Capítulo 3

Isabella Hayes

Meu corpo é sacudido de leve, sentia ainda o movimento do carro e a voz baixa do Dean me chamando. Talvez estejamos perto do apartamento onde estou ficando, o dia hoje foi tão corrido que não estou acreditando que dormi nesse pouco tempo de corrida no carro. Estávamos a 30 minutos de distância e minutos de viagem pude ver que o trânsito melhorou bastante.

Dean chegou atrasado hoje e ninguém poderia ocupá-lo. Talvez, sim, mas hoje o trânsito estava infernal. Não gosto muito de Nova York, essa cidade é agitada demais, Los Angeles consegue ser bem mais calmo. Me sento no banco sentindo a minha cabeça doendo um pouco. O terno de Dean ficou enorme em mim, mas estou bem quentinha. O casaco que estou usando é muito fininho.

— Quanto ficou? — Perguntei ao motorista que foi parando o carro lentamente em frente ao prédio.

Dean tira o dinheiro da carteira para pagar o motorista.

— Aqui, fica com o troco.

— Dean…

Me ignorando, Dean abriu a porta pegando sua pasta e saiu. Sai do carro e Dean acena para o homem em agradecimento. Olhei para o carro indo embora e voltei a olhar para Dean.

— Hum, você vai chamar outro carro para ir embora? — Fiquei confusa.

Dean colocar uma das mãos no bolso da frente da calça.

— Eu já cheguei. — Dean tem um sorriso fácil. O sorriso é algo constante nele, o que faz a gente querer sorri também. — Parece que o pessoal da empresa te colocou no prédio onde moro.

Arregalei os olhos, me divertindo com essa ideia.

— Mentira.

— É sério. — Dean estende o braço para mim e aceitei, enroscando meu braço no seu. — Meu apartamento fica no décimo andar e o seu? 

Entramos em um dos prédios luxuosos de Upper East Side.

— Estou no sétimo andar.

— Olha, estamos separados por três andares. 

— Sim, é melhor que do uns dez anos? — Brinquei pelo tempo que não nos vermos. 

Rimos. Entramos no elevador, a noite cai tranquilamente em Nova York. O frio aumentava a cada segundo e a cidade ficava iluminada. Dean aperta o botão para o sétimo andar.

— Então… — Ele deixa a frase no ar.

Olhei para ele.

— Então? — Incentivei ele a continuar.

Dean encosta a cabeça na parede do elevador e me olha com um pequeno sorriso no rosto.

— O namoro de mentirinha.

Suspirei, evitando o olhar dele.

— Não sei, Dean. — Falei, insegura.

Não gosto de mentir para minha família, não é uma mentira que causará algum mal a alguém e sim um bem de afastar os momentos chatos de família. Mas ainda, sim, me sinto tão mal de imaginar chegando na nossa cidade e fingir esse namoro. Além que não sei mentir bem. Se fomos descobertos? Se a mentira vier a tona assim que colocarmos o pé lá? Não, não e não. Não será nada legal.

Mentir não é legal.

— Acho melhor esquecer essa história, Dean.

Não estou nada animada.

— Isabella, não seja medrosa.

— Não sou medrosa!

— Ei, olha para mim. — Dean fica na minha frente e segura minhas mãos. — Já ter coloquei em encrenca alguma vez?

Revirei os olhos, com um meio sorriso.

— Dean é diferente…

— Não respondeu a minha pergunta. — Insiste.

— Ok, não. — Respondi. — Você nunca me colocou em confusão.

Era eu quem colocava Dean na encrenca, ele sempre foi muito amigos dos meus irmãos. Então quando meus irmãos não estavam por perto restava para Dean cuidar de mim, a gente era bastante amigo também. Uma amizade que aconteceu naturalmente.

— E não vou colocar. — diz, com certeza. — Lembra da tia Neidi?

Um clarão surge em minha mente e aquela mulher perversa aparece. Ela é a irmã do meu pai, a vida dela é perfeita aos olhos dele e do resta da família tem que ser também. Seus dois filhos estão com a vida bem estruturada, com uma família bem construída e netos. Para Neidi meus irmãos seguiram o caminho certo, ficando na fazendo e tendo suas famílias, eu, por outro lado, sou o desastre da família e ela acredita fielmente que passo fome e não estou querendo dizer.

— Tia Neide. — Sussurrei, visivelmente irritada.

Chegamos em meu andar, de mãos dadas, saímos do elevador.

— Sim. Oh, mulherzinha chata. — Dean me olha. — Desculpa.

Nos guiei até meu apartamento.

— Não se desculpe, eu concordo com você.

— Imagino que ela tenha sido o seu terror durante esses anos.

— Com certeza! — Parei de frente da porta. — Dean, você acredita que falou que foi ficar encalhada?! E se não voltar logo para Greenport, nem os homens de lá vão me querer.

Sentia vontade de chorar.

— Ei? — Dean segura meu rosto em suas mãos, apoio minhas mãos no seu braço. — Não quero esse rostinho triste.

— É difícil, ela é do mal…

— Mas um motivo para forjamos esse relacionamento. Um Natal de paz é o que nós dois merecemos. — Balancei a cabeça, concordando. — Minha família também não é fácil…

— Nada se compara a tia Neide. — Tenho um olhar distante.

— Isabella…

— Ela consegue tormentar a vida de qualquer um.

— Isabella…

— Ela estraga os natais…

— Isabella, foco! — Dean me sacode. Pisquei algumas vezes.  — Infelizmente temos essas pessoas chats no Natal e nosso namoro irá afastá-los, assim ganhamos mais um ano para poder encontrar alguém. É uma mentira boa, queremos manter nossa saúde mental e não destruir o Natal de ninguém.

Pensei em suas palavras. É, não machucaremos ninguém. Dean acaricia meu rosto.

— E aceita ser minha namorada de mentirinha?

Acabei sorrindo.

— Sim, eu aceito ser a sua namorada de mentirinha.

Decidimos não pensar muito por agora no que faremos, Dean foi para o seu apartamento tomar um banho e descansar um pouco. Havíamos combinado de jantar juntos e mais tarde ele apareceu me meu apartamento. Dean escolheu o restaurante e passamos uma noite incrível juntos.

Tem sido bom encontrar com ele novamente. Vejo que senti bastante sua falta, mas mesmo com uma noite maravilhosa a ligação de Alex me atormentava.

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