POV DARIUS.Aquele beijo havia sido um teste para minha determinação. Cada fibra do meu ser estava em conflito, dividida entre o desejo arrebatador por Alice e a necessidade de controlá-lo. Mas, naquele momento, quando nossos olhos se encontraram e nossos lábios se tocaram, algo mudou dentro de mim.Havia uma intensidade, uma necessidade que não poderia ser ignorada, uma conexão que transcendia a razão. Eu senti algo dentro de mim querendo me dominar. Sabia que era a besta infernal reagindo à presença de Alice. Ele a queria, assim como Baltazar e eu. Usei toda minha força para mantê-lo aprisionado. Eu não podia deixá-lo sair e me dominar, como sempre fazia nas noites de transformação.Abri meus olhos e senti o calor do corpo dela contra o meu, sua respiração acelerada se misturando à minha. Baltazar parecia estar em êxtase, uivando em minha mente com um entusiasmo que eu nunca havia experimentado.— Agora, Darius! Ela está pronta. Você sente isso, não sente? — Baltazar insistiu, sua v
POV DARIUS.Acordei um pouco confuso, minha respiração estava ofegante e o calor do sonho estava queimando em minha pele. Pisquei algumas vezes, tentando me situar, e me vi no meu escritório. As memórias do sonho estavam tão vivas que podiam ser tocadas. Alice, sua pele macia, o calor viciante do seu corpo… Mas não era real. Era apenas um sonho. Uma maldita tortura criada pela minha mente.— Darius? Por que você está aqui? Você dormiu no escritório? E, por que está suado e ofegante? Você está se sentindo bem, meu filho? — A voz de minha mãe me despertou completamente, me bombardeando com várias perguntas ao mesmo tempo. Ela estava parada na minha frente, me olhando com um misto de surpresa, preocupação e curiosidade. Respirei fundo, tentando afastar a confusão da mente.— Eu não estou doente, mamãe, eu somente precisava de espaço — respondi, seco. — Alice agora está dormindo no meu quarto. Assinamos o contrato de casamento ontem à noite, após o jantar. Estamos casados. Então vim para
POV ALICE.Acordei com um sobressalto, meu corpo tremendo, a respiração acelerada e o coração disparado. Meu peito subia e descia freneticamente, enquanto meu olhar vasculhava o quarto, tentando entender onde estava. Lentamente, a realidade se misturava com as lembranças do sonho que havia acabado de ter, um sonho que parecia tão real que me deixou até molhada.Minha pele formigava com a lembrança dos toques, dos beijos ardentes de Darius. Ele estava lá, em minha mente, dominando cada pensamento, cada sensação. O sonho havia sido tão intenso, tão vívido, que meu corpo reagiu a ele como se fosse real. Eu podia sentir suas mãos firmes deslizando pelo meu corpo, sua boca explorando cada parte de mim, e, quando ele me penetrou no sonho, a explosão de prazer foi tão forte que acordei gemendo. Meu corpo ainda tremia, e minha calcinha estava completamente molhada do orgasmo que havia tido.— Oh, meu Deus… — murmurei, levando as mãos ao rosto. Meu rosto queimava de vergonha e desejo, misturad
PRÓLOGO.Nasci amaldiçoado, condenado a carregar uma punição que não era minha. O primeiro rei supremo dos lobisomens, Julian, teve seu coração corrompido e exterminou alcateias indefesas. Foi punido por suas ações cruéis com uma maldição: transformar-se em uma besta infernal que destrói tudo ao seu redor. Desesperado, rogou à deusa Lua por misericórdia, mas tudo que conseguiu foi transferir a maldição para seus descendentes.A intenção era dar-lhe tempo para encontrar uma solução, mas Julian não se importava com quem sofreria, contanto que não fosse ele. Sua companheira, no entanto, não suportava a ideia de seus filhos herdarem esse fardo. Recorreu à feitiçaria para poupá-los, condenando, assim, seus netos. Sou esse neto. Meu pai foi poupado, mas herdei o castigo imposto a Julian, meu avô. Quando me transformo em besta infernal, perco todo controle; o único desejo que sinto é o de sangue e destruição.A deusa profetizou em sonho a um dos antigos anciões da nossa alcateia que a maldiç
