Assim que nós entramos no ônibus, Daniel grita por nós, lá nos fundos.
— TEM LUGARES PARA AS MAIS GATAS AQUI!
Eu queria enfiar a minha cara no chão. Por que ele tinha de ser tão escandaloso?
Jas apenas ri e agarra a minha mão. Ela me puxa para o fundo do ônibus e logo se joga do lado de Daniel.
— BOM DIA! — ele grita novamente.
— Posso te fazer uma pergunta? — pergunto, me sentando no banco do lado direito.
— PO...
— POR QUE VOCÊ NÃO PARA DE GRITAR?
Todas as cabeças se viram para trás e eu me sinto envergonhada.
— Você que gritou.
Desisto de dar atenção para aquele garoto e pego meu celular da bolsa. Conecto os fones de ouvido e dou o play em Counting Stars.
One Republic era uma das minhas bandas favoritas. Assim como The Fray.
Durante o caminho para a escola, eu fico prestando atenção nas paradas que o ônibus dava, para ver se Bruce aparecia em algum momento. Mas ele não entrou no ônibus.
Quando descemos, puxo a manga do casaco de Daniel.
— Oi?
— Bruce vai faltar? — ele arqueia a sobrancelha direita. — Não o vi pegar o ônibus.
— Porque ele não pega. Bruce tem carro. E aliás... — ele olha em volta. — Ele já está aí.
Daniel passa o braço em volta do pescoço de Jas e a puxa.
Ando atrás dos dois, com os braços cruzados e olhando em volta. Eu queria achar aquele garoto, para lhe perguntar como arrumou meu número e o motivo de ter feito tanta gracinha.
Tinha que pegar os livros, que logo iriam ser necessários. Então peço licença aos casais e vou na direção da biblioteca.
A mulher que estava do outro lado do balcão e olha a lista que lhe entreguei.
— Eu vou buscar lá dentro. — diz. — Veja se tem algum livro que lhe interesse.
Sorrio para ela e ando até o corredor, em que está escrito: ROMANCE.
Passo meus dedos pelos livros, que não viam um espanador fazem tempo, e paro em um.
O morro dos ventos uivantes.
Era o livro mais perfeito e mais lindo que existe nessa vida!
Mas eu não gosto de lê-lo. Não gosto ao menos de tocá-lo. Pois a minha mãe morreu, por culpa dessa história.
— Esse livro não parece ser o seu gênero.
Viro-me espantada e arfo.
Sr. Wood estava sorrindo. Ele estava vestindo uma jaqueta de couro preta, coisa que eu jamais imaginaria um professor usando.
Mas ele não era qualquer professor. E aquela droga de jaqueta deixava aquela droga de professor, uma delícia.
— E não é.
Ele fecha o sorriso.
Acho que estava esperando que eu rebatesse, dizendo que era e assim estaríamos em uma discussão.
Escuto a mulher da biblioteca me chamar e me afasto dele. Vou até ela e agarro nos meus livros rapidamente. Ainda mais rápido eu saio da biblioteca, pois o sinal havia tocado.
[...]
— Redação de biologia! — exclamo, empurrando os livros para dentro do armário. — É só o meu segundo dia de aula!
— O seu. — Daniel diz. Tínhamos biologia juntos. — Não o de todos. Até porque, o feriado está perto.
— Isso me deixa animada! — fecho a porta do armário, sorrindo. — Irei ver o Jam.
— Jam?
— James.
Ele anda do meu lado.
— Seu namorado?
— Não. — faço careta. — É meu melhor amigo.
— Eu não acredito muito nisso.
— Amizade de homem com mulher? — ele assente. — Ah, eu também não acreditava. Mas as mulheres que foram minhas amigas, me apunhalaram. Já o James, ficou do meu lado o tempo todo. Nunca deu em cima de mim. Eu até achava que ele era gay. Mas como o vi ficar com meninas, achei que o problema fosse eu.
Ele ri.
— Isso tudo é estranho.
— Quer dizer, que no fundo você deseja ficar comigo?
Daniel para e eu olho para ele.
— N-não. — ele pisca e torna a andar. — Não sou fura olho.
Arqueio as sobrancelhas.
— Do que está falando?
— FOTO!
Daniel corre para o lado de Jas, que estava com a minha câmera na mão. Ela estava no mesmo banco de ontem, com o loiro, que ela me disse se chamar Henry, e Aurora.
A cada aula, tínhamos um intervalo de dez minutos. Apenas o intervalo para o lanche que era de meia hora.
Eu me junto com eles e depois de minutos, me puxam para algumas fotos.
Que legal da parte deles.
Usarem a MINHA câmera e depois perguntarem se quero tirar foto.
Que legal.
— Já volto.
