POV ALICE.Estar naquele escritório com Darius era como ser jogada num campo de batalha sem saber se estava com a armadura certa. Cada palavra dele parecia calculada, cada condição um golpe sutil, mas preciso. Ele queria controlar tudo: onde eu moraria, o que eu faria, até mesmo minha liberdade.— Como cheguei a esse ponto? — Pensei, sentindo o peso das suas palavras ainda pressionando meu peito.— Alice, você sabe que não tem muitas opções agora. Pense na sua mãe. — A voz da razão ecoava na minha cabeça, mas, no fundo, minha alma gritava contra a imposição dele. Quando Darius mencionou minha mãe, meu coração doeu. Odiava admitir, mas ele tinha razão. Minha mãe precisava do melhor tratamento, e ele podia proporcionar isso. Eu não podia perder minha mãe, então essa era minha única saída.Saí daquele escritório sentindo a tensão pulsar em cada parte do meu corpo. Não troquei mais palavras com Darius; apenas caminhei em direção à sala de espera, tentando organizar minha mente.Assim que
POV DARIUS.Estar naquela sala era um teste constante de paciência. A presença de Luís, tão próximo de Alice, incendiava algo dentro de mim que eu mal podia controlar. A visão dela nos braços dele foi o estopim. Meu corpo inteiro ficou tenso, e antes que eu percebesse, o som rouco de um rosnado escapou da minha garganta.— Você está deixando aquele verme tocá-la! — Baltazar rugiu na minha mente, sua voz carregada de ira e possessividade. — Nossa companheira! E ele… Ele acha que pode estar perto dela assim? — Rosnou.— Cale-se, Baltazar. Isso não é o momento para ataques. Alice já está suficientemente nervosa com a situação da mãe. — Respondi, tentando manter o controle.— Você está me pedindo calma enquanto ele ousa tocá-la? Eu deveria destroçar aquele humano patético! — Baltazar insistia, o tom de sua voz uma mistura de ameaça e frustração.— Não vou deixar você tomar o controle agora. — Minha resposta foi firme, mas senti a batalha interna crescer. Meu lobo queria sair, queria fazer
POV DARIUS.Alice ainda estava em meus braços, suas mãos agarrando levemente minha camisa. Eu a segurei com firmeza, mas não disse nada. Alice tremia contra meu peito. Sua respiração era rápida e instável. Cada fibra do meu ser dizia para apertá-la mais, para deixá-la sentir que nada poderia alcançá-la enquanto estivesse comigo. Era um momento delicado, e qualquer palavra errada poderia quebrar o que eu estava construindo.— Diga algo para consolá-la. — Disse Baltazar.— Acho melhor não. — Comentei.— Não perca essa oportunidade e diga algo que a conforte. — Insistiu Baltazar e segui seu conselho.— Vai ficar tudo bem. Estou aqui com você. — Minhas palavras saíram mais suaves do que eu esperava, mas ela não reagiu.Ela apenas permaneceu ali, buscando forças para lidar com o que estava acontecendo. Luís não ousou se aproximar novamente, e por isso, pela primeira vez naquele dia, senti que o equilíbrio começava a pender a meu favor.Minha mente ainda estava confusa com o que eu estava s
POV ALICE.O cheiro forte de antisséptico me fez franzir o nariz. Eu estava completamente vestida com as roupas esterilizadas que o hospital forneceu: touca, luvas, avental descartável e uma máscara cobrindo meu rosto. Tudo para proteger minha mãe de qualquer risco. A explicação do médico ecoava na minha cabeça como um lembrete constante de que qualquer erro podia ser fatal.— No estado dela, mesmo a menor bactéria pode ser perigosa, senhorita Alice — dizia o médico com um tom sério, enquanto ajustava seus óculos.Respirei fundo antes de entrar na UTI. Assim que cruzei a porta, a visão me atingiu como um soco no estômago. Minha mãe, sempre tão forte e cheia de vida, agora estava pálida, com fios e tubos conectados por todo o corpo. As máquinas ao seu redor piscavam e bipavam, cada som parecendo anunciar sua fragilidade.Meu coração apertou. As lágrimas brotaram sem controle, escorrendo pelo meu rosto enquanto me aproximava da cama. Meus passos pareciam pesados, como se eu estivesse ca