POV DARIUS.— O que tinha no chá, sua maldita? — perguntei com raiva.— Não se preocupe, querido, agora você é meu. — Disse Agnes, sorrindo vitoriosa.Senti uma leve tontura e percebi o cheiro de lobos se aproximando. Rosnei de raiva e Agnes se assustou. Levantei-me, pronto para matar a todos. Agnes me olhou, com os seus olhos arregalados, e saiu correndo pela porta da cabana. Eu me levantei, ainda um pouco tonto, e saí da cabana logo atrás da bruxa, pronto para acabar com sua vida. Mas, quando cheguei na porta, só pude ver ela desaparecendo em meio à fumaça roxa e densa. Com dificuldade, fui me transformando em um lobo negro de olhos azuis, mas era tarde demais. Minha visão estava turva, e meus reflexos, lentos.Havia algo naquele chá que me impedia de lutar com toda a minha força. Maldita hora em que confiei naquela bruxa e suas promessas. Pensei, enquanto minhas mandíbulas se fechavam em torno do pescoço de um lobo marrom, quebrando-o com um estalo surdo. O gosto metálico do sangue
POV ALICE.Meu primeiro instinto foi correr. O lobo era gigantesco, mais do que eu já tinha visto em qualquer documentário ou livro. Nunca havia ouvido falar de lobos nesta região, e sabia serem perigosos. Mas… algo em mim não permitiu que eu fugisse. Talvez fosse a minha paixão por animais. Ser veterinária sempre foi o meu sonho, e ali estava, diante de mim, uma oportunidade de ajudar. Mesmo que fosse imprudente.Aproximei-me devagar. Peguei um galho ao meu lado, hesitante, e cutuquei o corpo inerte. Nenhuma reação. Ele não se mexeu. Meu coração acelerou, mas a tensão que sentia diminuiu um pouco. Me ajoelhei perto dele, sentindo o cheiro de terra e pinho preenchendo o ar ao meu redor.— Você é enorme… — murmurei, enquanto minha mão tremia ao tocar de leve seu pelo. O calor de seu corpo me chocou. Ele estava vivo, mas tão machucado que eu mal conseguia entender como ainda respirava. Uma onda de pânico me percorreu.— Você está vivo… — sussurrei, me afastando rapidamente, o coração di
POV ALICE.Toquei seu focinho frio e observei atentamente. Seus olhos continuavam fechados, sem qualquer sinal de movimento. A respiração, antes pesada, agora era quase imperceptível. Entrei em pânico.— Não, não, por favor, aguente firme! — implorei em voz baixa, tentando manter a calma. Mas o medo crescia dentro de mim. Então, percebi.— Droga, acho que ele entrou em coma… — minha voz falhou, uma mistura de desespero e impotência tomou conta de mim.Olhei para o lobo, sentindo meu coração apertar. O que eu faria agora? Ele estava à beira da morte, e eu não tinha tempo a perder. Precisava agir, mas não sabia se conseguiria salvá-lo. Apenas uma coisa era certa: eu não poderia desistir dele agora.O lobo continuava imóvel, seu peito mal se movendo. Eu podia sentir o peso da urgência esmagando meu peito. Precisava fazer algo. Mas o quê? Sou apenas uma ajudante de veterinário.Olhei em volta, tentando pensar em uma solução.O único som era minha própria respiração acelerada. Peguei o est
POV ALICE.Eu e mamãe corremos desesperadas em direção à porta do celeiro. Saímos às pressas, ofegantes e tomadas pelo pavor do rosnado que ouvimos.— Eu te disse que esse lobo ia acordar e nos atacar! O que faremos agora com um lobo selvagem dentro do nosso celeiro? — disparou minha mãe, nervosa, a voz trêmula de medo.— Calma, mamãe, eu vou resolver — falei, tentando manter a compostura, enquanto espiava pela fresta de madeira. O celeiro estava quieto, silencioso. Lá dentro, o lobo permanecia deitado, imóvel, no mesmo lugar. Senti um alívio imediato.— Ele continua parado. Acho que rosnou enquanto dormia. Vou entrar para verificar — falei, tentando soar confiante. Minha mãe agarrou meu braço, a preocupação nítida em seus olhos.— Você está louca? E se ele estiver acordado e te atacar? — murmurou, a voz baixa, temendo até mesmo o som de suas palavras.— Vou ter cuidado, prometo — comentei, acariciando a mão dela antes de entrar no celeiro. Aproximando-me do lobo, peguei um pedaço de