POV DARIUS.Ignorei ambos e voltei a falar com meu pai. Olhando em seus olhos, respondi:— Vou superar essa dor e a esquecerei. — Falei firme, ignorando a agonia que já começava a se enraizar dentro de mim só de pensar nessa possibilidade.— Vai mesmo, mas a que preço? — Meu pai rebateu. — Sem uma companheira, você fica enfraquecido. E lembre-se de que não é mais imortal. Assim que seus inimigos descobrirem, virão para cima de você com tudo. Você sabe que esse era o plano deles e agora está fazendo exatamente o que eles queriam. Você é um Rei Alfa Supremo, tem uma obrigação com a alcateia e com o reino. Então, não tome decisões que coloquem todos em risco. — Alertou ele.Eu não o respondi, pois sabia que ele estava certo. Seus olhos brilharam com determinação antes de se aproximar e me puxar para um abraço apertado. Congelei por um momento antes de lentamente relaxar nos braços dele. Meu pai sempre se manteve a uma certa distância. Sei que a culpa o deixava afastado e incapaz de demo
POV ALICE.Despertei outra vez e meu corpo ainda estava dolorido e exausto. Olhei em volta e percebi que não estava mais no mesmo quarto de antes. A claridade desse cômodo não era agressiva como a do outro, que era todo branco e parecia um quarto de hospital. Nesse, a luz era suave e, conforme meus olhos foram se acostumando, pude notar as paredes de um tom creme, os móveis simples, porém elegantes. O cheiro de chá recém-preparado pairava no ar. Ao virar a cabeça para o lado, meu coração se apertou ao ver minha mãe adormecida, sentada em uma poltrona ao lado da cama. Parece que ela sentiu que estava sendo observada, pois logo acordou assustada e olhou em minha direção.— Alice… — sua voz saiu preocupada, e ela estendeu a mão na minha direção. Estiquei meu braço e segurei sua mão. — Como você está se sentindo, minha filha? — perguntou mamãe, naquele tom de preocupação. Sorri para ela. Como sou sortuda por Antônia ter me encontrado e me criado.— Estou me sentindo como se tivesse sido
POV ALICE.Mamãe suspirou, balançando a cabeça negativamente, não concordando com minha decisão.— Não acho uma boa ideia, mas sei que você é teimosa e não vai me ouvir. Não será fácil… mas, se essa é sua decisão, estarei ao seu lado. Mas espere um pouco, não vá agora — disse mamãe.Sequei as lágrimas e respirei fundo. Darius podia estar me rejeitando agora, mas algo dentro de mim gritava que essa história ainda não havia acabado, ele ainda me amava. Eu lutaria pelo que era meu. Por ele. Por nós. Ficamos em silêncio por um momento.Mas algo dentro de mim queimava, exigindo ação. A dor no meu peito não era só física; ela era mais profunda, mais cortante, como se estivesse enraizada na minha alma. O que havia acontecido entre mim e Darius, o que vivemos juntos, não poderia acabar assim. Nós nos amamos, por isso conseguimos quebrar a maldição. Ele disse que me amava e que ficaria ao meu lado e que não me deixaria sozinha. Todo aquele amor que vi em seu olhar, não poderia ter acabado. Eu
POV ALICE.O mundo ao meu redor pareceu parar. As palavras de minha mãe ecoavam na minha mente, mas eu não conseguia assimilá-las. Meu coração disparou, batendo com uma intensidade avassaladora. Uma onda de emoções conflitantes me atingiu com força: surpresa, medo, felicidade, confusão.— Grávida. Eu estava grávida de Darius. — A frase ecoava na minha mente.Minha respiração ficou entrecortada enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas. Olhei para minha mãe e para Selene, tentando encontrar algum sinal de que aquilo era um engano, um sonho, um delírio da minha mente devastada. Mas não era. Eu via a verdade nos olhos delas.Minha mãe segurou minhas mãos com delicadeza. Sua pele estava quente, reconfortante, mas nada poderia acalmar o turbilhão dentro de mim.— Alice, eu sei que isso é muita informação de uma vez, mas você precisa se acalmar. Pense no bebê, minha filha — pediu minha mãe suavemente, notando minha agitação.Meus olhos foram para minha barriga. Instintivamente, minhas mãos
