POV ALICE.O corredor do hospital parecia interminável, iluminado por luzes brancas que pulsavam em minha visão, fazendo meus olhos doerem. A ansiedade estava me consumindo. O cheiro estéril de álcool e medicamentos me enjoava, mas o nó no meu estômago era pior. Luis ainda estava sentado ao meu lado no banco, sua mão segurando a minha, me ancorando à realidade. Meu mundo estava despedaçando, eu só pensava na minha mãe dentro daquela sala há mais de uma hora. Cada segundo que passava parecia uma eternidade. E a falta de notícia estava me deixando impaciente.— Por que eles não dizem nada? — sussurrei, mais para mim mesma do que para ele. Luís me puxou para mais perto e falou com sua voz baixa e firme:— Eles estão fazendo tudo que podem, Alice. Sua mãe está em boas mãos. — Disse Luís tentando me acalmar.Queria acreditar nele, mas minha mente não conseguia encontrar paz. Antes que pudesse responder, a porta dupla da sala de emergência se abriu, e um homem de jaleco branco caminhou em n
POV ALICE.Passaram alguns minutos e uma enfermeira veio até a sala de espera, para me buscar para ver minha mãe. Levantei apressada e Luís se levantou junto, me abraçando e me passando apoio e força. Acompanhei a enfermeira até a entrada da UTI, meu coração estava acelerado, eu estava ansiosa.Assim que entramos, ela me levou até um dos quarto. A enfermeira parou de repente em frente a uma porta e a abriu, me dando passagem, e quando entrei, fiquei angustiada e assustada assim que vi minha mãe deitada naquela cama, com vários fios pelo seu corpo e conectados a máquinas.Me aproximei com cuidado da cama, meus olhos encheram de lágrimas assim que percebi como ela estava pálida. Peguei em sua mão e ela estava tão fria. Não aguentei e comecei a chorar desesperadamente.— Mamãe, estou aqui, por favor, não desista agora. Não posso ficar sem a senhora. Por que não me contou que estava doente? Como pode ficar sofrendo sozinha? — Perguntei, mas sabia que ela não me responderia. — Vou fazer de
POV DARIUS.As palavras de Alice ainda pairavam no ar, firmes e cortantes, e ressoavam em minha mente. — Eu aceito. — Ela havia dito isso com uma firmeza inesperada, me desarmando completamente. Por um instante, tudo ao meu redor pareceu ficar em silêncio. Olhei para ela, que sustentava meu olhar com uma força que escondia sua vulnerabilidade. Alice acabara de me entregar sua decisão, mas não era como eu esperava. Minha intenção ao vir aqui era ajudá-la, redimir-me pelo que havia causado, mas agora ela havia virado o jogo. Eu a encarei por alguns segundos, tentando processar o que acabara de acontecer. Eu estava acostumado a planejar tudo, mas Alice sempre encontrava um jeito de me surpreender.Eu a encarei, tentando processar o que acabara de acontecer. Minha intenção ao vir aqui era ajudar, corrigir a situação caótica que, de certa forma, era minha culpa. Mas Alice havia transformado aquilo em algo muito maior.— Isso foi inesperado, mas estratégico da parte dela — Baltazar murmur
POV DARIUS.Quero manter Alice, longe daquele infeliz do Luís. Não me importo se ela trabalhe fora, fico até admirado e feliz em saber que ela é forte e honrada. Mas não quero minha companheira perto de um macho que a deseja. Alice ficou em silêncio por um momento, então se levantou abruptamente, a raiva evidente em seu rosto.— Você só pode estar brincando! — Disse com raiva.— Não estou. — Minha voz saiu firme e calma. — Isso é para o seu bem e o da sua mãe. — Argumentei.— Cuidado com as palavras, Darius. Ela está vulnerável, mas não é burra e manipulável. — Baltazar alertou em minha mente. — Essa não é a hora de afastá-la. Você precisa trazê-la para mais perto, não a empurrar para longe. — Disse.— Meu bem? — Alice riu, sem humor. Ela me chamou de meu bem? — Você acha que tem o direito de decidir o que faço da minha vida? — Perguntou irritada.— Estou oferecendo segurança e estabilidade, Alice. — Respondi, ignorando o alerta de Baltazar.— Pare de ser tão inflexível! A mãe dela es