POV DARIUS.Encostei-me na parede do corredor que levava até a UTI, cruzei meus braços enquanto observava os movimentos frios e precisos da equipe médica. Estar aqui não fazia parte dos meus planos. Mas Baltazar não ficaria longe da nossa companheira e infernizaria minha vida se eu não viesse para esse hospital, ele precisava da presença de Alice. Já era difícil para ele não ter concluído o vínculo de companheirismo. Só eu podia sentir como meu lobo estava infeliz com essa situação. Então aqui estou eu, vigiando minha companheira teimosa. Eu, um rei alfa supremo, tendo que conquistar uma humana fraca. Eu nunca precisei correr atrás de fêmea, elas sempre se ofereciam para mim. Essa situação é patética, mas não posso ignorar o vínculo fraco que sinto por Alice. Eu não sou louco por ela como Baltazar, mas sinto uma certa necessidade de vê-la e protegê-la.Continuei parado observando o corredor e o acontecia dentro da UTI. Algo em Alice… em sua força, mesmo diante de tanta dor, fazia co
POV DARIUS.A porta da ala da UTI se abriu, e Alice passou por ela bastante abalada. Eu a observava com atenção; Baltazar estava apreensivo pelo estado emocional de sua companheira. Assim que me notou parado no corredor, Alice reclamou da minha presença ali.Ela quis saber se eu não tinha trabalho a fazer. Até parece que Baltazar e eu deixaríamos ela aqui, nesse hospital, sozinha, com aquele Luís a rondando e cobiçando o que é nosso. Depois de uma conversa estressante, como sempre, voltamos para a sala de espera, onde a amiga de Alice a aguardava com aquele infeliz do Luís.Alice ficou emocionada quando falou do estado da mãe, e, antes que um dos dois pudesse se aproximar para consolá-la, eu a abracei por trás, lhe dando apoio e carinho. Alice não me afastou; ela aceitou o abraço e relaxou em meus braços. Baltazar vibrou de felicidade.Abigail arregalou os olhos, surpresa, ao nos ver abraçados. Luís bufou, insatisfeito. Fiquei muito satisfeito com seu descontentamento. Ele precisa ent
POV ALICE.Estava sentada na sala de espera do hospital, a cabeça abaixada, as mãos entrelaçadas e o coração apertado. Rezava em silêncio pela recuperação de minha mãe. As palavras fluíam num misto de súplica e esperança. Darius havia saído há pouco, e, por mais que eu não quisesse admitir, sua ausência era estranhamente incômoda. Eu tentava me concentrar na prece, mas, vez ou outra, me pegava pensando nele, naquele jeito imponente e na sensação de segurança que seus braços me proporcionavam.Abigail e Luís estavam ao meu lado, mas se mantinham em silêncio, respeitando meu momento. Eu podia sentir a ansiedade de Abi crescendo, pois ela não parava de mexer os pés; eu conhecia minha amiga, ela estava claramente louca para me questionar sobre a presença de Darius ali e sobre o que ela viu entre nós. Luís, por outro lado, parecia mais inquieto do que curioso. Eu ouvia seus dedos batucando no braço da cadeira. Eu sabia que, assim que terminasse de rezar, eles não demorariam a me bombardear
POV ALICE.Abi riu baixinho, como se divertisse às minhas custas. Eu, porém, não tinha mais energia para discutir. Tudo parecia um turbilhão e, naquele momento, tudo o que eu queria era alguma paz. Olhei para a porta pela qual Luís havia saído e suspirei, ainda tentando digerir sua reação. Eu não queria fazer meu amigo sofrer desse jeito. Mas não posso corresponder ao seu amor.— Ele vai voltar, Alice — disse Abi, em um tom mais gentil. — Só precisa de um tempo para digerir que te perdeu para Darius. Dê um tempo a ele. — Comentou Abi.— Espero que sim — murmurei. — Não quero perder a amizade dele por causa disso. Eu queria poder corresponder ao amor de Luís, mas tudo que sinto por ele é um amor fraternal. — Falei. Abi me olhou com uma expressão de compaixão.— Ele é seu amigo, Alice. Mas também é um homem apaixonado. Vai levar tempo para ele aceitar tudo isso — falou. Abaixei a cabeça, os dedos trêmulos brincando com o tecido da minha blusa.— Eu não queria magoá-lo, Abi. Nunca quis.