POV ALICE.Pensar em Selene me fez refletir sobre a situação da minha mãe. Eu não podia permitir que ela continuasse doente, não quando eu tinha finalmente o poder para mudar isso.— Mãe — chamei, e as duas responderam “sim” ao mesmo tempo.— Isso é meio confuso — Lulu comentou, e tombou sua cabecinha de lado.— Desculpa — Selene murmurou, percebendo que eu me referia a Antônia. Eu somente balancei a cabeça, sem dizer nada. Respirei fundo, reunindo coragem para falar, não sabia como ela reagiria.— Mãe, precisamos te curar. Agora tenho poder para isso. Quero te tornar imortal. — Falei apreensiva com sua reação.Minha mãe me olhou, surpresa, seus olhos arregalados refletindo a incredulidade que sentia. O silêncio que se seguiu foi denso, quase palpável, como se o ar ao nosso redor tivesse ficado mais pesado. Eu sabia que minhas palavras carregavam um peso imenso. Pois nem todos querem viver eternamente. — Me tornar imortal? — mamãe perguntou, franzindo a testa, como se tentasse proces
POV DARIUS.O tempo passou arrastado. Sete malditos dias desde que virei as costas para Alice e enterrei qualquer chance de felicidade que eu pudesse ter ao lado dela. Desde então, tudo ao meu redor se tornou insuportável.O ar parecia mais pesado, os dias mais longos e sombrios. Meu humor era um veneno que contaminava tudo e todos ao meu redor. Ninguém ousava me dirigir a palavra sem pensar duas vezes. Meus Betas, eu sentia que já haviam perdido a paciência com minha postura, mas não ousavam me desafiar ou dizer uma só palavra. Pois ainda tinham amor às suas vidas. Eu sabia que eles queriam me dizer que eu estava sendo um idiota com todos. E talvez estivesse. Mas não importava. A dor, a raiva, o rancor… eram tudo o que eu tinha agora.Uma semana inteira se esvaiu, mas a dor dentro de mim continuava latente, queimando como brasas incandescentes. Não havia um instante de paz, não havia um momento sequer em que meu peito não estivesse pesado, comprimido por sentimentos que eu não queria
POV DARIUS.“Alice…” Seu nome vinha à minha mente, e isso me irritava.Minha respiração ficou pesada e precisei me apoiar contra uma parede. Baltazar uivava dentro de mim, a dor dele espelhando a minha. Mas eu não podia fraquejar e ir atrás dela.— Maldição! — rosnei, socando a parede com força suficiente para rachá-la. Mas isso não aliviou a agonia em meu peito. Cheguei até o quarto de hóspedes. Não ouso ficar em nosso quarto; lá, o cheiro de Alice é insuportável e tentador. Me faz pensar ainda mais nela. Me joguei na poltrona do quarto.Eu olhava para o teto, entediado, quando senti Baltazar e Necro bastante agitados. O que esses dois estão aprontando? Por que essa agitação toda? Me perguntava.Logo, uma batida na porta me fez parar de olhar para o teto e direcionar minha atenção para ela. Antes que eu pudesse ordenar que me deixassem em paz, a porta se abriu. Fui atingido pelo melhor aroma do mundo. Cada músculo do meu corpo se contraiu, e minha pele se arrepiou. Pude sentir meu co
POV DARIUS.Eu estava furioso e sofrendo com a minha decisão de expulsar minha companheira, mas meu orgulho me impedia de dizer para ela ficar e que eu esqueceria tudo.Baltazar e Necro rugiam dentro de mim, inquietos, tentando tomar o controle. Eu nunca os sentira tão revoltados antes. Mandar Alice embora foi um erro aos olhos deles, e agora eu estava pagando o preço pela minha decisão. Tive que usar toda minha força para segurar eles. Se fosse antes de a maldição ser quebrada, Necro me dominaria sem o menor esforço, mas agora ele não tem mais domínio sobre mim e posso controlá-lo.— VOCÊ É UM IDIOTA! — Necro rugiu dentro da minha mente, sua voz carregada de fúria. — Você realmente ama Alice? — Perguntou com raiva.— Mais do que tudo — respondi, a voz áspera, lutando para manter o controle.— ENTÃO, POR QUE A MANDOU EMBORA? — Baltazar rosnou, sua indignação pulsando com minha própria dor. Cerrei os punhos, os músculos tensionados com o esforço de conter a fúria dos dois.— Porque con