Pego minha bolsa e vou até a máquina de refrigerante. Coloco uma nota lá e seleciono a bebida. Quando ela cai, abro-a e me viro, bebendo um pouco.
Do outro lado do pátio, encostado em um muro, eu podia ver Bruce e uma garota loira. O sinal já ia tocar, e eu precisava falar com ele.
O vejo pegar ela pela mão e a andar na direção do campo de futebol. Eles não pretendiam assistir aula, mas eu pretendia falar com ele. Corro até eles, o puxo para trás. A feição de Bruce, era de pura raiva. Ele parecia prestes a gritar, mas seu rosto se suavizou ao me ver.
— O que quer?
— Como o que eu quero? Quero falar com você!
— Sobre o trabalho? Agora?
Ele olha para a loira, que me olhava furiosamente.
— Não, Bruce! Sobre as mensagens.
— Bruce!? — a loira bufa. — O sinal já vai tocar.
Bruce solta a mão da garota.
— Vai indo lá, Holly.
A garota bufa e da alguns passos para longe de nós.
— Do que você está falando? — Bruce pega meu braço e quase cola seu rosto no meu.
O tom de voz dele não era dos mais agradáveis.
— Não se faça de desentendido.
— Garota, que porra você está falando?
— Você passa parte do dia me enchendo de mensagens anônimas, e agora fica fazendo isso?
Ele franze o cenho.
— Eu?
— Existe outro Bruce Chase aqui?
Na verdade, a pessoa da mensagem só tinha assinado como Bruce, mas eu tinha certeza que era ele.
— Claro que não. — ele solta meu braço. — Mas eu não tenho o seu número. Como eu iria m****r mensagem para você?
— Para de mentira!
— Eu não estou mentindo, garota.
— Então porque ficou todo nervoso quando falei das mensagens?
Ele gagueja.
— Po-por que? Ih, garota! — Bruce soca o ar. — Para de me encher! Não sou eu, esse teu admirador aí. Se quer algo comigo...
— OI?
O sinal toca e o meu celular também.
— Você conseguiu estragar a minha manhã! — Bruce grunhi, indo na direção das salas.
Deixo de me importar com ele e pego o meu celular.
Desconhecido: Acho que eu não devia ter dito que era Bruce...
Eu:VOCÊ MENTIU PARA MIM? QUEM É VOCÊ, MERDA!?
Sem respostas.
Eu jogo o celular dentro da bolsa e vou para a próxima aula. Já na porta, o professor olha para a minha cara e fala por cinco minutos, que alunos atrasados não entram na sua sala.
Resultado: estou sentada no refeitório.
Coloco os fones de ouvido e coloco para tocar Never say never, do The Fray. Aquela música me fazia fechar os olhos e imaginar um amor verdadeiro. Um amor que me implorasse para nunca ir embora. Mas eu sou tão azarada, que nunca irei achar alguém assim.
A chegada de uma nova mensagem, faz o volume da música diminuir.
Desconhecido: Eu fiquei um pouco... sem resposta. E não queria ser bloqueado.
Eu:Adivinha o que irei fazer agora (:
Eu: BLOQUEAR VOCÊAntes que eu pudesse fazer aquilo e cumprir com a minha palavra, chega mais uma mensagem.
Desconhecido: Eu nunca imploro. Mas porra, Olívia, não faz isso.
Eu: Você mentiu para mim! Eu detesto mentira. E mesmo que isso pareça super idiota, já que nem sei quem você é, sou assim.
Desconhecido: eu lá imaginei que você iria falar com ele?
Eu: Você devia ser um pouco mais inteligente. Você me viu falar com ele?
Olho em volta. Tinha alguns alunos por ali, e a grande maioria estava mexendo no celular.
Eu: Você está me vendo agora?
Desconhecido: Não. Mas eu gostaria. Adoro o seu olhar.
Ele já tinha me visto de perto! Agora eu estou assustada.
Eu: Onde arrumou meu número? Por que não me fala seu nome?
Desconhecido: Eu preciso ir agora, mas posso te pedir uma coisa? Não ande com o Chase!
Eu: por que não?
Não obtive resposta.
O que esse garoto deve ser, para todo mundo falar isso? Bem, apenas o desconhecido e o gostoso do Wood haviam falado aquilo. Mas ainda assim, era intrigante.
A música torna a tocar normalmente e eu batuco meu joelho, com meus dedos.
Olho para o lado, na direção dos outros alunos, e vejo Sr. Wood vir na minha direção. Ele ergue a cabeça e caminha, olhando para mim. Quando passa por mim, ele fala algo.
— O que? — pergunto, retirando os fones.
Ele apenas solta uma risada e continua andando.
Até o andar dele era sedutor. Meu Deus, é demais para mim!
