneo. Mas eu sabia que ele estava certo. Eu tinha sentido. Alice estava entregue, o corpo dela queimava sob minhas mãos, e sua bo
POV DARIUS.Aquele beijo havia sido um teste para minha determinação. Cada fibra do meu ser estava em conflito, dividida entre o desejo arrebatador por Alice e a necessidade de controlá-lo. Mas, naquele momento, quando nossos olhos se encontraram e nossos lábios se tocaram, algo mudou dentro de mim.Havia uma intensidade, uma necessidade que não poderia ser ignorada, uma conexão que transcendia a razão. Eu senti algo dentro de mim querendo me dominar. Sabia que era a besta infernal reagindo à presença de Alice. Ele a queria, assim como Baltazar e eu. Usei toda minha força para mantê-lo aprisionado. Eu não podia deixá-lo sair e me dominar, como sempre fazia nas noites de transformação.Abri meus olhos e senti o calor do corpo dela contra o meu, sua respiração acelerada se misturando à minha. Baltazar parecia estar em êxtase, uivando em minha mente com um entusiasmo que eu nunca havia experimentado.— Agora, Darius! Ela está pronta. Você sente isso, não sente? — Baltazar insistiu, sua v
POV DARIUS.Acordei um pouco confuso, minha respiração estava ofegante e o calor do sonho estava queimando em minha pele. Pisquei algumas vezes, tentando me situar, e me vi no meu escritório. As memórias do sonho estavam tão vivas que podiam ser tocadas. Alice, sua pele macia, o calor viciante do seu corpo… Mas não era real. Era apenas um sonho. Uma maldita tortura criada pela minha mente.— Darius? Por que você está aqui? Você dormiu no escritório? E, por que está suado e ofegante? Você está se sentindo bem, meu filho? — A voz de minha mãe me despertou completamente, me bombardeando com várias perguntas ao mesmo tempo. Ela estava parada na minha frente, me olhando com um misto de surpresa, preocupação e curiosidade. Respirei fundo, tentando afastar a confusão da mente.— Eu não estou doente, mamãe, eu somente precisava de espaço — respondi, seco. — Alice agora está dormindo no meu quarto. Assinamos o contrato de casamento ontem à noite, após o jantar. Estamos casados. Então vim para
POV ALICE.Acordei com um sobressalto, meu corpo tremendo, a respiração acelerada e o coração disparado. Meu peito subia e descia freneticamente, enquanto meu olhar vasculhava o quarto, tentando entender onde estava. Lentamente, a realidade se misturava com as lembranças do sonho que havia acabado de ter, um sonho que parecia tão real que me deixou até molhada.Minha pele formigava com a lembrança dos toques, dos beijos ardentes de Darius. Ele estava lá, em minha mente, dominando cada pensamento, cada sensação. O sonho havia sido tão intenso, tão vívido, que meu corpo reagiu a ele como se fosse real. Eu podia sentir suas mãos firmes deslizando pelo meu corpo, sua boca explorando cada parte de mim, e, quando ele me penetrou no sonho, a explosão de prazer foi tão forte que acordei gemendo. Meu corpo ainda tremia, e minha calcinha estava completamente molhada do orgasmo que havia tido.— Oh, meu Deus… — murmurei, levando as mãos ao rosto. Meu rosto queimava de vergonha e desejo, misturad
PRÓLOGO.Nasci amaldiçoado, condenado a carregar uma punição que não era minha. O primeiro rei supremo dos lobisomens, Julian, teve seu coração corrompido e exterminou alcateias indefesas. Foi punido por suas ações cruéis com uma maldição: transformar-se em uma besta infernal que destrói tudo ao seu redor. Desesperado, rogou à deusa Lua por misericórdia, mas tudo que conseguiu foi transferir a maldição para seus descendentes.A intenção era dar-lhe tempo para encontrar uma solução, mas Julian não se importava com quem sofreria, contanto que não fosse ele. Sua companheira, no entanto, não suportava a ideia de seus filhos herdarem esse fardo. Recorreu à feitiçaria para poupá-los, condenando, assim, seus netos. Sou esse neto. Meu pai foi poupado, mas herdei o castigo imposto a Julian, meu avô. Quando me transformo em besta infernal, perco todo controle; o único desejo que sinto é o de sangue e destruição.A deusa profetizou em sonho a um dos antigos anciões da nossa alcateia que a maldiç
POV DARIUS.— O que tinha no chá, sua maldita? — perguntei com raiva.— Não se preocupe, querido, agora você é meu. — Disse Agnes, sorrindo vitoriosa.Senti uma leve tontura e percebi o cheiro de lobos se aproximando. Rosnei de raiva e Agnes se assustou. Levantei-me, pronto para matar a todos. Agnes me olhou, com os seus olhos arregalados, e saiu correndo pela porta da cabana. Eu me levantei, ainda um pouco tonto, e saí da cabana logo atrás da bruxa, pronto para acabar com sua vida. Mas, quando cheguei na porta, só pude ver ela desaparecendo em meio à fumaça roxa e densa. Com dificuldade, fui me transformando em um lobo negro de olhos azuis, mas era tarde demais. Minha visão estava turva, e meus reflexos, lentos.Havia algo naquele chá que me impedia de lutar com toda a minha força. Maldita hora em que confiei naquela bruxa e suas promessas. Pensei, enquanto minhas mandíbulas se fechavam em torno do pescoço de um lobo marrom, quebrando-o com um estalo surdo. O gosto metálico do sangue