POV DARIUS.Movi-me silenciosamente entre as sombras da floresta, meus sentidos aguçados captando cada mínimo som ao meu redor. Evitei as armadilhas e todos que estavam espalhados pela área vigiando. Eu me movia como a sombra, me camuflando onde a luz da lua não podia me revelar. Eu não precisava me aproximar muito da cabana para ouvir tudo o que acontecia ali dentro. Subi com agilidade em uma árvore robusta, escondendo-me entre os galhos. A lua parecia querer me ajudar, pois se escondia atrás das nuvens, deixando assim a escuridão dominar. Meus olhos atentos analisavam cada movimento ao redor, enquanto minha audição captava vozes conhecidas vindas da cabana. E foi impossível não revirar os olhos ao ouvir a discussão que acontecia ali.— Eu, que deveria ficar com Darius! Sou uma loba e sei do que ele necessita e como pensa. Sei como agradá-lo. — Angélica rosnou, sua voz carregada de ciúme.— Não me faça rir, Angélica. Ele merece alguém melhor, e esse alguém sou eu. Uma simples loba n
POV DARIUS.Houve um silêncio momentâneo na cabana. Então, ouvi a voz de Alden, que até então estava quieto.— E como você planeja nos ajudar? — perguntou Alden.— É do conhecimento de todos que Darius carrega uma maldição… — falava Eugênia quando Estevão a interrompeu.— Você veio aqui para falar o que já sabemos? Queremos solução, qual é a sua? — perguntou rude.— Se você parar de me interromper, eu poderei dizer — disse Eugênia, irritada.— Alfa Estevão, pare de atrapalhar e escute — falou Agnes.— Como eu dizia, Darius é amaldiçoado, e é a maldição que o tornou imortal. Meu plano é: vamos ajudar Darius a desfazer a maldição para torná-lo mortal — disse Eugenia.— É uma boa ideia, mas como fazemos isso? — perguntou Klaus.— Há uma profecia que diz que a companheira dele pode desfazer essa maldição. E ele já encontrou ela, agora precisamos saber o que ela deve fazer para conseguir desfazer — comentou Eugênia.— Aquela humana ainda não é companheira do rei Darius — disse Angélica com
POV DARIUS.Eles ficaram discutindo sobre o plano de Eugênia por um bom tempo até concordarem. Fiquei observando tudo até que a reunião terminou e todos saíram. Quando não havia mais ninguém no local, desci da árvore.— O que faremos agora que temos essas informações? — perguntou Baltazar.— Primeiro, vou descobrir como Eugênia conseguiu sair e quem a está ajudando a obter informações. E vou mudá-la de lugar. Quero ver como ela conseguirá sair da sua nova casa — informei.— Aonde você planeja colocá-la? — perguntou Baltazar.— Está na hora de Eugênia conhecer as instalações da nossa prisão secreta — comentei.— Vai enviá-la para o sufoco. Você é mau, Darius — disse Baltazar, rindo.— Pois ele deveria ter feito isso há muito tempo. Assim, aquela loba não estaria conspirando contra nós — falou Necro com frieza.— Agora somos “nós”? — perguntei, debochado.— Eu não tenho muita escolha, afinal, uso esse corpo também. Então, mesmo não querendo, terei que auxiliar no que você decidir — diss
POV ALICE.Bartolomeu sorriu largamente para mim com o que havia acabado de ouvir. Eu senti meu rosto queimar de vergonha por revelar o que estava sentindo por Darius para seu pai. Eu me sentia desnorteada com esse novo sentimento. Era tudo muito confuso, mas eu sabia que era amor o que sentia por Darius.— Então, você já o ama. Fico feliz em saber. Agora me diga, não acha estranho amar alguém em tão pouco tempo? E alguém que você dizia detestar? Vocês, humanos, não costumam amar tão rapidamente. Já nós, lobos, quando encontramos nossos companheiros, os amamos daquele instante até o nosso último suspiro de vida. Ainda acha que é apenas preocupação? — perguntou.Observei Bartolomeu com atenção, e ele tinha razão. Eu sabia que não era somente preocupação que sentia. Mas não queria admitir isso a Bartolomeu. Eu não tinha tanta intimidade com ele para contar dos meus sentimentos. O pai de Darius me dava calafrios. Quando eu ia responder, minha mãe me chamou, fazendo-me olhar em sua direçã