Suspiro e coloco os fones novamente.
[...]
— Mas a festa vai ser legal, Jas! — Daniel exclama.
— Eu sei. Mas vovó não vai me deixar sair em dia de semana.
— Diz que vai fazer um trabalho na casa da Aurora.
Eles começam a discutir os prós e contras de Jas mentir para a nossa avó. Eu estava comendo um sanduíche de frango grelhado, com uma coca-cola. Completamente alheia a conversa sobre a tal festa, que eu não havia sido convidada.
Daniel grita por Bruce, que vinha na nossa direção.
— Diz a elas que...
Ele aproxima-se de mim e fala bem perto do meu ouvido.
— Esteja na porta da escola, às oito da noite.
Quando ele se afasta, eu digo:
— Não.
Bruce bufa e revira os olhos.
— E para o maldito trabalho. Esteja lá.
E ele se vai.
— Do que ele estava falando? — Jas pergunta.
— Quer que eu encontre com ele na porta da escola, para fazer o trabalho. Só não entendo como.
— ISSO!
Fecho meus olhos com força, devido o grito de Daniel.
— A Oli te ajuda a sair.
O olho.
— E quem disse que eu vou? — pergunto.
— É o trabalho do Wood? — assinto. — Você tem que fazer.
— Mas por que hoje?
— Porque foi hoje que o Bruce marcou, eeeee, é hoje que tem a festa.
Ele estava sorrindo muito. Olho para minha prima, que se encontrava no mesmo modo.
— Vou pensar.
O sinal toca, informando o fim do intervalo. Eu limpo a boca e jogo tudo o que é lixo, fora. Corro para a sala, para não perder mais uma aula.
[...]
— Não acredito que ela acreditou!
Jasmine estava feliz demais. Falei com meu pai sobre o trabalho e ele me deixou sair. Logo Jasmine se adiantou e inventou o trabalho na casa de Aurora. Resumindo, estamos terminando de nos arrumar para sair. Ela para ir à uma festa e eu para aturar aquele chato.
— Fica muito feliz, que ela vem e diz para dormimos.
— Nem brinca.
Eu estava simples. Vestia uma calça jeans e uma blusa preta com mangas curtas. Iria jogar um casaco por cima.
O celular de Jas toca e ela o olha.
— Dan chegou. — diz, e passa mais batom. — Está lá embaixo, com o carro do padrasto. Vai deixar você na porta da escola. Vamos?
Assinto e visto o casaco. Coloco o celular no bolso e desço junto com ela.
Nos despedimos do meu pai, Annie e saímos de casa. Jas entra no banco da frente e eu no de trás.
— E aê, Oli!? Vai para a festa depois?
— Não. — suspiro. — Vou resolver logo esse trabalho e voltar para casa.
— Só não me delatar.
— Não sou assim, Jasmine!
Logo chegamos na escola. Bruce me esperava na frente do mesmo, com uma mochila em mãos. Depois de Daniel gritar para ele m****r a ver, eu pulo do carro.
— Espero que seja rápido. — digo. — Para onde vamos?
Ele não me responde. Apenas começa a andar e eu o sigo.
Bruce para atrás de um muro e joga a mochila para dentro da escola.
— O que você...
Ele junta as mãos e me olha.
— Pula.
— O QUE?
— Não grita. E pula logo.
— Você é louco? Eu pensei que a gente fosse para a sua casa, ou algo do tipo.
Ele sorri malicioso.
— Então você quer ir para a minha casa?
Reviro os olhos e subo na sua mão. Sento-me no muro e coloco as duas pernas para dentro. O lado bom, o muro não era alto. Pulo e ainda consigo cair sentada.
— Merda. — murmuro.
Bruce cai ao meu lado, mas em pé. Como se fizesse aquilo sempre.
Ele me estica a mão e eu levanto. Depois de pegar a sua mochila, Bruce torna a caminhar. É necessário que eu corra, para alcança-lo.
— Para onde vamos? Teatro? Eu gostaria muito de saber o que vamos fazer, porque eu não tenho a mínima ideia do que fazer, mas.... BRUCE?
Estávamos no estacionamento. E ele tinha tirado uma lata de tinta em spray da mochila. E pichado o muro.
— Para de gritar, porra! — ele reclama e pega outra lata. — Faz qualquer merda. Mas não assina.
— Eu não vou pichar o muro da escola. Você só pode ser retardado!
— Temos que fazer Arte. Isso é arte.
— Mas é um trabalho para a escola.
— Onde estamos? — ele abre os braços. — Agora ao trabalho.
Bruce estava desenhando qualquer coisa e eu olhando para a lata em minha mão. Eu devia fazer isso?
Quando agito a lata, um barulho de carro sendo destravado, nos assusta.