PRÓLOGO.Nasci amaldiçoado, condenado a carregar uma punição que não era minha. O primeiro rei supremo dos lobisomens, Julian, teve seu coração corrompido e exterminou alcateias indefesas. Foi punido por suas ações cruéis com uma maldição: transformar-se em uma besta infernal que destrói tudo ao seu redor. Desesperado, rogou à deusa Lua por misericórdia, mas tudo que conseguiu foi transferir a maldição para seus descendentes.A intenção era dar-lhe tempo para encontrar uma solução, mas Julian não se importava com quem sofreria, contanto que não fosse ele. Sua companheira, no entanto, não suportava a ideia de seus filhos herdarem esse fardo. Recorreu à feitiçaria para poupá-los, condenando, assim, seus netos. Sou esse neto. Meu pai foi poupado, mas herdei o castigo imposto a Julian, meu avô. Quando me transformo em besta infernal, perco todo controle; o único desejo que sinto é o de sangue e destruição.A deusa profetizou em sonho a um dos antigos anciões da nossa alcateia que a maldiç
POV DARIUS.— O que tinha no chá, sua maldita? — perguntei com raiva.— Não se preocupe, querido, agora você é meu. — Disse Agnes, sorrindo vitoriosa.Senti uma leve tontura e percebi o cheiro de lobos se aproximando. Rosnei de raiva e Agnes se assustou. Levantei-me, pronto para matar a todos. Agnes me olhou, com os seus olhos arregalados, e saiu correndo pela porta da cabana. Eu me levantei, ainda um pouco tonto, e saí da cabana logo atrás da bruxa, pronto para acabar com sua vida. Mas, quando cheguei na porta, só pude ver ela desaparecendo em meio à fumaça roxa e densa. Com dificuldade, fui me transformando em um lobo negro de olhos azuis, mas era tarde demais. Minha visão estava turva, e meus reflexos, lentos.Havia algo naquele chá que me impedia de lutar com toda a minha força. Maldita hora em que confiei naquela bruxa e suas promessas. Pensei, enquanto minhas mandíbulas se fechavam em torno do pescoço de um lobo marrom, quebrando-o com um estalo surdo. O gosto metálico do sangue
POV ALICE.Meu primeiro instinto foi correr. O lobo era gigantesco, mais do que eu já tinha visto em qualquer documentário ou livro. Nunca havia ouvido falar de lobos nesta região, e sabia serem perigosos. Mas… algo em mim não permitiu que eu fugisse. Talvez fosse a minha paixão por animais. Ser veterinária sempre foi o meu sonho, e ali estava, diante de mim, uma oportunidade de ajudar. Mesmo que fosse imprudente.Aproximei-me devagar. Peguei um galho ao meu lado, hesitante, e cutuquei o corpo inerte. Nenhuma reação. Ele não se mexeu. Meu coração acelerou, mas a tensão que sentia diminuiu um pouco. Me ajoelhei perto dele, sentindo o cheiro de terra e pinho preenchendo o ar ao meu redor.— Você é enorme… — murmurei, enquanto minha mão tremia ao tocar de leve seu pelo. O calor de seu corpo me chocou. Ele estava vivo, mas tão machucado que eu mal conseguia entender como ainda respirava. Uma onda de pânico me percorreu.— Você está vivo… — sussurrei, me afastando rapidamente, o coração di
POV ALICE.Toquei seu focinho frio e observei atentamente. Seus olhos continuavam fechados, sem qualquer sinal de movimento. A respiração, antes pesada, agora era quase imperceptível. Entrei em pânico.— Não, não, por favor, aguente firme! — implorei em voz baixa, tentando manter a calma. Mas o medo crescia dentro de mim. Então, percebi.— Droga, acho que ele entrou em coma… — minha voz falhou, uma mistura de desespero e impotência tomou conta de mim.Olhei para o lobo, sentindo meu coração apertar. O que eu faria agora? Ele estava à beira da morte, e eu não tinha tempo a perder. Precisava agir, mas não sabia se conseguiria salvá-lo. Apenas uma coisa era certa: eu não poderia desistir dele agora.O lobo continuava imóvel, seu peito mal se movendo. Eu podia sentir o peso da urgência esmagando meu peito. Precisava fazer algo. Mas o quê? Sou apenas uma ajudante de veterinário.Olhei em volta, tentando pensar em uma solução.O único som era minha própria respiração acelerada. Peguei o est