Jason ficou muito mal com a reação da mãe dele. Ele tentava disfarçar com suas habituais brincadeiras e piadinhas, mas eu sabia que no fundo ele queria que ela aceitasse bem como meus pais aceitaram e que seria difícil para ele esquecer as duras palavras como "eu estou extremamente decepcionada com você" ou "esse não é meu filho; meu filho ele não esconderia um bebê por seis meses".
Ela até que foi simpática comigo naquela noite. Quando a gritaria acabou, ela me convidou para ficar para o jantar. Atualizamos ela de tudo desde que eu descobri a gravidez.
Nas férias de julho, viajamos para a formatura de April. Ela conseguiu um emprego na nossa cidade natal, logo, quando voltamos, ela voltou conosco e dessa vez para ficar. Eu já estava desconfiando que um dos motivos para ela voltar a morar conosco era a chegada do bebê. Minhas suspeita
Na primeira semana, eu podia jurar que Jason ia fugir com o nosso filho a qualquer momento. Quando não estava com o Thomas, ou como o apelidamos carinhosamente, Tommy, ele só pensava e falava nele. Jason, de vez em quando lembrava de checar se eu estava bem, naturalmente porque eu fazia questão de lembrá-lo o tempo todo que fora eu quem empurrara um bebê para fora de mim. April tinha me ajudado a montar uma rotina para que, entre cuidar do Tommy, organizar as coisas dele e estudar no período na noite, eu pudesse me exercitar e voltar ao meu corpo anterior. Outras coisas eu tive que abdicar da minha vida, pelo menos por um tempo, como o blog com Spencer. Sobre a ideia de ser mãe... Todas as dúvidas que eu tinha desapareciam quando eu estava com Tommy. Ele era a única certeza na minha vida e eu sabia que morreria por ele. Era uma sensaç
— Mais rápido! Vamos, Jason! Mais rápido! — eu gritava no ouvido dele. — Ariana, você está me desconcentrando! — Você está fazendo errado! — reclamei. Jason tinha realmente uma mira muito ruim. Já era a terceira vez que ele comprara oticketpara ter a chance de acertar todos os patos com uma arma de brinquedo. Se ele conseguisse, ganharia um cavalo de pelúcia gigante que Tommy estava desesperado para ter. Era uma competição muito séria, até porque tinham inúmeras crianças na fila desejando o mesmo prêmio. — Você não vai conseguir, loirinho. Deixa as crianças brincarem. — reclamou o rapaz responsável por aquela barraca. Era o aniversário de dois anos de Tommy e nós tínhamos nos reunido com alguns familiares para um piquenique naquele parque de diversões. Nos
— Então esse é o pequeno Tommy de quem Ariana tanto me falou. — disse Luke, fazendo carinho no cabelo do meu filho. Eu estava tão ansiosa para que os dois se conhecessem, e esperava que tudo ocorresse bem. — Eu te trouxe um presente, garotão. Você quer ver? Soube que você gosta de cavalos.— Cavainho. — murmurou Tommy, finalmente olhando para Luke, que usara a palavra-chave para conquistá-lo.— Cuidado, ele está numa fase meio rebelde. — disse Jason, parecendo meio sério.Ele só deve estar surpreso porque não avisei que Luke vinha,pensei. — Você lembra quando ele começou a jogar brinquedos na televisão porque o programa de fazenda tinha acabado?
—Maiuma vez, papai! — pediu Tommy. Como era a vez de Jason de colocá-lo para dormir, eu apenas os observava da porta. — Eu já te contei milhões de vezes. Você mesmo estava lá. — refutou Jason. Contudo, Tommy insistiu, usando uma arma imbatível: a carinha de anjinho. — Está bem! Está bem! Os Lobos da Montanha... —Au! — uivou Tommy, pulando na cama. — Nós estávamos perdendo e o tio Bailey fez a jogada da vitória. Pronto. — disse Jason, encurtando a história de como eles tinham vencido naquela manhã. Ele estava pronto para cobrir o nosso filho, quando recebeu mais uma objeção. —Peraaí! Mamãe. — ele me chamou. Com um sorriso bobo no rosto, me aproximei. — Olha. — ele tirou uma f
— Não esqueça do que combinamos depois da aula hoje. — Chloe me lembrou, enquanto me acompanhava até a sala do jornal do colégio.Antes que eu pudesse responder, nos esbarramos com Spencer, que também estava indo para o mesmo lugar.— Oi, Spencer. Vou entrar num minuto. — falei.— Não demore. — ela ordenou, olhando para Chloe, que desviou o olhar em resposta. Elas estiveram agindo muito estranhas desde as férias de verão.— Então... como foi seu encontro com Jason?Spencer me olhou de relance por cima da tela do computador. Já na sala do jornal do colégio, trabalhand
Novembro chegou e com ele, o baile de formatura.Eu estava tão ocupada tentando descobrir uma forma de ir para faculdade, e me inscrevendo para elas, que acabei esquecendo de comprar um vestido. Chloe e Ben me levaram para compras de última hora e aproveitamos e compramos uma gravata para Jason, que combinasse com o meu vestido. Tínhamos decidido de ir juntos, como amigos.Eu não sabia muito bem como me sentir em relação àquele beijo. Eu tinha acabado de terminar com Luke quando aconteceu, foi tudo tão rápido, não sabia como processar aquilo na minha mente. Na verdade, o que eu fiz foi bloquear o beijo da minha mente, porque fingir que nunca tinha acontecido era bem melhor do que acabar pensando demais sobre isso e descobrir algum sentimento indesejado. E tinha sido a
Na véspera de natal, o cheiro da ceia deliciosa que meus pais preparavam invadiram a casa, juntamente às decorações natalinas em excesso que eu e minha irmã fazíamos questão de colocar. Não havia um móvel sequer sem decoração. Tommy alegrava ainda mais a casa, tocando, ou melhor, batendo freneticamente no piano de brinquedo, sendo observado de perto por Pesadelo. E toda vez que o gato tentava tocar no piano ele falava, irritado:—Peadelo! Não!No meio de toda aquela organização natalina, ouvimos a campainha tocar. Corri para atendê-la, animada. Desde que Jason jantara conosco na noite da véspera de natal em que eu contei para meus pais que estava grávida, se tornara uma tradição que pas
Insuficiência renal crônica. Uma doença lenta e silenciosa. Havia tratamento, mas nenhuma cura.Era isso que havia tirado Pesadelo de mim. De nós. Eu e minha irmã nem conhecíamos uma vida sem nosso gato. Tudo parecia errado sem ele ali. Uma tigela vazia sem a sua ração; uma casa silenciosa sem os seus miados; uma cama vazia durante a noite sem a sua companhia. Todas aquelas fotos dele que eu tinha no meu celular, todos os seus pertences, todos os nosso momentos juntos, tudo se tornaria apenas uma memória. E pouco a pouco, Pesadelo, o gato da travesso da família Baker seria uma memória.Contudo, lentamente, aquilo se tornava mais fácil de lidar. A cada vez que Tommy perguntava sobre Pesadelo, se tornava meio doloroso. Na primeira vez, tudo que eu consegui f