— Fodeu! — Bruce agarra na mochila. — Corre, Olívia!
No instante em que me virei para olhar o carro, Bruce já estava longe e pulando o muro.
— Campbell? — olho para a porta do estacionamento. — O que você está fazendo?
Caralho. Era o gostoso do professor de Artes.
— Estou esperando! — ele esbraveja. — Que merda estava fazendo?
— O que acha? — decido enfrenta-lo.
— Acho que ficou maluca!
— Isso eu sempre fui.
— Eu vou... — o interrompo.
— O que o professor Connor vai fazer? — questiono me aproximando de seu carro.
— Não ouse fazer isso, Campbell!
— Ou o que? — agito a lata de spray e sorrio. — Vai me dedurar para o diretor? Eu juro que não me importo. Assim ele me manda de volta para o Texas.
Connor muda a pasta de mão.
— Eu não faria isso.
— E por que não?
— Não quero ficar longe de você.
— O que você disse? — pergunto.A lata caiu da minha mão, fazendo um barulho chato e contínuo. A fala do professor, havia me pegado de surpresa.— Que eu não quero que você vá.— E por...— Tenho muito que te ensinar! — diz e caminha na minha direção. — Principalmente bons modos.
— Tenho que ir para a aula.Caminho pelo corredor e passo por ele.— Você não vai entrar. — eu paro. — Está atrasada. Ninguém aqui deixa entrar depois do sinal batido.— Você me deixou entrar. Levanto sem precisar ser chamada. Jasmine ainda dormia, então aproveito e vou tomar meu banho.Eu havia sonhado com Connor. No sonho, a gente se encontrava pelo corredor da escola e ele me beijava. Na frente de todo mundo. Eu o questionava, perguntava o porquê de ele estar fazendo aquilo. E ele dizia que me amava.Solto uma risadinha e lavo o meu cabelo. Eu queria estar bonita hoje. Mais do que já sou. E era para ele. Meu cérebro feminista estava querendo explodir, por eu estar fazendo algo por um homem.Assim que termino o banho, seco-me e me enrolo na toalha. Depois que escovo os dentes, ligo o secador e seco meu cabelo. Ele estava bem liso e lindo. Quando eu estava saindo do banheiro, dei de cara com a Jas. Ela segurava suas roupas da escola.— Não acreditei quando te vi fora da cama. — diz, sonolenta. — Fez o cabelo?— Sim.— Por quê?— Eu preciso ter um mSete
Por ter saído antes do fim das aulas, precisei pegar um táxi para voltar. Mesmo com a minha indicação meia boca de onde era meu endereço, o cara conseguiu achar.Pago a corrida e desço do carro. Ando até a porta e só então, me lembro de que a chave ficava com a Jasmine.Toco a campainha e fico no aguardo. Questão de segundos, até minha avó abrir a porta.— Oli? — ela franze o cenho. — O que faz em casa cedo?Eu não queria dar muita informação.— Não estou me sentindo bem.— Oh...— Vou... deitar um pouco.Beijo o rosto dela e subo.Assim que entro no meu quarto, largo a mochila no chão e tiro os saltos. Vou até a minha escrivaninha e largo a polaroid destruída ali. Suspiro profundamente e me deito na cama, em posição fetal.Sabia que
Eu voltei pra casa com o sorriso mais idiota do mundo. Meu pai ficou pegando no meu pé, me chamando de gamadinha.Voltei a responder as mensagens de Connor e ficamos falando sobre coisas bobas. Na verdade, ele ficou parte do tempo me chamando de ciumenta e dizendo que achava aquilo fofo. Acabei por dormir com o celular na cara.O final de semana se arrastou, pois Connor teve de desmarcar a nossa saída. Mas ele havia prometido que iriamos sair na segunda sem falta.
— Sei lá! — exclamo, brincando com o seu cabelo. — Talvez você deva fazer algo... mais feliz. Sem ofensas a sua história de vida.— Não fico ofendido. Na verdade, ninguém havia lido o script. Bem... nem há um. — ele ri. — Eu apenas pensei em fazer assim. Claro que eu não irei atuar, mas...— Por que não?— Sou um professor. Os alunos é quem deve atuar.
— O que?— Algum problema? — pergunta, na maior tranquilidade.— Problema? Imagine. Só estou sendo convidada para ir aonde mora o diretor da escola.Ele ri.— Ricky saiu. A casa será só nossa.Ruborizo.
— Olívia!— O que? — olho irritada para Daniel.Durante o intervalo, eu estava queimando os miolos tentando decifrar as mensagens e quem poderia estar mandando. Enquanto isso, Daniel, Bruce e a turma, conversavam alto, sobre coisas que não me interessavam.— Você não respondeu à pergunta da Jas.
Último capítulo