POV ALICE.Darius me perguntou, sorrindo daquele jeito charmoso dele que me fazia estremecer toda.— Quem disse que senti? Só estava preocupada de que acontecesse alguma coisa. Você estava espionando seus inimigos, poderia dar algo errado. — Falei, tentando disfarçar. Não queria que ele percebesse que eu já o amava.— Você esquece que sei quando você mente. Mas fico feliz pela sua preocupação com a minha segurança. — Falou e sorriu ainda mais. Darius me pegou nos braços e cheirou meu pescoço, suspirando. Acho que ele estava tentando se acalmar.— O que houve na reunião? — Perguntei, enquanto Darius se sentava na sua poltrona e me ajeitava em seu colo. Eu estranhava seu jeito gentil, estava acostumada com seu lado rude e rabugento.— Descobri que Eugênia está ajudando meus inimigos. Ela apareceu na cabana de Agnes. — Revelou e rosnou irritado. Olhei surpresa para ele.— Sua avó estava lá? Mas ela não estava banida e trancada? — Perguntei, confusa. Darius rosnou ainda mais.— Aquela inf
POV DARIUS.Senti o medo de Alice com a maneira que falei, e isso me incomodou. — O que você planeja fazer? — perguntou, preocupada.— Não precisa se preocupar com isso. Deixe comigo, que cuidarei de tudo. Há assuntos que acho melhor você não participar. Você ainda não está preparada para presenciar os métodos dos lycans — falei, não querendo que Alice soubesse o que pretendo fazer com Eugênia.— Está bem, acho que é melhor assim — disse Alice, suspirando.— Também acho, mas logo você terá que se envolver nos assuntos da alcateia. Afinal, você é a Luna dela — comentei.— Sua mãe me explicou sobre isso. Será um grande desafio para mim, mas darei o meu melhor — falou.— Fico feliz em saber que está aceitando seu destino ao meu lado — falei, satisfeito.— Estou aceitando gradualmente, pois tudo é muito estranho e surreal para mim — comentou.— Entendo, mas você é forte e decidida, se sairá bem. Agora vá se deitar para descansar. Vou tomar um banho e já venho me deitar também — falei. E
PRÓLOGO.Nasci amaldiçoado, condenado a carregar uma punição que não era minha. O primeiro rei supremo dos lobisomens, Julian, teve seu coração corrompido e exterminou alcateias indefesas. Foi punido por suas ações cruéis com uma maldição: transformar-se em uma besta infernal que destrói tudo ao seu redor. Desesperado, rogou à deusa Lua por misericórdia, mas tudo que conseguiu foi transferir a maldição para seus descendentes.A intenção era dar-lhe tempo para encontrar uma solução, mas Julian não se importava com quem sofreria, contanto que não fosse ele. Sua companheira, no entanto, não suportava a ideia de seus filhos herdarem esse fardo. Recorreu à feitiçaria para poupá-los, condenando, assim, seus netos. Sou esse neto. Meu pai foi poupado, mas herdei o castigo imposto a Julian, meu avô. Quando me transformo em besta infernal, perco todo controle; o único desejo que sinto é o de sangue e destruição.A deusa profetizou em sonho a um dos antigos anciões da nossa alcateia que a maldiç
POV DARIUS.— O que tinha no chá, sua maldita? — perguntei com raiva.— Não se preocupe, querido, agora você é meu. — Disse Agnes, sorrindo vitoriosa.Senti uma leve tontura e percebi o cheiro de lobos se aproximando. Rosnei de raiva e Agnes se assustou. Levantei-me, pronto para matar a todos. Agnes me olhou, com os seus olhos arregalados, e saiu correndo pela porta da cabana. Eu me levantei, ainda um pouco tonto, e saí da cabana logo atrás da bruxa, pronto para acabar com sua vida. Mas, quando cheguei na porta, só pude ver ela desaparecendo em meio à fumaça roxa e densa. Com dificuldade, fui me transformando em um lobo negro de olhos azuis, mas era tarde demais. Minha visão estava turva, e meus reflexos, lentos.Havia algo naquele chá que me impedia de lutar com toda a minha força. Maldita hora em que confiei naquela bruxa e suas promessas. Pensei, enquanto minhas mandíbulas se fechavam em torno do pescoço de um lobo marrom, quebrando-o com um estalo surdo. O gosto metálico do sangue